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Opinião|Tanques na rua


Partiu de Brasília, na sexta-feira, a ordem para o desfile antes do fim do voto impresso

Por Eliane Cantanhêde

A ordem para a Marinha desviar seus tanques e lançadores de mísseis para um desfile no centro da capital da República, esta terça-feira, 10, horas antes da votação do voto impresso, partiu do Palácio do Planalto e do Ministério da Defesa – e, ao contrário da versão oficial, foi dada na sexta-feira passada. Foi uma ordem política, com relação de causa e efeito com a iminência da derrota do presidente Jair Bolsonaro no plenário da Câmara.

Na sexta-feira, enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, desconsiderava a derrota do voto impresso na Comissão Especial e jogava a decisão para o plenário nesta terça-feira, o presidente e o ministro da Defesa, general Braga Netto, determinavam a mudança do roteiro anual do comboio da Marinha para os tanques desfilarem no centro de Brasília antes da votação que Bolsonaro considera de vida ou morte: “Ou fazemos eleição ‘limpa’, ou não teremos eleição”.

Tanque de guerra vindos do Rio De Janeiro para participar da Operacao Formosa foram vistos na estrada próximoa Brasília. Foto: Gabriela Biló/Estadão
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A previsão é de que o comboio atravesse a Esplanada dos Ministérios, contorne o Congresso, passe em frente ao Supremo e vá até o Planalto para entregar ao presidente Bolsonaro e ao ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, o convite do maior exercício militar da Marinha, a Operação Formosa, no dia 16. Os tanques e lançadores de mísseis, portanto, ficarão em frente ao... Supremo, do outro lado da Praça dos Três Poderes.

A conclusão de políticos e militares em Brasília é que, em vez de bolsonaristas de capuzes e tochas nas mãos, jogando fogos de artifício sobre o STF em junho de 2020, o Brasil pode assistir a tanques das Forças Armadas intimidando o guardião da Constituição. O próprio Arthur Lira tomou satisfação do presidente.

Militares discutiam também quem entregaria o convite ao presidente e ao ministro. O comandante do Batalhão, um capitão de fragata? Não faz sentido um oficial de patente média se dirigir às maiores autoridades do País. Então, o próprio comandante da Marinha, almirante de esquadra? Ele estaria no comboio? Dentro de um tanque? Com a reação, a entrega virou “simbólica”.

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A Operação Formosa é o maior treinamento da Marinha e ocorre todos os anos, no município com esse nome, em Goiás, desde 1988. Nunca antes, Exército e Aeronáutica participaram, muito menos os tanques de guerra, que saem do Rio rumo a Goiás, desfilaram pelo centro político da capital da República. Só agora, nessa tensão institucional?

Em 23 de abril de 1984, dois dias antes da votação das “Diretas-Já” no Congresso, o comandante militar do Planalto, general Newton Cruz, protagonizou um espetáculo grotesco: num cavalo branco, à frente de tanques e soldados, saiu pela Esplanada dos Ministérios chicoteando carros de quem pedia o fim da ditadura militar. Não demonstrou força, não amedrontou ninguém, só fez um papel ridículo. E desmoralizou de vez o governo João Figueiredo.

O pretexto do general Nini foi o aniversário do Comando Militar do Planalto. Hoje, 37 anos depois, o pretexto para botar os tanques na Praça dos Três Poderes, exatamente no dia da votação na Câmara, é o treinamento anual. Ninguém acredita em coincidências, com o presidente manipulando as Forças Armadas e atacando o Supremo, o TSE e as eleições.

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Oficiais das três Forças, principalmente almirantes, estão morrendo de vergonha. Se a intenção é, como naquele 23 de abril de 1984, demonstrar força e amedrontar o Judiciário, o Legislativo e a sociedade civil, vai ser um tiro n’água, um novo ridículo histórico, com um presidente tão absurdo quanto Figueiredo, mas mais ameaçador. O pior, porém, é a submissão das Forças Armadas às pirraças infantis e irresponsáveis de Bolsonaro.

COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

A ordem para a Marinha desviar seus tanques e lançadores de mísseis para um desfile no centro da capital da República, esta terça-feira, 10, horas antes da votação do voto impresso, partiu do Palácio do Planalto e do Ministério da Defesa – e, ao contrário da versão oficial, foi dada na sexta-feira passada. Foi uma ordem política, com relação de causa e efeito com a iminência da derrota do presidente Jair Bolsonaro no plenário da Câmara.

Na sexta-feira, enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, desconsiderava a derrota do voto impresso na Comissão Especial e jogava a decisão para o plenário nesta terça-feira, o presidente e o ministro da Defesa, general Braga Netto, determinavam a mudança do roteiro anual do comboio da Marinha para os tanques desfilarem no centro de Brasília antes da votação que Bolsonaro considera de vida ou morte: “Ou fazemos eleição ‘limpa’, ou não teremos eleição”.

Tanque de guerra vindos do Rio De Janeiro para participar da Operacao Formosa foram vistos na estrada próximoa Brasília. Foto: Gabriela Biló/Estadão

A previsão é de que o comboio atravesse a Esplanada dos Ministérios, contorne o Congresso, passe em frente ao Supremo e vá até o Planalto para entregar ao presidente Bolsonaro e ao ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, o convite do maior exercício militar da Marinha, a Operação Formosa, no dia 16. Os tanques e lançadores de mísseis, portanto, ficarão em frente ao... Supremo, do outro lado da Praça dos Três Poderes.

A conclusão de políticos e militares em Brasília é que, em vez de bolsonaristas de capuzes e tochas nas mãos, jogando fogos de artifício sobre o STF em junho de 2020, o Brasil pode assistir a tanques das Forças Armadas intimidando o guardião da Constituição. O próprio Arthur Lira tomou satisfação do presidente.

Militares discutiam também quem entregaria o convite ao presidente e ao ministro. O comandante do Batalhão, um capitão de fragata? Não faz sentido um oficial de patente média se dirigir às maiores autoridades do País. Então, o próprio comandante da Marinha, almirante de esquadra? Ele estaria no comboio? Dentro de um tanque? Com a reação, a entrega virou “simbólica”.

A Operação Formosa é o maior treinamento da Marinha e ocorre todos os anos, no município com esse nome, em Goiás, desde 1988. Nunca antes, Exército e Aeronáutica participaram, muito menos os tanques de guerra, que saem do Rio rumo a Goiás, desfilaram pelo centro político da capital da República. Só agora, nessa tensão institucional?

Em 23 de abril de 1984, dois dias antes da votação das “Diretas-Já” no Congresso, o comandante militar do Planalto, general Newton Cruz, protagonizou um espetáculo grotesco: num cavalo branco, à frente de tanques e soldados, saiu pela Esplanada dos Ministérios chicoteando carros de quem pedia o fim da ditadura militar. Não demonstrou força, não amedrontou ninguém, só fez um papel ridículo. E desmoralizou de vez o governo João Figueiredo.

O pretexto do general Nini foi o aniversário do Comando Militar do Planalto. Hoje, 37 anos depois, o pretexto para botar os tanques na Praça dos Três Poderes, exatamente no dia da votação na Câmara, é o treinamento anual. Ninguém acredita em coincidências, com o presidente manipulando as Forças Armadas e atacando o Supremo, o TSE e as eleições.

Oficiais das três Forças, principalmente almirantes, estão morrendo de vergonha. Se a intenção é, como naquele 23 de abril de 1984, demonstrar força e amedrontar o Judiciário, o Legislativo e a sociedade civil, vai ser um tiro n’água, um novo ridículo histórico, com um presidente tão absurdo quanto Figueiredo, mas mais ameaçador. O pior, porém, é a submissão das Forças Armadas às pirraças infantis e irresponsáveis de Bolsonaro.

COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

A ordem para a Marinha desviar seus tanques e lançadores de mísseis para um desfile no centro da capital da República, esta terça-feira, 10, horas antes da votação do voto impresso, partiu do Palácio do Planalto e do Ministério da Defesa – e, ao contrário da versão oficial, foi dada na sexta-feira passada. Foi uma ordem política, com relação de causa e efeito com a iminência da derrota do presidente Jair Bolsonaro no plenário da Câmara.

Na sexta-feira, enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, desconsiderava a derrota do voto impresso na Comissão Especial e jogava a decisão para o plenário nesta terça-feira, o presidente e o ministro da Defesa, general Braga Netto, determinavam a mudança do roteiro anual do comboio da Marinha para os tanques desfilarem no centro de Brasília antes da votação que Bolsonaro considera de vida ou morte: “Ou fazemos eleição ‘limpa’, ou não teremos eleição”.

Tanque de guerra vindos do Rio De Janeiro para participar da Operacao Formosa foram vistos na estrada próximoa Brasília. Foto: Gabriela Biló/Estadão

A previsão é de que o comboio atravesse a Esplanada dos Ministérios, contorne o Congresso, passe em frente ao Supremo e vá até o Planalto para entregar ao presidente Bolsonaro e ao ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, o convite do maior exercício militar da Marinha, a Operação Formosa, no dia 16. Os tanques e lançadores de mísseis, portanto, ficarão em frente ao... Supremo, do outro lado da Praça dos Três Poderes.

A conclusão de políticos e militares em Brasília é que, em vez de bolsonaristas de capuzes e tochas nas mãos, jogando fogos de artifício sobre o STF em junho de 2020, o Brasil pode assistir a tanques das Forças Armadas intimidando o guardião da Constituição. O próprio Arthur Lira tomou satisfação do presidente.

Militares discutiam também quem entregaria o convite ao presidente e ao ministro. O comandante do Batalhão, um capitão de fragata? Não faz sentido um oficial de patente média se dirigir às maiores autoridades do País. Então, o próprio comandante da Marinha, almirante de esquadra? Ele estaria no comboio? Dentro de um tanque? Com a reação, a entrega virou “simbólica”.

A Operação Formosa é o maior treinamento da Marinha e ocorre todos os anos, no município com esse nome, em Goiás, desde 1988. Nunca antes, Exército e Aeronáutica participaram, muito menos os tanques de guerra, que saem do Rio rumo a Goiás, desfilaram pelo centro político da capital da República. Só agora, nessa tensão institucional?

Em 23 de abril de 1984, dois dias antes da votação das “Diretas-Já” no Congresso, o comandante militar do Planalto, general Newton Cruz, protagonizou um espetáculo grotesco: num cavalo branco, à frente de tanques e soldados, saiu pela Esplanada dos Ministérios chicoteando carros de quem pedia o fim da ditadura militar. Não demonstrou força, não amedrontou ninguém, só fez um papel ridículo. E desmoralizou de vez o governo João Figueiredo.

O pretexto do general Nini foi o aniversário do Comando Militar do Planalto. Hoje, 37 anos depois, o pretexto para botar os tanques na Praça dos Três Poderes, exatamente no dia da votação na Câmara, é o treinamento anual. Ninguém acredita em coincidências, com o presidente manipulando as Forças Armadas e atacando o Supremo, o TSE e as eleições.

Oficiais das três Forças, principalmente almirantes, estão morrendo de vergonha. Se a intenção é, como naquele 23 de abril de 1984, demonstrar força e amedrontar o Judiciário, o Legislativo e a sociedade civil, vai ser um tiro n’água, um novo ridículo histórico, com um presidente tão absurdo quanto Figueiredo, mas mais ameaçador. O pior, porém, é a submissão das Forças Armadas às pirraças infantis e irresponsáveis de Bolsonaro.

COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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