Entenda o recuo do advogado de Mauro Cid sobre o caso das joias em 5 frases


Defesa do ex-ajudante de ordens chegou a acusar Jair Bolsonaro de coordenar esquema e voltou atrás na madrugada desta sexta-feira, 18

Por Isabella Alonso Panho
Atualização:

O advogado Cezar Bitencourt, que defende Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) , voltou atrás na madrugada desta sexta-feira, 18, e disse ao Estadão que seu cliente não vai confessar a participação no suposto esquema internacional de venda de joias que o ex-presidente ganhou em agendas oficiais.

Bitencourt havia afirmado à revista Veja, em reportagem publicada na noite de quinta, 17, que Mauro Cid confessaria que vendeu os itens de luxo recebidos por Bolsonaro e também apontaria o ex-presidente como mandante da ação. O advogado falou, expressamente, que o dinheiro era de Bolsonaro, que seria o coordenador do esquema.

O tenente-coronel Mauro Cid ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado/Reuters
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O recuo desta madrugada contradiz não apenas o que foi dito nesta quinta-feira por Bitencourt como outras declarações que ele concedeu a veículos de comunicação ao longo da semana. Na quarta-feira, 16, ele classificou a prisão do cliente como “injusta” e disse que Mauro Cid obedecia ordens do seu superior hierárquico, por causa da disciplina militar.

Nesta sexta-feira, enquanto estava a caminho de Goiânia, Bolsonaro falou com exclusividade ao Estadão. “Ele (Cid) tinha autonomia”, disse o ex-presidente, responsabilizando o ex-ajudante de ordens sobre ações durante o governo passado. Veja o vídeo.

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Veja uma linha do tempo com as frases do advogado de Mauro Cid que mostram o recuo em relação à confissão:

Quarta-feira, 16 de agosto

Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa

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Um dia depois de assumir a defesa de Mauro Cid, Bitencourt concedeu a primeira entrevista sobre o caso. Ele falou à GloboNews que o cliente obedecia ordens do seu superior hierárquico, o que é típico das relações militares. As declarações deixaram a responsabilidade de Bolsonaro nas entrelinhas.

O advogado assumiu o lugar de Bernardo Fenelon, que deixou a defesa do ex-ajudante de ordens por motivos de foro íntimo.

Quinta-feira, 17 de agosto, à tarde

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O que eles querem mesmo é o presidente (Bolsonaro), não o Cid

No final da tarde de quinta-feira, Bitencourt deu uma entrevista à Folha de S. Paulo e afirmou que Jair Bolsonaro é o verdadeiro foco das investigações e que Mauro Cid tinha “certa autonomia”, relativizando a declaração do dia anterior. “Eu tenho a impressão de que ele tinha certa autonomia. E mais: se eu erro aqui, eu conserto ali. Se fiz uma coisa errada aqui, posso consertar lá”, disse o advogado.

Bitencourt também prometeu parar as entrevistas para não “irritar o outro lado”. Ele disse que “é bom não cutucar abelha com vara curta”, em referência ao ex-presidente.

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Quinta-feira, 17 de agosto, à noite

O Cid não nega os fatos. Ele assume que foi pegar as joias. ‘Resolve isso lá’. Ele foi resolver. ‘Vende a joia’. Ele vende a joia. (...) Mas o dinheiro era do Bolsonaro

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Na noite do mesmo dia em que prometeu parar com as entrevistas, Bitencourt disse à revista Veja e ao Estadão que seu cliente ia se entregar e revelar a participação de Bolsonaro no esquema de venda de joias. “A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro. Mas o dinheiro era do Bolsonaro”, disse o advogado.

Vania Bitencourt, que é sócia do marido, também falou sobre o caso, dando a entender que a banca de defesa havia convencido Mauro Cid a confessar. “A gente conseguiu contornar uma coisa que era quase impossível”, disse ao Estadão.

Sexta-feira, 18 de agosto, de madrugada

Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja, não se falou em joias

Na madrugada desta sexta-feira, Bitencourt desmentiu a declaração dele, que foi publicada na noite anterior, e disse ao Estadão que a confissão de Mauro Cid não tem a ver com o caso das joias. Segundo o advogado, caso seu cliente de fato se entregue, não falará sobre a existência do suposto esquema internacional de venda de presentes que Bolsonaro ganhou durante agendas oficiais.

