Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|É hora de conciliação e de petistas e bolsonaristas voltarem a ser apenas brasileiros


Eleições e governos vêm e vão, mas as prioridades do País continuam: democracia, igualdade, justiça e dignidade

Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

A eleição foi muito tensa e acabou bem apertada, mas é hora de conciliação, de pacificar o país, acalmar os ânimos e arregaçar as mangas para aquecer a economia, com inclusão social e bem-estar geral, ouvindo o clamor do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pela união do Brasil.

“Quero que famílias e vizinhos voltem a conversar. Pode ser bolsonarista e lulista, não pode mexer com nossa relação pessoal, familiar. Meu compromisso é com a harmonia na sociedade brasileira”, disse Lula ao votar, antes de o País saber da ação nefasta da PRF, nitidamente para dificultar o voto de eleitores lulistas.

Lula votou acompanhado de apoiadores e da esposa, Janja da Silva, na manhã deste domingo Foto: Werther Santana/Estadão
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A manifestação dele, além de revelar certeza na vitória, é um apelo para a união nacional, com um governo muito além do PT (gostem ou não os petistas radicais) e remete para a minha experiência no primeiro turno. Num bairro e num DF onde Jair Bolsonaro foi majoritário, um bolsonarista, sabendo que eu tinha de correr para o aeroporto e para o Rio, para uma cobertura difícil, até de madrugada, articulou para eu passar na frente. Bolsonaristas e petistas, unidos num gesto de gentileza e fraternidade. Foi emocionante. Esse é nosso Brasil, generoso, miscigenado, acolhedor.

Vamos deixar mágoas e rancores de lado, respeitando o direito do outro de votar, mesmo que o voto em Lula pareça absurdo para um bolsonarista e o voto em Bolsonaro, para um lulista. Daqui a vinte anos, a história dirá quem tem motivo de orgulho.

Torcida para dar certo não significa, porém, carta branca para o futuro presidente, qualquer que fosse ele, fazer o que bem entende. É preciso, sim, um compromisso contra a violência, o ódio e a intolerância, como pediu o Papa Francisco aos brasileiros, mas sem abdicar do direito e do dever de acompanhar e vigiar as decisões do presidente, os rumos do governo, o equilíbrio republicano, o respeito à independência dos Poderes, as negociações com o Congresso.

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Eleições e governos vêm e vão, mas as prioridades do País continuam: democracia, igualdade, justiça e dignidade. A vigilância também, e isso vale principalmente para a mídia, que, tão atacada, é fundamental para jogar luzes sobre a realidade e combater as fakenews, uma das mais assustadoras ameaças do nosso tempo.

Bom terceiro governo para Lula, paz e reflexão para Bolsonaro, juízo e moderação para os dois lados e que os próximos anos sejam de transição, com menos fome e violência e mais saúde e educação. Jamais seremos uma democracia plena com nosso povo na miséria. Vai firme, Lula! E lembre-se do que já admitiu antes: você não tem (mais) o direito de errar.

A eleição foi muito tensa e acabou bem apertada, mas é hora de conciliação, de pacificar o país, acalmar os ânimos e arregaçar as mangas para aquecer a economia, com inclusão social e bem-estar geral, ouvindo o clamor do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pela união do Brasil.

“Quero que famílias e vizinhos voltem a conversar. Pode ser bolsonarista e lulista, não pode mexer com nossa relação pessoal, familiar. Meu compromisso é com a harmonia na sociedade brasileira”, disse Lula ao votar, antes de o País saber da ação nefasta da PRF, nitidamente para dificultar o voto de eleitores lulistas.

Lula votou acompanhado de apoiadores e da esposa, Janja da Silva, na manhã deste domingo Foto: Werther Santana/Estadão

A manifestação dele, além de revelar certeza na vitória, é um apelo para a união nacional, com um governo muito além do PT (gostem ou não os petistas radicais) e remete para a minha experiência no primeiro turno. Num bairro e num DF onde Jair Bolsonaro foi majoritário, um bolsonarista, sabendo que eu tinha de correr para o aeroporto e para o Rio, para uma cobertura difícil, até de madrugada, articulou para eu passar na frente. Bolsonaristas e petistas, unidos num gesto de gentileza e fraternidade. Foi emocionante. Esse é nosso Brasil, generoso, miscigenado, acolhedor.

