Em reunião ontem no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff afirmou a integrantes da Frente Nacional de Prefeitos que este ano será de "vacas magras". De acordo com relatos de quem participou do encontro, a petista lembrou ainda que o contingenciamento do orçamento "será grande" e avisou que o governo vai fazer "um grande esforço para fazer a inflação voltar ao centro da meta".
Apesar do clima negativo sobre 2015, Dilma demonstrou certo otimismo ao falar do ano que vem, dizendo que ele "será muito bom". Em razão disso, pediu colaboração dos prefeitos para este "período difícil".
Os integrantes da Frente Nacional de Prefeitos deixaram o Planalto depois de duas horas e quarenta minutos de reunião sem esconder pelo menos uma insatisfação: a forma como o governo federal está tratando a questão da troca do indexador da dívida dos municípios. Ao se queixarem do problema durante o encontro, os prefeitos ouviram do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, uma recomendação para que recorram à Justiça caso o impasse político não seja resolvido em 15 dias.
A troca do indexador da dívida pode aliviar o aperto de Estados e municípios. O projeto que obriga o governo a fazer essa troca foi aprovado na Câmara e está em análise no Senado.
A informação oficial foi dada pelo presidente da Frente Nacional de Prefeitos, José Fortunati, de Porto Alegre, que falou em nome dos colegas. "Não podemos ficar por muito tempo vivendo este período nebuloso ou então faremos como Eduardo Paes, que entrou na Justiça contra esse indexador", disse o prefeito gaúcho.
Surpresa.
Nos bastidores, outros prefeitos questionaram o fato de Levy ter incentivado a via judicial na questão da dívida. A prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, teve êxito na Justiça e obteve a troca do indexador. Posteriormente, porém, fechou um acordo com o governo federal pelo qual continuaria a pagar em juízo as parcelas da dívida com o indexador menos vantajoso pelo menos até 2016.
O prefeito de Porto Alegre, no entanto, fez questão de elogiar a iniciativa da presidente Dilma de chamar os representantes dos municípios para a conversa. "O diálogo estava interrompido", afirmou Fortunati, acrescentando que Dilma prometeu "reuniões periódicas" para discutir questões dos municípios.