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Opinião|Lula com Tarcísio e volta de Marta Suplicy fecham uma página e tentam abrir outra na história do PT


Presidente estabelece pontes com governador de São Paulo, em um movimento conveniente para ambos, e atrai Marta, dona de uma das melhores avaliações da cidade

Por Eliane Cantanhêde

O presidente Lula parece ir melhor nas investidas internas de 2024 do que nas internacionais de 2023, usando a polarização nacional para exercitar o decantado talento político e marcar uma inequívoca diferença com seu antagonista: enquanto Jair Bolsonaro é homem de radicalização e confronto, Lula é de conciliação e boa conversa.

O foco é São Paulo e, aparentemente, ninguém escapa. Depois de produzir o mais audacioso e bem-sucedido lance de 2022, atraindo o ex-tucano Geraldo Alckmin para o ninho petista, Lula botou o PT no seu devido lugar ao lançar Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura da capital, fez elogios e reverências à candidata de centro, Tabata Amaral (PSB) e foi patrono da volta triunfal de Marta Suplicy ao PT.

“Se bobear, o Lula traz até o Tarcísio para essa frente!”, brincou Boulos no super evento da volta de Marta ao PT, enaltecendo o talento político do presidente, que volta ao poder, para o terceiro mandato, boquirroto e com ideias envelhecidas, mas ainda mais craque na política, que exercita com empenho, gosto e muita experiência.

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O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas no anúncio da construção do túnel viário que vai ligar a cidade de Santos com a cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo.  Foto: TABA BENEDICTO

Lula se reuniu com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, na sexta-feira, 2, para lançar o túnel subaquático entre Santos e Guarujá, com previsão de R$ 5,8 bilhões. Um ato republicano, de civilidade política e mais: uma troca de gentilezas e sorrisos, deixando no ar uma certa simpatia mútua e um rastro de rancor, sobretudo do lado bolsonarista.

Se Lula tem interesse em “dar tudo o que for necessário para São Paulo”, manter uma relação republicana com todos os governadores, de esquerda, direita e centro, e construir uma “frente ampla”, Tarcísio também tem bons motivos para a aproximação. Lula é um mestre na política, ele é um aprendiz, um engenheiro que foi do Exército, trabalhou no Congresso e em governos do PT e foi alçado a ministro e lançado na política por Bolsonaro.

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O presidente Lula no ato de filiação da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT. Ela será vice na chapa do deputado Guilherme Boulos na disputa pela Prefeitura de São Paulo.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Se Lula tem um passado pujante, de altos e baixos, Tarcísio tem futuro, a ser construído pedra por pedra, e precisa manter o equilíbrio. Nem pode perder o apoio e os votos de Bolsonaro, nem deve se confundir com a beligerância, o radicalismo, a anticiência, o atraso e o golpismo que o ex-presidente carrega nas costas.

Assim, a convivência pragmática e civilizada de Lula e Tarcísio é conveniente para ambos, o desenvolvimento de São Paulo e a descompressão da política nacional. Ontem é ontem, hoje é hoje, amanhã é amanhã. Como admitiu Lula, Tarcísio “ganhou da gente e vamos tentar ganhar dele na próxima”. Eu diria até que “nas próximas”. Mas isso não significa guerra, ataque, grosseria. Adversários políticos podem conviver civilizadamente e presidente e governadores têm o dever de agir republicanamente. As disputas e divergências ficam para as eleições.

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Exatamente no mesmo dia dos sorrisos e trocas de gentilezas e cochichos com Tarcísio, Lula presidiu e discursou numa festança (que teve até Eduardo Suplicy cantando “Eu sei que vou te amar”) para a volta de Marta Suplicy ao PT, depois de 9 anos, dois partidos e uma passagem pela prefeitura de Ricardo Nunes, adversário de Boulos com apoio de Bolsonaro.

O PT nunca elegeu um governador em São Paulo, não elegeu nenhum prefeito de capital na última eleição municipal e, dos seus três prefeitos paulistanos, Luiza Erundina tentou voltar três vezes sem conseguir e Marta e Fernando Haddad não se reelegeram. Marta, porém, saiu da prefeitura com bom índice de aprovação e até hoje é quem tem o melhor recall na cidade. Logo, é um reforço e tanto para a candidatura de Boulos.

Além disso, a volta de Marta traz uma enorme simbologia para o PT – e pela segunda vez. Em 1982, quando se filiou a um PT de bases sindicais, católicas e acadêmicas, a aristocrática Marta liderou as causas de gênero, abriu horizontes e construiu pontes entre um partido dos trabalhadores e a elite paulistana.

