Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|BC pede calma, mas Lula tem pressa e despreza vitórias e troféus


Ata do Copom fala em ‘cautela e parcimônia’, e petista ataca autoridade monetária em vez de comemorar Zanin e arcabouço no Senado

Por Eliane Cantanhêde

Como previsto, a semana reservou boas notícias para o presidente Lula, mas nem tudo são flores e Lula, que gosta de espinhos e farpas, em vez de curtir as vitórias e os troféus, ganhou espaço atirando contra o Banco Central e o acordo União Europeia-Mercosul. Não que esteja totalmente errado, mas era hora de capitalizar o que foi bom e menosprezar o que está saindo mal, até a volta ao Brasil.

Lula teve duas vitórias no Senado, a aprovação do seu advogado Cristiano Zanin para o STF e do projeto original do arcabouço fiscal, como o governo queria. Não por mera coincidência, a votação de Zanin foi de 58 a 18 e a do arcabouço, de 57 a 17, o que, apesar das peculiaridades de cada uma, projeta uma boa margem de segurança para o governo num plenário de 81 senadores.

Lula encontrou nesta quarta-feira, 21, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni  Foto: Andreas Solaro/AFP
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Tudo ia bem, mas a comemoração de Lula por Zanin, arcabouço fiscal e os dois placares no plenário, se é que houve, sucumbiu diante das novas saraivadas contra o BC e os juros. Lula preferiu surfar nas pesquisas de opinião que animam seus ataques aos juros a surfar na reversão de tendências: depois de fortemente criticado, o governo passou a receber – e dar – boas notícias.

Não houve surpresa na decisão de manter a taxa de 13,75% ao ano, mas sim diante da ata da reunião do Copom que ignorou o recuo da inflação, os indicadores econômicos internos, os ventos externos e o avanço do acordo fiscal e não deu um único sinal de queda nos juros em agosto, defendendo “cautela e parcimônia”. E Lula tem pressa.

Na Europa, além do Coldplay, destacam-se dois troféus. O abraço de Lula no papa Francisco, uma imagem poderosa para o público interno e o mundo. E o encontro com a primeira-ministra da Itália, a extremista de direita Giorgia Meloni, um bom antídoto contra os salamaleques de Lula para o Nicolás Maduro, Xi Jinping e Vladimir Putin. Ajuda o discurso oficial de que “política externa não se faz com ideologia, mas com pragmatismo”.

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Ele foi recebido com pompa e até carinho por toda parte, discutindo ambiente, miséria e paz, mas, já no final, depois da reunião com Emmanuel Macron, em Paris, preferiu abrir as manchetes com uma cacetada na nova proposta europeia para o acordo UE-Mercosul. Para ele, é “inaceitável”. Para seu assessor especial, Celso Amorim, caracteriza “neocolonialismo”. O acordo subiu no telhado.

Lula volta ao Brasil com a política pegando fogo. O TSE avança na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixando dúvidas sobre os efeitos no bolsonarismo. E o arcabouço fiscal sai do conforto do Senado e volta para nova batalha na Câmara. Aliás, e a novela do Ministério do Turismo?

Como previsto, a semana reservou boas notícias para o presidente Lula, mas nem tudo são flores e Lula, que gosta de espinhos e farpas, em vez de curtir as vitórias e os troféus, ganhou espaço atirando contra o Banco Central e o acordo União Europeia-Mercosul. Não que esteja totalmente errado, mas era hora de capitalizar o que foi bom e menosprezar o que está saindo mal, até a volta ao Brasil.

Lula teve duas vitórias no Senado, a aprovação do seu advogado Cristiano Zanin para o STF e do projeto original do arcabouço fiscal, como o governo queria. Não por mera coincidência, a votação de Zanin foi de 58 a 18 e a do arcabouço, de 57 a 17, o que, apesar das peculiaridades de cada uma, projeta uma boa margem de segurança para o governo num plenário de 81 senadores.

Lula encontrou nesta quarta-feira, 21, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni  Foto: Andreas Solaro/AFP

Tudo ia bem, mas a comemoração de Lula por Zanin, arcabouço fiscal e os dois placares no plenário, se é que houve, sucumbiu diante das novas saraivadas contra o BC e os juros. Lula preferiu surfar nas pesquisas de opinião que animam seus ataques aos juros a surfar na reversão de tendências: depois de fortemente criticado, o governo passou a receber – e dar – boas notícias.

