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Opinião|Mão pesada de Lula na Petrobras traz de volta fantasmas do PT: Abreu e Lima, Sete Brasil, Venezuela


Qual a intenção do presidente Lula, ao querer novamente assumir o controle da Petrobras, mandar e desmandar na política de preços, na distribuição de dividendos extraordinários, na composição do conselho administrativo e nas próprias prioridades, inclusive de investimentos?

Por Eliane Cantanhêde

Os fantasmas dos dois primeiros governos de Luiz Inácio da Silva e do um e meio de Dilma Rousseff assombram o terceiro mandato do petista e estão vagando sem rumo, assustando especialistas, afastando investidores e criando incertezas, mesmo quando o governo federal poderia estar capitalizando a atuação rápida e efetiva no enfrentamento da tragédia no Rio Grande do Sul.

Por mais anunciada e esperada, a demissão de Jean Paulo Prates da presidência da Petrobras é daquelas decisões que desagradam ao mercado e a ambientalistas, a gregos e troianos, e tem múltiplas repercussões, nenhuma positiva. E peca, mais uma vez, por falta de senso de oportunidade. Bem no meio da dor, da tristeza, das perdas e do foco no Sul, que livraram Lula de falar besteiras sobre política externa.

O ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates deixa o prédio da sede da empresa no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadao
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Pode até nem ser, mas tudo indica que a intenção de Lula ao trocar o comando da Petrobras é assumir o controle da maior, mais rica e mais simbólica companhia brasileira – e também a que mais fantasmas, ou cicatrizes, deixou no PT e em Lula. Com a mão pesada política, a Petrobras foi parar no fundo do poço contábil, econômico, de credibilidade, de imagem internacional. E, somando daqui, diminuindo dali, as perdas financeiras não foram “só” por causa da roubalheira de partidos embolados com executivos, mas pela contenção irreal dos preços. Irreal? Bem, política, populista.

E agora? Qual a intenção de Lula, ao querer novamente assumir o controle da Petrobras, mandar e desmandar na política de preços, na distribuição de dividendos extraordinários, na composição do conselho administrativo e nas próprias prioridades, inclusive de investimentos? Cobrar “o compromisso social” da empresa? E o risco de os partidos aliados e o próprio PT considerarem as porteiras abertas?

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No seu curto mandato, atropelado por Rodrigo Janot, os irmãos Batista, da JBS, e a acusação de “golpe”, Michel Temer chamou um especialista em crises, Pedro Parente, que já tinha coordenado a reação ao “apagão” no governo Fernando Henrique, para avaliar os danos e restaurar a Petrobras. Deu certo. Veio Bolsonaro e saiu demitindo um presidente atrás do outro da companhia. Vem Lula e vai no mesmo caminho.

Em um ano e meio de governo, ele já demitiu Prates, que saiu avisando: “Deixamos a política de preços que o presidente pediu?” Qual seja, o fim da paridade internacional, prática adotada por petroleiras mundo afora. E ele poderia ter acrescentado que também foi a pedido de Lula que suspendeu, e depois foi obrigado a rever, a suspensão da distribuição de dividendos extraordinários, igualmente adotada mudo afora, para despertar o apetite de investidores. Detalhe: o maior beneficiário é a União.

Só neste ano, a Petrobras perdeu R$ 55 bilhões em valor de mercado, em março, após o represamento dos dividendos; recuperou com folga com a liberação de metade do valor total e a previsão de liberar a outra metade até dezembro; e voltou a perder R$ 34 bilhões agora, com a confirmação da demissão de Prates. Uma montanha russa, de altos e baixos, com curvas perigosas do passado assombrando o caminho do futuro.

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A Refinaria Abreu e Lima e a empresa Sete Brasil, de construção de navios-sonda para o Pré-Sal morreram, muito antes de atingir suas metas, mas continuam insepultas, com prejuízos monumentais. Cada uma com seu fantasma de estimação na Lava Jato. O da Abreu e Lima é a Venezuela de Hugo Chávez. O da Sete Brasil, os fundos de pensão de estatais. É tudo isso que Lula quer reencarnar, aquecendo a memória da sociedade.

Sai Jean Paul Prates, do próprio PT, da área de energia, que calibrava bem o ainda necessário investimento em petróleo com a transição energética e as novas e futuras fontes limpas. Entra a ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Magda Chambriard, que tem duas alternativas: ou enfrentar tecnicamente os embates políticos e as pressões do próprio governo, com firmeza e sabendo dizer “não”, ou... fazer tudo que seu mestre mandar.

