Escândalo das joias de diamantes foi operado por base militar de Bolsonaro; veja quem são


Pelo menos sete militares que trabalharam para Bolsonaro tiveram protagonismo no caso das joias ilegais, desde a tentativa de entrar ilegalmente no País até as medidas para reaver os itens apreendidos

Por Adriana Fernandes e André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – Pelo menos sete militares tiveram protagonismo nas ações do governo Jair Bolsonaro para entrar ilegalmente com as joias das Arábias no Brasil ou parar tentar reaver os itens apreendidos. Do primeiro-sargento que pegou um avião da FAB e desembarcou em Guarulhos para retirar os diamantes até o almirante que escondeu que carregava o segundo pacote nas malas, as digitais da caserna estão em vários episódios do escândalo e constrangem as Forças Armadas.

O caso tem início com o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Almirante de Esquadra da Marinha, ele representava o presidente Jair Bolsonaro na comitiva que, em outubro de 2021, esteve em Riade, na Arábia Saudita, e recebeu os presentes que seriam entregues, como ele próprio declarou, ao presidente e à primeira-dama.

Em evento de militares, presidente reiterou compromisso com reforma da Previdência. Foto: EFE
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Com Albuquerque, estava Marcos André dos Santos Soeiro. Tenente da Marinha, Soeiro era o assessor naquela comitiva e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, pela Receita Federal, ao tentar entrar no irregularmente no País sem declarar bens à fiscalização. Naquele dia 26 de outubro, quando foi abordada pelos auditores, a comitiva do presidente foi informada sobre os trâmites para entrarem com presentes oficiais para a Presidência da República, mas não optarem por esse caminho. Além disso, não informaram que, em outra mala, havia uma segunda caixa de presentes – com itens como relógio e caneta de ouro – e que esta tinha passado pela alfândega irregularmente e sem declaração.

A partir da apreensão, um novo bloco de militares seria acionado por Bolsonaro e passaria a atuar no caso, na tentativa de retirar as joias que eram destinadas a Michelle Bolsonaro. José Roberto Bueno Junior, contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos.

O caso chegaria a Julio Cesar Vieira Gomes, ex-oficial da Marinha do Brasil, e então secretário que comandava a Receita Federal. Ele chegou à chefia do órgão um mês depois de os itens serem apreendidos em Guarulhos. Próximo da família Bolsonaro, Gomes faria diversas incursões para tentar liberar os itens estimados em cerca de R$ 16,5 milhões. Seus atos envolveriam, inclusive, diversas tentativas extraoficiais, como envio de mensagens por Whatsapp, e-mails e ligações telefônicas aos auditores da Receita. A pressão chegou a tal ponto que Gomes foi alvo de denúncia por parte desses fiscais junto à Corregedoria do Ministério da Fazenda.

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Dentro do Palácio do Planalto, Bolsonaro acionou, ainda, uma série de militares que tentaram transformar as joias em itens de seu “acervo pessoal”, e não da Presidência da República. Coube ainda aos integrantes das Forças Armadas irem até a alfândega, em Guarulhos, fazer uma tentativa final de reaver os diamantes.

Mauro Cid, que é tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e solicitou que as joias fossem cadastradas no sistema federal como “acervo privado”, mesmo sem ter colocado as mãos nos bens. Esse cadastramento seria feito pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica. À frente da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Mauro Cid também teve apoio de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército. Assessor de Mauro Cid, Holzschuk enviou ofício do departamento para pedir a liberação das joias para o presidente Bolsonaro.

A missão de Mauro Cid não ficaria apenas nisso. Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e braço-direito do ex-presidente, Cid também é quem enviou um emissário a Guarulhos em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), no dia 29 de dezembro do ano passado, para tentar retirar as joias dos cofres da Receita.

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Essa tarefa foi dada a Jairo Moreira da Silva. Primeiro-sargento da Marinha, Jairo tentaria, com documentos exibidos na tela do celular, convencer o auditor da Receita a liberar as joias. Na alfândega e de frente ao fiscal, em Guarulhos, ele conversaria ainda, por telefone, com Mauro Cid e o próprio chefe da Receita, Julio Cesar Veira Gomes, para dar uma cartada final. “Não pode ter nada do antigo pro próximo, tem que tirar tudo e levar”, disse Jairo. Nada teria êxito, dada a retidão dos auditores da Receita que atuaram no caso.

