Emendas garantem reeleição de prefeitos no AP em ‘era Davi Alcolumbre’, mas senador não elege irmão


Com orçamento inédito, 14 das 16 cidades do interior do Estado reelegeram seus prefeitos e ampliaram a influência de partido de ex-presidente do Senado

Por Guilherme Caetano
Atualização:

BRASÍLIA - A enxurrada de emendas parlamentares viabilizada por articulação do senador Davi Alcolumbre (União) ao Amapá levou a uma goleada nas eleições municipais no Estado. Com dinheiro em caixa sem precedentes, 14 dos 16 prefeitos (87,5%) ou se reelegeram ou levaram os seus sucessores à vitória.

Nos municípios de Amapá, Calçoene, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Mazagão, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari, Pracuúba, Santana, Serra do Navio, Tartarugalzinho e Vitória do Jari também houve a escolha pela continuidade. As duas únicas cidades onde oponentes do incumbente venceram são Cutias (com Júnior Mourão, do PL) e Porto Grande (com Elielson Moraes, do MDB).

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O senador Davi Alcolumbre (União), à direita, e o seu candidato eleito em Pracuúba, Júnior Leite (União) Foto: Reprodução/ Facebook: Davi Alcolumbre

O cenário vinha sendo antecipado por lideranças locais, segundo apurou o Estadão. Mesmo candidatos da oposição reconheciam ser difícil competir contra os incumbentes. O escoamento de verba pública nas prefeituras amapaenses provocou um fenômeno de popularidade aos gestores municipais, que conseguiram convertê-la em obras em meio às suspeitas de irregularidades.

O dinheiro destinado pelo senador ao Estado acabou beneficiando até mesmo quem não está a seu lado, como na capital Macapá que reelegeu o seu prefeito, Dr. Furlan (MDB), com 85% dos votos. Alcolumbre não conseguiu, no entanto, assegurar a eleição de seu irmão Josiel Alcolumbre a vereador na capital amapaense. Ele obteve 2.561 votos e ficou com vaga de suplente.

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Políticos da região atribuem a Alcolumbre o “milagre” da reeleição. A conta do senador no Instagram foi dedicada durante a campanha a ostentar as transformações que seus recursos provocaram nos municípios do Amapá.

No último mês, ele divulgou R$ 6 milhões para pavimentação em Pedra Branca, R$ 1 milhão para drenagem em Oiapoque, R$ 2,3 milhões para pracinhas em Cutias, R$ 800 mil para a construção do prédio da prefeitura de Itaubal, R$ 2,6 milhões nas passarelas de concreto de Laranjal do Jari e R$ 320 mil para repaginar a orla de Ferreira Gomes, entre outros.

O derramamento de recursos no estado de 700 mil habitantes tem tanto chamado a atenção dos órgãos de fiscalização quanto consolidado o império do ex-presidente do Senado que quer voltar ao cargo em fevereiro. O político de ascendência marroquina e sobrenome judaico é considerado o divisor de águas na história do estado.

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“A gente diz aqui no estado que existe um Amapá antes do senador Davi Alcolumbre na presidência do Senado, e existe outro Amapá depois”, diz o deputado estadual Rodolfo Vale (PCdoB), aliado de Alcolumbre.

Na noite deste domingo, Alcolumbre publicou vídeos em suas redes sociais parabenizando ao menos dez desses aliados que conquistaram prefeituras no interior. “Parabéns, prefeito eleito de Vitória do Jari, reconhecimento do trabalho. Deus te abençoe”, afirmou num telefonema a Ary Duarte, ao lado do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).

O poderio de Alcolumbre gerou uma corrida para se colar ao senador, o que pôde ser visto na movimentação partidária no Amapá para o pleito de 2024. O União Brasil, sigla que o senador comanda, elegeu seis prefeituras em 2020 (37% do estado). Até a semana passada eram oito (50%), depois de os prefeitos de Cutias e Pracuúba se filiarem ao partido. Agora são nove entre 16, ou 56%.