Sexta-feira, 18 de agosto, à tarde

Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’

Na tarde de sexta-feira, o advogado de Mauro Cid concedeu nova entrevista à GloboNews, confirmando o recuo revelado pelo Estadão durante a manhã. Bitencourt negou que tivesse responsabilizado o ex-presidente pelos crimes dos quais o ex-ajudante de ordens é investigado. “Não disse que foi a mando do Bolsonaro, não disse que ele (Cid) estava dedurando”, afirmou.

Em seguida, o advogado afirmou que seu cliente apenas “cumpriu ordens” de Bolsonaro para resolver a questão do Rolex – um dos artigos de luxo que Mauro Cid é suspeito de vender. “Apenas como assessor ele cumpriu ordens. Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’. Para um bom entendedor meia palavra basta. Cid foi atrás para resolver a questão do Rolex”.

Relembre o caso das joias

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, durante uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e da filha Laura. O ex-ajudante de ordens também é um dos suspeitos de participar de esquema internacional de venda de joias que Bolsonaro ganhou enquanto cumpria agendas oficiais fora do País.

Relógio Rolex, cravejado por diamantes, foi retirado do acervo presidencial e vendido nos Estados Unidos por Mauro Cid, ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro, em junho de 2022 Foto: Reprodução

A tentativa de comercialização dos objetos de luxo só parou após o Estadão revelar, em março, que Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o País um conjunto de brinco, anel, colar e relógio que ganhou do governo de Arábia Saudita. Posteriormente, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI do 8 de Janeiro teve acesso a e-mails de Mauro Cid que mostram ele tentando vender um Rolex com as mesmas características do relógio que Bolsonaro ganhou de presente.

Na sexta-feira passada, 11, a PF fez buscas e apreensões em endereços ligados a Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ao advogado Frederick Wassef e Osmar Crivelatti, que foi ajudante de ordens do ex-presidente. A corporação suspeita que Bolsonaro coordenava o esquema e recebia em espécie o valor das vendas.

Inicialmente, Wassef negou ter qualquer envolvimento com o caso e disse que era vítima de “uma campanha de fake news”. A Polícia Federal encontrou um recibo em nome do advogado, comprovando que ele recomprou o Rolex vendido por Mauro Cid para entregá-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU), gesto que lhe custou quase R$ 300 mil.

Na quarta-feira, 16, o advogado concedeu uma coletiva admitindo a compra do artigo de luxo com recursos próprios. Ele confessou que agiu a pedido, mas disse que revelará o mandante “no momento oportuno”.

O advogado Cezar Bitencourt, que defende Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) , voltou atrás na madrugada desta sexta-feira, 18, e disse ao Estadão que seu cliente não vai confessar a participação no suposto esquema internacional de venda de joias que o ex-presidente ganhou em agendas oficiais.

Bitencourt havia afirmado à revista Veja, em reportagem publicada na noite de quinta, 17, que Mauro Cid confessaria que vendeu os itens de luxo recebidos por Bolsonaro e também apontaria o ex-presidente como mandante da ação. O advogado falou, expressamente, que o dinheiro era de Bolsonaro, que seria o coordenador do esquema.

O tenente-coronel Mauro Cid ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado/Reuters

O recuo desta madrugada contradiz não apenas o que foi dito nesta quinta-feira por Bitencourt como outras declarações que ele concedeu a veículos de comunicação ao longo da semana. Na quarta-feira, 16, ele classificou a prisão do cliente como “injusta” e disse que Mauro Cid obedecia ordens do seu superior hierárquico, por causa da disciplina militar.

Nesta sexta-feira, enquanto estava a caminho de Goiânia, Bolsonaro falou com exclusividade ao Estadão. “Ele (Cid) tinha autonomia”, disse o ex-presidente, responsabilizando o ex-ajudante de ordens sobre ações durante o governo passado. Veja o vídeo.

Veja uma linha do tempo com as frases do advogado de Mauro Cid que mostram o recuo em relação à confissão:

Quarta-feira, 16 de agosto

Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa

Um dia depois de assumir a defesa de Mauro Cid, Bitencourt concedeu a primeira entrevista sobre o caso. Ele falou à GloboNews que o cliente obedecia ordens do seu superior hierárquico, o que é típico das relações militares. As declarações deixaram a responsabilidade de Bolsonaro nas entrelinhas.

O advogado assumiu o lugar de Bernardo Fenelon, que deixou a defesa do ex-ajudante de ordens por motivos de foro íntimo.