Dentro das Forças Armadas, o sentimento geral é de constrangimento, dado o grau de envolvimento dos militares com o caso. O Estadão questionou o Ministério da Defesa, a Marinha e o Exército sobre o envolvimento dos militares e se alguma atitude será tomada a respeito do assunto. Por meio de nota, a Marinha declarou que “o assunto está sendo apurado fora do âmbito da Marinha do Brasil”.

O Exército declarou que “os militares do Exército Brasileiro (EB) se encontravam em cargo fora da Força, portanto, o processo investigativo, em tese, deve ser instaurado pelo órgão ao qual eles estavam subordinados”.

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O Exército Brasileiro segue à disposição dos Órgãos que apuram os fatos, a fim de contribuir com as investigações, sendo que quaisquer esclarecimentos solicitados serão prestados exclusivamente a esses órgãos. Nesse contexto, a Instituição tem proporcionado total apoio para o esclarecimento de todos os fatos.

Os militares envolvidos no escândalo

Bento Albuquerque

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Almirante de Esquadra da Marinha, era ministro de Minas e Energia no governo Bolsonaro e liderou a comitiva que tentou entrar com as joias irregularmente no Brasil

Marcos André dos Santos Soeiro

Tenente da Marinha, era o assessor do ministro Bento Albuquerque e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, ao tentar entrar no País sem declarar que estava com os presentes

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Julio Cesar Vieira Gomes

Ex-oficial da Marinha do Brasil, era o secretário que comandava a Receita Federal na gestão Bolsonaro e atuou diretamente para tentar liberar as joias, sob orientação do presidente

José Roberto Bueno Junior

Contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos

Mauro Cid

Tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e enviou um emissário em avião da FAB, para tentar retirar as joias apreendidas no aeroporto de Guarulhos

Jairo Moreira da Silva

Primeiro-sargento da Marinha, foi o emissário enviado por Bolsonaro até Guarulhos, para tentar retirar as joias dos cofres da alfândega

Cleiton Henrique Holzschuk

Segundo-tenente do Exército, era assessor da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República e enviou ofício do departamento que pedia a liberação das joias para o presidente Bolsonaro

BRASÍLIA – Pelo menos sete militares tiveram protagonismo nas ações do governo Jair Bolsonaro para entrar ilegalmente com as joias das Arábias no Brasil ou parar tentar reaver os itens apreendidos. Do primeiro-sargento que pegou um avião da FAB e desembarcou em Guarulhos para retirar os diamantes até o almirante que escondeu que carregava o segundo pacote nas malas, as digitais da caserna estão em vários episódios do escândalo e constrangem as Forças Armadas.

O caso tem início com o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Almirante de Esquadra da Marinha, ele representava o presidente Jair Bolsonaro na comitiva que, em outubro de 2021, esteve em Riade, na Arábia Saudita, e recebeu os presentes que seriam entregues, como ele próprio declarou, ao presidente e à primeira-dama.

Em evento de militares, presidente reiterou compromisso com reforma da Previdência. Foto: EFE

Com Albuquerque, estava Marcos André dos Santos Soeiro. Tenente da Marinha, Soeiro era o assessor naquela comitiva e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, pela Receita Federal, ao tentar entrar no irregularmente no País sem declarar bens à fiscalização. Naquele dia 26 de outubro, quando foi abordada pelos auditores, a comitiva do presidente foi informada sobre os trâmites para entrarem com presentes oficiais para a Presidência da República, mas não optarem por esse caminho. Além disso, não informaram que, em outra mala, havia uma segunda caixa de presentes – com itens como relógio e caneta de ouro – e que esta tinha passado pela alfândega irregularmente e sem declaração.

A partir da apreensão, um novo bloco de militares seria acionado por Bolsonaro e passaria a atuar no caso, na tentativa de retirar as joias que eram destinadas a Michelle Bolsonaro. José Roberto Bueno Junior, contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos.

