Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Nem Haddad nem Rui Costa nem Alexandre Silveira, quem manda na Petrobras é Lula


O que está por trás é o papel do governo federal e particularmente do Palácio do Planalto na definição de quadros e da própria política de preços da estatal

Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

O petista Jean Paul Prates deu ao presidente Lula o pretexto que ele esperava não apenas para tirá-lo da presidência da Petrobras como para neutralizar a guerra interna entre o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, no meio. Nenhum dos nomes propostos por um deles está vingando e o favorito é Aloizio Mercadante, que dispensa padrinhos, tem luz própria e canal direto com Lula, não é de hoje.

O destino de Prates no governo já estava virtualmente selado, mas ele só cairia no final do ano, junto com a primeira reforma ministerial, e antecipou sua saída em oito meses ao passar a sensação de estar desafiando Lula, quando disse à jornalista Monica Bergamo que pediria uma “conversa definitiva” com Lula sobre sua posição e sua autonomia na presidência da maior empresa brasileira. O problema dele deixou de ser com Haddad, Costa e Silveira e passou a ser com o próprio presidente, que ficou bravo.

Lançamento do projeto Petrobras cultural, com a presença do presidente Lula no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos / Estadão
continua após a publicidade

A cabeça de Prates já estava a prêmio há bastante tempo, mas é aquela velha história que qualquer um que conheça os meandros do poder, especialmente em Brasília, já viu várias vezes. Com Prates bem longe, num escritório no Rio de Janeiro, quem tem capacidade de emprenhar o presidente pelos ouvidos são Haddad, claro, Silveira também e Rui Costa, que nunca tinha sido próximo de Lula, mas agora é amicíssimo desde criancinha. E nunca se esqueça a influência de Janja, a primeira-dama. Aliás, em tudo. Detalhe: cada um emprenha os ouvidos de Lula para um lado diferente.

O que está por trás, além das já cansativas disputas no PT, um partido de tendências e ciúmes, é muito mais grave: o papel do governo federal e particularmente do Palácio do Planalto na definição de quadros e da própria política de preços da Petrobras. Lula e Jair Bolsonaro são antagônicos em praticamente tudo, mas os dois dividem algo em comum: a obsessão por controlar preços e usar a Petrobras para dar boas notícias ao eleitorado. Ou alguém esqueceu que, no ano (re)eleitoral, Bolsonaro baixou o preço da gasolina na bomba à custa do equilíbrio das contas estaduais?

continua após a publicidade

E não foram só eles, porque no governo e meio de Dilma Rousseff, que gerou dois anos seguidos de recessão econômica, a continuação do ataque político à Petrobras não se resumiu à partilha dos principais cargos entre o PT e partidos aliados, com PP, PTB e MDB, mas também pela intervenção política e ideológica na definição de preços ao gosto não só do freguês, mas da própria presidente, que hoje preside o Banco dos Brics.

A ex-presidente Dilma Rousseff também defendeu controle de preços de combustíveis  Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Pode ter passado suavemente para o distinto público, mas o fato é que as últimas pesquisas e as sucessivas quedas de popularidade mexeram com os brios de Lula, a passividade do governo e o pavor de boa parte da opinião pública com a volta do bolsonarismo, ou até do próprio Bolsonaro – que está inelegível, mas nunca se sabe...

continua após a publicidade

É assim que, além de botar a ministrada para mostrar serviço e bater bumbo, arranjar um jeito de baixar preços de alimentos e de combustíveis, Lula está bolando algo bem maior e, digamos, estratégico. É por isso que se reuniu com o marqueteiro Sidônio Palmeira e a equipe do ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, na última quarta-feira, para discutir uma “ofensiva de opinião pública”. Dizem que Janja também participou. Será?

O petista Jean Paul Prates deu ao presidente Lula o pretexto que ele esperava não apenas para tirá-lo da presidência da Petrobras como para neutralizar a guerra interna entre o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, no meio. Nenhum dos nomes propostos por um deles está vingando e o favorito é Aloizio Mercadante, que dispensa padrinhos, tem luz própria e canal direto com Lula, não é de hoje.

O destino de Prates no governo já estava virtualmente selado, mas ele só cairia no final do ano, junto com a primeira reforma ministerial, e antecipou sua saída em oito meses ao passar a sensação de estar desafiando Lula, quando disse à jornalista Monica Bergamo que pediria uma “conversa definitiva” com Lula sobre sua posição e sua autonomia na presidência da maior empresa brasileira. O problema dele deixou de ser com Haddad, Costa e Silveira e passou a ser com o próprio presidente, que ficou bravo.

Lançamento do projeto Petrobras cultural, com a presença do presidente Lula no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos / Estadão

A cabeça de Prates já estava a prêmio há bastante tempo, mas é aquela velha história que qualquer um que conheça os meandros do poder, especialmente em Brasília, já viu várias vezes. Com Prates bem longe, num escritório no Rio de Janeiro, quem tem capacidade de emprenhar o presidente pelos ouvidos são Haddad, claro, Silveira também e Rui Costa, que nunca tinha sido próximo de Lula, mas agora é amicíssimo desde criancinha. E nunca se esqueça a influência de Janja, a primeira-dama. Aliás, em tudo. Detalhe: cada um emprenha os ouvidos de Lula para um lado diferente.