Não houve surpresa na decisão de manter a taxa de 13,75% ao ano, mas sim diante da ata da reunião do Copom que ignorou o recuo da inflação, os indicadores econômicos internos, os ventos externos e o avanço do acordo fiscal e não deu um único sinal de queda nos juros em agosto, defendendo “cautela e parcimônia”. E Lula tem pressa.

Na Europa, além do Coldplay, destacam-se dois troféus. O abraço de Lula no papa Francisco, uma imagem poderosa para o público interno e o mundo. E o encontro com a primeira-ministra da Itália, a extremista de direita Giorgia Meloni, um bom antídoto contra os salamaleques de Lula para o Nicolás Maduro, Xi Jinping e Vladimir Putin. Ajuda o discurso oficial de que “política externa não se faz com ideologia, mas com pragmatismo”.

Ele foi recebido com pompa e até carinho por toda parte, discutindo ambiente, miséria e paz, mas, já no final, depois da reunião com Emmanuel Macron, em Paris, preferiu abrir as manchetes com uma cacetada na nova proposta europeia para o acordo UE-Mercosul. Para ele, é “inaceitável”. Para seu assessor especial, Celso Amorim, caracteriza “neocolonialismo”. O acordo subiu no telhado.

Lula volta ao Brasil com a política pegando fogo. O TSE avança na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixando dúvidas sobre os efeitos no bolsonarismo. E o arcabouço fiscal sai do conforto do Senado e volta para nova batalha na Câmara. Aliás, e a novela do Ministério do Turismo?

Como previsto, a semana reservou boas notícias para o presidente Lula, mas nem tudo são flores e Lula, que gosta de espinhos e farpas, em vez de curtir as vitórias e os troféus, ganhou espaço atirando contra o Banco Central e o acordo União Europeia-Mercosul. Não que esteja totalmente errado, mas era hora de capitalizar o que foi bom e menosprezar o que está saindo mal, até a volta ao Brasil.

Lula teve duas vitórias no Senado, a aprovação do seu advogado Cristiano Zanin para o STF e do projeto original do arcabouço fiscal, como o governo queria. Não por mera coincidência, a votação de Zanin foi de 58 a 18 e a do arcabouço, de 57 a 17, o que, apesar das peculiaridades de cada uma, projeta uma boa margem de segurança para o governo num plenário de 81 senadores.

Lula encontrou nesta quarta-feira, 21, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni  Foto: Andreas Solaro/AFP

Tudo ia bem, mas a comemoração de Lula por Zanin, arcabouço fiscal e os dois placares no plenário, se é que houve, sucumbiu diante das novas saraivadas contra o BC e os juros. Lula preferiu surfar nas pesquisas de opinião que animam seus ataques aos juros a surfar na reversão de tendências: depois de fortemente criticado, o governo passou a receber – e dar – boas notícias.

Não houve surpresa na decisão de manter a taxa de 13,75% ao ano, mas sim diante da ata da reunião do Copom que ignorou o recuo da inflação, os indicadores econômicos internos, os ventos externos e o avanço do acordo fiscal e não deu um único sinal de queda nos juros em agosto, defendendo “cautela e parcimônia”. E Lula tem pressa.

Na Europa, além do Coldplay, destacam-se dois troféus. O abraço de Lula no papa Francisco, uma imagem poderosa para o público interno e o mundo. E o encontro com a primeira-ministra da Itália, a extremista de direita Giorgia Meloni, um bom antídoto contra os salamaleques de Lula para o Nicolás Maduro, Xi Jinping e Vladimir Putin. Ajuda o discurso oficial de que “política externa não se faz com ideologia, mas com pragmatismo”.

Ele foi recebido com pompa e até carinho por toda parte, discutindo ambiente, miséria e paz, mas, já no final, depois da reunião com Emmanuel Macron, em Paris, preferiu abrir as manchetes com uma cacetada na nova proposta europeia para o acordo UE-Mercosul. Para ele, é “inaceitável”. Para seu assessor especial, Celso Amorim, caracteriza “neocolonialismo”. O acordo subiu no telhado.

Lula volta ao Brasil com a política pegando fogo. O TSE avança na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixando dúvidas sobre os efeitos no bolsonarismo. E o arcabouço fiscal sai do conforto do Senado e volta para nova batalha na Câmara. Aliás, e a novela do Ministério do Turismo?

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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