Entorno de Arthur Lira suspeita que PF agiu para atingi-lo


Deputados próximos a Lira suspeitam da coincidência de ações que teriam como objetivo minar o presidente da Casa; ex-assessor foi alvo de operação policial nesta quinta-feira

Por Levy Teles
Atualização:

BRASÍLIA – A operação da Polícia Federal (PF) que nesta quinta-feira, 1º, teve entre os alvos um ex-assessor e aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), provocou reação entre aliados do político alagoano. O círculo de deputados mais próximos a Lira viu na ação da PF um movimento que pode interessar aos seus adversários no Estado e até mesmo ao Palácio do Planalto, com dificuldades de se entender politicamente com o presidente da Câmara. Esse grupo de aliados está acompanhando a operação da PF e cobra explicações da corporação sobre um suposto vazamento de informações da ação policial.

Na Operação Hefesto, realizada para investigar um esquema de fraudes em licitações de 43 cidades de Alagoas, um dos alvos foi Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira. A PF realizou busca e apreensão em endereços Cavalcante em Maceió e Brasília. Na ação, a PF divulgou ter encontrado um cofre recheado com notas de dinheiro. O numerário não era do ex-assessor. Os maços de notas de R$ 100 pertenceriam a um policial civil em Alagoas, segundo apurou o Estadão.

Cofre cheio de dinheiro encontrado pela PF durante operação em Brasília Foto: Polícia Federal
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A vinculação do nome de Lira à operação – o presidente da Câmara não está entre os investigados – irritou não só o político como também seus aliados. Para não se indispor com o governo e com a PF, eles apontam, sob reserva, alguns fatos recentes que indicariam movimentos para fragilizar Lira. O presidente da Câmara segurou o quanto pôde a votação da Medida Provisória de Lula que reestruturou a Esplanada. A MP acabou sendo aprovada em cima da hora, no último dia de vigência.

Entre as “coincidências” detectadas na operação da Polícia Federal estaria o vazamento de informações sobre o nome de Luciano como alvo da ação, já que a PF não costuma divulgar quem é objeto de busca e apreensão. “É preciso uma investigação sobre isso”, afirmou um deputado que é aliado de Lira.

Outro episódio chamou a atenção: no último dia 31, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a tramitação de uma ação penal movida por Lira contra seu desafeto político, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Lira acusa o senador de cometer crimes contra sua honra. A ação tramitava na Justiça Federal e Renan alegou que isso era um caso da competência do STF.

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Renan vem fazendo pesados ataques ao presidente da Câmara e os dois passaram a se enfrentar pelas redes sociais. Na postagem mais recente, feita no dia 29, três dias antes da operação da PF, o senador chamou Lira de caloteiro, disse que desviava dinheiro público e até batia em mulher. O presidente da Câmara não é investigado por esses crimes.

Como mostrou a Coluna do Estadão, esta semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, esteve em Alagoas. Na segunda-feira, sem convidar Lira, participou de um ato com o governador Paulo Dantas para a entrega de viaturas policiais. Também anunciou investimentos de R$ 20 milhões na área da segurança pública. Lira não gostou de ter sido excluído da solenidade. Seus aliados estranharam o fato de Dino, como chefe da PF, ter visitado o estado na mesma semana da operação policial.

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Procurada, a PF informou que a operação foi autorizada dia 1º de maio, mas os mandados de busca só foram expedidos no dia 15. Um casal que era alvo dos mandados de prisão estava viajando e só retornou no dia 28.

Superfaturamento

Na investigação que deu origem à operação desta quinta-feira, 1º, a PF sustenta que houve direcionamento e superfaturamento de contratos para a compra de equipamentos de robótica para escolas públicas, custeados com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), repassados pelo governo federal. As fraudes teriam ocorrido entre 2019 e 2022.

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“As citadas contratações teriam sido ilicitamente direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes”, informa a Polícia Federal. A investigação é tocada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU).

