O presidente Jair Bolsonaro avaliou neste sábado, 28, ter apenas três alternativas de futuro: “Estar preso, ser morto ou a vitória”, em referência às eleições de 2022. “Podem ter certeza: a primeira alternativa, preso, não existe”, completou. O comentário do chefe do Executivo fez parte de um discurso de cerca de 20 minutos durante evento com a base evangélica em Goiânia no qual, além de voltar a criticar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e medidas de isolamento social na pandemia, afirmou não desejar “rupturas”, mas que “tudo tem um limite”.
Na fala, o presidente também reafirmou presença em Brasília e São Paulo nos atos de 7 de Setembro. Bolsonaro usou sua participação no 1° Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos, para convocar os apoiadores a participarem das manifestações pelo Dia da Independência. Como mostrou o Estadão, além de policiais militares, os atos em apoio ao governo marcados para 7 de Setembro mobilizam grupos do “bolsonarismo raiz”: evangélicos, ruralistas e caminhoneiros.
“Sei que a grande maioria dos líderes evangélicos vai participar desse movimento de 7 de Setembro, e assim tem que fazê-lo. Está garantido em nossa Constituição. Espero que não queiram tomar medidas para conter esse movimento. A liberdade de se manifestar, vedado o anonimato, está garantido em nossa Constituição. Não depende de regulamentação. O Brasil precisa de paz, de tranquilidade, para poder prosseguir”, afirmou. Segundo o presidente, os atos fazem parte de “um movimento espontâneo do povo” que alguns querem “evitar”.
Em outro momento da fala, Bolsonaro afirmou que não é possível “admitir” medidas como a do TSE, que suspendeu repasses de dinheiro a canais bolsonaristas, que são investigados por propagar desinformação. O chefe do Executivo comentou a decisão do corregedor-geral do tribunal, Luis Felipe Salomão, e disse que "tudo tem limite".
Segundo o presidente, a decisão abre “brecha” para que presidentes de Tribunais Regionais Eleitorais “façam a mesma coisa para defender o seu respectivo governador”. “Isso não é democracia. A liberdade de expressão tem que valer para todos. Temos um presidente que não deseja nem provoca rupturas, mas tudo tem um limite em nossa vida. Não podemos continuar convivendo com isso”, afirmou.
Bolsonaro voltou a sugerir uma conspiração por parte de seus adversários políticos para tirá-lo da Presidência: “A abstinência do dinheiro fácil os torna belicosos, os fazem reunir, os fazem conspirar. Digo uma coisa a eles: Deus me colocou aqui, e somente Deus me tira daqui”, afirmou. Em seguida, ironizou as acusações de que pretende dar um golpe de Estado. “Eu já sou presidente. Vou dar um golpe em mim mesmo?”, disse Bolsonaro, que foi ovacionado pela plateia.
Antes de participar do culto, o presidente provocou aglomeração em torno do local ao cumprimentar e tirar fotos com apoiadores e foi até um estabelecimento onde tomou um caldo de cana. Assim como o presidente, parte da população no local também não estava usando máscara ou utilizava o equipamento de proteção contra a covid-19 de forma indevida.
Marco temporal
Logo após o culto, Bolsonaro participou de um encontro com políticos locais. Em novo discurso, o presidente voltou a defender que o STF declare como válida a tese do "marco temporal" de terras indígenas. Para ele, uma decisão contrária da Suprema Corte pode inviabilizar o agronegócio brasileiro e afetar a segurança alimentar. Ele ainda destacou que, se o marco temporal for rejeitado, "sob o arrepio da Constituição", o Brasil terá uma decisão judicial que permitirá a demarcação de uma área do tamanho da Região Sul.
O julgamento no Supremo sobre a tese das demarcações está previsto para ser retomado na próxima quarta-feira, 1º de setembro, mas ainda não há previsão de encerramento.