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Opinião|Brics, o ‘ambiente confortável’ para Putin discutir porta de saída da guerra


Para chanceler brasileiro Mauro Vieira, o bloco facilita a conversa entre Rússia e China, ao lado do Brasil

Por Eliane Cantanhêde

“É preciso que Estados Unidos e China entrem em sintonia porque, sem China, não há solução para a guerra da Ucrânia”, defende o chanceler Mauro Vieira, para quem os Brics podem criar um “ambiente confortável” para as negociações, num momento em que o mundo, além de armamento para a Ucrânia e sanções para a Rússia, passou a falar também sobre “paz” em notas, conversas e entrevistas.

O Brasil lançou a ideia genérica de um grupo de países “não envolvidos” para negociar o fim dos ataques, a Ucrânia jogou na mesa dez pontos para início de conversa e a China apresenta uma proposta considerada inócua, mas, ainda assim, uma proposta. Já os EUA, que despejaram bilhões de dólares no conflito, se limitam a dizer que “ideias são bem-vindas”.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acredita que EUA e China devem entrar em sintonia para fim da guerra na Ucrânia  Foto: Wilton Junior/Estadão
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O sinal mais aguardado é da própria Rússia, que invadiu a Ucrânia contrariando regras internacionais básicas e se surpreendeu com a capacidade de resistência ucraniana e a resposta vigorosa do Ocidente. Como atrair o vilão número 1, Vladimir Putin, para um cessar-fogo, como pede a resolução da ONU de quinta-feira, e depois para a mesa de negociações?

Mauro Vieira, que já teve contato direto com mais de 50 ministros estrangeiros, avalia que os Brics, que tanto a Rússia quanto a China integram ao lado de Brasil, Índia e África do Sul, “criam um ambiente confortável” para Putin discutir uma porta de saída para a guerra.

Se EUA e Europa participam ativamente a favor da Ucrânia, os Brics não confrontam a Rússia. Apesar de votar na ONU contra a invasão e pelo “fim das hostilidades”, o Brasil é visto como em cima do muro, enquanto Índia e África do Sul se mantêm neutras e China tende para o lado russo e usa a guerra na sua disputa com os EUA.

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Vieira, porém, ousa admitir algo que EUA, Europa e Ucrânia rejeitam peremptoriamente nas negociações: a hipótese de submissão do leste ucraniano, digamos, “mais russo”, a um controle da ONU por um tempo predeterminado. Referia-se a Donbas, que reúne Donetsk e Luhansk, antes da guerra tinha 6 milhões de habitantes e era polo de movimentos separatistas pró-Rússia. Depois de perder a Crimeia, porém, a Ucrânia abrir mão de Donbas caracterizaria indesejável vitória de Putin.

O presidente Lula foi a Washington, tem contato com Moscou, acerta com Zelenski nesta semana a ida a Kiev, irá a Beijing no fim de março e participará da cúpula dos Brics, possivelmente em julho, na África do Sul. Até lá, várias frentes articulam o que Lula chama de “clube da paz” e Zelenski, de “cúpula da paz”. Nada anda, porém, sem sinais de Rússia, EUA e China.

“É preciso que Estados Unidos e China entrem em sintonia porque, sem China, não há solução para a guerra da Ucrânia”, defende o chanceler Mauro Vieira, para quem os Brics podem criar um “ambiente confortável” para as negociações, num momento em que o mundo, além de armamento para a Ucrânia e sanções para a Rússia, passou a falar também sobre “paz” em notas, conversas e entrevistas.

O Brasil lançou a ideia genérica de um grupo de países “não envolvidos” para negociar o fim dos ataques, a Ucrânia jogou na mesa dez pontos para início de conversa e a China apresenta uma proposta considerada inócua, mas, ainda assim, uma proposta. Já os EUA, que despejaram bilhões de dólares no conflito, se limitam a dizer que “ideias são bem-vindas”.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acredita que EUA e China devem entrar em sintonia para fim da guerra na Ucrânia  Foto: Wilton Junior/Estadão

O sinal mais aguardado é da própria Rússia, que invadiu a Ucrânia contrariando regras internacionais básicas e se surpreendeu com a capacidade de resistência ucraniana e a resposta vigorosa do Ocidente. Como atrair o vilão número 1, Vladimir Putin, para um cessar-fogo, como pede a resolução da ONU de quinta-feira, e depois para a mesa de negociações?

