Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Na TV, religião e ‘bem contra o mal’ versus comida e ‘o pior e o melhor presidente do Brasil’


Se 2018 foi um ponto fora da curva sob vários aspectos, com a internet sendo decisiva, 2022 mantém a força das redes, mas recoloca a importância da TV

Por Eliane Cantanhêde

A televisão entrou com tudo na campanha eleitoral, a partir da semana passada, com as entrevistas para muitos milhões de brasileiros no Jornal Nacional, da TV Globo, e o início da propaganda eleitoral obrigatória, que recupera prestígio, investimento e sua capacidade de atingir faixas imensas do eleitorado e, assim, pesar no resultado.

Se 2018 foi um ponto fora da curva sob vários aspectos, com a internet sendo decisiva para o improvável Jair Bolsonaro, 2022 mantém a força das redes, mas recoloca a importância da TV, como sempre. Geraldo Alckmin somou o PSDB, os tradicionais aliados e o Centrão, com mais de cinco minutos na propaganda na TV, mas teve menos de 5% de votos. Já Bolsonaro captou a força da internet e, com a facada, acrescentou a isso uma fantástica exposição em rádios, televisões e jornais.

Ex-presidente Lula é sabatinado no Jornal Nacional; tempo de TV ganha nova importância nas eleições 2022. Foto: TV Globo
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A imagem de Bolsonaro sendo esfaqueado, no ombro de apoiadores, no meio de uma multidão, dia e noite, criou o “mito”, a “vítima” e imobilizou os adversários. Com uma exposição espontânea assim, quem precisa de programa eleitoral? Mas, em 2022, não tem facada e a TV é o maior palanque, atingindo milhões de pessoas que não se interessam por política, não sabem quem é Simone Tebet e não têm tempo para redes sociais. Elas fazem toda diferença num país onde 51% dos eleitores ganham até dois mínimos.

Assim, a grande vitória do ex-presidente Lula no Jornal Nacional foi a comparação com Bolsonaro, na forma e no conteúdo. Lula descansou, fez o dever de casa e seguiu a orientação de sua campanha, antecipando o espírito de sua propaganda eleitoral. Tinha estratégia, foco e alvo. Assumiu que houve corrupção, ressignificou o MST, jogou a isca para os indecisos, moderados, sobretudo tucanos.

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Bolsonaro foi Bolsonaro. Quis matar no peito, não deu bola para os assessores e foi preguiçoso, relaxado e, como o Estadão detectou, jogou no ar uma mentira a cada três minutos. Sem foco, queria ser o simpaticão, “do povo”. Só conseguiu parecer superficial, irrelevante – o “bobo da corte”, como disparou Lula.

No seu primeiro programa, Lula falou em “comida na mesa” e “churrasquinho e passeio no fim de semana”. Na sua estreia, Bolsonaro comparou Bolsa Família e Auxílio Brasil e depois negou a fome: “Alguém já viu alguém pedindo um pão na porta, ali, no caixa da padaria? Você não vê, pô!”. Na Terra plana das redes sociais, ninguém pede pão mesmo. Na Terra redonda da vida real, famílias inteiras moram na rua, mendigam moedas e migalhas. Bolsonaro fala de religiões, “bem e mal”. Lula, de comida na mesa, “o pior e o melhor presidente do Brasil”. O eleitor é todo ouvidos.

A televisão entrou com tudo na campanha eleitoral, a partir da semana passada, com as entrevistas para muitos milhões de brasileiros no Jornal Nacional, da TV Globo, e o início da propaganda eleitoral obrigatória, que recupera prestígio, investimento e sua capacidade de atingir faixas imensas do eleitorado e, assim, pesar no resultado.

Se 2018 foi um ponto fora da curva sob vários aspectos, com a internet sendo decisiva para o improvável Jair Bolsonaro, 2022 mantém a força das redes, mas recoloca a importância da TV, como sempre. Geraldo Alckmin somou o PSDB, os tradicionais aliados e o Centrão, com mais de cinco minutos na propaganda na TV, mas teve menos de 5% de votos. Já Bolsonaro captou a força da internet e, com a facada, acrescentou a isso uma fantástica exposição em rádios, televisões e jornais.

Ex-presidente Lula é sabatinado no Jornal Nacional; tempo de TV ganha nova importância nas eleições 2022. Foto: TV Globo

A imagem de Bolsonaro sendo esfaqueado, no ombro de apoiadores, no meio de uma multidão, dia e noite, criou o “mito”, a “vítima” e imobilizou os adversários. Com uma exposição espontânea assim, quem precisa de programa eleitoral? Mas, em 2022, não tem facada e a TV é o maior palanque, atingindo milhões de pessoas que não se interessam por política, não sabem quem é Simone Tebet e não têm tempo para redes sociais. Elas fazem toda diferença num país onde 51% dos eleitores ganham até dois mínimos.