O caso chegaria a Julio Cesar Vieira Gomes, ex-oficial da Marinha do Brasil, e então secretário que comandava a Receita Federal. Ele chegou à chefia do órgão um mês depois de os itens serem apreendidos em Guarulhos. Próximo da família Bolsonaro, Gomes faria diversas incursões para tentar liberar os itens estimados em cerca de R$ 16,5 milhões. Seus atos envolveriam, inclusive, diversas tentativas extraoficiais, como envio de mensagens por Whatsapp, e-mails e ligações telefônicas aos auditores da Receita. A pressão chegou a tal ponto que Gomes foi alvo de denúncia por parte desses fiscais junto à Corregedoria do Ministério da Fazenda.

Dentro do Palácio do Planalto, Bolsonaro acionou, ainda, uma série de militares que tentaram transformar as joias em itens de seu “acervo pessoal”, e não da Presidência da República. Coube ainda aos integrantes das Forças Armadas irem até a alfândega, em Guarulhos, fazer uma tentativa final de reaver os diamantes.

Mauro Cid, que é tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e solicitou que as joias fossem cadastradas no sistema federal como “acervo privado”, mesmo sem ter colocado as mãos nos bens. Esse cadastramento seria feito pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica. À frente da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Mauro Cid também teve apoio de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército. Assessor de Mauro Cid, Holzschuk enviou ofício do departamento para pedir a liberação das joias para o presidente Bolsonaro.

A missão de Mauro Cid não ficaria apenas nisso. Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e braço-direito do ex-presidente, Cid também é quem enviou um emissário a Guarulhos em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), no dia 29 de dezembro do ano passado, para tentar retirar as joias dos cofres da Receita.

Essa tarefa foi dada a Jairo Moreira da Silva. Primeiro-sargento da Marinha, Jairo tentaria, com documentos exibidos na tela do celular, convencer o auditor da Receita a liberar as joias. Na alfândega e de frente ao fiscal, em Guarulhos, ele conversaria ainda, por telefone, com Mauro Cid e o próprio chefe da Receita, Julio Cesar Veira Gomes, para dar uma cartada final. “Não pode ter nada do antigo pro próximo, tem que tirar tudo e levar”, disse Jairo. Nada teria êxito, dada a retidão dos auditores da Receita que atuaram no caso.

Dentro das Forças Armadas, o sentimento geral é de constrangimento, dado o grau de envolvimento dos militares com o caso. O Estadão questionou o Ministério da Defesa, a Marinha e o Exército sobre o envolvimento dos militares e se alguma atitude será tomada a respeito do assunto. Por meio de nota, a Marinha declarou que “o assunto está sendo apurado fora do âmbito da Marinha do Brasil”.

O Exército declarou que “os militares do Exército Brasileiro (EB) se encontravam em cargo fora da Força, portanto, o processo investigativo, em tese, deve ser instaurado pelo órgão ao qual eles estavam subordinados”.

O Exército Brasileiro segue à disposição dos Órgãos que apuram os fatos, a fim de contribuir com as investigações, sendo que quaisquer esclarecimentos solicitados serão prestados exclusivamente a esses órgãos. Nesse contexto, a Instituição tem proporcionado total apoio para o esclarecimento de todos os fatos.

Os militares envolvidos no escândalo

Bento Albuquerque

Almirante de Esquadra da Marinha, era ministro de Minas e Energia no governo Bolsonaro e liderou a comitiva que tentou entrar com as joias irregularmente no Brasil

Marcos André dos Santos Soeiro

Tenente da Marinha, era o assessor do ministro Bento Albuquerque e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, ao tentar entrar no País sem declarar que estava com os presentes

Julio Cesar Vieira Gomes

Ex-oficial da Marinha do Brasil, era o secretário que comandava a Receita Federal na gestão Bolsonaro e atuou diretamente para tentar liberar as joias, sob orientação do presidente

José Roberto Bueno Junior

Contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos

Mauro Cid

Tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e enviou um emissário em avião da FAB, para tentar retirar as joias apreendidas no aeroporto de Guarulhos

Jairo Moreira da Silva

Primeiro-sargento da Marinha, foi o emissário enviado por Bolsonaro até Guarulhos, para tentar retirar as joias dos cofres da alfândega