Entre os alvos da operação está a empresa Megalic LTDA, que está registrada no bairro de Jatiúca, em Maceió, com capital social declarado de R$ 1 milhão. A empresa não fabrica os equipamentos e funcionou apenas como intermediária na aquisição dos kits de robótica. Os sócios são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, aliado de Lira.

BRASÍLIA – A operação da Polícia Federal (PF) que nesta quinta-feira, 1º, teve entre os alvos um ex-assessor e aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), provocou reação entre aliados do político alagoano. O círculo de deputados mais próximos a Lira viu na ação da PF um movimento que pode interessar aos seus adversários no Estado e até mesmo ao Palácio do Planalto, com dificuldades de se entender politicamente com o presidente da Câmara. Esse grupo de aliados está acompanhando a operação da PF e cobra explicações da corporação sobre um suposto vazamento de informações da ação policial.

Na Operação Hefesto, realizada para investigar um esquema de fraudes em licitações de 43 cidades de Alagoas, um dos alvos foi Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira. A PF realizou busca e apreensão em endereços Cavalcante em Maceió e Brasília. Na ação, a PF divulgou ter encontrado um cofre recheado com notas de dinheiro. O numerário não era do ex-assessor. Os maços de notas de R$ 100 pertenceriam a um policial civil em Alagoas, segundo apurou o Estadão.

Cofre cheio de dinheiro encontrado pela PF durante operação em Brasília Foto: Polícia Federal

A vinculação do nome de Lira à operação – o presidente da Câmara não está entre os investigados – irritou não só o político como também seus aliados. Para não se indispor com o governo e com a PF, eles apontam, sob reserva, alguns fatos recentes que indicariam movimentos para fragilizar Lira. O presidente da Câmara segurou o quanto pôde a votação da Medida Provisória de Lula que reestruturou a Esplanada. A MP acabou sendo aprovada em cima da hora, no último dia de vigência.

Entre as “coincidências” detectadas na operação da Polícia Federal estaria o vazamento de informações sobre o nome de Luciano como alvo da ação, já que a PF não costuma divulgar quem é objeto de busca e apreensão. “É preciso uma investigação sobre isso”, afirmou um deputado que é aliado de Lira.

Outro episódio chamou a atenção: no último dia 31, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a tramitação de uma ação penal movida por Lira contra seu desafeto político, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Lira acusa o senador de cometer crimes contra sua honra. A ação tramitava na Justiça Federal e Renan alegou que isso era um caso da competência do STF.

Renan vem fazendo pesados ataques ao presidente da Câmara e os dois passaram a se enfrentar pelas redes sociais. Na postagem mais recente, feita no dia 29, três dias antes da operação da PF, o senador chamou Lira de caloteiro, disse que desviava dinheiro público e até batia em mulher. O presidente da Câmara não é investigado por esses crimes.

Como mostrou a Coluna do Estadão, esta semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, esteve em Alagoas. Na segunda-feira, sem convidar Lira, participou de um ato com o governador Paulo Dantas para a entrega de viaturas policiais. Também anunciou investimentos de R$ 20 milhões na área da segurança pública. Lira não gostou de ter sido excluído da solenidade. Seus aliados estranharam o fato de Dino, como chefe da PF, ter visitado o estado na mesma semana da operação policial.

Procurada, a PF informou que a operação foi autorizada dia 1º de maio, mas os mandados de busca só foram expedidos no dia 15. Um casal que era alvo dos mandados de prisão estava viajando e só retornou no dia 28.

Superfaturamento

Na investigação que deu origem à operação desta quinta-feira, 1º, a PF sustenta que houve direcionamento e superfaturamento de contratos para a compra de equipamentos de robótica para escolas públicas, custeados com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), repassados pelo governo federal. As fraudes teriam ocorrido entre 2019 e 2022.

“As citadas contratações teriam sido ilicitamente direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes”, informa a Polícia Federal. A investigação é tocada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU).

