Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Pra que reforçar equipe de redatores, se Lula detesta discursos e só fala o que quer?


Lula mantém suas idiossincrasias; acha que pode tudo, detesta decidir por pressão, demora um mês para trocar a ministra do Turismo e não suporta metidos a saber tudo e lhe dar aulas

Por Eliane Cantanhêde

Dizem que, com a maturidade, as pessoas “melhoram” e, com a velhice, ficam mais suaves. Sei não... O presidente Lula, por exemplo, está mais arisco, afoito e boquirroto do que nos dois primeiros mandatos e, com a idade, os seus defeitos e convicções, como os nossos, só aprofundam.

Nos governos 1 e 2, o redator dos discursos de Lula era o baiano Carlos Tibúrcio, jornalista, escritor e ex-líder estudantil preso na ditadura. Agora, é o mineiro José Rezende Jr., também jornalista, culto, discreto, com ótimo texto, que vai ganhar reforços, até de uma assessora de Janja. Mas Lula não gostava e continua não gostando de ler discursos. Dá uma espiada e deixa de lado. Na posse do governo 3, pôs os óculos para ler o texto da assessoria, ironizando: “para parecer intelectual”.

Presidente Lula discursa em evento do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Foto: Sebastiao Moreira/EFE
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Na Namíbia, em 2003, ele se saiu com essa: “Aqui é tão limpinho que nem parece a África”. O então assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, deu um pulo do sofá. Agora, em Cabo Verde, agradeceu “por tudo o que foi produzido em 350 anos de escravidão”. Nem é tão grave, porque fica clara a intenção, mas é mais um escorregão, com mais uma saraivada de críticas.

O problema maior nem é com improvisos e gafes, mas sim com as crenças e a ideologia de Lula, para quem a democracia “é relativa” e a ditadura da Venezuela é só “uma narrativa”. Ou que a Ucrânia tem a mesma responsabilidade da Rússia na própria invasão. Nos dois casos, emerge a comparação entre a velha esquerda e a nova esquerda do “jovem apressado” Gabriel Boric, presidente do Chile.

Uma, antiamericanista, “nacionalista” e estatizante, vivendo no mundo da Guerra Fria, onde “as minhas ditaduras” eram melhores que as dos adversários. A outra, aberta, liberal, com inclusão social, diversidade, estado moderno e setor privado forte, onde ditadura é ditadura e quem invade é culpado, quem é invadido é vítima.

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Lula também mantém suas idiossincrasias. Acha que pode tudo, detesta decidir por pressão, demora um mês para trocar a ministra do Turismo e não suporta metidos a saber tudo e lhe dar aulas, o que mexe com um trauma: com inteligência e experiência de vida excepcionais, não tem diplomas e não fala línguas.

Suas relações com Fernando Henrique e os ex-ministros Tarso Genro (Justiça) e Cristóvam Buarque (MEC) – demitido por telefone – passam por esse fator psicológico, que agora deixa Jean Paul Prates por um fio na Petrobrás. Com alívio do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), mas nada a ver com Centrão. É Lula com Lula e seus fantasmas: “petrolão”, “professores de Deus”, convicções sobre a maior estatal brasileira. Pra que discursos?

Dizem que, com a maturidade, as pessoas “melhoram” e, com a velhice, ficam mais suaves. Sei não... O presidente Lula, por exemplo, está mais arisco, afoito e boquirroto do que nos dois primeiros mandatos e, com a idade, os seus defeitos e convicções, como os nossos, só aprofundam.

Nos governos 1 e 2, o redator dos discursos de Lula era o baiano Carlos Tibúrcio, jornalista, escritor e ex-líder estudantil preso na ditadura. Agora, é o mineiro José Rezende Jr., também jornalista, culto, discreto, com ótimo texto, que vai ganhar reforços, até de uma assessora de Janja. Mas Lula não gostava e continua não gostando de ler discursos. Dá uma espiada e deixa de lado. Na posse do governo 3, pôs os óculos para ler o texto da assessoria, ironizando: “para parecer intelectual”.

Presidente Lula discursa em evento do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Foto: Sebastiao Moreira/EFE

Na Namíbia, em 2003, ele se saiu com essa: “Aqui é tão limpinho que nem parece a África”. O então assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, deu um pulo do sofá. Agora, em Cabo Verde, agradeceu “por tudo o que foi produzido em 350 anos de escravidão”. Nem é tão grave, porque fica clara a intenção, mas é mais um escorregão, com mais uma saraivada de críticas.