Cleiton Henrique Holzschuk

Segundo-tenente do Exército, era assessor da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República e enviou ofício do departamento que pedia a liberação das joias para o presidente Bolsonaro

BRASÍLIA – Pelo menos sete militares tiveram protagonismo nas ações do governo Jair Bolsonaro para entrar ilegalmente com as joias das Arábias no Brasil ou parar tentar reaver os itens apreendidos. Do primeiro-sargento que pegou um avião da FAB e desembarcou em Guarulhos para retirar os diamantes até o almirante que escondeu que carregava o segundo pacote nas malas, as digitais da caserna estão em vários episódios do escândalo e constrangem as Forças Armadas.

O caso tem início com o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Almirante de Esquadra da Marinha, ele representava o presidente Jair Bolsonaro na comitiva que, em outubro de 2021, esteve em Riade, na Arábia Saudita, e recebeu os presentes que seriam entregues, como ele próprio declarou, ao presidente e à primeira-dama.

Em evento de militares, presidente reiterou compromisso com reforma da Previdência. Foto: EFE

Com Albuquerque, estava Marcos André dos Santos Soeiro. Tenente da Marinha, Soeiro era o assessor naquela comitiva e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, pela Receita Federal, ao tentar entrar no irregularmente no País sem declarar bens à fiscalização. Naquele dia 26 de outubro, quando foi abordada pelos auditores, a comitiva do presidente foi informada sobre os trâmites para entrarem com presentes oficiais para a Presidência da República, mas não optarem por esse caminho. Além disso, não informaram que, em outra mala, havia uma segunda caixa de presentes – com itens como relógio e caneta de ouro – e que esta tinha passado pela alfândega irregularmente e sem declaração.

A partir da apreensão, um novo bloco de militares seria acionado por Bolsonaro e passaria a atuar no caso, na tentativa de retirar as joias que eram destinadas a Michelle Bolsonaro. José Roberto Bueno Junior, contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos.

O caso chegaria a Julio Cesar Vieira Gomes, ex-oficial da Marinha do Brasil, e então secretário que comandava a Receita Federal. Ele chegou à chefia do órgão um mês depois de os itens serem apreendidos em Guarulhos. Próximo da família Bolsonaro, Gomes faria diversas incursões para tentar liberar os itens estimados em cerca de R$ 16,5 milhões. Seus atos envolveriam, inclusive, diversas tentativas extraoficiais, como envio de mensagens por Whatsapp, e-mails e ligações telefônicas aos auditores da Receita. A pressão chegou a tal ponto que Gomes foi alvo de denúncia por parte desses fiscais junto à Corregedoria do Ministério da Fazenda.

Dentro do Palácio do Planalto, Bolsonaro acionou, ainda, uma série de militares que tentaram transformar as joias em itens de seu “acervo pessoal”, e não da Presidência da República. Coube ainda aos integrantes das Forças Armadas irem até a alfândega, em Guarulhos, fazer uma tentativa final de reaver os diamantes.

Mauro Cid, que é tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e solicitou que as joias fossem cadastradas no sistema federal como “acervo privado”, mesmo sem ter colocado as mãos nos bens. Esse cadastramento seria feito pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica. À frente da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Mauro Cid também teve apoio de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército. Assessor de Mauro Cid, Holzschuk enviou ofício do departamento para pedir a liberação das joias para o presidente Bolsonaro.

A missão de Mauro Cid não ficaria apenas nisso. Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e braço-direito do ex-presidente, Cid também é quem enviou um emissário a Guarulhos em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), no dia 29 de dezembro do ano passado, para tentar retirar as joias dos cofres da Receita.

Essa tarefa foi dada a Jairo Moreira da Silva. Primeiro-sargento da Marinha, Jairo tentaria, com documentos exibidos na tela do celular, convencer o auditor da Receita a liberar as joias. Na alfândega e de frente ao fiscal, em Guarulhos, ele conversaria ainda, por telefone, com Mauro Cid e o próprio chefe da Receita, Julio Cesar Veira Gomes, para dar uma cartada final. “Não pode ter nada do antigo pro próximo, tem que tirar tudo e levar”, disse Jairo. Nada teria êxito, dada a retidão dos auditores da Receita que atuaram no caso.