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Em Ferreira Gomes, por exemplo, o prefeito Divino Rocha (PP) elegeu o aliado Alessandro Brazão (União). Em Itaubal, o vitorioso Jaisom Picanço (União) era apoiado pelo prefeito Serafim (PL). O MDB vem atrás como segundo partido com mais prefeituras após conquistar três delas. O Progressistas venceu em duas. PSD e PL administrarão uma cidade cada um.

Um relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU) enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 6 de setembro, no entanto, coloca lupa sobre possíveis irregularidades nesses recursos. Entre os dez municípios mais beneficiados por emendas parlamentares por número de habitantes entre 2020 e 2023, cinco são do Amapá — o pódio todo é do estado de Alcolumbre, um dos principais articuladores do orçamento secreto.

Há outro padrão: todas essas cidades (Tartarugalzinho, Pracuúba, Cutias, Amapá e Vitória do Jari) são governadas pelo União Brasil, com valores que chegam a R$ 6,7 mil por morador, o maior índice do País. Com exceção de Cutias, as demais reelegeram os seus prefeitos neste domingo.

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A CGU identificou que metade das obras patrocinadas com R$ 341 milhões repassados entre 2020 e 2023 para as dez cidades mais beneficiadas pelo orçamento secreto está paralisada (9%) ou nem foi iniciada (43%). Todos esses municípios somam, juntos, apenas 61 mil moradores, ou seja, média de 6 mil por município.

O mapeamento retrata, por exemplo, o caso da cidade de Pracuúba, no Amapá, a 191 quilômetros de Macapá, onde a construção de dois campos de futebol foi contratada em 2021, mas as obras ainda nem saíram do papel “mesmo sendo de simples execução”. A cidade tem 4.500 habitantes.

Outra cidade amapaense, de 6,2 mil habitantes, Cutias, a 106 quilômetros da capital, convive com uma obra de urbanização, com instalação de rede elétrica e abastecimento de água, que está paralisada. Não há justificativa para a interrupção dos trabalhos.

BRASÍLIA - A enxurrada de emendas parlamentares viabilizada por articulação do senador Davi Alcolumbre (União) ao Amapá levou a uma goleada nas eleições municipais no Estado. Com dinheiro em caixa sem precedentes, 14 dos 16 prefeitos (87,5%) ou se reelegeram ou levaram os seus sucessores à vitória.

Nos municípios de Amapá, Calçoene, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Mazagão, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari, Pracuúba, Santana, Serra do Navio, Tartarugalzinho e Vitória do Jari também houve a escolha pela continuidade. As duas únicas cidades onde oponentes do incumbente venceram são Cutias (com Júnior Mourão, do PL) e Porto Grande (com Elielson Moraes, do MDB).

O senador Davi Alcolumbre (União), à direita, e o seu candidato eleito em Pracuúba, Júnior Leite (União) Foto: Reprodução/ Facebook: Davi Alcolumbre

O cenário vinha sendo antecipado por lideranças locais, segundo apurou o Estadão. Mesmo candidatos da oposição reconheciam ser difícil competir contra os incumbentes. O escoamento de verba pública nas prefeituras amapaenses provocou um fenômeno de popularidade aos gestores municipais, que conseguiram convertê-la em obras em meio às suspeitas de irregularidades.

O dinheiro destinado pelo senador ao Estado acabou beneficiando até mesmo quem não está a seu lado, como na capital Macapá que reelegeu o seu prefeito, Dr. Furlan (MDB), com 85% dos votos. Alcolumbre não conseguiu, no entanto, assegurar a eleição de seu irmão Josiel Alcolumbre a vereador na capital amapaense. Ele obteve 2.561 votos e ficou com vaga de suplente.

Políticos da região atribuem a Alcolumbre o “milagre” da reeleição. A conta do senador no Instagram foi dedicada durante a campanha a ostentar as transformações que seus recursos provocaram nos municípios do Amapá.

No último mês, ele divulgou R$ 6 milhões para pavimentação em Pedra Branca, R$ 1 milhão para drenagem em Oiapoque, R$ 2,3 milhões para pracinhas em Cutias, R$ 800 mil para a construção do prédio da prefeitura de Itaubal, R$ 2,6 milhões nas passarelas de concreto de Laranjal do Jari e R$ 320 mil para repaginar a orla de Ferreira Gomes, entre outros.