Quinta-feira, 17 de agosto, à tarde

O que eles querem mesmo é o presidente (Bolsonaro), não o Cid

No final da tarde de quinta-feira, Bitencourt deu uma entrevista à Folha de S. Paulo e afirmou que Jair Bolsonaro é o verdadeiro foco das investigações e que Mauro Cid tinha “certa autonomia”, relativizando a declaração do dia anterior. “Eu tenho a impressão de que ele tinha certa autonomia. E mais: se eu erro aqui, eu conserto ali. Se fiz uma coisa errada aqui, posso consertar lá”, disse o advogado.

Bitencourt também prometeu parar as entrevistas para não “irritar o outro lado”. Ele disse que “é bom não cutucar abelha com vara curta”, em referência ao ex-presidente.

Quinta-feira, 17 de agosto, à noite

O Cid não nega os fatos. Ele assume que foi pegar as joias. ‘Resolve isso lá’. Ele foi resolver. ‘Vende a joia’. Ele vende a joia. (...) Mas o dinheiro era do Bolsonaro

Na noite do mesmo dia em que prometeu parar com as entrevistas, Bitencourt disse à revista Veja e ao Estadão que seu cliente ia se entregar e revelar a participação de Bolsonaro no esquema de venda de joias. “A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro. Mas o dinheiro era do Bolsonaro”, disse o advogado.

Vania Bitencourt, que é sócia do marido, também falou sobre o caso, dando a entender que a banca de defesa havia convencido Mauro Cid a confessar. “A gente conseguiu contornar uma coisa que era quase impossível”, disse ao Estadão.

Sexta-feira, 18 de agosto, de madrugada

Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja, não se falou em joias

Na madrugada desta sexta-feira, Bitencourt desmentiu a declaração dele, que foi publicada na noite anterior, e disse ao Estadão que a confissão de Mauro Cid não tem a ver com o caso das joias. Segundo o advogado, caso seu cliente de fato se entregue, não falará sobre a existência do suposto esquema internacional de venda de presentes que Bolsonaro ganhou durante agendas oficiais.

Sexta-feira, 18 de agosto, à tarde

Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’

Na tarde de sexta-feira, o advogado de Mauro Cid concedeu nova entrevista à GloboNews, confirmando o recuo revelado pelo Estadão durante a manhã. Bitencourt negou que tivesse responsabilizado o ex-presidente pelos crimes dos quais o ex-ajudante de ordens é investigado. “Não disse que foi a mando do Bolsonaro, não disse que ele (Cid) estava dedurando”, afirmou.

Em seguida, o advogado afirmou que seu cliente apenas “cumpriu ordens” de Bolsonaro para resolver a questão do Rolex – um dos artigos de luxo que Mauro Cid é suspeito de vender. “Apenas como assessor ele cumpriu ordens. Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’. Para um bom entendedor meia palavra basta. Cid foi atrás para resolver a questão do Rolex”.

Relembre o caso das joias

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, durante uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e da filha Laura. O ex-ajudante de ordens também é um dos suspeitos de participar de esquema internacional de venda de joias que Bolsonaro ganhou enquanto cumpria agendas oficiais fora do País.

Relógio Rolex, cravejado por diamantes, foi retirado do acervo presidencial e vendido nos Estados Unidos por Mauro Cid, ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro, em junho de 2022 Foto: Reprodução

A tentativa de comercialização dos objetos de luxo só parou após o Estadão revelar, em março, que Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o País um conjunto de brinco, anel, colar e relógio que ganhou do governo de Arábia Saudita. Posteriormente, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI do 8 de Janeiro teve acesso a e-mails de Mauro Cid que mostram ele tentando vender um Rolex com as mesmas características do relógio que Bolsonaro ganhou de presente.

Na sexta-feira passada, 11, a PF fez buscas e apreensões em endereços ligados a Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ao advogado Frederick Wassef e Osmar Crivelatti, que foi ajudante de ordens do ex-presidente. A corporação suspeita que Bolsonaro coordenava o esquema e recebia em espécie o valor das vendas.

Inicialmente, Wassef negou ter qualquer envolvimento com o caso e disse que era vítima de “uma campanha de fake news”. A Polícia Federal encontrou um recibo em nome do advogado, comprovando que ele recomprou o Rolex vendido por Mauro Cid para entregá-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU), gesto que lhe custou quase R$ 300 mil.

