Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Quem criticar e ‘discriminar’ o senador Marcos do Val, alvo de ação da PF, deveria ser preso?


Câmara tenta criar cidadãos de primeira e segunda classe, enquanto PF insiste em mostrar que ‘todos são iguais perante a lei’

Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

No dia seguinte à aprovação do projeto contra a “discriminação” de políticos, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão, nesta quinta-feira, 15, dentro do Congresso e do apartamento funcional do senador Marcos do Val (Podemos-ES). A Câmara tenta criar cidadãos de primeira e segunda classe, enquanto a PF insiste em mostrar que “todos são iguais perante a lei”.

O projeto cria privilégios inadmissíveis para Pessoas Politicamente Expostas (PPEs), sem debate e conhecimento da sociedade. De repente, do nada, a urgência foi colocada em votação na noite de anteontem, aprovada rapidinho e, já na sequência, o projeto foi vitorioso, por 252 a 163 votos, prevendo multa e prisão de até quatro anos para agentes financeiros que se neguem a abrir contas ou crédito para as PPEs investigadas e processadas.

Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, 14, em votação relâmpago, um projeto de lei de Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha de Eduardo Cunha Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara
continua após a publicidade

O presidente da Câmara, Arthur Lira, articulou a aprovação no escurinho do cinema, os líderes aderiram, o governo lavou as mãos e tudo foi resolvido num estalar de dedos. A autora do projeto é a deputada Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, cassado, condenado e preso por corrupção, e a votação começou antes da apresentação formal do parecer do relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), da confiança de Lira.

O projeto segue agora para o Senado e, aparentemente, não foi só a sociedade brasileira que foi pega de surpresa, o próprio Senado também. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, disse que nem sabia do que se tratava. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, admitiu que é, “no mínimo, polêmico”.

continua após a publicidade

O resultado é que, em vez de proteger os políticos, a Câmara acaba de aumentar a ira da sociedade contra eles. E o pior é que só Novo, PSOL, PCdoB e Rede se colocaram contra. O PT liberou geral, o PL se dividiu, o governo se embolou com Lira.

No lado oposto, Pacheco foi previamente avisado da operação da PF no gabinete e no apartamento funcional do senador Do Val, que já deu entrevista dizendo que agiu como espião do ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra o então presidente Jair Bolsonaro. Do Val não tem um tico de credibilidade e suas histórias não têm pé nem cabeça.

É assim que o Congresso, pilar da democracia, mancha a própria imagem, esgarça a confiança da sociedade nos Poderes, nos partidos e nos políticos. Para “descriminalizar” a política é preciso que deputados e senadores parem de legislar em causa própria, de chantagear os governos e de usar energia para ampliar seus privilégios – que não são poucos! Quem “discriminar” Do Val vai ser preso?

No dia seguinte à aprovação do projeto contra a “discriminação” de políticos, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão, nesta quinta-feira, 15, dentro do Congresso e do apartamento funcional do senador Marcos do Val (Podemos-ES). A Câmara tenta criar cidadãos de primeira e segunda classe, enquanto a PF insiste em mostrar que “todos são iguais perante a lei”.

O projeto cria privilégios inadmissíveis para Pessoas Politicamente Expostas (PPEs), sem debate e conhecimento da sociedade. De repente, do nada, a urgência foi colocada em votação na noite de anteontem, aprovada rapidinho e, já na sequência, o projeto foi vitorioso, por 252 a 163 votos, prevendo multa e prisão de até quatro anos para agentes financeiros que se neguem a abrir contas ou crédito para as PPEs investigadas e processadas.

Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, 14, em votação relâmpago, um projeto de lei de Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha de Eduardo Cunha Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara

O presidente da Câmara, Arthur Lira, articulou a aprovação no escurinho do cinema, os líderes aderiram, o governo lavou as mãos e tudo foi resolvido num estalar de dedos. A autora do projeto é a deputada Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, cassado, condenado e preso por corrupção, e a votação começou antes da apresentação formal do parecer do relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), da confiança de Lira.

O projeto segue agora para o Senado e, aparentemente, não foi só a sociedade brasileira que foi pega de surpresa, o próprio Senado também. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, disse que nem sabia do que se tratava. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, admitiu que é, “no mínimo, polêmico”.

O resultado é que, em vez de proteger os políticos, a Câmara acaba de aumentar a ira da sociedade contra eles. E o pior é que só Novo, PSOL, PCdoB e Rede se colocaram contra. O PT liberou geral, o PL se dividiu, o governo se embolou com Lira.

No lado oposto, Pacheco foi previamente avisado da operação da PF no gabinete e no apartamento funcional do senador Do Val, que já deu entrevista dizendo que agiu como espião do ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra o então presidente Jair Bolsonaro. Do Val não tem um tico de credibilidade e suas histórias não têm pé nem cabeça.

É assim que o Congresso, pilar da democracia, mancha a própria imagem, esgarça a confiança da sociedade nos Poderes, nos partidos e nos políticos. Para “descriminalizar” a política é preciso que deputados e senadores parem de legislar em causa própria, de chantagear os governos e de usar energia para ampliar seus privilégios – que não são poucos! Quem “discriminar” Do Val vai ser preso?

No dia seguinte à aprovação do projeto contra a “discriminação” de políticos, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão, nesta quinta-feira, 15, dentro do Congresso e do apartamento funcional do senador Marcos do Val (Podemos-ES). A Câmara tenta criar cidadãos de primeira e segunda classe, enquanto a PF insiste em mostrar que “todos são iguais perante a lei”.

O projeto cria privilégios inadmissíveis para Pessoas Politicamente Expostas (PPEs), sem debate e conhecimento da sociedade. De repente, do nada, a urgência foi colocada em votação na noite de anteontem, aprovada rapidinho e, já na sequência, o projeto foi vitorioso, por 252 a 163 votos, prevendo multa e prisão de até quatro anos para agentes financeiros que se neguem a abrir contas ou crédito para as PPEs investigadas e processadas.

Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, 14, em votação relâmpago, um projeto de lei de Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha de Eduardo Cunha Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara

O presidente da Câmara, Arthur Lira, articulou a aprovação no escurinho do cinema, os líderes aderiram, o governo lavou as mãos e tudo foi resolvido num estalar de dedos. A autora do projeto é a deputada Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, cassado, condenado e preso por corrupção, e a votação começou antes da apresentação formal do parecer do relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), da confiança de Lira.

O projeto segue agora para o Senado e, aparentemente, não foi só a sociedade brasileira que foi pega de surpresa, o próprio Senado também. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, disse que nem sabia do que se tratava. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, admitiu que é, “no mínimo, polêmico”.

O resultado é que, em vez de proteger os políticos, a Câmara acaba de aumentar a ira da sociedade contra eles. E o pior é que só Novo, PSOL, PCdoB e Rede se colocaram contra. O PT liberou geral, o PL se dividiu, o governo se embolou com Lira.

No lado oposto, Pacheco foi previamente avisado da operação da PF no gabinete e no apartamento funcional do senador Do Val, que já deu entrevista dizendo que agiu como espião do ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra o então presidente Jair Bolsonaro. Do Val não tem um tico de credibilidade e suas histórias não têm pé nem cabeça.

É assim que o Congresso, pilar da democracia, mancha a própria imagem, esgarça a confiança da sociedade nos Poderes, nos partidos e nos políticos. Para “descriminalizar” a política é preciso que deputados e senadores parem de legislar em causa própria, de chantagear os governos e de usar energia para ampliar seus privilégios – que não são poucos! Quem “discriminar” Do Val vai ser preso?

Tudo Sobre
Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.