O derramamento de recursos no estado de 700 mil habitantes tem tanto chamado a atenção dos órgãos de fiscalização quanto consolidado o império do ex-presidente do Senado que quer voltar ao cargo em fevereiro. O político de ascendência marroquina e sobrenome judaico é considerado o divisor de águas na história do estado.

“A gente diz aqui no estado que existe um Amapá antes do senador Davi Alcolumbre na presidência do Senado, e existe outro Amapá depois”, diz o deputado estadual Rodolfo Vale (PCdoB), aliado de Alcolumbre.

Na noite deste domingo, Alcolumbre publicou vídeos em suas redes sociais parabenizando ao menos dez desses aliados que conquistaram prefeituras no interior. “Parabéns, prefeito eleito de Vitória do Jari, reconhecimento do trabalho. Deus te abençoe”, afirmou num telefonema a Ary Duarte, ao lado do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).

O poderio de Alcolumbre gerou uma corrida para se colar ao senador, o que pôde ser visto na movimentação partidária no Amapá para o pleito de 2024. O União Brasil, sigla que o senador comanda, elegeu seis prefeituras em 2020 (37% do estado). Até a semana passada eram oito (50%), depois de os prefeitos de Cutias e Pracuúba se filiarem ao partido. Agora são nove entre 16, ou 56%.

Em Ferreira Gomes, por exemplo, o prefeito Divino Rocha (PP) elegeu o aliado Alessandro Brazão (União). Em Itaubal, o vitorioso Jaisom Picanço (União) era apoiado pelo prefeito Serafim (PL). O MDB vem atrás como segundo partido com mais prefeituras após conquistar três delas. O Progressistas venceu em duas. PSD e PL administrarão uma cidade cada um.

Um relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU) enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 6 de setembro, no entanto, coloca lupa sobre possíveis irregularidades nesses recursos. Entre os dez municípios mais beneficiados por emendas parlamentares por número de habitantes entre 2020 e 2023, cinco são do Amapá — o pódio todo é do estado de Alcolumbre, um dos principais articuladores do orçamento secreto.

Há outro padrão: todas essas cidades (Tartarugalzinho, Pracuúba, Cutias, Amapá e Vitória do Jari) são governadas pelo União Brasil, com valores que chegam a R$ 6,7 mil por morador, o maior índice do País. Com exceção de Cutias, as demais reelegeram os seus prefeitos neste domingo.

A CGU identificou que metade das obras patrocinadas com R$ 341 milhões repassados entre 2020 e 2023 para as dez cidades mais beneficiadas pelo orçamento secreto está paralisada (9%) ou nem foi iniciada (43%). Todos esses municípios somam, juntos, apenas 61 mil moradores, ou seja, média de 6 mil por município.

O mapeamento retrata, por exemplo, o caso da cidade de Pracuúba, no Amapá, a 191 quilômetros de Macapá, onde a construção de dois campos de futebol foi contratada em 2021, mas as obras ainda nem saíram do papel “mesmo sendo de simples execução”. A cidade tem 4.500 habitantes.

Outra cidade amapaense, de 6,2 mil habitantes, Cutias, a 106 quilômetros da capital, convive com uma obra de urbanização, com instalação de rede elétrica e abastecimento de água, que está paralisada. Não há justificativa para a interrupção dos trabalhos.

BRASÍLIA - A enxurrada de emendas parlamentares viabilizada por articulação do senador Davi Alcolumbre (União) ao Amapá levou a uma goleada nas eleições municipais no Estado. Com dinheiro em caixa sem precedentes, 14 dos 16 prefeitos (87,5%) ou se reelegeram ou levaram os seus sucessores à vitória.

Nos municípios de Amapá, Calçoene, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Mazagão, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari, Pracuúba, Santana, Serra do Navio, Tartarugalzinho e Vitória do Jari também houve a escolha pela continuidade. As duas únicas cidades onde oponentes do incumbente venceram são Cutias (com Júnior Mourão, do PL) e Porto Grande (com Elielson Moraes, do MDB).

