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Opinião|Nunes ganhou vida própria sem Bolsonaro, mas Boulos depende muito de Lula para vencer


Presidente petista não tem alternativa: é mergulhar ou mergulhar na campanha do candidato do PSOL, inclusive para atrair o eleitorado de baixa renda da periferia

Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

Com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) crescendo nas pesquisas e o “outsider” Pablo Marçal (PRTB) perdendo fôlego, a eleição na principal capital do País vai embicando para um segundo turno entre Nunes, à direita, em ascensão, e Guilherme Boulos (PSOL), à esquerda, dando sinais de ter batido no teto. O resultado prático é que o ex-presidente Jair Bolsonaro esperou para ver para onde o vento soprava e finalmente saiu do muro a favor de Nunes, enquanto o presidente Lula já desvia a agenda para entrar com força na campanha de Boulos em São Paulo.

Convenção do MDB para oficializar a candidatura do prefeito Ricardo Nunes à reeleição de São Paulo no estacionamento da Alesp conta com a presença de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Tarcisio de Freitas, entre outros Foto: Tiago Queiroz/Estad

Candidato à reeleição, Ricardo Nunes já seria o eixo natural da campanha paulistana, mas tem de enfrentar não apenas dois, mas três turnos. O primeiro é contra Marçal, que caiu de paraquedas, arranjou um partido cheio de problemas para chamar de seu e disparou nas pesquisas, mas, apesar de ainda estar entre os três que mais pontuam, parece deslizar da condição de “fenômeno” para a de “meteoro” – sobe muito, mas dura pouco.

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Essa tendência, que parece clara sob os holofotes de hoje, descarta a hipótese que chegou a ser cogitada e logo afastada: a de uma disputa final entre dois nomes da direita, Nunes e Marçal. Volta ao radar o mais natural e previsível: direita versus esquerda.

O segundo turno de Nunes é contra todos os outros, como sempre acontece com o candidato que disputa a reeleição, tem os privilégios do cargo e, ainda por cima, lidera as pesquisas. Logo, o previsto é que Boulos, Tabata Amaral (PSB) e Luiz Datena (PSDB), além do próprio Marçal, centrem a artilharia contra ele. Um contra todos, todos contra um – o favorito.

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E no terceiro turno de Nunes (oficialmente o segundo), que tende a ser contra Boulos, o fator decisivo, particularmente nesse ambiente de polarização tóxica do Brasil, será a rejeição. O eleitor não vota necessariamente no seu preferido, mas no que tenha melhores condições para derrotar aquele que ele mais rejeita.

Nessa corrida de obstáculos, Ricardo Nunes vem deixando um rastro de desmistificações. A mais óbvia é que Jair Bolsonaro não tem sido nenhuma Brastemp como puxador de votos e quem ocupa esse vácuo é o governador Tarcísio Gomes de Freitas. Isso tem a ver, mas não só, com a firmeza com que Tarcísio abraçou desde o início a candidatura de Nunes, enquanto Bolsonaro foi oportunista, foi, voltou, piscou para Marçal e esperou o prefeito se consolidar para pular, confortavelmente, num barco de vento em popa.

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No 7 de Setembro da Avenida Paulista, montado para badalar Bolsonaro, Nunes subiu no palanque, mas sem destaque e sem ser anunciado. Já Pablo Marçal chegou atrasado, forçou a mão para subir, foi rechaçado e, depois, criticado por Bolsonaro, que reassumiu mais explicitamente o apoio a Nunes. A dúvida agora é se Marçal vai ou não voltar a chamar Carlos Bolsonaro, o filho 02, de “retardado” e se Carlos vai continuar dizendo que o outro é “educado e bacana”.

Outra desmistificação relevante é que a propaganda eleitoral no rádio e na TV ainda tem peso, e muito. Nunes subiu nas pesquisas empurrado pelo tempo enorme de propaganda “tradicional”. Já Marçal, sem o X, não conseguiu compensar a vantagem do adversário com as outras redes sociais, ou não soube usá-las o suficiente para lucrar com elas – no sentido de intenção de votos, ok?

