A convenção que lançou o capitão Jair Bolsonaro à reeleição e o general Walter Braga Netto a vice foi uma grande, enorme, festa em família, com populismo, oração e emoção aos borbotões, embolados a todos os símbolos do bolsonarismo e ao sequestro do Hino, da bandeira e das cores nacionais como exclusividade do “Capitão do Povo” – como anuncia o hino da campanha. Fora da família, porém, quantos votos o capitão conseguiu a mais?
No palanque, o 01, Flávio Bolsonaro, e o general ao lado dos líderes do Centrão Ciro Nogueira e o “alagoano Arthur Lira”. No discursos, elogios ao pastor Marcos Feliciano e aos ex-ministros Rogério Marinho e Tarcísio de Freitas. Paulo Guedes, o ex-super ministro, foi citado de raspão, quando Bolsonaro anunciou o auxílio Brasil em R$ 600,00 a partir de 2023 – se reeleito, claro.
As mulheres foram as estrelas da festa, das imagens e dos discursos e o ponto alto foi Michelle Bolsonaro num longo verde, à vontade no palco e orando a Deus depois de apresentada à multidão no icônico Maracanãzinho como “mulher virtuosa”. Tudo bem calculado. Pelas pesquisas, o eleitorado feminino é bem resistente à reeleição.
Outra estrela foi a ex-ministra Tereza Cristina, da Agricultura, a única a ser chamada ao palco no discurso de Bolsonaro. Depois, ela foi direto dar um abraço no general Braga Netto. Se dependesse do Centrão, seria o nome dela na chapa, não o do general.
Com calça preta e camisa branca de manga curta, modelito do “homem simples”, Bolsonaro foi vendido por Michelle como “um coração puro” e, no evento, como “um presidente verdadeiro, espontâneo, que representa a família, os valores cristãos, a liberdade e a democracia e devolve ao povo o orgulho de ser brasileiro”.
Ele orou a Deus para nos livrar “das dores do comunismo” e fez uma profissão de fé no liberalismo, ao se dirigir ao governador do Rio, Cláudio Castro, que disputa a reeleição: “Nossa missão é não atrapalhar a vida de vocês, é tirar o Estado de cima de vocês. Estado forte, povo fraco”.
Também acusou Lula, do PT, sem citá-lo, de preparar o “controle social” da mídia e das mídias sociais, e falou o que a plateia queria ouvir: contra a legalização do aborto e das drogas e a “ideologia de gênero, que estimula o sexo nas escolas desde os cinco anos”. Mas a multidão foi ao delírio mesmo quando o alvo foi outro: o Supremo Tribunal Federal. Muitos aplausos. Mas ele defendeu a democracia e a liberdade – as que ele e a família acreditam, claro.