O senador Davi Alcolumbre (União), à direita, e o seu candidato eleito em Pracuúba, Júnior Leite (União) Foto: Reprodução/ Facebook: Davi Alcolumbre

O cenário vinha sendo antecipado por lideranças locais, segundo apurou o Estadão. Mesmo candidatos da oposição reconheciam ser difícil competir contra os incumbentes. O escoamento de verba pública nas prefeituras amapaenses provocou um fenômeno de popularidade aos gestores municipais, que conseguiram convertê-la em obras em meio às suspeitas de irregularidades.

O dinheiro destinado pelo senador ao Estado acabou beneficiando até mesmo quem não está a seu lado, como na capital Macapá que reelegeu o seu prefeito, Dr. Furlan (MDB), com 85% dos votos. Alcolumbre não conseguiu, no entanto, assegurar a eleição de seu irmão Josiel Alcolumbre a vereador na capital amapaense. Ele obteve 2.561 votos e ficou com vaga de suplente.

Políticos da região atribuem a Alcolumbre o “milagre” da reeleição. A conta do senador no Instagram foi dedicada durante a campanha a ostentar as transformações que seus recursos provocaram nos municípios do Amapá.

No último mês, ele divulgou R$ 6 milhões para pavimentação em Pedra Branca, R$ 1 milhão para drenagem em Oiapoque, R$ 2,3 milhões para pracinhas em Cutias, R$ 800 mil para a construção do prédio da prefeitura de Itaubal, R$ 2,6 milhões nas passarelas de concreto de Laranjal do Jari e R$ 320 mil para repaginar a orla de Ferreira Gomes, entre outros.

O derramamento de recursos no estado de 700 mil habitantes tem tanto chamado a atenção dos órgãos de fiscalização quanto consolidado o império do ex-presidente do Senado que quer voltar ao cargo em fevereiro. O político de ascendência marroquina e sobrenome judaico é considerado o divisor de águas na história do estado.

“A gente diz aqui no estado que existe um Amapá antes do senador Davi Alcolumbre na presidência do Senado, e existe outro Amapá depois”, diz o deputado estadual Rodolfo Vale (PCdoB), aliado de Alcolumbre.

Na noite deste domingo, Alcolumbre publicou vídeos em suas redes sociais parabenizando ao menos dez desses aliados que conquistaram prefeituras no interior. “Parabéns, prefeito eleito de Vitória do Jari, reconhecimento do trabalho. Deus te abençoe”, afirmou num telefonema a Ary Duarte, ao lado do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).

O poderio de Alcolumbre gerou uma corrida para se colar ao senador, o que pôde ser visto na movimentação partidária no Amapá para o pleito de 2024. O União Brasil, sigla que o senador comanda, elegeu seis prefeituras em 2020 (37% do estado). Até a semana passada eram oito (50%), depois de os prefeitos de Cutias e Pracuúba se filiarem ao partido. Agora são nove entre 16, ou 56%.

Em Ferreira Gomes, por exemplo, o prefeito Divino Rocha (PP) elegeu o aliado Alessandro Brazão (União). Em Itaubal, o vitorioso Jaisom Picanço (União) era apoiado pelo prefeito Serafim (PL). O MDB vem atrás como segundo partido com mais prefeituras após conquistar três delas. O Progressistas venceu em duas. PSD e PL administrarão uma cidade cada um.

Um relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU) enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 6 de setembro, no entanto, coloca lupa sobre possíveis irregularidades nesses recursos. Entre os dez municípios mais beneficiados por emendas parlamentares por número de habitantes entre 2020 e 2023, cinco são do Amapá — o pódio todo é do estado de Alcolumbre, um dos principais articuladores do orçamento secreto.

Há outro padrão: todas essas cidades (Tartarugalzinho, Pracuúba, Cutias, Amapá e Vitória do Jari) são governadas pelo União Brasil, com valores que chegam a R$ 6,7 mil por morador, o maior índice do País. Com exceção de Cutias, as demais reelegeram os seus prefeitos neste domingo.

