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Opinião|Bolsonaro troca o canal: sai guerra ao TSE, entram demissão de militares e privatização da Petrobras


Presidente sobe o tom e o status, demitindo o próprio ministro de Minas e Energia. E aí, vai mudar alguma coisa? Na prática, nada, mas o discurso já começou a entortar

Por Eliane Cantanhêde

O presidente Jair Bolsonaro parou de crescer nas pesquisas e enfrenta rejeição alta, preço do diesel e da gasolina aumentando e inflação disparando. Como ele reage, entre uma motociata e outra? Atacando Supremo, TSE e urnas eletrônicas, dizendo que o lucro da Petrobras é um “estupro”, fritando ministros e presidentes da estatal em lives e lançando a ideia de privatização da mais importante e simbólica empresa brasileira.

Já demitiu o economista Roberto Castello Branco e o general Joaquim Silva e Luna e está indócil com o terceiro presidente da Petrobras, o químico industrial e ex-militar José Mauro Coelho. Mudam os nomes, não muda nada. Com perfis diferentes, os três concordam no principal: reprimir o preço dos combustíveis na marra é burrice, porque o efeito, bumerangue, seria contra o próprio interesse público.

O presidente Jair Bolsonaro em evento em Pariquera-Açu, no interior de São Paulo, nesta quinta-feira, 12. Foto: Amanda Perobelli/Reuters
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Como derrubar os presidentes da Petrobras não funcionou, Bolsonaro subiu o tom e o status, demitindo o próprio ministro de Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque. E aí, vai mudar alguma coisa? Na prática, nada, mas o discurso já começou a entortar.

No primeiro pronunciamento, sem direito a perguntas, o novo ministro, Adolfo Sachsida, advogado com doutorado em Economia, só fez enrolar, distrair a plateia. Citou Deus, família e Bolsonaro, enalteceu a iniciativa privada e falou que o Brasil é um “porto seguro” para investimentos das “democracias ocidentais” – essas que, convenhamos, andam assustadas com o que ocorre por aqui.

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E combustíveis? Inflação? Saídas possíveis? E a rede privada de gasodutos do “rei do gás”, com R$ 100 bilhões dos cofres públicos? Nenhuma palavra. Em vez disso, Sachsida, bolsonarista desde criancinha, aderiu às manobras diversionistas do chefe e lançou a privatização da Petrobras. Se a água está suja, joga o bebê fora. Mas, a cinco meses da eleição, a sete do fim do governo, qualquer bobinho sabe que é para enganar o bobo na casca do ovo.

Tem-se, assim, um respiro na guerra de Bolsonaro e sua tropa do Ministério da Defesa contra o TSE, mudando o canal para distrair o País com a ficção da privatização da Petrobras e mais um episódio da série de como jogar almirantes ao mar, brigadeiros no ar e generais na terra crua.

A reação se resume a muxoxos nos grupos de WhatsApp de oficiais da Marinha, deixando a desagradável sensação de que os militares estão anestesiados por salários, privilégios e a falsa sensação de poder. Quem manda, afinal? Ora, ora, o Centrão – que, ao contrário dos militares, defende as eleições e as urnas eletrônicas. Tá vendo? Para tudo há um consolo.

O presidente Jair Bolsonaro parou de crescer nas pesquisas e enfrenta rejeição alta, preço do diesel e da gasolina aumentando e inflação disparando. Como ele reage, entre uma motociata e outra? Atacando Supremo, TSE e urnas eletrônicas, dizendo que o lucro da Petrobras é um “estupro”, fritando ministros e presidentes da estatal em lives e lançando a ideia de privatização da mais importante e simbólica empresa brasileira.

Já demitiu o economista Roberto Castello Branco e o general Joaquim Silva e Luna e está indócil com o terceiro presidente da Petrobras, o químico industrial e ex-militar José Mauro Coelho. Mudam os nomes, não muda nada. Com perfis diferentes, os três concordam no principal: reprimir o preço dos combustíveis na marra é burrice, porque o efeito, bumerangue, seria contra o próprio interesse público.

O presidente Jair Bolsonaro em evento em Pariquera-Açu, no interior de São Paulo, nesta quinta-feira, 12. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Como derrubar os presidentes da Petrobras não funcionou, Bolsonaro subiu o tom e o status, demitindo o próprio ministro de Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque. E aí, vai mudar alguma coisa? Na prática, nada, mas o discurso já começou a entortar.

