Espumante e uísque 12 anos à vontade; veja como foi a festa do PT com ingresso de até R$ 20 mil


Em viagem pelo Nordeste, Lula não compareceu; Haddad segurou bebê no colo e tirou selfies em encontro que tinha como objetivo meta de arrecadação; cardápio incluiu frango à crosta de alho, filé mignon e massas

Por Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA – Sem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no salão, a festa de 43 anos do PT, na noite desta terça-feira, 14, nem de longe lotou o Porto Real Beira Lago, em Brasília, mas, mesmo assim, arrecadou cerca de R$ 800 mil para o partido. Foram vendidos quase 700 convites, de R$ 500 a R$ 20 mil. Avisados de que Lula estava na Bahia, porém, muitos compradores desistiram de comparecer.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o último integrante do primeiro escalão do governo a chegar ao jantar, às 22 horas, quando o hit “Vermelho” já havia tocado mais de uma vez. Acompanhado da mulher Ana Estela, parou para tirar selfies e carregou até um bebê no colo. Ao menos naquele espaço, Haddad não ouviu críticas de petistas que atacam seu estilo, considerado muito moderado na queda de braço de Lula e do PT com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O ministro Fernando Haddad na festa de 43 anos do PT Foto: Vera Rosa
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Após saborear um frango à crosta de alho com risoto de gorgonzola e salada caesar, dispensando massas, filé mignon e batata gratinada, o ministro da Fazenda deu umas batucadas na mesa. No palco, a banda tocava “Retalhos de Cetim”, de Benito de Paula. “Mas chegou o carnaval/ E ela não desfilou/Eu chorei na avenida/Eu chorei...”, cantarolou Haddad, sem querer tocar em temas áridos, como a tão esperada conversa entre o “fiscal” e o “monetário”. “Estou falando demais”, disse ele. Ficou apenas 35 minutos no salão e saiu, apressado.

O assunto ali não era Campos Neto nem meta fiscal. “A meta aqui é arrecadar fundos para o PT”, afirmou o secretário de Comunicação do partido, deputado Jilmar Tatto, conhecido como “arroz de festa” por ficar até o fim.

Dos 10 ministros do PT, apenas quatro compareceram à festa. Além de Haddad, passaram pelo salão o articulador político do governo, Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.

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Petistas em pista de dança durante a festa dos 43 anos do PT que teve ingresso de até R$ 20 mil Foto: Vera Rosa

Cobertas com toalhas adamascadas na cor off-white, as mesas dos ministros exibiam seus nomes com uma placa de “Reservado”. Os convites para o jantar de arrecadação foram vendidos em cinco faixas de preço: R$ 500, R$ 1 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 20 mil. O mais caro não dava vantagem adicional, nem menu diferenciado, embora muitos achassem que pudessem ficar mais perto de Lula.

“Eu consegui vender vários de R$ 20 mil”, contou o ministro do Trabalho, sem revelar os nomes dos abonados. Até ontem, a secretária de Finanças do partido, Gleide Andrade, não havia contabilizado quantas pessoas compraram ingressos de R$ 20 mil.

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Enquanto garçons serviam suco, refrigerante, cerveja, vinhos e espumante Casa Petrini, além de uísque Old Parr 12 anos e gin Beefeater London, Padilha conversava animadamente sobre as articulações para a formação da base aliada no Congresso. Muitos queriam saber bastidores dos desentendimentos com o União Brasil, que, apesar de ganhar três ministérios (Comunicações, Turismo e Integração), anunciou independência em relação ao governo. “Não se preocupem. A aposta deles é ficar cada vez mais no governo”, minimizou o ministro.

Prefeitos e deputados cercavam Padilha, bastante “cobiçado” para selfies. O barulho no salão, porém, era imenso. Em um ambiente com música alta e muita desafinação, garçons circulavam com bandejas de salgadinhos e entradas como ceviche, escondidinho de bacalhau e camarão empanado.

Luzes

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A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, subiu ao palco de luzes coloridas para agradecer os companheiros, transmitir “o abraço do presidente Lula” e avisar que ele não estava ali porque havia viajado com uma missão muito importante: lançar o novo Minha Casa, Minha Vida na Bahia. “É um programa emblemático para nós. O nosso lema é crescimento e emprego”, afirmou Gleisi. “Cada um de vocês ajudou nessa caminhada, que foi difícil. Que a gente siga com sucesso e possa fazer um governo que mude a vida das pessoas e mude o Brasil.”

