JUIZ DE FORA – De um lado, camelôs disputam espaço com vendedores de frutas e engraxates. De outro, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro buscam o melhor ângulo para uma selfie no entroncamento das ruas Batista de Oliveira e Halfeld, no centro de Juiz de Fora (MG). O local até 2018 era conhecido apenas pelos combos de salgados e refresco da Internacional Lanches. Mas desde 6 de setembro daquele ano, tornou-se marco e ponto de peregrinação para bolsonaristas na cidade mineira. Foi após o então presidenciável ser esfaqueado por Adelio Bispo, em incidente decisivo para a sucessão presidencial em 2018.
“Quem imaginaria que um candidato a presidente seria esfaqueado durante a campanha? Bolsonaro renasceu em Juiz de Fora. E quem o apoia sabe disso. Essa esquina se tornou um símbolo de uma nova vida”, disse o vendedor Valdeir Caetano, de 50 anos, fã do presidente que faz ponto no local.
Naquele dia de 2018, Bolsonaro era carregado pelas ruas da cidade mineira nos ombros por apoiadores, cercado por policiais federais. Foi quando Adélio se esgueirou pela multidão, aproximou-se do candidato e o esfaqueou na barriga. As imagens de Bolsonaro contorcendo-se de dor e depois no hospital inundaram as redes sociais, com forte impacto na campanha.
Caetano era um dos participantes do ato em apoio ao presidenciável naquele dia. Contou que, com o impacto do golpe, o então deputado chegou a cair, mas foi logo amparado por seguranças e levado para a Santa Casa de Misericórdia local. Bolsonaro voltou ao hospital que lhe salvou a vida, em atitude vista como uma tentativa de resgatar o episódio e introduzi-lo na campanha de 2022. O movimento se dá em meio à polêmica levantada pelo assassinato de um militante petista, Marcelo Arruda, por um bolsonarista, Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu (PR), no último fim de semana.
O vendedor disse que, a partir daquele momento, sabia que o capitão da reserva do Exército subiria a rampa do Palácio do Planalto em 1 de janeiro de 2019. Desde então, passou a produzir camisetas, bonés e adereços em alusão a Bolsonaro e a vendê-los na esquina onde ocorreu o crime.
Bolsonaristas esperavam ver o presidente no local da facada
Logo após a visita do presidente a Juiz de Fora nesta sexta, 15, o Estadão encontrou grupos de pessoas que ainda esperavam encontra-lo na no local do incidente - o presidente não passou pelo local. Um deles, o mecânico Marcelo Carvalho, de 45 anos, soube da passagem de Bolsonaro pela cidade, por grupos de WhatsApp. Aproveitou compromisso que tinha pela região para fazer uma foto na esquina e tentar encontrar o mandatário.
“Aqui é a segunda cidade natal dele. Nesse ano, o presidente vai ter que tomar cuidado. Está muito mais rivalizado entre ele e o Lula”, alertou o mineiro.
A preocupação com a violência política se tornou um dos temas que devem permear a eleição deste ano. Tanto Lula, quanto Bolsonaro passaram a usar coletes a prova de bala nas agendas da pré-campanha e a redobrar os cuidados com a segurança.
Na Santa Casa, Bolsonaro reencontrou os médicos que o atenderam na Santa Casa de Juiz de Fora. Ao falar sobre o atentado, o presidente se emocionou.