BRASÍLIA - Horas antes de ter sua exoneração publicada no Diário Oficial da União (DOU), o ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse estar fazendo “o que deveria ser feito” ao justificar sua saída do cargo em meio ao surto de vírus zika para votar na eleição do líder do PMDB, nesta quarta-feira, 17.
Já era madrugada quando Castro confirmou ao Estado sua saída temporária. Ele havia deixado o apartamento do deputado Washington Reis (PMDB-RJ), onde ocorria um jantar em homenagem ao líder da bancada, Leonardo Picciani (RJ), que tenta nesta quarta ser reconduzido ao cargo.
“Estou fazendo o que acho que deveria ser feito", disse Castro em sua primeira entrevista após decidir se afastar do ministério para ajudar Picciani na disputa contra Hugo Motta (PB), candidato que tem apoio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A presidente Dilma Rousseff liberou o ministro para retomar seu mandato como deputado federal na votação, mas deixou claro que a decisão era dele e que, por ela, “isso não ocorreria”. Castro disse não ter tomado conhecimento dessas considerações da presidente.
Na agenda do ministro, consta um compromisso na manhã desta quarta-feira, que, até a madrugada, ele não sabia dizer se participaria ou não.
Castro deixa a pasta temporariamente em meio a uma crise na saúde por causa do mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, da zika e da febre chikungunya. Ele tem sido pressionado pelos aliados de Hugo Motta e pela oposição, que apresentou ontem um requerimento para que ele vá à Câmara prestar esclarecimentos a respeito das ações do governo para enfrentar a epidemia. Questionado sobre se poderia retornar ao ministério, apesar de todas as pressões, respondeu: “Assim espero”.