O que está por trás, além das já cansativas disputas no PT, um partido de tendências e ciúmes, é muito mais grave: o papel do governo federal e particularmente do Palácio do Planalto na definição de quadros e da própria política de preços da Petrobras. Lula e Jair Bolsonaro são antagônicos em praticamente tudo, mas os dois dividem algo em comum: a obsessão por controlar preços e usar a Petrobras para dar boas notícias ao eleitorado. Ou alguém esqueceu que, no ano (re)eleitoral, Bolsonaro baixou o preço da gasolina na bomba à custa do equilíbrio das contas estaduais?

E não foram só eles, porque no governo e meio de Dilma Rousseff, que gerou dois anos seguidos de recessão econômica, a continuação do ataque político à Petrobras não se resumiu à partilha dos principais cargos entre o PT e partidos aliados, com PP, PTB e MDB, mas também pela intervenção política e ideológica na definição de preços ao gosto não só do freguês, mas da própria presidente, que hoje preside o Banco dos Brics.

A ex-presidente Dilma Rousseff também defendeu controle de preços de combustíveis  Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Pode ter passado suavemente para o distinto público, mas o fato é que as últimas pesquisas e as sucessivas quedas de popularidade mexeram com os brios de Lula, a passividade do governo e o pavor de boa parte da opinião pública com a volta do bolsonarismo, ou até do próprio Bolsonaro – que está inelegível, mas nunca se sabe...

É assim que, além de botar a ministrada para mostrar serviço e bater bumbo, arranjar um jeito de baixar preços de alimentos e de combustíveis, Lula está bolando algo bem maior e, digamos, estratégico. É por isso que se reuniu com o marqueteiro Sidônio Palmeira e a equipe do ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, na última quarta-feira, para discutir uma “ofensiva de opinião pública”. Dizem que Janja também participou. Será?

O petista Jean Paul Prates deu ao presidente Lula o pretexto que ele esperava não apenas para tirá-lo da presidência da Petrobras como para neutralizar a guerra interna entre o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, no meio. Nenhum dos nomes propostos por um deles está vingando e o favorito é Aloizio Mercadante, que dispensa padrinhos, tem luz própria e canal direto com Lula, não é de hoje.

O destino de Prates no governo já estava virtualmente selado, mas ele só cairia no final do ano, junto com a primeira reforma ministerial, e antecipou sua saída em oito meses ao passar a sensação de estar desafiando Lula, quando disse à jornalista Monica Bergamo que pediria uma “conversa definitiva” com Lula sobre sua posição e sua autonomia na presidência da maior empresa brasileira. O problema dele deixou de ser com Haddad, Costa e Silveira e passou a ser com o próprio presidente, que ficou bravo.

Lançamento do projeto Petrobras cultural, com a presença do presidente Lula no centro do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos / Estadão

A cabeça de Prates já estava a prêmio há bastante tempo, mas é aquela velha história que qualquer um que conheça os meandros do poder, especialmente em Brasília, já viu várias vezes. Com Prates bem longe, num escritório no Rio de Janeiro, quem tem capacidade de emprenhar o presidente pelos ouvidos são Haddad, claro, Silveira também e Rui Costa, que nunca tinha sido próximo de Lula, mas agora é amicíssimo desde criancinha. E nunca se esqueça a influência de Janja, a primeira-dama. Aliás, em tudo. Detalhe: cada um emprenha os ouvidos de Lula para um lado diferente.

O que está por trás, além das já cansativas disputas no PT, um partido de tendências e ciúmes, é muito mais grave: o papel do governo federal e particularmente do Palácio do Planalto na definição de quadros e da própria política de preços da Petrobras. Lula e Jair Bolsonaro são antagônicos em praticamente tudo, mas os dois dividem algo em comum: a obsessão por controlar preços e usar a Petrobras para dar boas notícias ao eleitorado. Ou alguém esqueceu que, no ano (re)eleitoral, Bolsonaro baixou o preço da gasolina na bomba à custa do equilíbrio das contas estaduais?

E não foram só eles, porque no governo e meio de Dilma Rousseff, que gerou dois anos seguidos de recessão econômica, a continuação do ataque político à Petrobras não se resumiu à partilha dos principais cargos entre o PT e partidos aliados, com PP, PTB e MDB, mas também pela intervenção política e ideológica na definição de preços ao gosto não só do freguês, mas da própria presidente, que hoje preside o Banco dos Brics.

A ex-presidente Dilma Rousseff também defendeu controle de preços de combustíveis  Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Pode ter passado suavemente para o distinto público, mas o fato é que as últimas pesquisas e as sucessivas quedas de popularidade mexeram com os brios de Lula, a passividade do governo e o pavor de boa parte da opinião pública com a volta do bolsonarismo, ou até do próprio Bolsonaro – que está inelegível, mas nunca se sabe...

É assim que, além de botar a ministrada para mostrar serviço e bater bumbo, arranjar um jeito de baixar preços de alimentos e de combustíveis, Lula está bolando algo bem maior e, digamos, estratégico. É por isso que se reuniu com o marqueteiro Sidônio Palmeira e a equipe do ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, na última quarta-feira, para discutir uma “ofensiva de opinião pública”. Dizem que Janja também participou. Será?

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.