Mauro Vieira, que já teve contato direto com mais de 50 ministros estrangeiros, avalia que os Brics, que tanto a Rússia quanto a China integram ao lado de Brasil, Índia e África do Sul, “criam um ambiente confortável” para Putin discutir uma porta de saída para a guerra.

Se EUA e Europa participam ativamente a favor da Ucrânia, os Brics não confrontam a Rússia. Apesar de votar na ONU contra a invasão e pelo “fim das hostilidades”, o Brasil é visto como em cima do muro, enquanto Índia e África do Sul se mantêm neutras e China tende para o lado russo e usa a guerra na sua disputa com os EUA.

Vieira, porém, ousa admitir algo que EUA, Europa e Ucrânia rejeitam peremptoriamente nas negociações: a hipótese de submissão do leste ucraniano, digamos, “mais russo”, a um controle da ONU por um tempo predeterminado. Referia-se a Donbas, que reúne Donetsk e Luhansk, antes da guerra tinha 6 milhões de habitantes e era polo de movimentos separatistas pró-Rússia. Depois de perder a Crimeia, porém, a Ucrânia abrir mão de Donbas caracterizaria indesejável vitória de Putin.

O presidente Lula foi a Washington, tem contato com Moscou, acerta com Zelenski nesta semana a ida a Kiev, irá a Beijing no fim de março e participará da cúpula dos Brics, possivelmente em julho, na África do Sul. Até lá, várias frentes articulam o que Lula chama de “clube da paz” e Zelenski, de “cúpula da paz”. Nada anda, porém, sem sinais de Rússia, EUA e China.

“É preciso que Estados Unidos e China entrem em sintonia porque, sem China, não há solução para a guerra da Ucrânia”, defende o chanceler Mauro Vieira, para quem os Brics podem criar um “ambiente confortável” para as negociações, num momento em que o mundo, além de armamento para a Ucrânia e sanções para a Rússia, passou a falar também sobre “paz” em notas, conversas e entrevistas.

O Brasil lançou a ideia genérica de um grupo de países “não envolvidos” para negociar o fim dos ataques, a Ucrânia jogou na mesa dez pontos para início de conversa e a China apresenta uma proposta considerada inócua, mas, ainda assim, uma proposta. Já os EUA, que despejaram bilhões de dólares no conflito, se limitam a dizer que “ideias são bem-vindas”.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acredita que EUA e China devem entrar em sintonia para fim da guerra na Ucrânia  Foto: Wilton Junior/Estadão

O sinal mais aguardado é da própria Rússia, que invadiu a Ucrânia contrariando regras internacionais básicas e se surpreendeu com a capacidade de resistência ucraniana e a resposta vigorosa do Ocidente. Como atrair o vilão número 1, Vladimir Putin, para um cessar-fogo, como pede a resolução da ONU de quinta-feira, e depois para a mesa de negociações?

Mauro Vieira, que já teve contato direto com mais de 50 ministros estrangeiros, avalia que os Brics, que tanto a Rússia quanto a China integram ao lado de Brasil, Índia e África do Sul, “criam um ambiente confortável” para Putin discutir uma porta de saída para a guerra.

Se EUA e Europa participam ativamente a favor da Ucrânia, os Brics não confrontam a Rússia. Apesar de votar na ONU contra a invasão e pelo “fim das hostilidades”, o Brasil é visto como em cima do muro, enquanto Índia e África do Sul se mantêm neutras e China tende para o lado russo e usa a guerra na sua disputa com os EUA.

Vieira, porém, ousa admitir algo que EUA, Europa e Ucrânia rejeitam peremptoriamente nas negociações: a hipótese de submissão do leste ucraniano, digamos, “mais russo”, a um controle da ONU por um tempo predeterminado. Referia-se a Donbas, que reúne Donetsk e Luhansk, antes da guerra tinha 6 milhões de habitantes e era polo de movimentos separatistas pró-Rússia. Depois de perder a Crimeia, porém, a Ucrânia abrir mão de Donbas caracterizaria indesejável vitória de Putin.

O presidente Lula foi a Washington, tem contato com Moscou, acerta com Zelenski nesta semana a ida a Kiev, irá a Beijing no fim de março e participará da cúpula dos Brics, possivelmente em julho, na África do Sul. Até lá, várias frentes articulam o que Lula chama de “clube da paz” e Zelenski, de “cúpula da paz”. Nada anda, porém, sem sinais de Rússia, EUA e China.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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