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Em 2024, faz mais do que isso para o PT: tenta fechar uma página e abrir outra, que ainda está sendo escrita. A história tem um início cheio de grandes nomes, boas causas e princípios, mas descambou para mensalão, petrolão, prisão de Lula e desastre Dilma Rousseff. A volta de Marta sinaliza que, daqui pra frente, tudo será diferente. Será? Depende de muitos fatores, principalmente de Lula e do governo Lula.

O presidente Lula parece ir melhor nas investidas internas de 2024 do que nas internacionais de 2023, usando a polarização nacional para exercitar o decantado talento político e marcar uma inequívoca diferença com seu antagonista: enquanto Jair Bolsonaro é homem de radicalização e confronto, Lula é de conciliação e boa conversa.

O foco é São Paulo e, aparentemente, ninguém escapa. Depois de produzir o mais audacioso e bem-sucedido lance de 2022, atraindo o ex-tucano Geraldo Alckmin para o ninho petista, Lula botou o PT no seu devido lugar ao lançar Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura da capital, fez elogios e reverências à candidata de centro, Tabata Amaral (PSB) e foi patrono da volta triunfal de Marta Suplicy ao PT.

“Se bobear, o Lula traz até o Tarcísio para essa frente!”, brincou Boulos no super evento da volta de Marta ao PT, enaltecendo o talento político do presidente, que volta ao poder, para o terceiro mandato, boquirroto e com ideias envelhecidas, mas ainda mais craque na política, que exercita com empenho, gosto e muita experiência.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas no anúncio da construção do túnel viário que vai ligar a cidade de Santos com a cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo.  Foto: TABA BENEDICTO

Lula se reuniu com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, na sexta-feira, 2, para lançar o túnel subaquático entre Santos e Guarujá, com previsão de R$ 5,8 bilhões. Um ato republicano, de civilidade política e mais: uma troca de gentilezas e sorrisos, deixando no ar uma certa simpatia mútua e um rastro de rancor, sobretudo do lado bolsonarista.

Se Lula tem interesse em “dar tudo o que for necessário para São Paulo”, manter uma relação republicana com todos os governadores, de esquerda, direita e centro, e construir uma “frente ampla”, Tarcísio também tem bons motivos para a aproximação. Lula é um mestre na política, ele é um aprendiz, um engenheiro que foi do Exército, trabalhou no Congresso e em governos do PT e foi alçado a ministro e lançado na política por Bolsonaro.

O presidente Lula no ato de filiação da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT. Ela será vice na chapa do deputado Guilherme Boulos na disputa pela Prefeitura de São Paulo.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Se Lula tem um passado pujante, de altos e baixos, Tarcísio tem futuro, a ser construído pedra por pedra, e precisa manter o equilíbrio. Nem pode perder o apoio e os votos de Bolsonaro, nem deve se confundir com a beligerância, o radicalismo, a anticiência, o atraso e o golpismo que o ex-presidente carrega nas costas.

Assim, a convivência pragmática e civilizada de Lula e Tarcísio é conveniente para ambos, o desenvolvimento de São Paulo e a descompressão da política nacional. Ontem é ontem, hoje é hoje, amanhã é amanhã. Como admitiu Lula, Tarcísio “ganhou da gente e vamos tentar ganhar dele na próxima”. Eu diria até que “nas próximas”. Mas isso não significa guerra, ataque, grosseria. Adversários políticos podem conviver civilizadamente e presidente e governadores têm o dever de agir republicanamente. As disputas e divergências ficam para as eleições.

Exatamente no mesmo dia dos sorrisos e trocas de gentilezas e cochichos com Tarcísio, Lula presidiu e discursou numa festança (que teve até Eduardo Suplicy cantando “Eu sei que vou te amar”) para a volta de Marta Suplicy ao PT, depois de 9 anos, dois partidos e uma passagem pela prefeitura de Ricardo Nunes, adversário de Boulos com apoio de Bolsonaro.

O PT nunca elegeu um governador em São Paulo, não elegeu nenhum prefeito de capital na última eleição municipal e, dos seus três prefeitos paulistanos, Luiza Erundina tentou voltar três vezes sem conseguir e Marta e Fernando Haddad não se reelegeram. Marta, porém, saiu da prefeitura com bom índice de aprovação e até hoje é quem tem o melhor recall na cidade. Logo, é um reforço e tanto para a candidatura de Boulos.

Além disso, a volta de Marta traz uma enorme simbologia para o PT – e pela segunda vez. Em 1982, quando se filiou a um PT de bases sindicais, católicas e acadêmicas, a aristocrática Marta liderou as causas de gênero, abriu horizontes e construiu pontes entre um partido dos trabalhadores e a elite paulistana.

Em 2024, faz mais do que isso para o PT: tenta fechar uma página e abrir outra, que ainda está sendo escrita. A história tem um início cheio de grandes nomes, boas causas e princípios, mas descambou para mensalão, petrolão, prisão de Lula e desastre Dilma Rousseff. A volta de Marta sinaliza que, daqui pra frente, tudo será diferente. Será? Depende de muitos fatores, principalmente de Lula e do governo Lula.