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, aplaudiu. Perto dali, o ex-governador de Minas Fernando Pimentel, que não conseguiu se eleger deputado federal, conversava sobre a campanha. Dizia que, embora não tivesse conquistado o mandato, o PT havia feito a maior bancada da Assembleia mineira.

Na pista de dança quem mais se aventurou foi o deputado Zeca Dirceu, líder do PT na Câmara, além de servidores dos ministérios, da Câmara e do Senado. “Eu até queria ter dançado, mas não me arrisquei nesses passos diferentes”, justificou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso. A play list da festa era eclética: ia de MPB a samba, passando por Bee Gees e Chubby Checker, com “Let’s Twist Again”.

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Gleide Andrade, a tesoureira, disse que o dinheiro arrecadado será investido principalmente em cursos de formação política para novos quadros. “Queremos que cada um possa fazer sua contribuição para o autofinanciamento do partido”, afirmou.

No fim da festa, o samba enredo da União Ilha do Governador, de 1982, invadiu o salão. “Acredito ser o mais valente/Nesta luta do rochedo com o mar (e com o mar)/É hoje o dia da alegria/E a tristeza nem pode pensar em chegar”, cantavam os petistas, enquanto garçons lembravam que ainda havia muito sorvete de creme e chocolate, com calda de banana, no buffet a poucos metros dali.

Luiz Marinho foi o último ministro a deixar a festa. Questionado sobre quando será anunciada a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos, Marinho fez cara de paisagem e sorriu. “Está em construção. O presidente está antenado em absolutamente tudo. Não se preocupem”, comentou. E foi embora.

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Embora Marinho não tenha confirmado, o Estadão apurou que esse pacote, incluindo também o aumento do salário mínimo para R$ 1.320 e o programa de renegociação das dívidas, batizado de Desenrola, entrará em vigor a partir de 1.° de maio.

BRASÍLIA – Sem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no salão, a festa de 43 anos do PT, na noite desta terça-feira, 14, nem de longe lotou o Porto Real Beira Lago, em Brasília, mas, mesmo assim, arrecadou cerca de R$ 800 mil para o partido. Foram vendidos quase 700 convites, de R$ 500 a R$ 20 mil. Avisados de que Lula estava na Bahia, porém, muitos compradores desistiram de comparecer.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o último integrante do primeiro escalão do governo a chegar ao jantar, às 22 horas, quando o hit “Vermelho” já havia tocado mais de uma vez. Acompanhado da mulher Ana Estela, parou para tirar selfies e carregou até um bebê no colo. Ao menos naquele espaço, Haddad não ouviu críticas de petistas que atacam seu estilo, considerado muito moderado na queda de braço de Lula e do PT com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O ministro Fernando Haddad na festa de 43 anos do PT Foto: Vera Rosa

Após saborear um frango à crosta de alho com risoto de gorgonzola e salada caesar, dispensando massas, filé mignon e batata gratinada, o ministro da Fazenda deu umas batucadas na mesa. No palco, a banda tocava “Retalhos de Cetim”, de Benito de Paula. “Mas chegou o carnaval/ E ela não desfilou/Eu chorei na avenida/Eu chorei...”, cantarolou Haddad, sem querer tocar em temas áridos, como a tão esperada conversa entre o “fiscal” e o “monetário”. “Estou falando demais”, disse ele. Ficou apenas 35 minutos no salão e saiu, apressado.

O assunto ali não era Campos Neto nem meta fiscal. “A meta aqui é arrecadar fundos para o PT”, afirmou o secretário de Comunicação do partido, deputado Jilmar Tatto, conhecido como “arroz de festa” por ficar até o fim.

Dos 10 ministros do PT, apenas quatro compareceram à festa. Além de Haddad, passaram pelo salão o articulador político do governo, Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.

Petistas em pista de dança durante a festa dos 43 anos do PT que teve ingresso de até R$ 20 mil Foto: Vera Rosa

Cobertas com toalhas adamascadas na cor off-white, as mesas dos ministros exibiam seus nomes com uma placa de “Reservado”. Os convites para o jantar de arrecadação foram vendidos em cinco faixas de preço: R$ 500, R$ 1 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 20 mil. O mais caro não dava vantagem adicional, nem menu diferenciado, embora muitos achassem que pudessem ficar mais perto de Lula.

