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Opinião|De olho em 2026, governadores de direita viram as costas até para debate de segurança pública


Jair Bolsonaro não para de gritar: “O candidato sou eu!”. Falta combinar com os russos, a começar da Justiça Eleitoral e do Supremo, mas principalmente com Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho...

Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

Na mesma semana, ou melhor, no mesmo dia, os dois assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes foram condenados por júri popular, no Rio, e o presidente Lula e representantes do Judiciário e do Legislativo se reuniram com governadores, em Brasília, para discutir justamente um pacote anti-violência, tão fundamental para um País mergulhado numa séria crise de segurança pública.

E não é que, apenas quatro dias depois das eleições municipais, a polarização nacional voltou com tudo? Nada justifica que governadores de oposição a Lula tenham se negado a participar de um debate que não é partidário e ideológico, mas de interesse do Brasil, dos seus estados e da população pela qual eles são responsáveis. Como disse Lula, na abertura da reunião, o crime organizado agora é nacional, até transnacional.

Lula (à esq.) durante sua reunião sobre segurança pública com os governadores na última quinta, 31 Foto: Wilton Junior/Estadão
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Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Jorginho Melo (PL), de Santa Catarina, não deram as caras, sequer enviaram representantes, desdenhando não de um adversário político, mas de um tema gravíssimo de interesse geral. Romeu Zema (Novo), de Minas, e até Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, enviaram não os seus secretários de Justiça, mas os vice-secretários, os “sub do sub”.

Também pré-candidato à Presidência em 2026, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, foi à reunião, mas só foi para criar confusão, discordar de tudo e ganhar holofotes em cima do pacote da segurança. Já chegou na base do “não li e já não gostei”, insistindo na tecla de que a intenção do governo federal é tirar autonomia dos Estados e assumir o controle da segurança pública.

Durante a reunião, os momentos de tensão e mal estar foram protagonizados exatamente por Caiado, que surpreende ao dizer que “no meu Estado, ninguém reclama de segurança pública, nunca teve sequestro, assalto a banco, Cantagalo...” Lula respondeu com ironias. Depois de elogiar a pamonha e o empadão goiano, tascou: “Eu tive a oportunidade de conhecer hoje o único Estado que não tem problema de segurança, que é Goiás. Em vez de eu ter chamado a reunião, o Caiado é que devia ter chamado”.

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Assim, quem agiu bem, de acordo com o que se espera de um governador, seja de esquerda, direita, aliado ou de oposição, foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Participou, ouviu, discutiu, concordou em alguns pontos, discordou de outros e se dispôs a apresentar sugestões. Respeitou os interesses federativos e nacionais, destacou-se da acidez de uma certa direita e vestiu o figurino moderado – sua estratégia, seja para 2026 ou 2030.

À saída, me disse que “a PEC não resolve, acho que isso ficou claro para todo mundo, mas, por outro lado, abriu-se a discussão para que propostas sejam desenhadas”. Na sua opinião, faltam medidas relevantes e há o risco de perda de autonomia dos Estados, que ninguém vai topar, mas há uma série de medidas de interesse comum que podem, sim, levar a um consenso.

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O pacote, apresentado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, é importante, necessário e vem sendo construído desde a gestão do ministro Flávio Dino na Justiça por pressão, ou ao menos a pedido, dos próprios governadores. Pena que não ande, por causa das eleições, da resistência de alguns Estados e... do aparente, ou inexplicável, desinteresse da Casa Civil. A Segurança Pública é atribuição dos Estados, mas é urgente criar instrumentos para maior participação e algum nível de coordenação do governo federal.

Assim, o objetivo é replicar no Sistema Únicos de Segurança Pública (SUSP) os princípios do SUS, ampliando a atuação da PF e da PRF, criando um banco nacional de dados e padronizando documentos e procedimentos. Até porque as mesmas organizações criminosas atuam não num Estado, mas em vários, estão por toda parte do território nacional. Não querer nem sequer discutir isso, como alguns governadores, é inexplicável. E condenável.

A capa da revista Veja desta semana é com Jair Bolsonaro gritando, como vem insistentemente fazendo: “O candidato sou eu!”. Falta combinar com os (muitos!) russos, a começar da Justiça Eleitoral, que decretou sua inelegibilidade, e do Supremo, que vai julgá-lo por articulação de golpe, joias e atestados falsos de vacina, mas principalmente com Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho... No fundo, é um grito de desespero. Seus adversários na direita estão a mil por hora.