Entre os alvos da operação está a empresa Megalic LTDA, que está registrada no bairro de Jatiúca, em Maceió, com capital social declarado de R$ 1 milhão. A empresa não fabrica os equipamentos e funcionou apenas como intermediária na aquisição dos kits de robótica. Os sócios são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, aliado de Lira.

BRASÍLIA – A operação da Polícia Federal (PF) que nesta quinta-feira, 1º, teve entre os alvos um ex-assessor e aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), provocou reação entre aliados do político alagoano. O círculo de deputados mais próximos a Lira viu na ação da PF um movimento que pode interessar aos seus adversários no Estado e até mesmo ao Palácio do Planalto, com dificuldades de se entender politicamente com o presidente da Câmara. Esse grupo de aliados está acompanhando a operação da PF e cobra explicações da corporação sobre um suposto vazamento de informações da ação policial.

Na Operação Hefesto, realizada para investigar um esquema de fraudes em licitações de 43 cidades de Alagoas, um dos alvos foi Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira. A PF realizou busca e apreensão em endereços Cavalcante em Maceió e Brasília. Na ação, a PF divulgou ter encontrado um cofre recheado com notas de dinheiro. O numerário não era do ex-assessor. Os maços de notas de R$ 100 pertenceriam a um policial civil em Alagoas, segundo apurou o Estadão.

Cofre cheio de dinheiro encontrado pela PF durante operação em Brasília Foto: Polícia Federal

A vinculação do nome de Lira à operação – o presidente da Câmara não está entre os investigados – irritou não só o político como também seus aliados. Para não se indispor com o governo e com a PF, eles apontam, sob reserva, alguns fatos recentes que indicariam movimentos para fragilizar Lira. O presidente da Câmara segurou o quanto pôde a votação da Medida Provisória de Lula que reestruturou a Esplanada. A MP acabou sendo aprovada em cima da hora, no último dia de vigência.

Entre as “coincidências” detectadas na operação da Polícia Federal estaria o vazamento de informações sobre o nome de Luciano como alvo da ação, já que a PF não costuma divulgar quem é objeto de busca e apreensão. “É preciso uma investigação sobre isso”, afirmou um deputado que é aliado de Lira.

Outro episódio chamou a atenção: no último dia 31, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a tramitação de uma ação penal movida por Lira contra seu desafeto político, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Lira acusa o senador de cometer crimes contra sua honra. A ação tramitava na Justiça Federal e Renan alegou que isso era um caso da competência do STF.

Renan vem fazendo pesados ataques ao presidente da Câmara e os dois passaram a se enfrentar pelas redes sociais. Na postagem mais recente, feita no dia 29, três dias antes da operação da PF, o senador chamou Lira de caloteiro, disse que desviava dinheiro público e até batia em mulher. O presidente da Câmara não é investigado por esses crimes.

Como mostrou a Coluna do Estadão, esta semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, esteve em Alagoas. Na segunda-feira, sem convidar Lira, participou de um ato com o governador Paulo Dantas para a entrega de viaturas policiais. Também anunciou investimentos de R$ 20 milhões na área da segurança pública. Lira não gostou de ter sido excluído da solenidade. Seus aliados estranharam o fato de Dino, como chefe da PF, ter visitado o estado na mesma semana da operação policial.

Procurada, a PF informou que a operação foi autorizada dia 1º de maio, mas os mandados de busca só foram expedidos no dia 15. Um casal que era alvo dos mandados de prisão estava viajando e só retornou no dia 28.

Superfaturamento

Na investigação que deu origem à operação desta quinta-feira, 1º, a PF sustenta que houve direcionamento e superfaturamento de contratos para a compra de equipamentos de robótica para escolas públicas, custeados com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), repassados pelo governo federal. As fraudes teriam ocorrido entre 2019 e 2022.

“As citadas contratações teriam sido ilicitamente direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes”, informa a Polícia Federal. A investigação é tocada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU).

Entre os alvos da operação está a empresa Megalic LTDA, que está registrada no bairro de Jatiúca, em Maceió, com capital social declarado de R$ 1 milhão. A empresa não fabrica os equipamentos e funcionou apenas como intermediária na aquisição dos kits de robótica. Os sócios são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, aliado de Lira.