“Eu consegui vender vários de R$ 20 mil”, contou o ministro do Trabalho, sem revelar os nomes dos abonados. Até ontem, a secretária de Finanças do partido, Gleide Andrade, não havia contabilizado quantas pessoas compraram ingressos de R$ 20 mil.

Enquanto garçons serviam suco, refrigerante, cerveja, vinhos e espumante Casa Petrini, além de uísque Old Parr 12 anos e gin Beefeater London, Padilha conversava animadamente sobre as articulações para a formação da base aliada no Congresso. Muitos queriam saber bastidores dos desentendimentos com o União Brasil, que, apesar de ganhar três ministérios (Comunicações, Turismo e Integração), anunciou independência em relação ao governo. “Não se preocupem. A aposta deles é ficar cada vez mais no governo”, minimizou o ministro.

Prefeitos e deputados cercavam Padilha, bastante “cobiçado” para selfies. O barulho no salão, porém, era imenso. Em um ambiente com música alta e muita desafinação, garçons circulavam com bandejas de salgadinhos e entradas como ceviche, escondidinho de bacalhau e camarão empanado.

Luzes

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, subiu ao palco de luzes coloridas para agradecer os companheiros, transmitir “o abraço do presidente Lula” e avisar que ele não estava ali porque havia viajado com uma missão muito importante: lançar o novo Minha Casa, Minha Vida na Bahia. “É um programa emblemático para nós. O nosso lema é crescimento e emprego”, afirmou Gleisi. “Cada um de vocês ajudou nessa caminhada, que foi difícil. Que a gente siga com sucesso e possa fazer um governo que mude a vida das pessoas e mude o Brasil.”

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, aplaudiu. Perto dali, o ex-governador de Minas Fernando Pimentel, que não conseguiu se eleger deputado federal, conversava sobre a campanha. Dizia que, embora não tivesse conquistado o mandato, o PT havia feito a maior bancada da Assembleia mineira.

Na pista de dança quem mais se aventurou foi o deputado Zeca Dirceu, líder do PT na Câmara, além de servidores dos ministérios, da Câmara e do Senado. “Eu até queria ter dançado, mas não me arrisquei nesses passos diferentes”, justificou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso. A play list da festa era eclética: ia de MPB a samba, passando por Bee Gees e Chubby Checker, com “Let’s Twist Again”.

Gleide Andrade, a tesoureira, disse que o dinheiro arrecadado será investido principalmente em cursos de formação política para novos quadros. “Queremos que cada um possa fazer sua contribuição para o autofinanciamento do partido”, afirmou.

No fim da festa, o samba enredo da União Ilha do Governador, de 1982, invadiu o salão. “Acredito ser o mais valente/Nesta luta do rochedo com o mar (e com o mar)/É hoje o dia da alegria/E a tristeza nem pode pensar em chegar”, cantavam os petistas, enquanto garçons lembravam que ainda havia muito sorvete de creme e chocolate, com calda de banana, no buffet a poucos metros dali.

Luiz Marinho foi o último ministro a deixar a festa. Questionado sobre quando será anunciada a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos, Marinho fez cara de paisagem e sorriu. “Está em construção. O presidente está antenado em absolutamente tudo. Não se preocupem”, comentou. E foi embora.

Embora Marinho não tenha confirmado, o Estadão apurou que esse pacote, incluindo também o aumento do salário mínimo para R$ 1.320 e o programa de renegociação das dívidas, batizado de Desenrola, entrará em vigor a partir de 1.° de maio.

BRASÍLIA – Sem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no salão, a festa de 43 anos do PT, na noite desta terça-feira, 14, nem de longe lotou o Porto Real Beira Lago, em Brasília, mas, mesmo assim, arrecadou cerca de R$ 800 mil para o partido. Foram vendidos quase 700 convites, de R$ 500 a R$ 20 mil. Avisados de que Lula estava na Bahia, porém, muitos compradores desistiram de comparecer.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o último integrante do primeiro escalão do governo a chegar ao jantar, às 22 horas, quando o hit “Vermelho” já havia tocado mais de uma vez. Acompanhado da mulher Ana Estela, parou para tirar selfies e carregou até um bebê no colo. Ao menos naquele espaço, Haddad não ouviu críticas de petistas que atacam seu estilo, considerado muito moderado na queda de braço de Lula e do PT com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O ministro Fernando Haddad na festa de 43 anos do PT Foto: Vera Rosa