Na mesma semana, ou melhor, no mesmo dia, os dois assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes foram condenados por júri popular, no Rio, e o presidente Lula e representantes do Judiciário e do Legislativo se reuniram com governadores, em Brasília, para discutir justamente um pacote anti-violência, tão fundamental para um País mergulhado numa séria crise de segurança pública.

E não é que, apenas quatro dias depois das eleições municipais, a polarização nacional voltou com tudo? Nada justifica que governadores de oposição a Lula tenham se negado a participar de um debate que não é partidário e ideológico, mas de interesse do Brasil, dos seus estados e da população pela qual eles são responsáveis. Como disse Lula, na abertura da reunião, o crime organizado agora é nacional, até transnacional.

Lula (à esq.) durante sua reunião sobre segurança pública com os governadores na última quinta, 31 Foto: Wilton Junior/Estadão

Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Jorginho Melo (PL), de Santa Catarina, não deram as caras, sequer enviaram representantes, desdenhando não de um adversário político, mas de um tema gravíssimo de interesse geral. Romeu Zema (Novo), de Minas, e até Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, enviaram não os seus secretários de Justiça, mas os vice-secretários, os “sub do sub”.

Também pré-candidato à Presidência em 2026, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, foi à reunião, mas só foi para criar confusão, discordar de tudo e ganhar holofotes em cima do pacote da segurança. Já chegou na base do “não li e já não gostei”, insistindo na tecla de que a intenção do governo federal é tirar autonomia dos Estados e assumir o controle da segurança pública.

Durante a reunião, os momentos de tensão e mal estar foram protagonizados exatamente por Caiado, que surpreende ao dizer que “no meu Estado, ninguém reclama de segurança pública, nunca teve sequestro, assalto a banco, Cantagalo...” Lula respondeu com ironias. Depois de elogiar a pamonha e o empadão goiano, tascou: “Eu tive a oportunidade de conhecer hoje o único Estado que não tem problema de segurança, que é Goiás. Em vez de eu ter chamado a reunião, o Caiado é que devia ter chamado”.

Assim, quem agiu bem, de acordo com o que se espera de um governador, seja de esquerda, direita, aliado ou de oposição, foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Participou, ouviu, discutiu, concordou em alguns pontos, discordou de outros e se dispôs a apresentar sugestões. Respeitou os interesses federativos e nacionais, destacou-se da acidez de uma certa direita e vestiu o figurino moderado – sua estratégia, seja para 2026 ou 2030.

À saída, me disse que “a PEC não resolve, acho que isso ficou claro para todo mundo, mas, por outro lado, abriu-se a discussão para que propostas sejam desenhadas”. Na sua opinião, faltam medidas relevantes e há o risco de perda de autonomia dos Estados, que ninguém vai topar, mas há uma série de medidas de interesse comum que podem, sim, levar a um consenso.

O pacote, apresentado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, é importante, necessário e vem sendo construído desde a gestão do ministro Flávio Dino na Justiça por pressão, ou ao menos a pedido, dos próprios governadores. Pena que não ande, por causa das eleições, da resistência de alguns Estados e... do aparente, ou inexplicável, desinteresse da Casa Civil. A Segurança Pública é atribuição dos Estados, mas é urgente criar instrumentos para maior participação e algum nível de coordenação do governo federal.

Assim, o objetivo é replicar no Sistema Únicos de Segurança Pública (SUSP) os princípios do SUS, ampliando a atuação da PF e da PRF, criando um banco nacional de dados e padronizando documentos e procedimentos. Até porque as mesmas organizações criminosas atuam não num Estado, mas em vários, estão por toda parte do território nacional. Não querer nem sequer discutir isso, como alguns governadores, é inexplicável. E condenável.

A capa da revista Veja desta semana é com Jair Bolsonaro gritando, como vem insistentemente fazendo: “O candidato sou eu!”. Falta combinar com os (muitos!) russos, a começar da Justiça Eleitoral, que decretou sua inelegibilidade, e do Supremo, que vai julgá-lo por articulação de golpe, joias e atestados falsos de vacina, mas principalmente com Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho... No fundo, é um grito de desespero. Seus adversários na direita estão a mil por hora.