Quanto mais Marçal fica conhecido, pelos debates, ataques dos adversários e reportagens sobre sua vida pregressa, mais sua rejeição cresce. No Datafolha, já chega a 44%, contra 37% de Boulos e 19% de Nunes. Já seria suficiente para Nunes fisgar Bolsonaro e bolsonaristas, mas tem mais: as projeções de segundo turno (ou terceiro...) favorecem Nunes no eleitorado anti PT.

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Pela Quaest, Nunes venceria Boulos por 48% a 33%, enquanto Marçal está, na foto de hoje, tecnicamente empatado com o candidato de Lula, com 39% e 40%. Pelo Datafolha, Nunes bateria Boulos por 53% a 38%, enquanto Marçal perderia para Boulos por 38% a 47%. Logo, o prefeito dá “mais segurança” contra a esquerda.

Vem aí o teste de influência de Lula. Ele andava distante da eleição e de Boulos, mas, depois de tirar o PT da frente para abrir alas para o nome do PSOL, não tem alternativa: é mergulhar ou mergulhar na campanha de Boulos, inclusive para atrair o eleitorado de baixa renda da periferia e, desde já, jogar a rede nos votos de Tabata e Datena, que, pela foto de hoje, não têm chances de ir ao segundo turno. Nunes ganhou vida própria sem Bolsonaro, mas Boulos depende muito de Lula para vencer.

Com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) crescendo nas pesquisas e o “outsider” Pablo Marçal (PRTB) perdendo fôlego, a eleição na principal capital do País vai embicando para um segundo turno entre Nunes, à direita, em ascensão, e Guilherme Boulos (PSOL), à esquerda, dando sinais de ter batido no teto. O resultado prático é que o ex-presidente Jair Bolsonaro esperou para ver para onde o vento soprava e finalmente saiu do muro a favor de Nunes, enquanto o presidente Lula já desvia a agenda para entrar com força na campanha de Boulos em São Paulo.

Convenção do MDB para oficializar a candidatura do prefeito Ricardo Nunes à reeleição de São Paulo no estacionamento da Alesp conta com a presença de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Tarcisio de Freitas, entre outros Foto: Tiago Queiroz/Estad

Candidato à reeleição, Ricardo Nunes já seria o eixo natural da campanha paulistana, mas tem de enfrentar não apenas dois, mas três turnos. O primeiro é contra Marçal, que caiu de paraquedas, arranjou um partido cheio de problemas para chamar de seu e disparou nas pesquisas, mas, apesar de ainda estar entre os três que mais pontuam, parece deslizar da condição de “fenômeno” para a de “meteoro” – sobe muito, mas dura pouco.

Essa tendência, que parece clara sob os holofotes de hoje, descarta a hipótese que chegou a ser cogitada e logo afastada: a de uma disputa final entre dois nomes da direita, Nunes e Marçal. Volta ao radar o mais natural e previsível: direita versus esquerda.

O segundo turno de Nunes é contra todos os outros, como sempre acontece com o candidato que disputa a reeleição, tem os privilégios do cargo e, ainda por cima, lidera as pesquisas. Logo, o previsto é que Boulos, Tabata Amaral (PSB) e Luiz Datena (PSDB), além do próprio Marçal, centrem a artilharia contra ele. Um contra todos, todos contra um – o favorito.

E no terceiro turno de Nunes (oficialmente o segundo), que tende a ser contra Boulos, o fator decisivo, particularmente nesse ambiente de polarização tóxica do Brasil, será a rejeição. O eleitor não vota necessariamente no seu preferido, mas no que tenha melhores condições para derrotar aquele que ele mais rejeita.

Nessa corrida de obstáculos, Ricardo Nunes vem deixando um rastro de desmistificações. A mais óbvia é que Jair Bolsonaro não tem sido nenhuma Brastemp como puxador de votos e quem ocupa esse vácuo é o governador Tarcísio Gomes de Freitas. Isso tem a ver, mas não só, com a firmeza com que Tarcísio abraçou desde o início a candidatura de Nunes, enquanto Bolsonaro foi oportunista, foi, voltou, piscou para Marçal e esperou o prefeito se consolidar para pular, confortavelmente, num barco de vento em popa.