A CGU identificou que metade das obras patrocinadas com R$ 341 milhões repassados entre 2020 e 2023 para as dez cidades mais beneficiadas pelo orçamento secreto está paralisada (9%) ou nem foi iniciada (43%). Todos esses municípios somam, juntos, apenas 61 mil moradores, ou seja, média de 6 mil por município.

O mapeamento retrata, por exemplo, o caso da cidade de Pracuúba, no Amapá, a 191 quilômetros de Macapá, onde a construção de dois campos de futebol foi contratada em 2021, mas as obras ainda nem saíram do papel “mesmo sendo de simples execução”. A cidade tem 4.500 habitantes.

Outra cidade amapaense, de 6,2 mil habitantes, Cutias, a 106 quilômetros da capital, convive com uma obra de urbanização, com instalação de rede elétrica e abastecimento de água, que está paralisada. Não há justificativa para a interrupção dos trabalhos.

BRASÍLIA - A enxurrada de emendas parlamentares viabilizada por articulação do senador Davi Alcolumbre (União) ao Amapá levou a uma goleada nas eleições municipais no Estado. Com dinheiro em caixa sem precedentes, 14 dos 16 prefeitos (87,5%) ou se reelegeram ou levaram os seus sucessores à vitória.

Nos municípios de Amapá, Calçoene, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Mazagão, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari, Pracuúba, Santana, Serra do Navio, Tartarugalzinho e Vitória do Jari também houve a escolha pela continuidade. As duas únicas cidades onde oponentes do incumbente venceram são Cutias (com Júnior Mourão, do PL) e Porto Grande (com Elielson Moraes, do MDB).

O senador Davi Alcolumbre (União), à direita, e o seu candidato eleito em Pracuúba, Júnior Leite (União) Foto: Reprodução/ Facebook: Davi Alcolumbre

O cenário vinha sendo antecipado por lideranças locais, segundo apurou o Estadão. Mesmo candidatos da oposição reconheciam ser difícil competir contra os incumbentes. O escoamento de verba pública nas prefeituras amapaenses provocou um fenômeno de popularidade aos gestores municipais, que conseguiram convertê-la em obras em meio às suspeitas de irregularidades.

O dinheiro destinado pelo senador ao Estado acabou beneficiando até mesmo quem não está a seu lado, como na capital Macapá que reelegeu o seu prefeito, Dr. Furlan (MDB), com 85% dos votos. Alcolumbre não conseguiu, no entanto, assegurar a eleição de seu irmão Josiel Alcolumbre a vereador na capital amapaense. Ele obteve 2.561 votos e ficou com vaga de suplente.

Políticos da região atribuem a Alcolumbre o “milagre” da reeleição. A conta do senador no Instagram foi dedicada durante a campanha a ostentar as transformações que seus recursos provocaram nos municípios do Amapá.

No último mês, ele divulgou R$ 6 milhões para pavimentação em Pedra Branca, R$ 1 milhão para drenagem em Oiapoque, R$ 2,3 milhões para pracinhas em Cutias, R$ 800 mil para a construção do prédio da prefeitura de Itaubal, R$ 2,6 milhões nas passarelas de concreto de Laranjal do Jari e R$ 320 mil para repaginar a orla de Ferreira Gomes, entre outros.

O derramamento de recursos no estado de 700 mil habitantes tem tanto chamado a atenção dos órgãos de fiscalização quanto consolidado o império do ex-presidente do Senado que quer voltar ao cargo em fevereiro. O político de ascendência marroquina e sobrenome judaico é considerado o divisor de águas na história do estado.

“A gente diz aqui no estado que existe um Amapá antes do senador Davi Alcolumbre na presidência do Senado, e existe outro Amapá depois”, diz o deputado estadual Rodolfo Vale (PCdoB), aliado de Alcolumbre.

Na noite deste domingo, Alcolumbre publicou vídeos em suas redes sociais parabenizando ao menos dez desses aliados que conquistaram prefeituras no interior. “Parabéns, prefeito eleito de Vitória do Jari, reconhecimento do trabalho. Deus te abençoe”, afirmou num telefonema a Ary Duarte, ao lado do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).

