Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Partidos lançam mulheres de última hora, por exclusão, como coadjuvantes e quebra-galhos


As candidatas são ótimas mulheres, mas entram em segundo plano; as últimas não serão as primeiras

Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

Federações, partidos e campanhas deixaram para a última hora, ou último dia, o lançamento de candidatas, até a presidente da República, mas, ora, ora, principalmente a vices em chapas para presidente e governadores. Mais uma vez, como sempre, são ótimas mulheres, mas entram como coadjuvantes, ou quebra-galhos. As últimas não serão as primeiras.

Depois de meses de brigas e traições, o “centro democrático”, ou “terceira via”, minguou sem o União Brasil, jogou a toalha e rendeu-se à única solução disponível: a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Se partidos e caciques estivessem unidos e a candidatura largasse com chances, seria mesmo uma mulher?

A candidata a Presidência pelo MDB, Simone Tebet, durante o anúncio da candidata a vice na sua chapa, a senadora Mara Gabrilli, do PSDB, no início de agosto. Foto: Marcelo Chello/Estadão
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Tebet, 52, tem preparo, seriedade, princípios e DNA (seu pai, Ramez Tebet, foi um respeitável presidente do Senado) e brilhou na CPI da Covid. Mas, na verdade, só virou a segunda presidenciável, ao lado de Vera Lúcia, do PSTU, porque os tucanos implodiram a candidatura de João Doria e não construíram a de Eduardo Leite.

Igualmente mulher, senadora, advogada, de Mato Grosso do Sul e quase da mesma idade de Tebet, Soraya Thronicke (49) foi lançada à Presidência aos 45min do 2º tempo, depois que o União Brasil, que tem o maior fundo eleitoral e o maior tempo de TV, desistiu da “terceira via”, tirou Sérgio Moro do Podemos e da disputa presidencial e queimou combustível com Luciano Bivar, o que foi sem nunca ter sido.

Quando ele parou de brincar e foi disputar a reeleição à Câmara, a alternativa era Luiz Henrique Mandetta, demitido do Ministério da Saúde por Bolsonaro, mas ele exigiu a presidência do partido e o controle do fundo e da TV. Nada feito? Ok. Thronicke, senadora em primeiro mandato, ficou na cabeça de chapa e o ex-secretário da Receita Marcos Cintra, na vice, bloqueando a ida do UB para Jair Bolsonaro ou Lula.

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Thronicke bate de frente com Tebet e o Estado de ambas só não teve uma candidata a vice porque Bolsonaro desdenhou da ex-ministra Tereza Cristina em favor de outro general, Braga Netto. E quem escolheu uma mulher para sua vice foi Ciro Gomes, a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, do seu partido, o PDT. Foi por exclusão, depois de esgotadas as tentativas de atrair PSD e UB.

Em São Paulo, com a empresária e professora Lúcia França na vice de Fernando Haddad, a chapa tem dois professores, repete a fórmula PT-PSB de Lula e Geraldo Alckmin e é uma tremenda novidade no principal Estado do País – que já teve 164 governadores e vices, nenhuma mulher –, quando o eleitorado feminino é maioria no País e refratário a Bolsonaro. O que mais pesou, porém, foi o marido de Lúcia, Márcio França. Esse, sim, traz votos

Federações, partidos e campanhas deixaram para a última hora, ou último dia, o lançamento de candidatas, até a presidente da República, mas, ora, ora, principalmente a vices em chapas para presidente e governadores. Mais uma vez, como sempre, são ótimas mulheres, mas entram como coadjuvantes, ou quebra-galhos. As últimas não serão as primeiras.

Depois de meses de brigas e traições, o “centro democrático”, ou “terceira via”, minguou sem o União Brasil, jogou a toalha e rendeu-se à única solução disponível: a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Se partidos e caciques estivessem unidos e a candidatura largasse com chances, seria mesmo uma mulher?

A candidata a Presidência pelo MDB, Simone Tebet, durante o anúncio da candidata a vice na sua chapa, a senadora Mara Gabrilli, do PSDB, no início de agosto. Foto: Marcelo Chello/Estadão

Tebet, 52, tem preparo, seriedade, princípios e DNA (seu pai, Ramez Tebet, foi um respeitável presidente do Senado) e brilhou na CPI da Covid. Mas, na verdade, só virou a segunda presidenciável, ao lado de Vera Lúcia, do PSTU, porque os tucanos implodiram a candidatura de João Doria e não construíram a de Eduardo Leite.