No 7 de Setembro da Avenida Paulista, montado para badalar Bolsonaro, Nunes subiu no palanque, mas sem destaque e sem ser anunciado. Já Pablo Marçal chegou atrasado, forçou a mão para subir, foi rechaçado e, depois, criticado por Bolsonaro, que reassumiu mais explicitamente o apoio a Nunes. A dúvida agora é se Marçal vai ou não voltar a chamar Carlos Bolsonaro, o filho 02, de “retardado” e se Carlos vai continuar dizendo que o outro é “educado e bacana”.

Outra desmistificação relevante é que a propaganda eleitoral no rádio e na TV ainda tem peso, e muito. Nunes subiu nas pesquisas empurrado pelo tempo enorme de propaganda “tradicional”. Já Marçal, sem o X, não conseguiu compensar a vantagem do adversário com as outras redes sociais, ou não soube usá-las o suficiente para lucrar com elas – no sentido de intenção de votos, ok?

Quanto mais Marçal fica conhecido, pelos debates, ataques dos adversários e reportagens sobre sua vida pregressa, mais sua rejeição cresce. No Datafolha, já chega a 44%, contra 37% de Boulos e 19% de Nunes. Já seria suficiente para Nunes fisgar Bolsonaro e bolsonaristas, mas tem mais: as projeções de segundo turno (ou terceiro...) favorecem Nunes no eleitorado anti PT.

Pela Quaest, Nunes venceria Boulos por 48% a 33%, enquanto Marçal está, na foto de hoje, tecnicamente empatado com o candidato de Lula, com 39% e 40%. Pelo Datafolha, Nunes bateria Boulos por 53% a 38%, enquanto Marçal perderia para Boulos por 38% a 47%. Logo, o prefeito dá “mais segurança” contra a esquerda.

Vem aí o teste de influência de Lula. Ele andava distante da eleição e de Boulos, mas, depois de tirar o PT da frente para abrir alas para o nome do PSOL, não tem alternativa: é mergulhar ou mergulhar na campanha de Boulos, inclusive para atrair o eleitorado de baixa renda da periferia e, desde já, jogar a rede nos votos de Tabata e Datena, que, pela foto de hoje, não têm chances de ir ao segundo turno. Nunes ganhou vida própria sem Bolsonaro, mas Boulos depende muito de Lula para vencer.

Com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) crescendo nas pesquisas e o “outsider” Pablo Marçal (PRTB) perdendo fôlego, a eleição na principal capital do País vai embicando para um segundo turno entre Nunes, à direita, em ascensão, e Guilherme Boulos (PSOL), à esquerda, dando sinais de ter batido no teto. O resultado prático é que o ex-presidente Jair Bolsonaro esperou para ver para onde o vento soprava e finalmente saiu do muro a favor de Nunes, enquanto o presidente Lula já desvia a agenda para entrar com força na campanha de Boulos em São Paulo.

Convenção do MDB para oficializar a candidatura do prefeito Ricardo Nunes à reeleição de São Paulo no estacionamento da Alesp conta com a presença de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Tarcisio de Freitas, entre outros Foto: Tiago Queiroz/Estad

Candidato à reeleição, Ricardo Nunes já seria o eixo natural da campanha paulistana, mas tem de enfrentar não apenas dois, mas três turnos. O primeiro é contra Marçal, que caiu de paraquedas, arranjou um partido cheio de problemas para chamar de seu e disparou nas pesquisas, mas, apesar de ainda estar entre os três que mais pontuam, parece deslizar da condição de “fenômeno” para a de “meteoro” – sobe muito, mas dura pouco.

Essa tendência, que parece clara sob os holofotes de hoje, descarta a hipótese que chegou a ser cogitada e logo afastada: a de uma disputa final entre dois nomes da direita, Nunes e Marçal. Volta ao radar o mais natural e previsível: direita versus esquerda.

O segundo turno de Nunes é contra todos os outros, como sempre acontece com o candidato que disputa a reeleição, tem os privilégios do cargo e, ainda por cima, lidera as pesquisas. Logo, o previsto é que Boulos, Tabata Amaral (PSB) e Luiz Datena (PSDB), além do próprio Marçal, centrem a artilharia contra ele. Um contra todos, todos contra um – o favorito.