O poderio de Alcolumbre gerou uma corrida para se colar ao senador, o que pôde ser visto na movimentação partidária no Amapá para o pleito de 2024. O União Brasil, sigla que o senador comanda, elegeu seis prefeituras em 2020 (37% do estado). Até a semana passada eram oito (50%), depois de os prefeitos de Cutias e Pracuúba se filiarem ao partido. Agora são nove entre 16, ou 56%.

Em Ferreira Gomes, por exemplo, o prefeito Divino Rocha (PP) elegeu o aliado Alessandro Brazão (União). Em Itaubal, o vitorioso Jaisom Picanço (União) era apoiado pelo prefeito Serafim (PL). O MDB vem atrás como segundo partido com mais prefeituras após conquistar três delas. O Progressistas venceu em duas. PSD e PL administrarão uma cidade cada um.

Um relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU) enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 6 de setembro, no entanto, coloca lupa sobre possíveis irregularidades nesses recursos. Entre os dez municípios mais beneficiados por emendas parlamentares por número de habitantes entre 2020 e 2023, cinco são do Amapá — o pódio todo é do estado de Alcolumbre, um dos principais articuladores do orçamento secreto.

Há outro padrão: todas essas cidades (Tartarugalzinho, Pracuúba, Cutias, Amapá e Vitória do Jari) são governadas pelo União Brasil, com valores que chegam a R$ 6,7 mil por morador, o maior índice do País. Com exceção de Cutias, as demais reelegeram os seus prefeitos neste domingo.

A CGU identificou que metade das obras patrocinadas com R$ 341 milhões repassados entre 2020 e 2023 para as dez cidades mais beneficiadas pelo orçamento secreto está paralisada (9%) ou nem foi iniciada (43%). Todos esses municípios somam, juntos, apenas 61 mil moradores, ou seja, média de 6 mil por município.

O mapeamento retrata, por exemplo, o caso da cidade de Pracuúba, no Amapá, a 191 quilômetros de Macapá, onde a construção de dois campos de futebol foi contratada em 2021, mas as obras ainda nem saíram do papel “mesmo sendo de simples execução”. A cidade tem 4.500 habitantes.

Outra cidade amapaense, de 6,2 mil habitantes, Cutias, a 106 quilômetros da capital, convive com uma obra de urbanização, com instalação de rede elétrica e abastecimento de água, que está paralisada. Não há justificativa para a interrupção dos trabalhos.

BRASÍLIA - A enxurrada de emendas parlamentares viabilizada por articulação do senador Davi Alcolumbre (União) ao Amapá levou a uma goleada nas eleições municipais no Estado. Com dinheiro em caixa sem precedentes, 14 dos 16 prefeitos (87,5%) ou se reelegeram ou levaram os seus sucessores à vitória.

Nos municípios de Amapá, Calçoene, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Mazagão, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari, Pracuúba, Santana, Serra do Navio, Tartarugalzinho e Vitória do Jari também houve a escolha pela continuidade. As duas únicas cidades onde oponentes do incumbente venceram são Cutias (com Júnior Mourão, do PL) e Porto Grande (com Elielson Moraes, do MDB).

O senador Davi Alcolumbre (União), à direita, e o seu candidato eleito em Pracuúba, Júnior Leite (União) Foto: Reprodução/ Facebook: Davi Alcolumbre

O cenário vinha sendo antecipado por lideranças locais, segundo apurou o Estadão. Mesmo candidatos da oposição reconheciam ser difícil competir contra os incumbentes. O escoamento de verba pública nas prefeituras amapaenses provocou um fenômeno de popularidade aos gestores municipais, que conseguiram convertê-la em obras em meio às suspeitas de irregularidades.

O dinheiro destinado pelo senador ao Estado acabou beneficiando até mesmo quem não está a seu lado, como na capital Macapá que reelegeu o seu prefeito, Dr. Furlan (MDB), com 85% dos votos. Alcolumbre não conseguiu, no entanto, assegurar a eleição de seu irmão Josiel Alcolumbre a vereador na capital amapaense. Ele obteve 2.561 votos e ficou com vaga de suplente.