BRASÍLIA – A operação da Polícia Federal (PF) que nesta quinta-feira, 1º, teve entre os alvos um ex-assessor e aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), provocou reação entre aliados do político alagoano. O círculo de deputados mais próximos a Lira viu na ação da PF um movimento que pode interessar aos seus adversários no Estado e até mesmo ao Palácio do Planalto, com dificuldades de se entender politicamente com o presidente da Câmara. Esse grupo de aliados está acompanhando a operação da PF e cobra explicações da corporação sobre um suposto vazamento de informações da ação policial.

Na Operação Hefesto, realizada para investigar um esquema de fraudes em licitações de 43 cidades de Alagoas, um dos alvos foi Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira. A PF realizou busca e apreensão em endereços Cavalcante em Maceió e Brasília. Na ação, a PF divulgou ter encontrado um cofre recheado com notas de dinheiro. O numerário não era do ex-assessor. Os maços de notas de R$ 100 pertenceriam a um policial civil em Alagoas, segundo apurou o Estadão.

Cofre cheio de dinheiro encontrado pela PF durante operação em Brasília Foto: Polícia Federal

A vinculação do nome de Lira à operação – o presidente da Câmara não está entre os investigados – irritou não só o político como também seus aliados. Para não se indispor com o governo e com a PF, eles apontam, sob reserva, alguns fatos recentes que indicariam movimentos para fragilizar Lira. O presidente da Câmara segurou o quanto pôde a votação da Medida Provisória de Lula que reestruturou a Esplanada. A MP acabou sendo aprovada em cima da hora, no último dia de vigência.

Entre as “coincidências” detectadas na operação da Polícia Federal estaria o vazamento de informações sobre o nome de Luciano como alvo da ação, já que a PF não costuma divulgar quem é objeto de busca e apreensão. “É preciso uma investigação sobre isso”, afirmou um deputado que é aliado de Lira.

Outro episódio chamou a atenção: no último dia 31, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a tramitação de uma ação penal movida por Lira contra seu desafeto político, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Lira acusa o senador de cometer crimes contra sua honra. A ação tramitava na Justiça Federal e Renan alegou que isso era um caso da competência do STF.

Renan vem fazendo pesados ataques ao presidente da Câmara e os dois passaram a se enfrentar pelas redes sociais. Na postagem mais recente, feita no dia 29, três dias antes da operação da PF, o senador chamou Lira de caloteiro, disse que desviava dinheiro público e até batia em mulher. O presidente da Câmara não é investigado por esses crimes.

Como mostrou a Coluna do Estadão, esta semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, esteve em Alagoas. Na segunda-feira, sem convidar Lira, participou de um ato com o governador Paulo Dantas para a entrega de viaturas policiais. Também anunciou investimentos de R$ 20 milhões na área da segurança pública. Lira não gostou de ter sido excluído da solenidade. Seus aliados estranharam o fato de Dino, como chefe da PF, ter visitado o estado na mesma semana da operação policial.

Procurada, a PF informou que a operação foi autorizada dia 1º de maio, mas os mandados de busca só foram expedidos no dia 15. Um casal que era alvo dos mandados de prisão estava viajando e só retornou no dia 28.

Superfaturamento

Na investigação que deu origem à operação desta quinta-feira, 1º, a PF sustenta que houve direcionamento e superfaturamento de contratos para a compra de equipamentos de robótica para escolas públicas, custeados com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), repassados pelo governo federal. As fraudes teriam ocorrido entre 2019 e 2022.

“As citadas contratações teriam sido ilicitamente direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes”, informa a Polícia Federal. A investigação é tocada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU).

Entre os alvos da operação está a empresa Megalic LTDA, que está registrada no bairro de Jatiúca, em Maceió, com capital social declarado de R$ 1 milhão. A empresa não fabrica os equipamentos e funcionou apenas como intermediária na aquisição dos kits de robótica. Os sócios são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, aliado de Lira.