Após saborear um frango à crosta de alho com risoto de gorgonzola e salada caesar, dispensando massas, filé mignon e batata gratinada, o ministro da Fazenda deu umas batucadas na mesa. No palco, a banda tocava “Retalhos de Cetim”, de Benito de Paula. “Mas chegou o carnaval/ E ela não desfilou/Eu chorei na avenida/Eu chorei...”, cantarolou Haddad, sem querer tocar em temas áridos, como a tão esperada conversa entre o “fiscal” e o “monetário”. “Estou falando demais”, disse ele. Ficou apenas 35 minutos no salão e saiu, apressado.

O assunto ali não era Campos Neto nem meta fiscal. “A meta aqui é arrecadar fundos para o PT”, afirmou o secretário de Comunicação do partido, deputado Jilmar Tatto, conhecido como “arroz de festa” por ficar até o fim.

Dos 10 ministros do PT, apenas quatro compareceram à festa. Além de Haddad, passaram pelo salão o articulador político do governo, Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.

Petistas em pista de dança durante a festa dos 43 anos do PT que teve ingresso de até R$ 20 mil Foto: Vera Rosa

Cobertas com toalhas adamascadas na cor off-white, as mesas dos ministros exibiam seus nomes com uma placa de “Reservado”. Os convites para o jantar de arrecadação foram vendidos em cinco faixas de preço: R$ 500, R$ 1 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 20 mil. O mais caro não dava vantagem adicional, nem menu diferenciado, embora muitos achassem que pudessem ficar mais perto de Lula.

“Eu consegui vender vários de R$ 20 mil”, contou o ministro do Trabalho, sem revelar os nomes dos abonados. Até ontem, a secretária de Finanças do partido, Gleide Andrade, não havia contabilizado quantas pessoas compraram ingressos de R$ 20 mil.

Enquanto garçons serviam suco, refrigerante, cerveja, vinhos e espumante Casa Petrini, além de uísque Old Parr 12 anos e gin Beefeater London, Padilha conversava animadamente sobre as articulações para a formação da base aliada no Congresso. Muitos queriam saber bastidores dos desentendimentos com o União Brasil, que, apesar de ganhar três ministérios (Comunicações, Turismo e Integração), anunciou independência em relação ao governo. “Não se preocupem. A aposta deles é ficar cada vez mais no governo”, minimizou o ministro.

Prefeitos e deputados cercavam Padilha, bastante “cobiçado” para selfies. O barulho no salão, porém, era imenso. Em um ambiente com música alta e muita desafinação, garçons circulavam com bandejas de salgadinhos e entradas como ceviche, escondidinho de bacalhau e camarão empanado.

Luzes

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, subiu ao palco de luzes coloridas para agradecer os companheiros, transmitir “o abraço do presidente Lula” e avisar que ele não estava ali porque havia viajado com uma missão muito importante: lançar o novo Minha Casa, Minha Vida na Bahia. “É um programa emblemático para nós. O nosso lema é crescimento e emprego”, afirmou Gleisi. “Cada um de vocês ajudou nessa caminhada, que foi difícil. Que a gente siga com sucesso e possa fazer um governo que mude a vida das pessoas e mude o Brasil.”

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, aplaudiu. Perto dali, o ex-governador de Minas Fernando Pimentel, que não conseguiu se eleger deputado federal, conversava sobre a campanha. Dizia que, embora não tivesse conquistado o mandato, o PT havia feito a maior bancada da Assembleia mineira.

Na pista de dança quem mais se aventurou foi o deputado Zeca Dirceu, líder do PT na Câmara, além de servidores dos ministérios, da Câmara e do Senado. “Eu até queria ter dançado, mas não me arrisquei nesses passos diferentes”, justificou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso. A play list da festa era eclética: ia de MPB a samba, passando por Bee Gees e Chubby Checker, com “Let’s Twist Again”.

Gleide Andrade, a tesoureira, disse que o dinheiro arrecadado será investido principalmente em cursos de formação política para novos quadros. “Queremos que cada um possa fazer sua contribuição para o autofinanciamento do partido”, afirmou.

