Esquema dos poços: Bolsonaro reedita coronéis e só entrega ‘metade da obra’ antes da eleição


Milhões de reais foram destinados à construção de poços, mas a entrega não garante a água; buracos foram abertos há dois anos, mas até hoje seguem lacrados

Por Andreza Matais
Atualização:

BRASÍLIA - O desvio de recursos do combate à seca é tão cíclico quanto as estiagens que castigam homens e bichos no semiárido. A reportagem do Estadão que revelou o esquema dos poços lacrados do governo Bolsonaro mostra que a antiga prática de coronelismo nos rincões transformou-se numa política direta do Palácio do Planalto, tocada para beneficiar diretamente o poder central e seus aliados mais influentes.

O novo esquema funciona assim: milhões de reais foram destinados à construção de poços, mas a entrega não garante a água. Os buracos foram abertos há dois anos, mas até hoje seguem lacrados. A bomba para retirar a água e atender aos moradores só chegará depois das eleições? E assim o sertão se transformou num cemitério de poços.

Na zona rural de Oeiras no Piauí, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) mantém lacrados poços artesianos abertos há meses, enquanto famílias sertanejas passam sede.  Foto: Wilton Junior/Estadão
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É claro que a história de poços sem água faz parte há décadas da crônica política. Um dos escândalos de maior repercussão marcou a carreira do ex-presidente da Câmara Inocêncio de Oliveira. Em 1993, ele foi acusado de usar a estrutura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para abrir poços em sua propriedade, em Serra Talhada, Pernambuco, a preços subsidiados. O escândalo atingiu o político já no primeiro dos seus dez mandatos de deputado federal quando comandava justamente a Comissão do Polígono da Seca, aberta no Congresso em 1993, para socorrer flagelados.

No período democrático, o antigo DNOCs, departamento criado ainda na República Velha e que ganhou esse nome da ditadura Vargas, serviu para atender aos interesses de eleitores dos aliados regionais do governo federal. Casos de fraudes em licitações, superfaturamento de preços e construções de obras sem critérios técnicos sempre marcaram o órgão. O Planalto, porém, procurava reagir aos escândalos, seja com demissões de apadrinhados de seus aliados na estrutura do departamento ou com discursos para apontar incômodo diante das irregularidades.

Agora, no governo Bolsonaro, o programa de abrir poços e adiar a entrega de bombas de retirada de água (para depois das eleições?) como mostraram os repórteres Julia Affonso e André Shalders está longe, entretanto, de ser um conjunto de casos isolados de irregularidades, ainda que com a complacência do governo. O Planalto não apenas ressuscitou uma prática coronelística, mas assumiu e tomou para si o papel de coronel dos poços, antes reservados a chefetes do interior ou muito raramente a uma grande liderança do Legislativo. Afinal, as obras pela metade se avolumam, o gasto chega a R$ 1,2 bilhão e tanto o presidente da República quanto seu ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, demonstram não se importar com um cemitério de buracos nas vilas sem água do sertão.

BRASÍLIA - O desvio de recursos do combate à seca é tão cíclico quanto as estiagens que castigam homens e bichos no semiárido. A reportagem do Estadão que revelou o esquema dos poços lacrados do governo Bolsonaro mostra que a antiga prática de coronelismo nos rincões transformou-se numa política direta do Palácio do Planalto, tocada para beneficiar diretamente o poder central e seus aliados mais influentes.

O novo esquema funciona assim: milhões de reais foram destinados à construção de poços, mas a entrega não garante a água. Os buracos foram abertos há dois anos, mas até hoje seguem lacrados. A bomba para retirar a água e atender aos moradores só chegará depois das eleições? E assim o sertão se transformou num cemitério de poços.

Na zona rural de Oeiras no Piauí, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) mantém lacrados poços artesianos abertos há meses, enquanto famílias sertanejas passam sede.  Foto: Wilton Junior/Estadão

É claro que a história de poços sem água faz parte há décadas da crônica política. Um dos escândalos de maior repercussão marcou a carreira do ex-presidente da Câmara Inocêncio de Oliveira. Em 1993, ele foi acusado de usar a estrutura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para abrir poços em sua propriedade, em Serra Talhada, Pernambuco, a preços subsidiados. O escândalo atingiu o político já no primeiro dos seus dez mandatos de deputado federal quando comandava justamente a Comissão do Polígono da Seca, aberta no Congresso em 1993, para socorrer flagelados.