BRASÍLIA – A operação da Polícia Federal (PF) que nesta quinta-feira, 1º, teve entre os alvos um ex-assessor e aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), provocou reação entre aliados do político alagoano. O círculo de deputados mais próximos a Lira viu na ação da PF um movimento que pode interessar aos seus adversários no Estado e até mesmo ao Palácio do Planalto, com dificuldades de se entender politicamente com o presidente da Câmara. Esse grupo de aliados está acompanhando a operação da PF e cobra explicações da corporação sobre um suposto vazamento de informações da ação policial.

Na Operação Hefesto, realizada para investigar um esquema de fraudes em licitações de 43 cidades de Alagoas, um dos alvos foi Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira. A PF realizou busca e apreensão em endereços Cavalcante em Maceió e Brasília. Na ação, a PF divulgou ter encontrado um cofre recheado com notas de dinheiro. O numerário não era do ex-assessor. Os maços de notas de R$ 100 pertenceriam a um policial civil em Alagoas, segundo apurou o Estadão.

Cofre cheio de dinheiro encontrado pela PF durante operação em Brasília Foto: Polícia Federal

A vinculação do nome de Lira à operação – o presidente da Câmara não está entre os investigados – irritou não só o político como também seus aliados. Para não se indispor com o governo e com a PF, eles apontam, sob reserva, alguns fatos recentes que indicariam movimentos para fragilizar Lira. O presidente da Câmara segurou o quanto pôde a votação da Medida Provisória de Lula que reestruturou a Esplanada. A MP acabou sendo aprovada em cima da hora, no último dia de vigência.

Entre as “coincidências” detectadas na operação da Polícia Federal estaria o vazamento de informações sobre o nome de Luciano como alvo da ação, já que a PF não costuma divulgar quem é objeto de busca e apreensão. “É preciso uma investigação sobre isso”, afirmou um deputado que é aliado de Lira.

Outro episódio chamou a atenção: no último dia 31, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a tramitação de uma ação penal movida por Lira contra seu desafeto político, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Lira acusa o senador de cometer crimes contra sua honra. A ação tramitava na Justiça Federal e Renan alegou que isso era um caso da competência do STF.

Renan vem fazendo pesados ataques ao presidente da Câmara e os dois passaram a se enfrentar pelas redes sociais. Na postagem mais recente, feita no dia 29, três dias antes da operação da PF, o senador chamou Lira de caloteiro, disse que desviava dinheiro público e até batia em mulher. O presidente da Câmara não é investigado por esses crimes.

Como mostrou a Coluna do Estadão, esta semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, esteve em Alagoas. Na segunda-feira, sem convidar Lira, participou de um ato com o governador Paulo Dantas para a entrega de viaturas policiais. Também anunciou investimentos de R$ 20 milhões na área da segurança pública. Lira não gostou de ter sido excluído da solenidade. Seus aliados estranharam o fato de Dino, como chefe da PF, ter visitado o estado na mesma semana da operação policial.

Procurada, a PF informou que a operação foi autorizada dia 1º de maio, mas os mandados de busca só foram expedidos no dia 15. Um casal que era alvo dos mandados de prisão estava viajando e só retornou no dia 28.

Superfaturamento

Na investigação que deu origem à operação desta quinta-feira, 1º, a PF sustenta que houve direcionamento e superfaturamento de contratos para a compra de equipamentos de robótica para escolas públicas, custeados com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), repassados pelo governo federal. As fraudes teriam ocorrido entre 2019 e 2022.

“As citadas contratações teriam sido ilicitamente direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes”, informa a Polícia Federal. A investigação é tocada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU).

Entre os alvos da operação está a empresa Megalic LTDA, que está registrada no bairro de Jatiúca, em Maceió, com capital social declarado de R$ 1 milhão. A empresa não fabrica os equipamentos e funcionou apenas como intermediária na aquisição dos kits de robótica. Os sócios são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, aliado de Lira.

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