PORTO ALEGRE – A costura dos apoios na eleição ao Palácio do Planalto definirá como se dará a disputa no Rio Grande do Sul. Eduardo Leite (PSDB), que se licenciou do cargo de governador para tentar se lançar como candidato à Presidência em movimento que não prosperou, e Onyx Lorenzoni (PL), ex-ministro de Bolsonaro e aliado fiel do presidente, despontam nas pesquisas.
A candidatura de Leite está associada a um acordo em torno do nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) como nome na disputa ao Palácio do Planalto. O PSDB condicionou o apoio à emedebista a uma aliança em que o partido apoie a reeleição do tucano. A aliança é costurada há semanas e nesta quarta-feira, 8, deu mais um passo, com uma reunião no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
A última pesquisa divulgada no Estado, pelo instituto Real Time Big Data, mostra em um dos cenários uma disputa apertada, com Onyx e o ex-governador empatados tecnicamente – Leite aparece com 23% e Onyx, 20%.
No campo da esquerda, o PT terá candidato próprio. Edegar Pretto apareceu com 6% a 7% das intenções de voto na mesma sondagem, dependendo do cenário. Com Leite, o petista perde intenções de voto. Ele conta com Lula para emplacar na disputa.
Os petistas devem ir sozinhos para disputa, pois PSB, com Bento Albuquerque, e PSOL, com Pedro Ruas, já definiram que sairão candidatos.
O apoio de Bolsonaro deve fazer a diferença na escolha do governador. Conforme pesquisa do Instituto Paraná, do começo de maio, Bolsonaro lidera a disputa presidencial, com 40,1% das intenções de voto, ante 34,2% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na última disputa para o cargo, em 2018, tanto José Ivo Sartori (MDB) quanto Leite, que venceu, apoiaram a candidatura do presidente eleito. Durante o mandato, porém, o tucano foi se afastando do presidente, de quem se tornou crítico. Já Onyx, como ex-ministro, conta com o apoio de Bolsonaro para ir ao segundo turno.
Cenário incerto
Para Bruno Schaefer, cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o cenário da eleição gaúcha está indefinido, diferentemente da disputa nacional, em que dois candidatos já concentram mais de 80% das intenções de voto.
“No Rio Grande do Sul, existe uma fragmentação das intenções de voto, também por essa indefinição da candidatura ou não (de Leite). Por enquanto, o que se vê é Onyx liderando apoiado por Bolsonaro e Beto Albuquerque em segundo, mas isso pode mudar com o apoio de Lula a Pretto, não sei se o necessário para levá-lo ao segundo turno, e também com uma candidatura de Eduardo Leite”, afirmou.
A indefinição do cenário também decorre, disse o cientista político, da indecisão dos eleitores, pois de 25% a 30% não definiram ainda seu voto. “O apoio de Bolsonaro e de Lula pode ser decisivo para a definição do segundo turno”, disse. “O que não ficou claro é se a divisão da esquerda pode significar um novo segundo turno entre uma direita mais ou menos bolsonarista, como em 2018. Se for, é provável uma segundo etapa entre Leite e Onyx”, diz.