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Voto previamente vencido e já enfrentando muitas frentes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, optou por passar longe do desfecho e os grandes vitoriosos na queda de Jean Paul Prates são o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, do PSD, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, do PT. Mas quem de fato tomou a decisão foi Luiz Inácio Lula da Silva. Para fazer o quê com a Petrobras? Vamos ver...

Os fantasmas dos dois primeiros governos de Luiz Inácio da Silva e do um e meio de Dilma Rousseff assombram o terceiro mandato do petista e estão vagando sem rumo, assustando especialistas, afastando investidores e criando incertezas, mesmo quando o governo federal poderia estar capitalizando a atuação rápida e efetiva no enfrentamento da tragédia no Rio Grande do Sul.

Por mais anunciada e esperada, a demissão de Jean Paulo Prates da presidência da Petrobras é daquelas decisões que desagradam ao mercado e a ambientalistas, a gregos e troianos, e tem múltiplas repercussões, nenhuma positiva. E peca, mais uma vez, por falta de senso de oportunidade. Bem no meio da dor, da tristeza, das perdas e do foco no Sul, que livraram Lula de falar besteiras sobre política externa.

O ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates deixa o prédio da sede da empresa no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadao

Pode até nem ser, mas tudo indica que a intenção de Lula ao trocar o comando da Petrobras é assumir o controle da maior, mais rica e mais simbólica companhia brasileira – e também a que mais fantasmas, ou cicatrizes, deixou no PT e em Lula. Com a mão pesada política, a Petrobras foi parar no fundo do poço contábil, econômico, de credibilidade, de imagem internacional. E, somando daqui, diminuindo dali, as perdas financeiras não foram “só” por causa da roubalheira de partidos embolados com executivos, mas pela contenção irreal dos preços. Irreal? Bem, política, populista.

E agora? Qual a intenção de Lula, ao querer novamente assumir o controle da Petrobras, mandar e desmandar na política de preços, na distribuição de dividendos extraordinários, na composição do conselho administrativo e nas próprias prioridades, inclusive de investimentos? Cobrar “o compromisso social” da empresa? E o risco de os partidos aliados e o próprio PT considerarem as porteiras abertas?

No seu curto mandato, atropelado por Rodrigo Janot, os irmãos Batista, da JBS, e a acusação de “golpe”, Michel Temer chamou um especialista em crises, Pedro Parente, que já tinha coordenado a reação ao “apagão” no governo Fernando Henrique, para avaliar os danos e restaurar a Petrobras. Deu certo. Veio Bolsonaro e saiu demitindo um presidente atrás do outro da companhia. Vem Lula e vai no mesmo caminho.

Em um ano e meio de governo, ele já demitiu Prates, que saiu avisando: “Deixamos a política de preços que o presidente pediu?” Qual seja, o fim da paridade internacional, prática adotada por petroleiras mundo afora. E ele poderia ter acrescentado que também foi a pedido de Lula que suspendeu, e depois foi obrigado a rever, a suspensão da distribuição de dividendos extraordinários, igualmente adotada mudo afora, para despertar o apetite de investidores. Detalhe: o maior beneficiário é a União.

Só neste ano, a Petrobras perdeu R$ 55 bilhões em valor de mercado, em março, após o represamento dos dividendos; recuperou com folga com a liberação de metade do valor total e a previsão de liberar a outra metade até dezembro; e voltou a perder R$ 34 bilhões agora, com a confirmação da demissão de Prates. Uma montanha russa, de altos e baixos, com curvas perigosas do passado assombrando o caminho do futuro.

A Refinaria Abreu e Lima e a empresa Sete Brasil, de construção de navios-sonda para o Pré-Sal morreram, muito antes de atingir suas metas, mas continuam insepultas, com prejuízos monumentais. Cada uma com seu fantasma de estimação na Lava Jato. O da Abreu e Lima é a Venezuela de Hugo Chávez. O da Sete Brasil, os fundos de pensão de estatais. É tudo isso que Lula quer reencarnar, aquecendo a memória da sociedade.

Sai Jean Paul Prates, do próprio PT, da área de energia, que calibrava bem o ainda necessário investimento em petróleo com a transição energética e as novas e futuras fontes limpas. Entra a ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Magda Chambriard, que tem duas alternativas: ou enfrentar tecnicamente os embates políticos e as pressões do próprio governo, com firmeza e sabendo dizer “não”, ou... fazer tudo que seu mestre mandar.

Voto previamente vencido e já enfrentando muitas frentes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, optou por passar longe do desfecho e os grandes vitoriosos na queda de Jean Paul Prates são o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, do PSD, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, do PT. Mas quem de fato tomou a decisão foi Luiz Inácio Lula da Silva. Para fazer o quê com a Petrobras? Vamos ver...