Dentro das Forças Armadas, o sentimento geral é de constrangimento, dado o grau de envolvimento dos militares com o caso. O Estadão questionou o Ministério da Defesa, a Marinha e o Exército sobre o envolvimento dos militares e se alguma atitude será tomada a respeito do assunto. Por meio de nota, a Marinha declarou que “o assunto está sendo apurado fora do âmbito da Marinha do Brasil”.

O Exército declarou que “os militares do Exército Brasileiro (EB) se encontravam em cargo fora da Força, portanto, o processo investigativo, em tese, deve ser instaurado pelo órgão ao qual eles estavam subordinados”.

O Exército Brasileiro segue à disposição dos Órgãos que apuram os fatos, a fim de contribuir com as investigações, sendo que quaisquer esclarecimentos solicitados serão prestados exclusivamente a esses órgãos. Nesse contexto, a Instituição tem proporcionado total apoio para o esclarecimento de todos os fatos.

Os militares envolvidos no escândalo

Bento Albuquerque

Almirante de Esquadra da Marinha, era ministro de Minas e Energia no governo Bolsonaro e liderou a comitiva que tentou entrar com as joias irregularmente no Brasil

Marcos André dos Santos Soeiro

Tenente da Marinha, era o assessor do ministro Bento Albuquerque e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, ao tentar entrar no País sem declarar que estava com os presentes

Julio Cesar Vieira Gomes

Ex-oficial da Marinha do Brasil, era o secretário que comandava a Receita Federal na gestão Bolsonaro e atuou diretamente para tentar liberar as joias, sob orientação do presidente

José Roberto Bueno Junior

Contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos

Mauro Cid

Tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e enviou um emissário em avião da FAB, para tentar retirar as joias apreendidas no aeroporto de Guarulhos

Jairo Moreira da Silva

Primeiro-sargento da Marinha, foi o emissário enviado por Bolsonaro até Guarulhos, para tentar retirar as joias dos cofres da alfândega

Cleiton Henrique Holzschuk

Segundo-tenente do Exército, era assessor da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República e enviou ofício do departamento que pedia a liberação das joias para o presidente Bolsonaro

BRASÍLIA – Pelo menos sete militares tiveram protagonismo nas ações do governo Jair Bolsonaro para entrar ilegalmente com as joias das Arábias no Brasil ou parar tentar reaver os itens apreendidos. Do primeiro-sargento que pegou um avião da FAB e desembarcou em Guarulhos para retirar os diamantes até o almirante que escondeu que carregava o segundo pacote nas malas, as digitais da caserna estão em vários episódios do escândalo e constrangem as Forças Armadas.

O caso tem início com o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Almirante de Esquadra da Marinha, ele representava o presidente Jair Bolsonaro na comitiva que, em outubro de 2021, esteve em Riade, na Arábia Saudita, e recebeu os presentes que seriam entregues, como ele próprio declarou, ao presidente e à primeira-dama.

Em evento de militares, presidente reiterou compromisso com reforma da Previdência. Foto: EFE

Com Albuquerque, estava Marcos André dos Santos Soeiro. Tenente da Marinha, Soeiro era o assessor naquela comitiva e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, pela Receita Federal, ao tentar entrar no irregularmente no País sem declarar bens à fiscalização. Naquele dia 26 de outubro, quando foi abordada pelos auditores, a comitiva do presidente foi informada sobre os trâmites para entrarem com presentes oficiais para a Presidência da República, mas não optarem por esse caminho. Além disso, não informaram que, em outra mala, havia uma segunda caixa de presentes – com itens como relógio e caneta de ouro – e que esta tinha passado pela alfândega irregularmente e sem declaração.

A partir da apreensão, um novo bloco de militares seria acionado por Bolsonaro e passaria a atuar no caso, na tentativa de retirar as joias que eram destinadas a Michelle Bolsonaro. José Roberto Bueno Junior, contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos.