Na quarta-feira, 16, o advogado concedeu uma coletiva admitindo a compra do artigo de luxo com recursos próprios. Ele confessou que agiu a pedido, mas disse que revelará o mandante “no momento oportuno”.

O advogado Cezar Bitencourt, que defende Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) , voltou atrás na madrugada desta sexta-feira, 18, e disse ao Estadão que seu cliente não vai confessar a participação no suposto esquema internacional de venda de joias que o ex-presidente ganhou em agendas oficiais.

Bitencourt havia afirmado à revista Veja, em reportagem publicada na noite de quinta, 17, que Mauro Cid confessaria que vendeu os itens de luxo recebidos por Bolsonaro e também apontaria o ex-presidente como mandante da ação. O advogado falou, expressamente, que o dinheiro era de Bolsonaro, que seria o coordenador do esquema.

O tenente-coronel Mauro Cid ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado/Reuters

O recuo desta madrugada contradiz não apenas o que foi dito nesta quinta-feira por Bitencourt como outras declarações que ele concedeu a veículos de comunicação ao longo da semana. Na quarta-feira, 16, ele classificou a prisão do cliente como “injusta” e disse que Mauro Cid obedecia ordens do seu superior hierárquico, por causa da disciplina militar.

Nesta sexta-feira, enquanto estava a caminho de Goiânia, Bolsonaro falou com exclusividade ao Estadão. “Ele (Cid) tinha autonomia”, disse o ex-presidente, responsabilizando o ex-ajudante de ordens sobre ações durante o governo passado. Veja o vídeo.

Veja uma linha do tempo com as frases do advogado de Mauro Cid que mostram o recuo em relação à confissão:

Quarta-feira, 16 de agosto

Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa

Um dia depois de assumir a defesa de Mauro Cid, Bitencourt concedeu a primeira entrevista sobre o caso. Ele falou à GloboNews que o cliente obedecia ordens do seu superior hierárquico, o que é típico das relações militares. As declarações deixaram a responsabilidade de Bolsonaro nas entrelinhas.

O advogado assumiu o lugar de Bernardo Fenelon, que deixou a defesa do ex-ajudante de ordens por motivos de foro íntimo.

Quinta-feira, 17 de agosto, à tarde

O que eles querem mesmo é o presidente (Bolsonaro), não o Cid

No final da tarde de quinta-feira, Bitencourt deu uma entrevista à Folha de S. Paulo e afirmou que Jair Bolsonaro é o verdadeiro foco das investigações e que Mauro Cid tinha “certa autonomia”, relativizando a declaração do dia anterior. “Eu tenho a impressão de que ele tinha certa autonomia. E mais: se eu erro aqui, eu conserto ali. Se fiz uma coisa errada aqui, posso consertar lá”, disse o advogado.

Bitencourt também prometeu parar as entrevistas para não “irritar o outro lado”. Ele disse que “é bom não cutucar abelha com vara curta”, em referência ao ex-presidente.

Quinta-feira, 17 de agosto, à noite

O Cid não nega os fatos. Ele assume que foi pegar as joias. ‘Resolve isso lá’. Ele foi resolver. ‘Vende a joia’. Ele vende a joia. (...) Mas o dinheiro era do Bolsonaro

Na noite do mesmo dia em que prometeu parar com as entrevistas, Bitencourt disse à revista Veja e ao Estadão que seu cliente ia se entregar e revelar a participação de Bolsonaro no esquema de venda de joias. “A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro. Mas o dinheiro era do Bolsonaro”, disse o advogado.

Vania Bitencourt, que é sócia do marido, também falou sobre o caso, dando a entender que a banca de defesa havia convencido Mauro Cid a confessar. “A gente conseguiu contornar uma coisa que era quase impossível”, disse ao Estadão.

Sexta-feira, 18 de agosto, de madrugada

Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja, não se falou em joias

Na madrugada desta sexta-feira, Bitencourt desmentiu a declaração dele, que foi publicada na noite anterior, e disse ao Estadão que a confissão de Mauro Cid não tem a ver com o caso das joias. Segundo o advogado, caso seu cliente de fato se entregue, não falará sobre a existência do suposto esquema internacional de venda de presentes que Bolsonaro ganhou durante agendas oficiais.

Sexta-feira, 18 de agosto, à tarde

Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’

Na tarde de sexta-feira, o advogado de Mauro Cid concedeu nova entrevista à GloboNews, confirmando o recuo revelado pelo Estadão durante a manhã. Bitencourt negou que tivesse responsabilizado o ex-presidente pelos crimes dos quais o ex-ajudante de ordens é investigado. “Não disse que foi a mando do Bolsonaro, não disse que ele (Cid) estava dedurando”, afirmou.