No fim da festa, o samba enredo da União Ilha do Governador, de 1982, invadiu o salão. “Acredito ser o mais valente/Nesta luta do rochedo com o mar (e com o mar)/É hoje o dia da alegria/E a tristeza nem pode pensar em chegar”, cantavam os petistas, enquanto garçons lembravam que ainda havia muito sorvete de creme e chocolate, com calda de banana, no buffet a poucos metros dali.

Luiz Marinho foi o último ministro a deixar a festa. Questionado sobre quando será anunciada a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos, Marinho fez cara de paisagem e sorriu. “Está em construção. O presidente está antenado em absolutamente tudo. Não se preocupem”, comentou. E foi embora.

Embora Marinho não tenha confirmado, o Estadão apurou que esse pacote, incluindo também o aumento do salário mínimo para R$ 1.320 e o programa de renegociação das dívidas, batizado de Desenrola, entrará em vigor a partir de 1.° de maio.

BRASÍLIA – Sem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no salão, a festa de 43 anos do PT, na noite desta terça-feira, 14, nem de longe lotou o Porto Real Beira Lago, em Brasília, mas, mesmo assim, arrecadou cerca de R$ 800 mil para o partido. Foram vendidos quase 700 convites, de R$ 500 a R$ 20 mil. Avisados de que Lula estava na Bahia, porém, muitos compradores desistiram de comparecer.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o último integrante do primeiro escalão do governo a chegar ao jantar, às 22 horas, quando o hit “Vermelho” já havia tocado mais de uma vez. Acompanhado da mulher Ana Estela, parou para tirar selfies e carregou até um bebê no colo. Ao menos naquele espaço, Haddad não ouviu críticas de petistas que atacam seu estilo, considerado muito moderado na queda de braço de Lula e do PT com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O ministro Fernando Haddad na festa de 43 anos do PT Foto: Vera Rosa

Após saborear um frango à crosta de alho com risoto de gorgonzola e salada caesar, dispensando massas, filé mignon e batata gratinada, o ministro da Fazenda deu umas batucadas na mesa. No palco, a banda tocava “Retalhos de Cetim”, de Benito de Paula. “Mas chegou o carnaval/ E ela não desfilou/Eu chorei na avenida/Eu chorei...”, cantarolou Haddad, sem querer tocar em temas áridos, como a tão esperada conversa entre o “fiscal” e o “monetário”. “Estou falando demais”, disse ele. Ficou apenas 35 minutos no salão e saiu, apressado.

O assunto ali não era Campos Neto nem meta fiscal. “A meta aqui é arrecadar fundos para o PT”, afirmou o secretário de Comunicação do partido, deputado Jilmar Tatto, conhecido como “arroz de festa” por ficar até o fim.

Dos 10 ministros do PT, apenas quatro compareceram à festa. Além de Haddad, passaram pelo salão o articulador político do governo, Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.

Petistas em pista de dança durante a festa dos 43 anos do PT que teve ingresso de até R$ 20 mil Foto: Vera Rosa

Cobertas com toalhas adamascadas na cor off-white, as mesas dos ministros exibiam seus nomes com uma placa de “Reservado”. Os convites para o jantar de arrecadação foram vendidos em cinco faixas de preço: R$ 500, R$ 1 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 20 mil. O mais caro não dava vantagem adicional, nem menu diferenciado, embora muitos achassem que pudessem ficar mais perto de Lula.

“Eu consegui vender vários de R$ 20 mil”, contou o ministro do Trabalho, sem revelar os nomes dos abonados. Até ontem, a secretária de Finanças do partido, Gleide Andrade, não havia contabilizado quantas pessoas compraram ingressos de R$ 20 mil.

Enquanto garçons serviam suco, refrigerante, cerveja, vinhos e espumante Casa Petrini, além de uísque Old Parr 12 anos e gin Beefeater London, Padilha conversava animadamente sobre as articulações para a formação da base aliada no Congresso. Muitos queriam saber bastidores dos desentendimentos com o União Brasil, que, apesar de ganhar três ministérios (Comunicações, Turismo e Integração), anunciou independência em relação ao governo. “Não se preocupem. A aposta deles é ficar cada vez mais no governo”, minimizou o ministro.