E no terceiro turno de Nunes (oficialmente o segundo), que tende a ser contra Boulos, o fator decisivo, particularmente nesse ambiente de polarização tóxica do Brasil, será a rejeição. O eleitor não vota necessariamente no seu preferido, mas no que tenha melhores condições para derrotar aquele que ele mais rejeita.

Nessa corrida de obstáculos, Ricardo Nunes vem deixando um rastro de desmistificações. A mais óbvia é que Jair Bolsonaro não tem sido nenhuma Brastemp como puxador de votos e quem ocupa esse vácuo é o governador Tarcísio Gomes de Freitas. Isso tem a ver, mas não só, com a firmeza com que Tarcísio abraçou desde o início a candidatura de Nunes, enquanto Bolsonaro foi oportunista, foi, voltou, piscou para Marçal e esperou o prefeito se consolidar para pular, confortavelmente, num barco de vento em popa.

No 7 de Setembro da Avenida Paulista, montado para badalar Bolsonaro, Nunes subiu no palanque, mas sem destaque e sem ser anunciado. Já Pablo Marçal chegou atrasado, forçou a mão para subir, foi rechaçado e, depois, criticado por Bolsonaro, que reassumiu mais explicitamente o apoio a Nunes. A dúvida agora é se Marçal vai ou não voltar a chamar Carlos Bolsonaro, o filho 02, de “retardado” e se Carlos vai continuar dizendo que o outro é “educado e bacana”.

Outra desmistificação relevante é que a propaganda eleitoral no rádio e na TV ainda tem peso, e muito. Nunes subiu nas pesquisas empurrado pelo tempo enorme de propaganda “tradicional”. Já Marçal, sem o X, não conseguiu compensar a vantagem do adversário com as outras redes sociais, ou não soube usá-las o suficiente para lucrar com elas – no sentido de intenção de votos, ok?

Quanto mais Marçal fica conhecido, pelos debates, ataques dos adversários e reportagens sobre sua vida pregressa, mais sua rejeição cresce. No Datafolha, já chega a 44%, contra 37% de Boulos e 19% de Nunes. Já seria suficiente para Nunes fisgar Bolsonaro e bolsonaristas, mas tem mais: as projeções de segundo turno (ou terceiro...) favorecem Nunes no eleitorado anti PT.

Pela Quaest, Nunes venceria Boulos por 48% a 33%, enquanto Marçal está, na foto de hoje, tecnicamente empatado com o candidato de Lula, com 39% e 40%. Pelo Datafolha, Nunes bateria Boulos por 53% a 38%, enquanto Marçal perderia para Boulos por 38% a 47%. Logo, o prefeito dá “mais segurança” contra a esquerda.

Vem aí o teste de influência de Lula. Ele andava distante da eleição e de Boulos, mas, depois de tirar o PT da frente para abrir alas para o nome do PSOL, não tem alternativa: é mergulhar ou mergulhar na campanha de Boulos, inclusive para atrair o eleitorado de baixa renda da periferia e, desde já, jogar a rede nos votos de Tabata e Datena, que, pela foto de hoje, não têm chances de ir ao segundo turno. Nunes ganhou vida própria sem Bolsonaro, mas Boulos depende muito de Lula para vencer.

Com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) crescendo nas pesquisas e o “outsider” Pablo Marçal (PRTB) perdendo fôlego, a eleição na principal capital do País vai embicando para um segundo turno entre Nunes, à direita, em ascensão, e Guilherme Boulos (PSOL), à esquerda, dando sinais de ter batido no teto. O resultado prático é que o ex-presidente Jair Bolsonaro esperou para ver para onde o vento soprava e finalmente saiu do muro a favor de Nunes, enquanto o presidente Lula já desvia a agenda para entrar com força na campanha de Boulos em São Paulo.

Convenção do MDB para oficializar a candidatura do prefeito Ricardo Nunes à reeleição de São Paulo no estacionamento da Alesp conta com a presença de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Tarcisio de Freitas, entre outros Foto: Tiago Queiroz/Estad

Candidato à reeleição, Ricardo Nunes já seria o eixo natural da campanha paulistana, mas tem de enfrentar não apenas dois, mas três turnos. O primeiro é contra Marçal, que caiu de paraquedas, arranjou um partido cheio de problemas para chamar de seu e disparou nas pesquisas, mas, apesar de ainda estar entre os três que mais pontuam, parece deslizar da condição de “fenômeno” para a de “meteoro” – sobe muito, mas dura pouco.