Em seguida, o advogado afirmou que seu cliente apenas “cumpriu ordens” de Bolsonaro para resolver a questão do Rolex – um dos artigos de luxo que Mauro Cid é suspeito de vender. “Apenas como assessor ele cumpriu ordens. Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’. Para um bom entendedor meia palavra basta. Cid foi atrás para resolver a questão do Rolex”.

Relembre o caso das joias

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, durante uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e da filha Laura. O ex-ajudante de ordens também é um dos suspeitos de participar de esquema internacional de venda de joias que Bolsonaro ganhou enquanto cumpria agendas oficiais fora do País.

Relógio Rolex, cravejado por diamantes, foi retirado do acervo presidencial e vendido nos Estados Unidos por Mauro Cid, ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro, em junho de 2022 Foto: Reprodução

A tentativa de comercialização dos objetos de luxo só parou após o Estadão revelar, em março, que Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o País um conjunto de brinco, anel, colar e relógio que ganhou do governo de Arábia Saudita. Posteriormente, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI do 8 de Janeiro teve acesso a e-mails de Mauro Cid que mostram ele tentando vender um Rolex com as mesmas características do relógio que Bolsonaro ganhou de presente.

Na sexta-feira passada, 11, a PF fez buscas e apreensões em endereços ligados a Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ao advogado Frederick Wassef e Osmar Crivelatti, que foi ajudante de ordens do ex-presidente. A corporação suspeita que Bolsonaro coordenava o esquema e recebia em espécie o valor das vendas.

Inicialmente, Wassef negou ter qualquer envolvimento com o caso e disse que era vítima de “uma campanha de fake news”. A Polícia Federal encontrou um recibo em nome do advogado, comprovando que ele recomprou o Rolex vendido por Mauro Cid para entregá-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU), gesto que lhe custou quase R$ 300 mil.

Na quarta-feira, 16, o advogado concedeu uma coletiva admitindo a compra do artigo de luxo com recursos próprios. Ele confessou que agiu a pedido, mas disse que revelará o mandante “no momento oportuno”.

O advogado Cezar Bitencourt, que defende Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) , voltou atrás na madrugada desta sexta-feira, 18, e disse ao Estadão que seu cliente não vai confessar a participação no suposto esquema internacional de venda de joias que o ex-presidente ganhou em agendas oficiais.

Bitencourt havia afirmado à revista Veja, em reportagem publicada na noite de quinta, 17, que Mauro Cid confessaria que vendeu os itens de luxo recebidos por Bolsonaro e também apontaria o ex-presidente como mandante da ação. O advogado falou, expressamente, que o dinheiro era de Bolsonaro, que seria o coordenador do esquema.

O tenente-coronel Mauro Cid ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado/Reuters

O recuo desta madrugada contradiz não apenas o que foi dito nesta quinta-feira por Bitencourt como outras declarações que ele concedeu a veículos de comunicação ao longo da semana. Na quarta-feira, 16, ele classificou a prisão do cliente como “injusta” e disse que Mauro Cid obedecia ordens do seu superior hierárquico, por causa da disciplina militar.

Nesta sexta-feira, enquanto estava a caminho de Goiânia, Bolsonaro falou com exclusividade ao Estadão. “Ele (Cid) tinha autonomia”, disse o ex-presidente, responsabilizando o ex-ajudante de ordens sobre ações durante o governo passado. Veja o vídeo.

Veja uma linha do tempo com as frases do advogado de Mauro Cid que mostram o recuo em relação à confissão:

Quarta-feira, 16 de agosto

Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa

Um dia depois de assumir a defesa de Mauro Cid, Bitencourt concedeu a primeira entrevista sobre o caso. Ele falou à GloboNews que o cliente obedecia ordens do seu superior hierárquico, o que é típico das relações militares. As declarações deixaram a responsabilidade de Bolsonaro nas entrelinhas.

O advogado assumiu o lugar de Bernardo Fenelon, que deixou a defesa do ex-ajudante de ordens por motivos de foro íntimo.

