Pré-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP) defendeu nesta sexta-feira, 12, em sabatina promovida pelo site UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo, o seu parecer no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que pediu o arquivamento da representação contra o deputado federal André Janones (Avante-MG) pela suposta prática de “rachadinha”. Segundo o líder sem-teto, rachadinha é crime, “independente de quem faça”, “se for o Flávio Bolsonaro” ou o “Janones”, mas não se pode usar “dois pesos e duas medidas” no colegiado.
“Acredito, independente de quem faça, que rachadinha é crime. Se for o Flávio Bolsonaro é crime. O Janones, é crime. Quem quer que seja. O que eu não posso é usar dois pesos e duas medidas. Temos uma jurisprudência no Conselho de Ética da Câmara que diz o seguinte: o que ocorre antes do atual mandato como parlamentar não pode ser julgado. O que pode ser julgado é o que ocorre neste mandato”, disse Boulos, citando que deputados bolsonaristas que estimularam o 8 de janeiro não foram julgados pelo colegiado porque ainda não haviam tomado posse. “Se um critério é utilizado para os bolsonaristas, esse mesmo critério precisa ser usado para quem é do outro campo ideológico”, concluiu.
Ainda que Boulos afirme que o fato ocorreu do começo do mandato, o Estadão mostrou que a gravação mostrando a suposta prática de rachadinha foi feita em 5 de fevereiro de 2019, um dia antes da sessão inaugural do Congresso.
Boulos também saiu em defesa do pedido de voto que o presidente Lula (PT) fez para a sua pré-candidatura no ato de 1º de Maio com as centrais sindicais, em São Paulo. Na ocasião, o petista fez um apelo para que seus eleitores votassem em Boulos para prefeito de São Paulo, o que é vedado pela legislação eleitoral. Apesar de Lula ter sido condenado a pagar uma multa de R$ 20 mil, como mostrou a Coluna do Estadão, o líder sem-teto disse que o aliado não errou.
“Não era um ato público de governo. Era das centrais sindicais. Ele (Lula) emitiu a posição dele de voto”, sustentou Boulos, que antes havia criticado o prefeito Ricardo Nunes (MDB), seu adversário na corrida eleitoral, por uso da máquina pública na pré-campanha. “Eu não acho que o presidente errou. Expressou a posição dele no 1º de Maio, num ato das centrais sindicais que não era um ato oficial de governo”, seguiu ele, ignorando que o evento chegou a ser transmitido no canal oficial da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que depois apagou o vídeo.
Durante a sabatina, com duração de uma hora, Boulos repetiu sua principal estratégia de campanha de colar a imagem de Nunes à do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que a polarização da campanha municipal é “inevitável” e que a cidade precisa saber “quem apoia quem”. O líder sem-teto disse que o atual prefeito “vendeu a alma para o Bolsonaro” e está “refém do bolsonarismo”. “Essa é uma eleição sobre a cidade de São Paulo, com impacto nacional. Eu quero discutir os temas da cidade, mas é inevitável, ainda mais num País polarizado, a gente saber quem apoia quem.”
Ao comentar sobre sua vida pregressa, Boulos defendeu sua atuação de duas décadas no movimento por moradia, mas disse que amadureceu e aprendeu, no mandato como deputado federal, a conversar com quem pensa diferente. Ele negou, porém, que tenha “amolecido”.
“Antes, eu via uma situação de injustiça e reagia com raiva. O que eu aprendi ao longo do tempo é que às vezes essa não é a melhor maneira (de agir). Você vai ficar dando murro em ponta de faca e não é a forma mais eficiente. Às vezes, você tem que engolir, respirar e, tendo os mesmos princípios, agir de forma diferente, aprender a dialogar com quem pensa diferente. E eu aprendi a fazer isso no meu mandato”, discursou ele, citando que seus projetos de lei foram aprovados com o apoio de partidos como Republicanos, PSDB e União Brasil.
Questionado se irá manter e ampliar a tarifa zero na cidade, uma bandeira histórica de seu partido, o PSOL, Boulos respondeu que é um defensor da medida, mas que ela só pode ser feita após acabar com a farra dos subsídios ao transporte público. Ele não deixou claro, porém, se irá manter o programa aos domingos implementado pela atual gestão.
Quando perguntado se é a favor da descriminalização da maconha, Boulos se restringiu a dizer que é a favor de “diferenciar usuário de traficante”. No passado, ele já defendeu a legalização da maconha, mas agora tem evitado falar sobre o tema para evitar desgastes com o eleitorado.
Em duas ocasiões, Boulos explorou a indicação do ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL) para ser vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes, outra estratégia que deve se repetir na campanha. Mello Araújo não era o nome de preferência do emedebista, mas foi escolhido após pressão de Bolsonaro. Boulos lembrou de uma declaração na qual o ex-coronel defendeu que a abordagem policial precisa ser diferente em bairros de elite e na periferia.
Ao responder sobre a escolha do também ex-Rota Alexandre Gasparian para auxiliar no plano de governo da área de segurança pública, Boulos disse que o aliado ficou pouco tempo na Rota e atuou pela punição de policiais envolvidos em crimes.
Em duas ocasiões, Boulos explorou a indicação do ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL) para ser vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes, outra estratégia que deve se repetir na campanha. Mello Araújo não era o nome de preferência do emedebista, mas foi escolhido após pressão de Bolsonaro. Boulos lembrou de uma declaração na qual o ex-coronel defendeu que a abordagem policial precisa ser diferente em bairros de elite e na periferia.
Ao responder sobre a escolha do também ex-Rota Alexandre Gasparian para auxiliar no plano de governo da área de segurança pública, Boulos disse que o aliado ficou pouco tempo na Rota e atuou pela punição de policiais envolvidos em crimes.