O problema maior nem é com improvisos e gafes, mas sim com as crenças e a ideologia de Lula, para quem a democracia “é relativa” e a ditadura da Venezuela é só “uma narrativa”. Ou que a Ucrânia tem a mesma responsabilidade da Rússia na própria invasão. Nos dois casos, emerge a comparação entre a velha esquerda e a nova esquerda do “jovem apressado” Gabriel Boric, presidente do Chile.

Uma, antiamericanista, “nacionalista” e estatizante, vivendo no mundo da Guerra Fria, onde “as minhas ditaduras” eram melhores que as dos adversários. A outra, aberta, liberal, com inclusão social, diversidade, estado moderno e setor privado forte, onde ditadura é ditadura e quem invade é culpado, quem é invadido é vítima.

Lula também mantém suas idiossincrasias. Acha que pode tudo, detesta decidir por pressão, demora um mês para trocar a ministra do Turismo e não suporta metidos a saber tudo e lhe dar aulas, o que mexe com um trauma: com inteligência e experiência de vida excepcionais, não tem diplomas e não fala línguas.

Suas relações com Fernando Henrique e os ex-ministros Tarso Genro (Justiça) e Cristóvam Buarque (MEC) – demitido por telefone – passam por esse fator psicológico, que agora deixa Jean Paul Prates por um fio na Petrobrás. Com alívio do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), mas nada a ver com Centrão. É Lula com Lula e seus fantasmas: “petrolão”, “professores de Deus”, convicções sobre a maior estatal brasileira. Pra que discursos?

Dizem que, com a maturidade, as pessoas “melhoram” e, com a velhice, ficam mais suaves. Sei não... O presidente Lula, por exemplo, está mais arisco, afoito e boquirroto do que nos dois primeiros mandatos e, com a idade, os seus defeitos e convicções, como os nossos, só aprofundam.

Nos governos 1 e 2, o redator dos discursos de Lula era o baiano Carlos Tibúrcio, jornalista, escritor e ex-líder estudantil preso na ditadura. Agora, é o mineiro José Rezende Jr., também jornalista, culto, discreto, com ótimo texto, que vai ganhar reforços, até de uma assessora de Janja. Mas Lula não gostava e continua não gostando de ler discursos. Dá uma espiada e deixa de lado. Na posse do governo 3, pôs os óculos para ler o texto da assessoria, ironizando: “para parecer intelectual”.

Presidente Lula discursa em evento do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Foto: Sebastiao Moreira/EFE

Na Namíbia, em 2003, ele se saiu com essa: “Aqui é tão limpinho que nem parece a África”. O então assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, deu um pulo do sofá. Agora, em Cabo Verde, agradeceu “por tudo o que foi produzido em 350 anos de escravidão”. Nem é tão grave, porque fica clara a intenção, mas é mais um escorregão, com mais uma saraivada de críticas.

O problema maior nem é com improvisos e gafes, mas sim com as crenças e a ideologia de Lula, para quem a democracia “é relativa” e a ditadura da Venezuela é só “uma narrativa”. Ou que a Ucrânia tem a mesma responsabilidade da Rússia na própria invasão. Nos dois casos, emerge a comparação entre a velha esquerda e a nova esquerda do “jovem apressado” Gabriel Boric, presidente do Chile.

Uma, antiamericanista, “nacionalista” e estatizante, vivendo no mundo da Guerra Fria, onde “as minhas ditaduras” eram melhores que as dos adversários. A outra, aberta, liberal, com inclusão social, diversidade, estado moderno e setor privado forte, onde ditadura é ditadura e quem invade é culpado, quem é invadido é vítima.

Lula também mantém suas idiossincrasias. Acha que pode tudo, detesta decidir por pressão, demora um mês para trocar a ministra do Turismo e não suporta metidos a saber tudo e lhe dar aulas, o que mexe com um trauma: com inteligência e experiência de vida excepcionais, não tem diplomas e não fala línguas.

Suas relações com Fernando Henrique e os ex-ministros Tarso Genro (Justiça) e Cristóvam Buarque (MEC) – demitido por telefone – passam por esse fator psicológico, que agora deixa Jean Paul Prates por um fio na Petrobrás. Com alívio do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), mas nada a ver com Centrão. É Lula com Lula e seus fantasmas: “petrolão”, “professores de Deus”, convicções sobre a maior estatal brasileira. Pra que discursos?

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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