Quinta-feira, 17 de agosto, à tarde

O que eles querem mesmo é o presidente (Bolsonaro), não o Cid

No final da tarde de quinta-feira, Bitencourt deu uma entrevista à Folha de S. Paulo e afirmou que Jair Bolsonaro é o verdadeiro foco das investigações e que Mauro Cid tinha “certa autonomia”, relativizando a declaração do dia anterior. “Eu tenho a impressão de que ele tinha certa autonomia. E mais: se eu erro aqui, eu conserto ali. Se fiz uma coisa errada aqui, posso consertar lá”, disse o advogado.

Bitencourt também prometeu parar as entrevistas para não “irritar o outro lado”. Ele disse que “é bom não cutucar abelha com vara curta”, em referência ao ex-presidente.

Quinta-feira, 17 de agosto, à noite

O Cid não nega os fatos. Ele assume que foi pegar as joias. ‘Resolve isso lá’. Ele foi resolver. ‘Vende a joia’. Ele vende a joia. (...) Mas o dinheiro era do Bolsonaro

Na noite do mesmo dia em que prometeu parar com as entrevistas, Bitencourt disse à revista Veja e ao Estadão que seu cliente ia se entregar e revelar a participação de Bolsonaro no esquema de venda de joias. “A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro. Mas o dinheiro era do Bolsonaro”, disse o advogado.

Vania Bitencourt, que é sócia do marido, também falou sobre o caso, dando a entender que a banca de defesa havia convencido Mauro Cid a confessar. “A gente conseguiu contornar uma coisa que era quase impossível”, disse ao Estadão.

Sexta-feira, 18 de agosto, de madrugada

Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja, não se falou em joias

Na madrugada desta sexta-feira, Bitencourt desmentiu a declaração dele, que foi publicada na noite anterior, e disse ao Estadão que a confissão de Mauro Cid não tem a ver com o caso das joias. Segundo o advogado, caso seu cliente de fato se entregue, não falará sobre a existência do suposto esquema internacional de venda de presentes que Bolsonaro ganhou durante agendas oficiais.

Sexta-feira, 18 de agosto, à tarde

Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’

Na tarde de sexta-feira, o advogado de Mauro Cid concedeu nova entrevista à GloboNews, confirmando o recuo revelado pelo Estadão durante a manhã. Bitencourt negou que tivesse responsabilizado o ex-presidente pelos crimes dos quais o ex-ajudante de ordens é investigado. “Não disse que foi a mando do Bolsonaro, não disse que ele (Cid) estava dedurando”, afirmou.

Em seguida, o advogado afirmou que seu cliente apenas “cumpriu ordens” de Bolsonaro para resolver a questão do Rolex – um dos artigos de luxo que Mauro Cid é suspeito de vender. “Apenas como assessor ele cumpriu ordens. Bolsonaro disse: ‘Resolve esse problema aí, do Rolex’. Para um bom entendedor meia palavra basta. Cid foi atrás para resolver a questão do Rolex”.

Relembre o caso das joias

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, durante uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro e da filha Laura. O ex-ajudante de ordens também é um dos suspeitos de participar de esquema internacional de venda de joias que Bolsonaro ganhou enquanto cumpria agendas oficiais fora do País.

Relógio Rolex, cravejado por diamantes, foi retirado do acervo presidencial e vendido nos Estados Unidos por Mauro Cid, ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro, em junho de 2022 Foto: Reprodução

A tentativa de comercialização dos objetos de luxo só parou após o Estadão revelar, em março, que Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o País um conjunto de brinco, anel, colar e relógio que ganhou do governo de Arábia Saudita. Posteriormente, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI do 8 de Janeiro teve acesso a e-mails de Mauro Cid que mostram ele tentando vender um Rolex com as mesmas características do relógio que Bolsonaro ganhou de presente.

Na sexta-feira passada, 11, a PF fez buscas e apreensões em endereços ligados a Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ao advogado Frederick Wassef e Osmar Crivelatti, que foi ajudante de ordens do ex-presidente. A corporação suspeita que Bolsonaro coordenava o esquema e recebia em espécie o valor das vendas.

Inicialmente, Wassef negou ter qualquer envolvimento com o caso e disse que era vítima de “uma campanha de fake news”. A Polícia Federal encontrou um recibo em nome do advogado, comprovando que ele recomprou o Rolex vendido por Mauro Cid para entregá-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU), gesto que lhe custou quase R$ 300 mil.

Na quarta-feira, 16, o advogado concedeu uma coletiva admitindo a compra do artigo de luxo com recursos próprios. Ele confessou que agiu a pedido, mas disse que revelará o mandante “no momento oportuno”.

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