No período democrático, o antigo DNOCs, departamento criado ainda na República Velha e que ganhou esse nome da ditadura Vargas, serviu para atender aos interesses de eleitores dos aliados regionais do governo federal. Casos de fraudes em licitações, superfaturamento de preços e construções de obras sem critérios técnicos sempre marcaram o órgão. O Planalto, porém, procurava reagir aos escândalos, seja com demissões de apadrinhados de seus aliados na estrutura do departamento ou com discursos para apontar incômodo diante das irregularidades.

Agora, no governo Bolsonaro, o programa de abrir poços e adiar a entrega de bombas de retirada de água (para depois das eleições?) como mostraram os repórteres Julia Affonso e André Shalders está longe, entretanto, de ser um conjunto de casos isolados de irregularidades, ainda que com a complacência do governo. O Planalto não apenas ressuscitou uma prática coronelística, mas assumiu e tomou para si o papel de coronel dos poços, antes reservados a chefetes do interior ou muito raramente a uma grande liderança do Legislativo. Afinal, as obras pela metade se avolumam, o gasto chega a R$ 1,2 bilhão e tanto o presidente da República quanto seu ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, demonstram não se importar com um cemitério de buracos nas vilas sem água do sertão.

BRASÍLIA - O desvio de recursos do combate à seca é tão cíclico quanto as estiagens que castigam homens e bichos no semiárido. A reportagem do Estadão que revelou o esquema dos poços lacrados do governo Bolsonaro mostra que a antiga prática de coronelismo nos rincões transformou-se numa política direta do Palácio do Planalto, tocada para beneficiar diretamente o poder central e seus aliados mais influentes.

O novo esquema funciona assim: milhões de reais foram destinados à construção de poços, mas a entrega não garante a água. Os buracos foram abertos há dois anos, mas até hoje seguem lacrados. A bomba para retirar a água e atender aos moradores só chegará depois das eleições? E assim o sertão se transformou num cemitério de poços.

Na zona rural de Oeiras no Piauí, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) mantém lacrados poços artesianos abertos há meses, enquanto famílias sertanejas passam sede.  Foto: Wilton Junior/Estadão

É claro que a história de poços sem água faz parte há décadas da crônica política. Um dos escândalos de maior repercussão marcou a carreira do ex-presidente da Câmara Inocêncio de Oliveira. Em 1993, ele foi acusado de usar a estrutura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para abrir poços em sua propriedade, em Serra Talhada, Pernambuco, a preços subsidiados. O escândalo atingiu o político já no primeiro dos seus dez mandatos de deputado federal quando comandava justamente a Comissão do Polígono da Seca, aberta no Congresso em 1993, para socorrer flagelados.

No período democrático, o antigo DNOCs, departamento criado ainda na República Velha e que ganhou esse nome da ditadura Vargas, serviu para atender aos interesses de eleitores dos aliados regionais do governo federal. Casos de fraudes em licitações, superfaturamento de preços e construções de obras sem critérios técnicos sempre marcaram o órgão. O Planalto, porém, procurava reagir aos escândalos, seja com demissões de apadrinhados de seus aliados na estrutura do departamento ou com discursos para apontar incômodo diante das irregularidades.

Agora, no governo Bolsonaro, o programa de abrir poços e adiar a entrega de bombas de retirada de água (para depois das eleições?) como mostraram os repórteres Julia Affonso e André Shalders está longe, entretanto, de ser um conjunto de casos isolados de irregularidades, ainda que com a complacência do governo. O Planalto não apenas ressuscitou uma prática coronelística, mas assumiu e tomou para si o papel de coronel dos poços, antes reservados a chefetes do interior ou muito raramente a uma grande liderança do Legislativo. Afinal, as obras pela metade se avolumam, o gasto chega a R$ 1,2 bilhão e tanto o presidente da República quanto seu ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, demonstram não se importar com um cemitério de buracos nas vilas sem água do sertão.

BRASÍLIA - O desvio de recursos do combate à seca é tão cíclico quanto as estiagens que castigam homens e bichos no semiárido. A reportagem do Estadão que revelou o esquema dos poços lacrados do governo Bolsonaro mostra que a antiga prática de coronelismo nos rincões transformou-se numa política direta do Palácio do Planalto, tocada para beneficiar diretamente o poder central e seus aliados mais influentes.

O novo esquema funciona assim: milhões de reais foram destinados à construção de poços, mas a entrega não garante a água. Os buracos foram abertos há dois anos, mas até hoje seguem lacrados. A bomba para retirar a água e atender aos moradores só chegará depois das eleições? E assim o sertão se transformou num cemitério de poços.