Vamos deixar mágoas e rancores de lado, respeitando o direito do outro de votar, mesmo que o voto em Lula pareça absurdo para um bolsonarista e o voto em Bolsonaro, para um lulista. Daqui a vinte anos, a história dirá quem tem motivo de orgulho.

Torcida para dar certo não significa, porém, carta branca para o futuro presidente, qualquer que fosse ele, fazer o que bem entende. É preciso, sim, um compromisso contra a violência, o ódio e a intolerância, como pediu o Papa Francisco aos brasileiros, mas sem abdicar do direito e do dever de acompanhar e vigiar as decisões do presidente, os rumos do governo, o equilíbrio republicano, o respeito à independência dos Poderes, as negociações com o Congresso.

Eleições e governos vêm e vão, mas as prioridades do País continuam: democracia, igualdade, justiça e dignidade. A vigilância também, e isso vale principalmente para a mídia, que, tão atacada, é fundamental para jogar luzes sobre a realidade e combater as fakenews, uma das mais assustadoras ameaças do nosso tempo.

Bom terceiro governo para Lula, paz e reflexão para Bolsonaro, juízo e moderação para os dois lados e que os próximos anos sejam de transição, com menos fome e violência e mais saúde e educação. Jamais seremos uma democracia plena com nosso povo na miséria. Vai firme, Lula! E lembre-se do que já admitiu antes: você não tem (mais) o direito de errar.

A eleição foi muito tensa e acabou bem apertada, mas é hora de conciliação, de pacificar o país, acalmar os ânimos e arregaçar as mangas para aquecer a economia, com inclusão social e bem-estar geral, ouvindo o clamor do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pela união do Brasil.

“Quero que famílias e vizinhos voltem a conversar. Pode ser bolsonarista e lulista, não pode mexer com nossa relação pessoal, familiar. Meu compromisso é com a harmonia na sociedade brasileira”, disse Lula ao votar, antes de o País saber da ação nefasta da PRF, nitidamente para dificultar o voto de eleitores lulistas.

Lula votou acompanhado de apoiadores e da esposa, Janja da Silva, na manhã deste domingo Foto: Werther Santana/Estadão

A manifestação dele, além de revelar certeza na vitória, é um apelo para a união nacional, com um governo muito além do PT (gostem ou não os petistas radicais) e remete para a minha experiência no primeiro turno. Num bairro e num DF onde Jair Bolsonaro foi majoritário, um bolsonarista, sabendo que eu tinha de correr para o aeroporto e para o Rio, para uma cobertura difícil, até de madrugada, articulou para eu passar na frente. Bolsonaristas e petistas, unidos num gesto de gentileza e fraternidade. Foi emocionante. Esse é nosso Brasil, generoso, miscigenado, acolhedor.

Vamos deixar mágoas e rancores de lado, respeitando o direito do outro de votar, mesmo que o voto em Lula pareça absurdo para um bolsonarista e o voto em Bolsonaro, para um lulista. Daqui a vinte anos, a história dirá quem tem motivo de orgulho.

Torcida para dar certo não significa, porém, carta branca para o futuro presidente, qualquer que fosse ele, fazer o que bem entende. É preciso, sim, um compromisso contra a violência, o ódio e a intolerância, como pediu o Papa Francisco aos brasileiros, mas sem abdicar do direito e do dever de acompanhar e vigiar as decisões do presidente, os rumos do governo, o equilíbrio republicano, o respeito à independência dos Poderes, as negociações com o Congresso.

Eleições e governos vêm e vão, mas as prioridades do País continuam: democracia, igualdade, justiça e dignidade. A vigilância também, e isso vale principalmente para a mídia, que, tão atacada, é fundamental para jogar luzes sobre a realidade e combater as fakenews, uma das mais assustadoras ameaças do nosso tempo.

Bom terceiro governo para Lula, paz e reflexão para Bolsonaro, juízo e moderação para os dois lados e que os próximos anos sejam de transição, com menos fome e violência e mais saúde e educação. Jamais seremos uma democracia plena com nosso povo na miséria. Vai firme, Lula! E lembre-se do que já admitiu antes: você não tem (mais) o direito de errar.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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