Prefeitos e deputados cercavam Padilha, bastante “cobiçado” para selfies. O barulho no salão, porém, era imenso. Em um ambiente com música alta e muita desafinação, garçons circulavam com bandejas de salgadinhos e entradas como ceviche, escondidinho de bacalhau e camarão empanado.

Luzes

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, subiu ao palco de luzes coloridas para agradecer os companheiros, transmitir “o abraço do presidente Lula” e avisar que ele não estava ali porque havia viajado com uma missão muito importante: lançar o novo Minha Casa, Minha Vida na Bahia. “É um programa emblemático para nós. O nosso lema é crescimento e emprego”, afirmou Gleisi. “Cada um de vocês ajudou nessa caminhada, que foi difícil. Que a gente siga com sucesso e possa fazer um governo que mude a vida das pessoas e mude o Brasil.”

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, aplaudiu. Perto dali, o ex-governador de Minas Fernando Pimentel, que não conseguiu se eleger deputado federal, conversava sobre a campanha. Dizia que, embora não tivesse conquistado o mandato, o PT havia feito a maior bancada da Assembleia mineira.

Na pista de dança quem mais se aventurou foi o deputado Zeca Dirceu, líder do PT na Câmara, além de servidores dos ministérios, da Câmara e do Senado. “Eu até queria ter dançado, mas não me arrisquei nesses passos diferentes”, justificou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso. A play list da festa era eclética: ia de MPB a samba, passando por Bee Gees e Chubby Checker, com “Let’s Twist Again”.

Gleide Andrade, a tesoureira, disse que o dinheiro arrecadado será investido principalmente em cursos de formação política para novos quadros. “Queremos que cada um possa fazer sua contribuição para o autofinanciamento do partido”, afirmou.

No fim da festa, o samba enredo da União Ilha do Governador, de 1982, invadiu o salão. “Acredito ser o mais valente/Nesta luta do rochedo com o mar (e com o mar)/É hoje o dia da alegria/E a tristeza nem pode pensar em chegar”, cantavam os petistas, enquanto garçons lembravam que ainda havia muito sorvete de creme e chocolate, com calda de banana, no buffet a poucos metros dali.

Luiz Marinho foi o último ministro a deixar a festa. Questionado sobre quando será anunciada a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos, Marinho fez cara de paisagem e sorriu. “Está em construção. O presidente está antenado em absolutamente tudo. Não se preocupem”, comentou. E foi embora.

Embora Marinho não tenha confirmado, o Estadão apurou que esse pacote, incluindo também o aumento do salário mínimo para R$ 1.320 e o programa de renegociação das dívidas, batizado de Desenrola, entrará em vigor a partir de 1.° de maio.

BRASÍLIA – Sem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no salão, a festa de 43 anos do PT, na noite desta terça-feira, 14, nem de longe lotou o Porto Real Beira Lago, em Brasília, mas, mesmo assim, arrecadou cerca de R$ 800 mil para o partido. Foram vendidos quase 700 convites, de R$ 500 a R$ 20 mil. Avisados de que Lula estava na Bahia, porém, muitos compradores desistiram de comparecer.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o último integrante do primeiro escalão do governo a chegar ao jantar, às 22 horas, quando o hit “Vermelho” já havia tocado mais de uma vez. Acompanhado da mulher Ana Estela, parou para tirar selfies e carregou até um bebê no colo. Ao menos naquele espaço, Haddad não ouviu críticas de petistas que atacam seu estilo, considerado muito moderado na queda de braço de Lula e do PT com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O ministro Fernando Haddad na festa de 43 anos do PT Foto: Vera Rosa

Após saborear um frango à crosta de alho com risoto de gorgonzola e salada caesar, dispensando massas, filé mignon e batata gratinada, o ministro da Fazenda deu umas batucadas na mesa. No palco, a banda tocava “Retalhos de Cetim”, de Benito de Paula. “Mas chegou o carnaval/ E ela não desfilou/Eu chorei na avenida/Eu chorei...”, cantarolou Haddad, sem querer tocar em temas áridos, como a tão esperada conversa entre o “fiscal” e o “monetário”. “Estou falando demais”, disse ele. Ficou apenas 35 minutos no salão e saiu, apressado.

