Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Restaurar ordem, disciplina e hierarquia nos quartéis é tão difícil quanto reflorestar a Amazônia


Bolsonaro agora quer levar, não um militar, mas o Exército Brasileiro para um ato de campanha no 7 de Setembro

Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

Do varejo para o atacado: depois de rasgar o Estatuto Militar e o Regimento Interno do Exército e deixar as Forças Armadas no maior dilema ao atrair o general da ativa Eduardo Pazuello para um palanque eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro agora quer levar não um militar, mas o Exército Brasileiro para um ato de campanha no 7 de Setembro, a menos de um mês da eleição. Em vez de o presidente ir ao desfile do Dia da Pátria, o desfile é que vai servir a ele.

Em tensas conversas no fim de semana, militares da ativa e da reserva concordaram em que ordem do presidente se cumpre, porque ele é comandante em chefe das Forças Armadas, mas que é importante explicar a ele quanto é inviável levar tropas para desfilar junto a civis em plena Copacabana. Argumento técnico, questão de logística...

Já no quarto mês após a posse, Bolsonaro discursou num ato golpista, em cima de uma caminhonete, com o QG do Exército ao fundo.D Foto: Dida Sampaio/Estadão
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O desfile militar é, desde sempre, na Avenida Presidente Vargas, em frente ao Palácio Duque de Caxias, e, quando tentaram mudar para o Aterro, deu errado. Largura da via, acesso, escoamento, segurança... Ok. Mas, depois que o Alto-Comando ignorou todas as regras para perdoar Pazuello, tudo é possível. No fim, decretam-se cem anos de sigilo...

Se as fotos dos tanques fumacentos e fedorentos desfilando na frente do Planalto, no dia da votação do voto impresso pelo Congresso, simbolizaram uma ameaça à democracia, o que dizer das imagens das tropas em Copacabana num ato eleitoral? E pode piorar, se Bolsonaro ameaçar de novo não cumprir ordem judicial, como em 2021.

Quando se abrem as porteiras e as boiadas pisoteiam leis ambientais, lei eleitoral, responsabilidade fiscal, Estatuto Militar..., demora muito, e, às vezes, é impossível voltar atrás. Os livros de história mostrarão o quanto os militares de turno abriram as porteiras para o capitão insubordinado e o quanto recuperar ordem, disciplina, hierarquia e apartidarismo nos quartéis é difícil como reflorestar a Amazônia.

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Já no quarto mês após a posse, Bolsonaro discursou num ato golpista, em cima de uma caminhonete, com o QG do Exército ao fundo. E pode terminar seu governo numa motociata eleitoral na frente da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), após a cerimônia de formatura de novos cadetes, em agosto, e obrigando o Exército a animar bolsonaristas em Copacabana, em setembro.

As cicatrizes ficarão por muitos anos, mas há resistências e o profissionalismo do general Edson Pujol é a melhor referência para o atual comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, que, até hoje, não emprestou o nome, o cargo e a farda para interesses políticos que possam manchar sua biografia e a instituição que comanda.

Do varejo para o atacado: depois de rasgar o Estatuto Militar e o Regimento Interno do Exército e deixar as Forças Armadas no maior dilema ao atrair o general da ativa Eduardo Pazuello para um palanque eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro agora quer levar não um militar, mas o Exército Brasileiro para um ato de campanha no 7 de Setembro, a menos de um mês da eleição. Em vez de o presidente ir ao desfile do Dia da Pátria, o desfile é que vai servir a ele.

Em tensas conversas no fim de semana, militares da ativa e da reserva concordaram em que ordem do presidente se cumpre, porque ele é comandante em chefe das Forças Armadas, mas que é importante explicar a ele quanto é inviável levar tropas para desfilar junto a civis em plena Copacabana. Argumento técnico, questão de logística...

Já no quarto mês após a posse, Bolsonaro discursou num ato golpista, em cima de uma caminhonete, com o QG do Exército ao fundo.D Foto: Dida Sampaio/Estadão

O desfile militar é, desde sempre, na Avenida Presidente Vargas, em frente ao Palácio Duque de Caxias, e, quando tentaram mudar para o Aterro, deu errado. Largura da via, acesso, escoamento, segurança... Ok. Mas, depois que o Alto-Comando ignorou todas as regras para perdoar Pazuello, tudo é possível. No fim, decretam-se cem anos de sigilo...

