A relação familiar de um servidor de carreira da Prefeitura de São Paulo com o chefe da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foi alvo de embate ontem à noite no debate promovido pela TV Globo entre candidatos à Prefeitura paulistana.
O candidato Guilherme Boulos (PSOL) questionou o adversário Ricardo Nunes (MDB) a respeito da atuação de Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), da Prefeitura. Boulos citou reportagem do portal UOL que mostra que o servidor é ex-cunhado de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, chefe do PCC.
“Por que você entregou dinheiro da Prefeitura para o cunhado do Marcola?”, questionou Boulos. A irmã de Eduardo Olivatto, Ana Maria Olivatto, foi mulher do chefe do PCC. Ela morreu em 2002.
Nunes respondeu que o chefe de gabinete é funcionário de carreira, nomeado em 1988 pela então prefeita Luiza Erundina. “Ele é chefe de gabinete, não mexe com nada dessas questões de licitação”.
Depois, enquanto debatia o tema da segurança pública com o candidato Pablo Marçal (PRTB), Boulos voltou a citar o caso do funcionário da Prefeitura, rebatendo o argumento apresentado pelo prefeito: “Este servidor que ele diz, de fato é servidor de carreira, mas se tornou chefe e passou a assinar na gestão do Ricardo Nunes”.
Segundo a reportagem do UOL, não há indícios de que a carreira de Olivatto na Prefeitura tenha sido impactada pela relação de sua irmã com Marcola.
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Ainda segundo o portal, Olivatto possui uma empresa sediada numa propriedade alugada para Fernando Marsiarelli, dono da F.F.L. Sinalização, que em quatro anos recebeu R$ 624,1 milhões em contratos com a prefeitura. Nunes afirmou ter “tolerância zero” com casos de corrupção.
Além de Ana Maria, Eduardo tem outro irmão, Marco Antônio Olivatto, que é secretário de gabinete do deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), segundo a reportagem.
Eduardo negou ao UOL haver relação entre o funcionamento de suas empresas e os contratos da Siurb com a empresa de Marsiarelli. O empresário, por sua vez, citou ter “relação instituciona, apenas”, com Olivatto.
A Prefeitura afirmou que o servitor “exerceu uma série de funções em diferentes pastas” e que, desde 1988, não tem “ingerência sobre processos licitatórios”.