Assim, a grande vitória do ex-presidente Lula no Jornal Nacional foi a comparação com Bolsonaro, na forma e no conteúdo. Lula descansou, fez o dever de casa e seguiu a orientação de sua campanha, antecipando o espírito de sua propaganda eleitoral. Tinha estratégia, foco e alvo. Assumiu que houve corrupção, ressignificou o MST, jogou a isca para os indecisos, moderados, sobretudo tucanos.

Bolsonaro foi Bolsonaro. Quis matar no peito, não deu bola para os assessores e foi preguiçoso, relaxado e, como o Estadão detectou, jogou no ar uma mentira a cada três minutos. Sem foco, queria ser o simpaticão, “do povo”. Só conseguiu parecer superficial, irrelevante – o “bobo da corte”, como disparou Lula.

No seu primeiro programa, Lula falou em “comida na mesa” e “churrasquinho e passeio no fim de semana”. Na sua estreia, Bolsonaro comparou Bolsa Família e Auxílio Brasil e depois negou a fome: “Alguém já viu alguém pedindo um pão na porta, ali, no caixa da padaria? Você não vê, pô!”. Na Terra plana das redes sociais, ninguém pede pão mesmo. Na Terra redonda da vida real, famílias inteiras moram na rua, mendigam moedas e migalhas. Bolsonaro fala de religiões, “bem e mal”. Lula, de comida na mesa, “o pior e o melhor presidente do Brasil”. O eleitor é todo ouvidos.

A televisão entrou com tudo na campanha eleitoral, a partir da semana passada, com as entrevistas para muitos milhões de brasileiros no Jornal Nacional, da TV Globo, e o início da propaganda eleitoral obrigatória, que recupera prestígio, investimento e sua capacidade de atingir faixas imensas do eleitorado e, assim, pesar no resultado.

Se 2018 foi um ponto fora da curva sob vários aspectos, com a internet sendo decisiva para o improvável Jair Bolsonaro, 2022 mantém a força das redes, mas recoloca a importância da TV, como sempre. Geraldo Alckmin somou o PSDB, os tradicionais aliados e o Centrão, com mais de cinco minutos na propaganda na TV, mas teve menos de 5% de votos. Já Bolsonaro captou a força da internet e, com a facada, acrescentou a isso uma fantástica exposição em rádios, televisões e jornais.

Ex-presidente Lula é sabatinado no Jornal Nacional; tempo de TV ganha nova importância nas eleições 2022. Foto: TV Globo

A imagem de Bolsonaro sendo esfaqueado, no ombro de apoiadores, no meio de uma multidão, dia e noite, criou o “mito”, a “vítima” e imobilizou os adversários. Com uma exposição espontânea assim, quem precisa de programa eleitoral? Mas, em 2022, não tem facada e a TV é o maior palanque, atingindo milhões de pessoas que não se interessam por política, não sabem quem é Simone Tebet e não têm tempo para redes sociais. Elas fazem toda diferença num país onde 51% dos eleitores ganham até dois mínimos.

Assim, a grande vitória do ex-presidente Lula no Jornal Nacional foi a comparação com Bolsonaro, na forma e no conteúdo. Lula descansou, fez o dever de casa e seguiu a orientação de sua campanha, antecipando o espírito de sua propaganda eleitoral. Tinha estratégia, foco e alvo. Assumiu que houve corrupção, ressignificou o MST, jogou a isca para os indecisos, moderados, sobretudo tucanos.

Bolsonaro foi Bolsonaro. Quis matar no peito, não deu bola para os assessores e foi preguiçoso, relaxado e, como o Estadão detectou, jogou no ar uma mentira a cada três minutos. Sem foco, queria ser o simpaticão, “do povo”. Só conseguiu parecer superficial, irrelevante – o “bobo da corte”, como disparou Lula.

No seu primeiro programa, Lula falou em “comida na mesa” e “churrasquinho e passeio no fim de semana”. Na sua estreia, Bolsonaro comparou Bolsa Família e Auxílio Brasil e depois negou a fome: “Alguém já viu alguém pedindo um pão na porta, ali, no caixa da padaria? Você não vê, pô!”. Na Terra plana das redes sociais, ninguém pede pão mesmo. Na Terra redonda da vida real, famílias inteiras moram na rua, mendigam moedas e migalhas. Bolsonaro fala de religiões, “bem e mal”. Lula, de comida na mesa, “o pior e o melhor presidente do Brasil”. O eleitor é todo ouvidos.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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