O maior desafio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é manter o Sudeste, particularmente São Paulo. O do presidente Jair Bolsonaro (PL) é mais amplo: furar o teto no eleitorado evangélico e a muralha do principal adversário no Nordeste e entre os mais pobres, as mulheres e até os que ganham o Bolsa Família, ops!, o Auxílio Brasil.
Lula e Bolsonaro recorrem ao discurso do “mal maior” ao mirar nos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que crescem, fazem toda a diferença para uma vitória ou não em primeiro turno e terão peso no segundo. Resiliente, Ciro beira os 10%. E Tebet é a novidade, atrai atenção e simpatia de diferentes faixas.
Lula precisa mais do que boa lábia para massificar a tese do voto útil desde já, calibrando como esvaziar Ciro e estancar Tebet sem efeito bumerangue. Já Bolsonaro tem de maneirar modos e falas para manter Ciro e Tebet vivos e evitar o primeiro turno hoje e atrair seus eleitores amanhã.
Em 2018, Bolsonaro só perdeu no Nordeste. Em 2022, Lula lidera em todas as regiões. Tem 58% a 24% no Nordeste, está numericamente à frente, apesar do empate técnico, no Sul, Norte e Centro-Oeste, e o risco é no Sudeste. Sudeste e Nordeste têm 70% do eleitorado. Definem a eleição.
Lula perdeu três e Bolsonaro subiu três pontos e a diferença pró-Lula está em só 40% a 35%, o que reflete claramente São Paulo, onde Lula caiu quatro e Bolsonaro subiu quatro pontos. Logo, a distância entre os dois principais candidatos reduziu seis pontos no Sudeste e oito em São Paulo.
Agregador de Pesquisas
Por que? Reação da economia (empregos, inflação e PIB) e melhora na avaliação do desempenho de Bolsonaro, o que sempre ocorre com candidatos à reeleição no início do horário eleitoral. O pano de fundo é o antipetismo no interior paulista, com seus 18,2 milhões de eleitores. A alavanca, a campanha de Tarcísio de Freitas ao Bandeirantes.
O fator Geraldo Alckmin não tem sido suficiente no principal Estado, assim como Michelle Bolsonaro, isca para mulheres, evangélicos e pobres, também não, no lado oposto. Em vez de moldar Lula para o centro, o ex-tucano oscilou para a esquerda. Em vez de ajudar, a primeira-dama reforçou o pior de Bolsonaro ao atacar religiões de matriz africana e atiçar ódio e divisão, não paz e harmonia.
E a força bruta de Bolsonaro perde força com os 107 imóveis negociados pela família, 51 deles com dinheiro vivo – e não justificado. Corrupção contra corrupção? A grande massa do eleitorado é pobre e quer saber quem vai combater a pobreza e trazer paz, emprego, prosperidade e comida na mesa. O grande foco não é mais corrupção, é miséria.
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