O assunto ali não era Campos Neto nem meta fiscal. “A meta aqui é arrecadar fundos para o PT”, afirmou o secretário de Comunicação do partido, deputado Jilmar Tatto, conhecido como “arroz de festa” por ficar até o fim.

Dos 10 ministros do PT, apenas quatro compareceram à festa. Além de Haddad, passaram pelo salão o articulador político do governo, Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.

Petistas em pista de dança durante a festa dos 43 anos do PT que teve ingresso de até R$ 20 mil Foto: Vera Rosa

Cobertas com toalhas adamascadas na cor off-white, as mesas dos ministros exibiam seus nomes com uma placa de “Reservado”. Os convites para o jantar de arrecadação foram vendidos em cinco faixas de preço: R$ 500, R$ 1 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 20 mil. O mais caro não dava vantagem adicional, nem menu diferenciado, embora muitos achassem que pudessem ficar mais perto de Lula.

“Eu consegui vender vários de R$ 20 mil”, contou o ministro do Trabalho, sem revelar os nomes dos abonados. Até ontem, a secretária de Finanças do partido, Gleide Andrade, não havia contabilizado quantas pessoas compraram ingressos de R$ 20 mil.

Enquanto garçons serviam suco, refrigerante, cerveja, vinhos e espumante Casa Petrini, além de uísque Old Parr 12 anos e gin Beefeater London, Padilha conversava animadamente sobre as articulações para a formação da base aliada no Congresso. Muitos queriam saber bastidores dos desentendimentos com o União Brasil, que, apesar de ganhar três ministérios (Comunicações, Turismo e Integração), anunciou independência em relação ao governo. “Não se preocupem. A aposta deles é ficar cada vez mais no governo”, minimizou o ministro.

Prefeitos e deputados cercavam Padilha, bastante “cobiçado” para selfies. O barulho no salão, porém, era imenso. Em um ambiente com música alta e muita desafinação, garçons circulavam com bandejas de salgadinhos e entradas como ceviche, escondidinho de bacalhau e camarão empanado.

Luzes

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, subiu ao palco de luzes coloridas para agradecer os companheiros, transmitir “o abraço do presidente Lula” e avisar que ele não estava ali porque havia viajado com uma missão muito importante: lançar o novo Minha Casa, Minha Vida na Bahia. “É um programa emblemático para nós. O nosso lema é crescimento e emprego”, afirmou Gleisi. “Cada um de vocês ajudou nessa caminhada, que foi difícil. Que a gente siga com sucesso e possa fazer um governo que mude a vida das pessoas e mude o Brasil.”

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, aplaudiu. Perto dali, o ex-governador de Minas Fernando Pimentel, que não conseguiu se eleger deputado federal, conversava sobre a campanha. Dizia que, embora não tivesse conquistado o mandato, o PT havia feito a maior bancada da Assembleia mineira.

Na pista de dança quem mais se aventurou foi o deputado Zeca Dirceu, líder do PT na Câmara, além de servidores dos ministérios, da Câmara e do Senado. “Eu até queria ter dançado, mas não me arrisquei nesses passos diferentes”, justificou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo no Congresso. A play list da festa era eclética: ia de MPB a samba, passando por Bee Gees e Chubby Checker, com “Let’s Twist Again”.

Gleide Andrade, a tesoureira, disse que o dinheiro arrecadado será investido principalmente em cursos de formação política para novos quadros. “Queremos que cada um possa fazer sua contribuição para o autofinanciamento do partido”, afirmou.

No fim da festa, o samba enredo da União Ilha do Governador, de 1982, invadiu o salão. “Acredito ser o mais valente/Nesta luta do rochedo com o mar (e com o mar)/É hoje o dia da alegria/E a tristeza nem pode pensar em chegar”, cantavam os petistas, enquanto garçons lembravam que ainda havia muito sorvete de creme e chocolate, com calda de banana, no buffet a poucos metros dali.

Luiz Marinho foi o último ministro a deixar a festa. Questionado sobre quando será anunciada a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos, Marinho fez cara de paisagem e sorriu. “Está em construção. O presidente está antenado em absolutamente tudo. Não se preocupem”, comentou. E foi embora.

Embora Marinho não tenha confirmado, o Estadão apurou que esse pacote, incluindo também o aumento do salário mínimo para R$ 1.320 e o programa de renegociação das dívidas, batizado de Desenrola, entrará em vigor a partir de 1.° de maio.

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