No primeiro pronunciamento, sem direito a perguntas, o novo ministro, Adolfo Sachsida, advogado com doutorado em Economia, só fez enrolar, distrair a plateia. Citou Deus, família e Bolsonaro, enalteceu a iniciativa privada e falou que o Brasil é um “porto seguro” para investimentos das “democracias ocidentais” – essas que, convenhamos, andam assustadas com o que ocorre por aqui.

E combustíveis? Inflação? Saídas possíveis? E a rede privada de gasodutos do “rei do gás”, com R$ 100 bilhões dos cofres públicos? Nenhuma palavra. Em vez disso, Sachsida, bolsonarista desde criancinha, aderiu às manobras diversionistas do chefe e lançou a privatização da Petrobras. Se a água está suja, joga o bebê fora. Mas, a cinco meses da eleição, a sete do fim do governo, qualquer bobinho sabe que é para enganar o bobo na casca do ovo.

Tem-se, assim, um respiro na guerra de Bolsonaro e sua tropa do Ministério da Defesa contra o TSE, mudando o canal para distrair o País com a ficção da privatização da Petrobras e mais um episódio da série de como jogar almirantes ao mar, brigadeiros no ar e generais na terra crua.

A reação se resume a muxoxos nos grupos de WhatsApp de oficiais da Marinha, deixando a desagradável sensação de que os militares estão anestesiados por salários, privilégios e a falsa sensação de poder. Quem manda, afinal? Ora, ora, o Centrão – que, ao contrário dos militares, defende as eleições e as urnas eletrônicas. Tá vendo? Para tudo há um consolo.

O presidente Jair Bolsonaro parou de crescer nas pesquisas e enfrenta rejeição alta, preço do diesel e da gasolina aumentando e inflação disparando. Como ele reage, entre uma motociata e outra? Atacando Supremo, TSE e urnas eletrônicas, dizendo que o lucro da Petrobras é um “estupro”, fritando ministros e presidentes da estatal em lives e lançando a ideia de privatização da mais importante e simbólica empresa brasileira.

Já demitiu o economista Roberto Castello Branco e o general Joaquim Silva e Luna e está indócil com o terceiro presidente da Petrobras, o químico industrial e ex-militar José Mauro Coelho. Mudam os nomes, não muda nada. Com perfis diferentes, os três concordam no principal: reprimir o preço dos combustíveis na marra é burrice, porque o efeito, bumerangue, seria contra o próprio interesse público.

O presidente Jair Bolsonaro em evento em Pariquera-Açu, no interior de São Paulo, nesta quinta-feira, 12. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Como derrubar os presidentes da Petrobras não funcionou, Bolsonaro subiu o tom e o status, demitindo o próprio ministro de Minas e Energia, almirante de esquadra Bento Albuquerque. E aí, vai mudar alguma coisa? Na prática, nada, mas o discurso já começou a entortar.

No primeiro pronunciamento, sem direito a perguntas, o novo ministro, Adolfo Sachsida, advogado com doutorado em Economia, só fez enrolar, distrair a plateia. Citou Deus, família e Bolsonaro, enalteceu a iniciativa privada e falou que o Brasil é um “porto seguro” para investimentos das “democracias ocidentais” – essas que, convenhamos, andam assustadas com o que ocorre por aqui.

E combustíveis? Inflação? Saídas possíveis? E a rede privada de gasodutos do “rei do gás”, com R$ 100 bilhões dos cofres públicos? Nenhuma palavra. Em vez disso, Sachsida, bolsonarista desde criancinha, aderiu às manobras diversionistas do chefe e lançou a privatização da Petrobras. Se a água está suja, joga o bebê fora. Mas, a cinco meses da eleição, a sete do fim do governo, qualquer bobinho sabe que é para enganar o bobo na casca do ovo.

Tem-se, assim, um respiro na guerra de Bolsonaro e sua tropa do Ministério da Defesa contra o TSE, mudando o canal para distrair o País com a ficção da privatização da Petrobras e mais um episódio da série de como jogar almirantes ao mar, brigadeiros no ar e generais na terra crua.

A reação se resume a muxoxos nos grupos de WhatsApp de oficiais da Marinha, deixando a desagradável sensação de que os militares estão anestesiados por salários, privilégios e a falsa sensação de poder. Quem manda, afinal? Ora, ora, o Centrão – que, ao contrário dos militares, defende as eleições e as urnas eletrônicas. Tá vendo? Para tudo há um consolo.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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