Os fantasmas dos dois primeiros governos de Luiz Inácio da Silva e do um e meio de Dilma Rousseff assombram o terceiro mandato do petista e estão vagando sem rumo, assustando especialistas, afastando investidores e criando incertezas, mesmo quando o governo federal poderia estar capitalizando a atuação rápida e efetiva no enfrentamento da tragédia no Rio Grande do Sul.

Por mais anunciada e esperada, a demissão de Jean Paulo Prates da presidência da Petrobras é daquelas decisões que desagradam ao mercado e a ambientalistas, a gregos e troianos, e tem múltiplas repercussões, nenhuma positiva. E peca, mais uma vez, por falta de senso de oportunidade. Bem no meio da dor, da tristeza, das perdas e do foco no Sul, que livraram Lula de falar besteiras sobre política externa.

O ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates deixa o prédio da sede da empresa no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadao

Pode até nem ser, mas tudo indica que a intenção de Lula ao trocar o comando da Petrobras é assumir o controle da maior, mais rica e mais simbólica companhia brasileira – e também a que mais fantasmas, ou cicatrizes, deixou no PT e em Lula. Com a mão pesada política, a Petrobras foi parar no fundo do poço contábil, econômico, de credibilidade, de imagem internacional. E, somando daqui, diminuindo dali, as perdas financeiras não foram “só” por causa da roubalheira de partidos embolados com executivos, mas pela contenção irreal dos preços. Irreal? Bem, política, populista.

E agora? Qual a intenção de Lula, ao querer novamente assumir o controle da Petrobras, mandar e desmandar na política de preços, na distribuição de dividendos extraordinários, na composição do conselho administrativo e nas próprias prioridades, inclusive de investimentos? Cobrar “o compromisso social” da empresa? E o risco de os partidos aliados e o próprio PT considerarem as porteiras abertas?

No seu curto mandato, atropelado por Rodrigo Janot, os irmãos Batista, da JBS, e a acusação de “golpe”, Michel Temer chamou um especialista em crises, Pedro Parente, que já tinha coordenado a reação ao “apagão” no governo Fernando Henrique, para avaliar os danos e restaurar a Petrobras. Deu certo. Veio Bolsonaro e saiu demitindo um presidente atrás do outro da companhia. Vem Lula e vai no mesmo caminho.

Em um ano e meio de governo, ele já demitiu Prates, que saiu avisando: “Deixamos a política de preços que o presidente pediu?” Qual seja, o fim da paridade internacional, prática adotada por petroleiras mundo afora. E ele poderia ter acrescentado que também foi a pedido de Lula que suspendeu, e depois foi obrigado a rever, a suspensão da distribuição de dividendos extraordinários, igualmente adotada mudo afora, para despertar o apetite de investidores. Detalhe: o maior beneficiário é a União.

Só neste ano, a Petrobras perdeu R$ 55 bilhões em valor de mercado, em março, após o represamento dos dividendos; recuperou com folga com a liberação de metade do valor total e a previsão de liberar a outra metade até dezembro; e voltou a perder R$ 34 bilhões agora, com a confirmação da demissão de Prates. Uma montanha russa, de altos e baixos, com curvas perigosas do passado assombrando o caminho do futuro.

A Refinaria Abreu e Lima e a empresa Sete Brasil, de construção de navios-sonda para o Pré-Sal morreram, muito antes de atingir suas metas, mas continuam insepultas, com prejuízos monumentais. Cada uma com seu fantasma de estimação na Lava Jato. O da Abreu e Lima é a Venezuela de Hugo Chávez. O da Sete Brasil, os fundos de pensão de estatais. É tudo isso que Lula quer reencarnar, aquecendo a memória da sociedade.

Sai Jean Paul Prates, do próprio PT, da área de energia, que calibrava bem o ainda necessário investimento em petróleo com a transição energética e as novas e futuras fontes limpas. Entra a ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Magda Chambriard, que tem duas alternativas: ou enfrentar tecnicamente os embates políticos e as pressões do próprio governo, com firmeza e sabendo dizer “não”, ou... fazer tudo que seu mestre mandar.

Voto previamente vencido e já enfrentando muitas frentes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, optou por passar longe do desfecho e os grandes vitoriosos na queda de Jean Paul Prates são o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, do PSD, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, do PT. Mas quem de fato tomou a decisão foi Luiz Inácio Lula da Silva. Para fazer o quê com a Petrobras? Vamos ver...

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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