Essa tendência, que parece clara sob os holofotes de hoje, descarta a hipótese que chegou a ser cogitada e logo afastada: a de uma disputa final entre dois nomes da direita, Nunes e Marçal. Volta ao radar o mais natural e previsível: direita versus esquerda.

O segundo turno de Nunes é contra todos os outros, como sempre acontece com o candidato que disputa a reeleição, tem os privilégios do cargo e, ainda por cima, lidera as pesquisas. Logo, o previsto é que Boulos, Tabata Amaral (PSB) e Luiz Datena (PSDB), além do próprio Marçal, centrem a artilharia contra ele. Um contra todos, todos contra um – o favorito.

E no terceiro turno de Nunes (oficialmente o segundo), que tende a ser contra Boulos, o fator decisivo, particularmente nesse ambiente de polarização tóxica do Brasil, será a rejeição. O eleitor não vota necessariamente no seu preferido, mas no que tenha melhores condições para derrotar aquele que ele mais rejeita.

Nessa corrida de obstáculos, Ricardo Nunes vem deixando um rastro de desmistificações. A mais óbvia é que Jair Bolsonaro não tem sido nenhuma Brastemp como puxador de votos e quem ocupa esse vácuo é o governador Tarcísio Gomes de Freitas. Isso tem a ver, mas não só, com a firmeza com que Tarcísio abraçou desde o início a candidatura de Nunes, enquanto Bolsonaro foi oportunista, foi, voltou, piscou para Marçal e esperou o prefeito se consolidar para pular, confortavelmente, num barco de vento em popa.

No 7 de Setembro da Avenida Paulista, montado para badalar Bolsonaro, Nunes subiu no palanque, mas sem destaque e sem ser anunciado. Já Pablo Marçal chegou atrasado, forçou a mão para subir, foi rechaçado e, depois, criticado por Bolsonaro, que reassumiu mais explicitamente o apoio a Nunes. A dúvida agora é se Marçal vai ou não voltar a chamar Carlos Bolsonaro, o filho 02, de “retardado” e se Carlos vai continuar dizendo que o outro é “educado e bacana”.

Outra desmistificação relevante é que a propaganda eleitoral no rádio e na TV ainda tem peso, e muito. Nunes subiu nas pesquisas empurrado pelo tempo enorme de propaganda “tradicional”. Já Marçal, sem o X, não conseguiu compensar a vantagem do adversário com as outras redes sociais, ou não soube usá-las o suficiente para lucrar com elas – no sentido de intenção de votos, ok?

Quanto mais Marçal fica conhecido, pelos debates, ataques dos adversários e reportagens sobre sua vida pregressa, mais sua rejeição cresce. No Datafolha, já chega a 44%, contra 37% de Boulos e 19% de Nunes. Já seria suficiente para Nunes fisgar Bolsonaro e bolsonaristas, mas tem mais: as projeções de segundo turno (ou terceiro...) favorecem Nunes no eleitorado anti PT.

Pela Quaest, Nunes venceria Boulos por 48% a 33%, enquanto Marçal está, na foto de hoje, tecnicamente empatado com o candidato de Lula, com 39% e 40%. Pelo Datafolha, Nunes bateria Boulos por 53% a 38%, enquanto Marçal perderia para Boulos por 38% a 47%. Logo, o prefeito dá “mais segurança” contra a esquerda.

Vem aí o teste de influência de Lula. Ele andava distante da eleição e de Boulos, mas, depois de tirar o PT da frente para abrir alas para o nome do PSOL, não tem alternativa: é mergulhar ou mergulhar na campanha de Boulos, inclusive para atrair o eleitorado de baixa renda da periferia e, desde já, jogar a rede nos votos de Tabata e Datena, que, pela foto de hoje, não têm chances de ir ao segundo turno. Nunes ganhou vida própria sem Bolsonaro, mas Boulos depende muito de Lula para vencer.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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