O presidente Lula parece ir melhor nas investidas internas de 2024 do que nas internacionais de 2023, usando a polarização nacional para exercitar o decantado talento político e marcar uma inequívoca diferença com seu antagonista: enquanto Jair Bolsonaro é homem de radicalização e confronto, Lula é de conciliação e boa conversa.

O foco é São Paulo e, aparentemente, ninguém escapa. Depois de produzir o mais audacioso e bem-sucedido lance de 2022, atraindo o ex-tucano Geraldo Alckmin para o ninho petista, Lula botou o PT no seu devido lugar ao lançar Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura da capital, fez elogios e reverências à candidata de centro, Tabata Amaral (PSB) e foi patrono da volta triunfal de Marta Suplicy ao PT.

“Se bobear, o Lula traz até o Tarcísio para essa frente!”, brincou Boulos no super evento da volta de Marta ao PT, enaltecendo o talento político do presidente, que volta ao poder, para o terceiro mandato, boquirroto e com ideias envelhecidas, mas ainda mais craque na política, que exercita com empenho, gosto e muita experiência.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas no anúncio da construção do túnel viário que vai ligar a cidade de Santos com a cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo.  Foto: TABA BENEDICTO

Lula se reuniu com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, na sexta-feira, 2, para lançar o túnel subaquático entre Santos e Guarujá, com previsão de R$ 5,8 bilhões. Um ato republicano, de civilidade política e mais: uma troca de gentilezas e sorrisos, deixando no ar uma certa simpatia mútua e um rastro de rancor, sobretudo do lado bolsonarista.

Se Lula tem interesse em “dar tudo o que for necessário para São Paulo”, manter uma relação republicana com todos os governadores, de esquerda, direita e centro, e construir uma “frente ampla”, Tarcísio também tem bons motivos para a aproximação. Lula é um mestre na política, ele é um aprendiz, um engenheiro que foi do Exército, trabalhou no Congresso e em governos do PT e foi alçado a ministro e lançado na política por Bolsonaro.

O presidente Lula no ato de filiação da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT. Ela será vice na chapa do deputado Guilherme Boulos na disputa pela Prefeitura de São Paulo.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Se Lula tem um passado pujante, de altos e baixos, Tarcísio tem futuro, a ser construído pedra por pedra, e precisa manter o equilíbrio. Nem pode perder o apoio e os votos de Bolsonaro, nem deve se confundir com a beligerância, o radicalismo, a anticiência, o atraso e o golpismo que o ex-presidente carrega nas costas.

Assim, a convivência pragmática e civilizada de Lula e Tarcísio é conveniente para ambos, o desenvolvimento de São Paulo e a descompressão da política nacional. Ontem é ontem, hoje é hoje, amanhã é amanhã. Como admitiu Lula, Tarcísio “ganhou da gente e vamos tentar ganhar dele na próxima”. Eu diria até que “nas próximas”. Mas isso não significa guerra, ataque, grosseria. Adversários políticos podem conviver civilizadamente e presidente e governadores têm o dever de agir republicanamente. As disputas e divergências ficam para as eleições.

Exatamente no mesmo dia dos sorrisos e trocas de gentilezas e cochichos com Tarcísio, Lula presidiu e discursou numa festança (que teve até Eduardo Suplicy cantando “Eu sei que vou te amar”) para a volta de Marta Suplicy ao PT, depois de 9 anos, dois partidos e uma passagem pela prefeitura de Ricardo Nunes, adversário de Boulos com apoio de Bolsonaro.

O PT nunca elegeu um governador em São Paulo, não elegeu nenhum prefeito de capital na última eleição municipal e, dos seus três prefeitos paulistanos, Luiza Erundina tentou voltar três vezes sem conseguir e Marta e Fernando Haddad não se reelegeram. Marta, porém, saiu da prefeitura com bom índice de aprovação e até hoje é quem tem o melhor recall na cidade. Logo, é um reforço e tanto para a candidatura de Boulos.

Além disso, a volta de Marta traz uma enorme simbologia para o PT – e pela segunda vez. Em 1982, quando se filiou a um PT de bases sindicais, católicas e acadêmicas, a aristocrática Marta liderou as causas de gênero, abriu horizontes e construiu pontes entre um partido dos trabalhadores e a elite paulistana.

Em 2024, faz mais do que isso para o PT: tenta fechar uma página e abrir outra, que ainda está sendo escrita. A história tem um início cheio de grandes nomes, boas causas e princípios, mas descambou para mensalão, petrolão, prisão de Lula e desastre Dilma Rousseff. A volta de Marta sinaliza que, daqui pra frente, tudo será diferente. Será? Depende de muitos fatores, principalmente de Lula e do governo Lula.