Na mesma semana, ou melhor, no mesmo dia, os dois assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes foram condenados por júri popular, no Rio, e o presidente Lula e representantes do Judiciário e do Legislativo se reuniram com governadores, em Brasília, para discutir justamente um pacote anti-violência, tão fundamental para um País mergulhado numa séria crise de segurança pública.

E não é que, apenas quatro dias depois das eleições municipais, a polarização nacional voltou com tudo? Nada justifica que governadores de oposição a Lula tenham se negado a participar de um debate que não é partidário e ideológico, mas de interesse do Brasil, dos seus estados e da população pela qual eles são responsáveis. Como disse Lula, na abertura da reunião, o crime organizado agora é nacional, até transnacional.

Lula (à esq.) durante sua reunião sobre segurança pública com os governadores na última quinta, 31 Foto: Wilton Junior/Estadão

Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Jorginho Melo (PL), de Santa Catarina, não deram as caras, sequer enviaram representantes, desdenhando não de um adversário político, mas de um tema gravíssimo de interesse geral. Romeu Zema (Novo), de Minas, e até Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, enviaram não os seus secretários de Justiça, mas os vice-secretários, os “sub do sub”.

Também pré-candidato à Presidência em 2026, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, foi à reunião, mas só foi para criar confusão, discordar de tudo e ganhar holofotes em cima do pacote da segurança. Já chegou na base do “não li e já não gostei”, insistindo na tecla de que a intenção do governo federal é tirar autonomia dos Estados e assumir o controle da segurança pública.

Durante a reunião, os momentos de tensão e mal estar foram protagonizados exatamente por Caiado, que surpreende ao dizer que “no meu Estado, ninguém reclama de segurança pública, nunca teve sequestro, assalto a banco, Cantagalo...” Lula respondeu com ironias. Depois de elogiar a pamonha e o empadão goiano, tascou: “Eu tive a oportunidade de conhecer hoje o único Estado que não tem problema de segurança, que é Goiás. Em vez de eu ter chamado a reunião, o Caiado é que devia ter chamado”.

Assim, quem agiu bem, de acordo com o que se espera de um governador, seja de esquerda, direita, aliado ou de oposição, foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Participou, ouviu, discutiu, concordou em alguns pontos, discordou de outros e se dispôs a apresentar sugestões. Respeitou os interesses federativos e nacionais, destacou-se da acidez de uma certa direita e vestiu o figurino moderado – sua estratégia, seja para 2026 ou 2030.

À saída, me disse que “a PEC não resolve, acho que isso ficou claro para todo mundo, mas, por outro lado, abriu-se a discussão para que propostas sejam desenhadas”. Na sua opinião, faltam medidas relevantes e há o risco de perda de autonomia dos Estados, que ninguém vai topar, mas há uma série de medidas de interesse comum que podem, sim, levar a um consenso.

O pacote, apresentado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, é importante, necessário e vem sendo construído desde a gestão do ministro Flávio Dino na Justiça por pressão, ou ao menos a pedido, dos próprios governadores. Pena que não ande, por causa das eleições, da resistência de alguns Estados e... do aparente, ou inexplicável, desinteresse da Casa Civil. A Segurança Pública é atribuição dos Estados, mas é urgente criar instrumentos para maior participação e algum nível de coordenação do governo federal.

Assim, o objetivo é replicar no Sistema Únicos de Segurança Pública (SUSP) os princípios do SUS, ampliando a atuação da PF e da PRF, criando um banco nacional de dados e padronizando documentos e procedimentos. Até porque as mesmas organizações criminosas atuam não num Estado, mas em vários, estão por toda parte do território nacional. Não querer nem sequer discutir isso, como alguns governadores, é inexplicável. E condenável.

A capa da revista Veja desta semana é com Jair Bolsonaro gritando, como vem insistentemente fazendo: “O candidato sou eu!”. Falta combinar com os (muitos!) russos, a começar da Justiça Eleitoral, que decretou sua inelegibilidade, e do Supremo, que vai julgá-lo por articulação de golpe, joias e atestados falsos de vacina, mas principalmente com Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho... No fundo, é um grito de desespero. Seus adversários na direita estão a mil por hora.