Se as fotos dos tanques fumacentos e fedorentos desfilando na frente do Planalto, no dia da votação do voto impresso pelo Congresso, simbolizaram uma ameaça à democracia, o que dizer das imagens das tropas em Copacabana num ato eleitoral? E pode piorar, se Bolsonaro ameaçar de novo não cumprir ordem judicial, como em 2021.

Quando se abrem as porteiras e as boiadas pisoteiam leis ambientais, lei eleitoral, responsabilidade fiscal, Estatuto Militar..., demora muito, e, às vezes, é impossível voltar atrás. Os livros de história mostrarão o quanto os militares de turno abriram as porteiras para o capitão insubordinado e o quanto recuperar ordem, disciplina, hierarquia e apartidarismo nos quartéis é difícil como reflorestar a Amazônia.

Já no quarto mês após a posse, Bolsonaro discursou num ato golpista, em cima de uma caminhonete, com o QG do Exército ao fundo. E pode terminar seu governo numa motociata eleitoral na frente da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), após a cerimônia de formatura de novos cadetes, em agosto, e obrigando o Exército a animar bolsonaristas em Copacabana, em setembro.

As cicatrizes ficarão por muitos anos, mas há resistências e o profissionalismo do general Edson Pujol é a melhor referência para o atual comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, que, até hoje, não emprestou o nome, o cargo e a farda para interesses políticos que possam manchar sua biografia e a instituição que comanda.

Do varejo para o atacado: depois de rasgar o Estatuto Militar e o Regimento Interno do Exército e deixar as Forças Armadas no maior dilema ao atrair o general da ativa Eduardo Pazuello para um palanque eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro agora quer levar não um militar, mas o Exército Brasileiro para um ato de campanha no 7 de Setembro, a menos de um mês da eleição. Em vez de o presidente ir ao desfile do Dia da Pátria, o desfile é que vai servir a ele.

Em tensas conversas no fim de semana, militares da ativa e da reserva concordaram em que ordem do presidente se cumpre, porque ele é comandante em chefe das Forças Armadas, mas que é importante explicar a ele quanto é inviável levar tropas para desfilar junto a civis em plena Copacabana. Argumento técnico, questão de logística...

Já no quarto mês após a posse, Bolsonaro discursou num ato golpista, em cima de uma caminhonete, com o QG do Exército ao fundo.D Foto: Dida Sampaio/Estadão

O desfile militar é, desde sempre, na Avenida Presidente Vargas, em frente ao Palácio Duque de Caxias, e, quando tentaram mudar para o Aterro, deu errado. Largura da via, acesso, escoamento, segurança... Ok. Mas, depois que o Alto-Comando ignorou todas as regras para perdoar Pazuello, tudo é possível. No fim, decretam-se cem anos de sigilo...

Se as fotos dos tanques fumacentos e fedorentos desfilando na frente do Planalto, no dia da votação do voto impresso pelo Congresso, simbolizaram uma ameaça à democracia, o que dizer das imagens das tropas em Copacabana num ato eleitoral? E pode piorar, se Bolsonaro ameaçar de novo não cumprir ordem judicial, como em 2021.

Quando se abrem as porteiras e as boiadas pisoteiam leis ambientais, lei eleitoral, responsabilidade fiscal, Estatuto Militar..., demora muito, e, às vezes, é impossível voltar atrás. Os livros de história mostrarão o quanto os militares de turno abriram as porteiras para o capitão insubordinado e o quanto recuperar ordem, disciplina, hierarquia e apartidarismo nos quartéis é difícil como reflorestar a Amazônia.

Já no quarto mês após a posse, Bolsonaro discursou num ato golpista, em cima de uma caminhonete, com o QG do Exército ao fundo. E pode terminar seu governo numa motociata eleitoral na frente da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), após a cerimônia de formatura de novos cadetes, em agosto, e obrigando o Exército a animar bolsonaristas em Copacabana, em setembro.

As cicatrizes ficarão por muitos anos, mas há resistências e o profissionalismo do general Edson Pujol é a melhor referência para o atual comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, que, até hoje, não emprestou o nome, o cargo e a farda para interesses políticos que possam manchar sua biografia e a instituição que comanda.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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