O presidente Lula parece ir melhor nas investidas internas de 2024 do que nas internacionais de 2023, usando a polarização nacional para exercitar o decantado talento político e marcar uma inequívoca diferença com seu antagonista: enquanto Jair Bolsonaro é homem de radicalização e confronto, Lula é de conciliação e boa conversa.

O foco é São Paulo e, aparentemente, ninguém escapa. Depois de produzir o mais audacioso e bem-sucedido lance de 2022, atraindo o ex-tucano Geraldo Alckmin para o ninho petista, Lula botou o PT no seu devido lugar ao lançar Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura da capital, fez elogios e reverências à candidata de centro, Tabata Amaral (PSB) e foi patrono da volta triunfal de Marta Suplicy ao PT.

“Se bobear, o Lula traz até o Tarcísio para essa frente!”, brincou Boulos no super evento da volta de Marta ao PT, enaltecendo o talento político do presidente, que volta ao poder, para o terceiro mandato, boquirroto e com ideias envelhecidas, mas ainda mais craque na política, que exercita com empenho, gosto e muita experiência.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas no anúncio da construção do túnel viário que vai ligar a cidade de Santos com a cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo.  Foto: TABA BENEDICTO

Lula se reuniu com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, na sexta-feira, 2, para lançar o túnel subaquático entre Santos e Guarujá, com previsão de R$ 5,8 bilhões. Um ato republicano, de civilidade política e mais: uma troca de gentilezas e sorrisos, deixando no ar uma certa simpatia mútua e um rastro de rancor, sobretudo do lado bolsonarista.

Se Lula tem interesse em “dar tudo o que for necessário para São Paulo”, manter uma relação republicana com todos os governadores, de esquerda, direita e centro, e construir uma “frente ampla”, Tarcísio também tem bons motivos para a aproximação. Lula é um mestre na política, ele é um aprendiz, um engenheiro que foi do Exército, trabalhou no Congresso e em governos do PT e foi alçado a ministro e lançado na política por Bolsonaro.

O presidente Lula no ato de filiação da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT. Ela será vice na chapa do deputado Guilherme Boulos na disputa pela Prefeitura de São Paulo.  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Se Lula tem um passado pujante, de altos e baixos, Tarcísio tem futuro, a ser construído pedra por pedra, e precisa manter o equilíbrio. Nem pode perder o apoio e os votos de Bolsonaro, nem deve se confundir com a beligerância, o radicalismo, a anticiência, o atraso e o golpismo que o ex-presidente carrega nas costas.

Assim, a convivência pragmática e civilizada de Lula e Tarcísio é conveniente para ambos, o desenvolvimento de São Paulo e a descompressão da política nacional. Ontem é ontem, hoje é hoje, amanhã é amanhã. Como admitiu Lula, Tarcísio “ganhou da gente e vamos tentar ganhar dele na próxima”. Eu diria até que “nas próximas”. Mas isso não significa guerra, ataque, grosseria. Adversários políticos podem conviver civilizadamente e presidente e governadores têm o dever de agir republicanamente. As disputas e divergências ficam para as eleições.

Exatamente no mesmo dia dos sorrisos e trocas de gentilezas e cochichos com Tarcísio, Lula presidiu e discursou numa festança (que teve até Eduardo Suplicy cantando “Eu sei que vou te amar”) para a volta de Marta Suplicy ao PT, depois de 9 anos, dois partidos e uma passagem pela prefeitura de Ricardo Nunes, adversário de Boulos com apoio de Bolsonaro.

O PT nunca elegeu um governador em São Paulo, não elegeu nenhum prefeito de capital na última eleição municipal e, dos seus três prefeitos paulistanos, Luiza Erundina tentou voltar três vezes sem conseguir e Marta e Fernando Haddad não se reelegeram. Marta, porém, saiu da prefeitura com bom índice de aprovação e até hoje é quem tem o melhor recall na cidade. Logo, é um reforço e tanto para a candidatura de Boulos.

Além disso, a volta de Marta traz uma enorme simbologia para o PT – e pela segunda vez. Em 1982, quando se filiou a um PT de bases sindicais, católicas e acadêmicas, a aristocrática Marta liderou as causas de gênero, abriu horizontes e construiu pontes entre um partido dos trabalhadores e a elite paulistana.

Em 2024, faz mais do que isso para o PT: tenta fechar uma página e abrir outra, que ainda está sendo escrita. A história tem um início cheio de grandes nomes, boas causas e princípios, mas descambou para mensalão, petrolão, prisão de Lula e desastre Dilma Rousseff. A volta de Marta sinaliza que, daqui pra frente, tudo será diferente. Será? Depende de muitos fatores, principalmente de Lula e do governo Lula.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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