Na mesma semana, ou melhor, no mesmo dia, os dois assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes foram condenados por júri popular, no Rio, e o presidente Lula e representantes do Judiciário e do Legislativo se reuniram com governadores, em Brasília, para discutir justamente um pacote anti-violência, tão fundamental para um País mergulhado numa séria crise de segurança pública.

E não é que, apenas quatro dias depois das eleições municipais, a polarização nacional voltou com tudo? Nada justifica que governadores de oposição a Lula tenham se negado a participar de um debate que não é partidário e ideológico, mas de interesse do Brasil, dos seus estados e da população pela qual eles são responsáveis. Como disse Lula, na abertura da reunião, o crime organizado agora é nacional, até transnacional.

Lula (à esq.) durante sua reunião sobre segurança pública com os governadores na última quinta, 31 Foto: Wilton Junior/Estadão

Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Jorginho Melo (PL), de Santa Catarina, não deram as caras, sequer enviaram representantes, desdenhando não de um adversário político, mas de um tema gravíssimo de interesse geral. Romeu Zema (Novo), de Minas, e até Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, enviaram não os seus secretários de Justiça, mas os vice-secretários, os “sub do sub”.

Também pré-candidato à Presidência em 2026, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, foi à reunião, mas só foi para criar confusão, discordar de tudo e ganhar holofotes em cima do pacote da segurança. Já chegou na base do “não li e já não gostei”, insistindo na tecla de que a intenção do governo federal é tirar autonomia dos Estados e assumir o controle da segurança pública.

Durante a reunião, os momentos de tensão e mal estar foram protagonizados exatamente por Caiado, que surpreende ao dizer que “no meu Estado, ninguém reclama de segurança pública, nunca teve sequestro, assalto a banco, Cantagalo...” Lula respondeu com ironias. Depois de elogiar a pamonha e o empadão goiano, tascou: “Eu tive a oportunidade de conhecer hoje o único Estado que não tem problema de segurança, que é Goiás. Em vez de eu ter chamado a reunião, o Caiado é que devia ter chamado”.

Assim, quem agiu bem, de acordo com o que se espera de um governador, seja de esquerda, direita, aliado ou de oposição, foi Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Participou, ouviu, discutiu, concordou em alguns pontos, discordou de outros e se dispôs a apresentar sugestões. Respeitou os interesses federativos e nacionais, destacou-se da acidez de uma certa direita e vestiu o figurino moderado – sua estratégia, seja para 2026 ou 2030.

À saída, me disse que “a PEC não resolve, acho que isso ficou claro para todo mundo, mas, por outro lado, abriu-se a discussão para que propostas sejam desenhadas”. Na sua opinião, faltam medidas relevantes e há o risco de perda de autonomia dos Estados, que ninguém vai topar, mas há uma série de medidas de interesse comum que podem, sim, levar a um consenso.

O pacote, apresentado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, é importante, necessário e vem sendo construído desde a gestão do ministro Flávio Dino na Justiça por pressão, ou ao menos a pedido, dos próprios governadores. Pena que não ande, por causa das eleições, da resistência de alguns Estados e... do aparente, ou inexplicável, desinteresse da Casa Civil. A Segurança Pública é atribuição dos Estados, mas é urgente criar instrumentos para maior participação e algum nível de coordenação do governo federal.

Assim, o objetivo é replicar no Sistema Únicos de Segurança Pública (SUSP) os princípios do SUS, ampliando a atuação da PF e da PRF, criando um banco nacional de dados e padronizando documentos e procedimentos. Até porque as mesmas organizações criminosas atuam não num Estado, mas em vários, estão por toda parte do território nacional. Não querer nem sequer discutir isso, como alguns governadores, é inexplicável. E condenável.

A capa da revista Veja desta semana é com Jair Bolsonaro gritando, como vem insistentemente fazendo: “O candidato sou eu!”. Falta combinar com os (muitos!) russos, a começar da Justiça Eleitoral, que decretou sua inelegibilidade, e do Supremo, que vai julgá-lo por articulação de golpe, joias e atestados falsos de vacina, mas principalmente com Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho... No fundo, é um grito de desespero. Seus adversários na direita estão a mil por hora.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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