Na zona rural de Oeiras no Piauí, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) mantém lacrados poços artesianos abertos há meses, enquanto famílias sertanejas passam sede.  Foto: Wilton Junior/Estadão

É claro que a história de poços sem água faz parte há décadas da crônica política. Um dos escândalos de maior repercussão marcou a carreira do ex-presidente da Câmara Inocêncio de Oliveira. Em 1993, ele foi acusado de usar a estrutura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para abrir poços em sua propriedade, em Serra Talhada, Pernambuco, a preços subsidiados. O escândalo atingiu o político já no primeiro dos seus dez mandatos de deputado federal quando comandava justamente a Comissão do Polígono da Seca, aberta no Congresso em 1993, para socorrer flagelados.

No período democrático, o antigo DNOCs, departamento criado ainda na República Velha e que ganhou esse nome da ditadura Vargas, serviu para atender aos interesses de eleitores dos aliados regionais do governo federal. Casos de fraudes em licitações, superfaturamento de preços e construções de obras sem critérios técnicos sempre marcaram o órgão. O Planalto, porém, procurava reagir aos escândalos, seja com demissões de apadrinhados de seus aliados na estrutura do departamento ou com discursos para apontar incômodo diante das irregularidades.

Agora, no governo Bolsonaro, o programa de abrir poços e adiar a entrega de bombas de retirada de água (para depois das eleições?) como mostraram os repórteres Julia Affonso e André Shalders está longe, entretanto, de ser um conjunto de casos isolados de irregularidades, ainda que com a complacência do governo. O Planalto não apenas ressuscitou uma prática coronelística, mas assumiu e tomou para si o papel de coronel dos poços, antes reservados a chefetes do interior ou muito raramente a uma grande liderança do Legislativo. Afinal, as obras pela metade se avolumam, o gasto chega a R$ 1,2 bilhão e tanto o presidente da República quanto seu ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, demonstram não se importar com um cemitério de buracos nas vilas sem água do sertão.

BRASÍLIA - O desvio de recursos do combate à seca é tão cíclico quanto as estiagens que castigam homens e bichos no semiárido. A reportagem do Estadão que revelou o esquema dos poços lacrados do governo Bolsonaro mostra que a antiga prática de coronelismo nos rincões transformou-se numa política direta do Palácio do Planalto, tocada para beneficiar diretamente o poder central e seus aliados mais influentes.

O novo esquema funciona assim: milhões de reais foram destinados à construção de poços, mas a entrega não garante a água. Os buracos foram abertos há dois anos, mas até hoje seguem lacrados. A bomba para retirar a água e atender aos moradores só chegará depois das eleições? E assim o sertão se transformou num cemitério de poços.

Na zona rural de Oeiras no Piauí, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) mantém lacrados poços artesianos abertos há meses, enquanto famílias sertanejas passam sede.  Foto: Wilton Junior/Estadão

É claro que a história de poços sem água faz parte há décadas da crônica política. Um dos escândalos de maior repercussão marcou a carreira do ex-presidente da Câmara Inocêncio de Oliveira. Em 1993, ele foi acusado de usar a estrutura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para abrir poços em sua propriedade, em Serra Talhada, Pernambuco, a preços subsidiados. O escândalo atingiu o político já no primeiro dos seus dez mandatos de deputado federal quando comandava justamente a Comissão do Polígono da Seca, aberta no Congresso em 1993, para socorrer flagelados.

No período democrático, o antigo DNOCs, departamento criado ainda na República Velha e que ganhou esse nome da ditadura Vargas, serviu para atender aos interesses de eleitores dos aliados regionais do governo federal. Casos de fraudes em licitações, superfaturamento de preços e construções de obras sem critérios técnicos sempre marcaram o órgão. O Planalto, porém, procurava reagir aos escândalos, seja com demissões de apadrinhados de seus aliados na estrutura do departamento ou com discursos para apontar incômodo diante das irregularidades.

Agora, no governo Bolsonaro, o programa de abrir poços e adiar a entrega de bombas de retirada de água (para depois das eleições?) como mostraram os repórteres Julia Affonso e André Shalders está longe, entretanto, de ser um conjunto de casos isolados de irregularidades, ainda que com a complacência do governo. O Planalto não apenas ressuscitou uma prática coronelística, mas assumiu e tomou para si o papel de coronel dos poços, antes reservados a chefetes do interior ou muito raramente a uma grande liderança do Legislativo. Afinal, as obras pela metade se avolumam, o gasto chega a R$ 1,2 bilhão e tanto o presidente da República quanto seu ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, demonstram não se importar com um cemitério de buracos nas vilas sem água do sertão.

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