Mais uma vez, as candidatas Simone Tebet e Soraya Thronicke marcaram boa presença e foram firmes, em geral contundentes, no debate deste sábado promovido pelo consórcio que o Estadão integrou. O ex-presidente Lula fez o papelão de não comparecer, o presidente Jair Bolsonaro foi mais do mesmo, Ciro Gomes atirou a torto e a direito, Luiz Felipe d’Avila foi coadjuvante e o tal Padre Kelmon mostrou a que veio: ser linha auxiliar de Bolsonaro.
A conclusão desse resumo é que Bolsonaro parecia até seguro, mais à vontade do que em debates anteriores, mas não brilhou, como não brilharia, e nem ao menos se destacou, como precisava desesperadamente. Logo, não ganhou um único voto a mais, não reverteu a tendência das pesquisas nem mesmo anulou o risco de derrota em primeiro turno.
Mesmo ausente, ou principalmente por estar ausente, Lula foi alvo do início ao fim no seu telhado de vidro: corrupção, a pedra atirada contra o favorito por todos os demais, Tebet, Ciro, Thronicke, d’Avila e, claro, Bolsonaro com o padre… como é mesmo o nome dele? Aliás, o Cabo Daciolo, de 2018, era mais interessante.
Juntos, Bolsonaro e Lula atraíram chuvas e trovoadas, mas o presidente estava ali, para se defender e atacar, enquanto Lula preferiu um comício bem distante de um embate que diz respeito ao País e é do interesse do eleitor. “Um candidato fugiu da entrevista de emprego, é uma covardia, coisa de quem não gosta de trabalhar”, atacou Thronicke.
Além de corrupção, os candidatos falaram de economia, fome e pobreza, atacaram o Judiciário, tergiversaram sobre aborto, confundiram ao jogar o tema feminismo na mesa e constrangeram as duas mulheres com o orçamento secreto. Nisso tudo, Padre Kelmon estava ali mais para confundir do que para esclarecer.
Elas reagiram usando um tom contundente. “Não cutuque onça com essa sua vara curta”, rebateu Thronicke para Bolsonaro, em quem votou em 2018, fazendo uma provocação ao presidente: “quem é que tirou dinheiro da farmácia popular e manteve compra de Viagra para seus amigos?” Tebet também atacou: ‘’O orçamento secreto é corrupção do governo federal, para comprar voto da reeleição e tirar dinheiro da saúde e da educação”.
É assim que as duas mulheres da linha de frente da disputa vão conquistando, senão votos, conhecimento, curiosidade e respeito. São candidatas a sair muito maiores da eleição do que entraram, diferentemente de Ciro, que também não tem chances de vitória e perde muito do que tinha e não ganha o que não tinha.