Igualmente mulher, senadora, advogada, de Mato Grosso do Sul e quase da mesma idade de Tebet, Soraya Thronicke (49) foi lançada à Presidência aos 45min do 2º tempo, depois que o União Brasil, que tem o maior fundo eleitoral e o maior tempo de TV, desistiu da “terceira via”, tirou Sérgio Moro do Podemos e da disputa presidencial e queimou combustível com Luciano Bivar, o que foi sem nunca ter sido.

Quando ele parou de brincar e foi disputar a reeleição à Câmara, a alternativa era Luiz Henrique Mandetta, demitido do Ministério da Saúde por Bolsonaro, mas ele exigiu a presidência do partido e o controle do fundo e da TV. Nada feito? Ok. Thronicke, senadora em primeiro mandato, ficou na cabeça de chapa e o ex-secretário da Receita Marcos Cintra, na vice, bloqueando a ida do UB para Jair Bolsonaro ou Lula.

Thronicke bate de frente com Tebet e o Estado de ambas só não teve uma candidata a vice porque Bolsonaro desdenhou da ex-ministra Tereza Cristina em favor de outro general, Braga Netto. E quem escolheu uma mulher para sua vice foi Ciro Gomes, a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, do seu partido, o PDT. Foi por exclusão, depois de esgotadas as tentativas de atrair PSD e UB.

Em São Paulo, com a empresária e professora Lúcia França na vice de Fernando Haddad, a chapa tem dois professores, repete a fórmula PT-PSB de Lula e Geraldo Alckmin e é uma tremenda novidade no principal Estado do País – que já teve 164 governadores e vices, nenhuma mulher –, quando o eleitorado feminino é maioria no País e refratário a Bolsonaro. O que mais pesou, porém, foi o marido de Lúcia, Márcio França. Esse, sim, traz votos

Federações, partidos e campanhas deixaram para a última hora, ou último dia, o lançamento de candidatas, até a presidente da República, mas, ora, ora, principalmente a vices em chapas para presidente e governadores. Mais uma vez, como sempre, são ótimas mulheres, mas entram como coadjuvantes, ou quebra-galhos. As últimas não serão as primeiras.

Depois de meses de brigas e traições, o “centro democrático”, ou “terceira via”, minguou sem o União Brasil, jogou a toalha e rendeu-se à única solução disponível: a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Se partidos e caciques estivessem unidos e a candidatura largasse com chances, seria mesmo uma mulher?

A candidata a Presidência pelo MDB, Simone Tebet, durante o anúncio da candidata a vice na sua chapa, a senadora Mara Gabrilli, do PSDB, no início de agosto. Foto: Marcelo Chello/Estadão

Tebet, 52, tem preparo, seriedade, princípios e DNA (seu pai, Ramez Tebet, foi um respeitável presidente do Senado) e brilhou na CPI da Covid. Mas, na verdade, só virou a segunda presidenciável, ao lado de Vera Lúcia, do PSTU, porque os tucanos implodiram a candidatura de João Doria e não construíram a de Eduardo Leite.

Igualmente mulher, senadora, advogada, de Mato Grosso do Sul e quase da mesma idade de Tebet, Soraya Thronicke (49) foi lançada à Presidência aos 45min do 2º tempo, depois que o União Brasil, que tem o maior fundo eleitoral e o maior tempo de TV, desistiu da “terceira via”, tirou Sérgio Moro do Podemos e da disputa presidencial e queimou combustível com Luciano Bivar, o que foi sem nunca ter sido.

Quando ele parou de brincar e foi disputar a reeleição à Câmara, a alternativa era Luiz Henrique Mandetta, demitido do Ministério da Saúde por Bolsonaro, mas ele exigiu a presidência do partido e o controle do fundo e da TV. Nada feito? Ok. Thronicke, senadora em primeiro mandato, ficou na cabeça de chapa e o ex-secretário da Receita Marcos Cintra, na vice, bloqueando a ida do UB para Jair Bolsonaro ou Lula.

Thronicke bate de frente com Tebet e o Estado de ambas só não teve uma candidata a vice porque Bolsonaro desdenhou da ex-ministra Tereza Cristina em favor de outro general, Braga Netto. E quem escolheu uma mulher para sua vice foi Ciro Gomes, a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, do seu partido, o PDT. Foi por exclusão, depois de esgotadas as tentativas de atrair PSD e UB.

Em São Paulo, com a empresária e professora Lúcia França na vice de Fernando Haddad, a chapa tem dois professores, repete a fórmula PT-PSB de Lula e Geraldo Alckmin e é uma tremenda novidade no principal Estado do País – que já teve 164 governadores e vices, nenhuma mulher –, quando o eleitorado feminino é maioria no País e refratário a Bolsonaro. O que mais pesou, porém, foi o marido de Lúcia, Márcio França. Esse, sim, traz votos

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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