Políticos da região atribuem a Alcolumbre o “milagre” da reeleição. A conta do senador no Instagram foi dedicada durante a campanha a ostentar as transformações que seus recursos provocaram nos municípios do Amapá.

No último mês, ele divulgou R$ 6 milhões para pavimentação em Pedra Branca, R$ 1 milhão para drenagem em Oiapoque, R$ 2,3 milhões para pracinhas em Cutias, R$ 800 mil para a construção do prédio da prefeitura de Itaubal, R$ 2,6 milhões nas passarelas de concreto de Laranjal do Jari e R$ 320 mil para repaginar a orla de Ferreira Gomes, entre outros.

O derramamento de recursos no estado de 700 mil habitantes tem tanto chamado a atenção dos órgãos de fiscalização quanto consolidado o império do ex-presidente do Senado que quer voltar ao cargo em fevereiro. O político de ascendência marroquina e sobrenome judaico é considerado o divisor de águas na história do estado.

“A gente diz aqui no estado que existe um Amapá antes do senador Davi Alcolumbre na presidência do Senado, e existe outro Amapá depois”, diz o deputado estadual Rodolfo Vale (PCdoB), aliado de Alcolumbre.

Na noite deste domingo, Alcolumbre publicou vídeos em suas redes sociais parabenizando ao menos dez desses aliados que conquistaram prefeituras no interior. “Parabéns, prefeito eleito de Vitória do Jari, reconhecimento do trabalho. Deus te abençoe”, afirmou num telefonema a Ary Duarte, ao lado do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP).

O poderio de Alcolumbre gerou uma corrida para se colar ao senador, o que pôde ser visto na movimentação partidária no Amapá para o pleito de 2024. O União Brasil, sigla que o senador comanda, elegeu seis prefeituras em 2020 (37% do estado). Até a semana passada eram oito (50%), depois de os prefeitos de Cutias e Pracuúba se filiarem ao partido. Agora são nove entre 16, ou 56%.

Em Ferreira Gomes, por exemplo, o prefeito Divino Rocha (PP) elegeu o aliado Alessandro Brazão (União). Em Itaubal, o vitorioso Jaisom Picanço (União) era apoiado pelo prefeito Serafim (PL). O MDB vem atrás como segundo partido com mais prefeituras após conquistar três delas. O Progressistas venceu em duas. PSD e PL administrarão uma cidade cada um.

Um relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União (CGU) enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 6 de setembro, no entanto, coloca lupa sobre possíveis irregularidades nesses recursos. Entre os dez municípios mais beneficiados por emendas parlamentares por número de habitantes entre 2020 e 2023, cinco são do Amapá — o pódio todo é do estado de Alcolumbre, um dos principais articuladores do orçamento secreto.

Há outro padrão: todas essas cidades (Tartarugalzinho, Pracuúba, Cutias, Amapá e Vitória do Jari) são governadas pelo União Brasil, com valores que chegam a R$ 6,7 mil por morador, o maior índice do País. Com exceção de Cutias, as demais reelegeram os seus prefeitos neste domingo.

A CGU identificou que metade das obras patrocinadas com R$ 341 milhões repassados entre 2020 e 2023 para as dez cidades mais beneficiadas pelo orçamento secreto está paralisada (9%) ou nem foi iniciada (43%). Todos esses municípios somam, juntos, apenas 61 mil moradores, ou seja, média de 6 mil por município.

O mapeamento retrata, por exemplo, o caso da cidade de Pracuúba, no Amapá, a 191 quilômetros de Macapá, onde a construção de dois campos de futebol foi contratada em 2021, mas as obras ainda nem saíram do papel “mesmo sendo de simples execução”. A cidade tem 4.500 habitantes.

Outra cidade amapaense, de 6,2 mil habitantes, Cutias, a 106 quilômetros da capital, convive com uma obra de urbanização, com instalação de rede elétrica e abastecimento de água, que está paralisada. Não há justificativa para a interrupção dos trabalhos.

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