O caso chegaria a Julio Cesar Vieira Gomes, ex-oficial da Marinha do Brasil, e então secretário que comandava a Receita Federal. Ele chegou à chefia do órgão um mês depois de os itens serem apreendidos em Guarulhos. Próximo da família Bolsonaro, Gomes faria diversas incursões para tentar liberar os itens estimados em cerca de R$ 16,5 milhões. Seus atos envolveriam, inclusive, diversas tentativas extraoficiais, como envio de mensagens por Whatsapp, e-mails e ligações telefônicas aos auditores da Receita. A pressão chegou a tal ponto que Gomes foi alvo de denúncia por parte desses fiscais junto à Corregedoria do Ministério da Fazenda.

Dentro do Palácio do Planalto, Bolsonaro acionou, ainda, uma série de militares que tentaram transformar as joias em itens de seu “acervo pessoal”, e não da Presidência da República. Coube ainda aos integrantes das Forças Armadas irem até a alfândega, em Guarulhos, fazer uma tentativa final de reaver os diamantes.

Mauro Cid, que é tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e solicitou que as joias fossem cadastradas no sistema federal como “acervo privado”, mesmo sem ter colocado as mãos nos bens. Esse cadastramento seria feito pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica. À frente da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Mauro Cid também teve apoio de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército. Assessor de Mauro Cid, Holzschuk enviou ofício do departamento para pedir a liberação das joias para o presidente Bolsonaro.

A missão de Mauro Cid não ficaria apenas nisso. Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e braço-direito do ex-presidente, Cid também é quem enviou um emissário a Guarulhos em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), no dia 29 de dezembro do ano passado, para tentar retirar as joias dos cofres da Receita.

Essa tarefa foi dada a Jairo Moreira da Silva. Primeiro-sargento da Marinha, Jairo tentaria, com documentos exibidos na tela do celular, convencer o auditor da Receita a liberar as joias. Na alfândega e de frente ao fiscal, em Guarulhos, ele conversaria ainda, por telefone, com Mauro Cid e o próprio chefe da Receita, Julio Cesar Veira Gomes, para dar uma cartada final. “Não pode ter nada do antigo pro próximo, tem que tirar tudo e levar”, disse Jairo. Nada teria êxito, dada a retidão dos auditores da Receita que atuaram no caso.

Dentro das Forças Armadas, o sentimento geral é de constrangimento, dado o grau de envolvimento dos militares com o caso. O Estadão questionou o Ministério da Defesa, a Marinha e o Exército sobre o envolvimento dos militares e se alguma atitude será tomada a respeito do assunto. Por meio de nota, a Marinha declarou que “o assunto está sendo apurado fora do âmbito da Marinha do Brasil”.

O Exército declarou que “os militares do Exército Brasileiro (EB) se encontravam em cargo fora da Força, portanto, o processo investigativo, em tese, deve ser instaurado pelo órgão ao qual eles estavam subordinados”.

O Exército Brasileiro segue à disposição dos Órgãos que apuram os fatos, a fim de contribuir com as investigações, sendo que quaisquer esclarecimentos solicitados serão prestados exclusivamente a esses órgãos. Nesse contexto, a Instituição tem proporcionado total apoio para o esclarecimento de todos os fatos.

Os militares envolvidos no escândalo

Bento Albuquerque

Almirante de Esquadra da Marinha, era ministro de Minas e Energia no governo Bolsonaro e liderou a comitiva que tentou entrar com as joias irregularmente no Brasil

Marcos André dos Santos Soeiro

Tenente da Marinha, era o assessor do ministro Bento Albuquerque e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, ao tentar entrar no País sem declarar que estava com os presentes

Julio Cesar Vieira Gomes

Ex-oficial da Marinha do Brasil, era o secretário que comandava a Receita Federal na gestão Bolsonaro e atuou diretamente para tentar liberar as joias, sob orientação do presidente

José Roberto Bueno Junior

Contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos

Mauro Cid

Tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e enviou um emissário em avião da FAB, para tentar retirar as joias apreendidas no aeroporto de Guarulhos

Jairo Moreira da Silva

Primeiro-sargento da Marinha, foi o emissário enviado por Bolsonaro até Guarulhos, para tentar retirar as joias dos cofres da alfândega

Cleiton Henrique Holzschuk

Segundo-tenente do Exército, era assessor da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República e enviou ofício do departamento que pedia a liberação das joias para o presidente Bolsonaro

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