Ex-desembargadores defendem golpe militar em audiência convocada por bolsonaristas no Senado


Em audiência da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, ex-desembargadores pedem que Bolsonaro acione Forças Armadas para impedir Lula de assumir o governo

Por Lauriberto Pompeu
Atualização:

BRASÍLIA - Os ex-desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo Ivan Sartori e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal Sebastião Coelho pregaram um golpe militar para impedir que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assuma o Palácio do Planalto. Os dois magistrados participaram de audiência no Senado organizada por parlamentares que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Perder a eleição, sim, faz parte do jogo. Agora, da forma como tudo ocorreu, sem paridade de armas, sem que respondam às questões levantadas pelos técnicos, sem que se permitam as investigações, isso não podemos aceitar porque temos efetivamente uma eleição que traz muitas dúvidas para todos nós e aí não podemos nos conformar com esse resultado”, declarou Sartori, que é próximo do presidente Bolsonaro e já foi cotado para cargos no governo.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contestam resultado da eleição presidencial em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estaão - 2/11/22
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“A solução seria realmente a aplicação do artigo 142 combinado com a lei complementar 97/99 que permite ação imediata para que cessem essas arbitrariedades que nós estamos presenciando, que infelizmente vem sangrando e fazendo sangrar o nosso País”, declarou o ex-desembargador paulista.

Como argumento para a “intervenção federal”, bolsonaristas radicais têm usado uma interpretação deturpada do artigo 142 da Constituição que tem sido citado para embasar ações antidemocráticas e contestar o resultado das urnas. Especialistas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.

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As falas golpistas foram feitas em audiência realizada pela Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado nesta quarta-feira, 30, que discute a fiscalização das inserções de propagandas politicas eleitorais. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, divulgou a reunião nas redes sociais, que conta com a audiência de 120 mil pessoas. A audiência foi pedida pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que rejeita o rótulo de bolsonarista, mas encampa muitas teses do governo, como as críticas ao STF.

A reunião da comissão se transformou em um evento em que diversos apoiadores de Bolsonaro usaram o palanque do Senado para lamentar a derrota para Lula e tentar deslegitimar o processo eleitoral que culminou com a vitória do petista. Além dos ex-desembargadores, também participou o publicitário Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) e um dos coordenadores da campanha de reeleição de Bolsonaro.

“A campanha do presidente Bolsonaro começou a receber inúmeras ligações, que as nossas campanhas não estavam sendo veiculadas e transmitidas”, disse Wajngarten ao alegar que emissoras de rádio deixaram de transmitir as propagandas eleitorais de Bolsonaro, algo que nunca foi comprovado. A reclamação em relação às rádios foi usada na reta final do segundo turno por bolsonaristas para tentar pedir o adiamento da eleição.

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O engenheiro Carlos Rocha, que embasou um pedido da coligação do presidente para tentar anular os votos de parte das urnas do segundo turno, Fernando Cerimedo, militante argentino de direita que também dissemina sem provas que as urnas são fraudadas, e a blogueira bolsonarista Bárbara Destefani, conhecida na internet como “Bárbara Te Atualizei” também participaram.

Desde o fim do período eleitoral, bolsonaristas estão acampados em frente a quartéis pedindo, entre outras coisas, a anulação da eleição do petista e intervenção militar. Em outra frente, mais de mil protestos com bloqueios de estradas foram desfeitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

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Sebastião Coelho reclamou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem feito interferências em prerrogativas do Poder Legislativo e Executivo e, assim como Sartori, apelou para que Bolsonaro acione os militares para uma intervenção. O ex-desembargador do TJDF também usou a interpretação deturpada da Constituição para justificar seu pedido golpista.

“Qual a solução constitucional? O presidente da República invocar o artigo 142 da Constituição para dar legitimidade às Forças Armadas para agirem”, disse. “No momento em que nós estamos, com fragmentos da Constituição ainda em vigor, se as Forças Armadas agirem de ofício vai ser colocado como um golpe, embora seja um contragolpe, mas se o presidente da República convocar, não, porque ele está exercendo seu poder constitucional para garantir a ordem pública”, declarou Coelho.

Ele ainda insinuou que, se Bolsonaro não pedir a intervenção dos militares, em janeiro, “as ruas” irão impedir a posse de Lula e fechar o Congresso Nacional. “A rua vai dizer que o poder que o povo delegou para que o Parlamento exercesse, o Parlamento não está exercendo. Então o povo, eu acho, que do estágio que nós estamos, poderá exercer diretamente. Nós não sabemos onde o nosso País vai parar. Falo isso com muita dor no coração”, declarou.

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Coelho ainda disse que há a possibilidade de uma “convulsão social” no Brasil e que somente o Senado poderia evitar isso, agindo contra o STF. “Nós não temos a quem recorrer. Por isso que eu digo, que a ordem constitucional está rompida e a ordem pública está abalada, a ordem pública foi jogada no lixo. Nós podemos ter uma convulsão social nesse País, infelizmente. Podemos evitar? Poderíamos pelo Senado, mas não vai”.

O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que chegou a ser preso por fazer ameaças violentas contra ministros do STF, também falou durante a audiência pública. Silveira criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, e disse que foi torturado por ele. “O ministro Alexandre de Moraes tem incorrido corriqueiramente no crime de tortura. O crime de tortura não basta amarrar alguém no pau de arara e chicotear, não é para enfiar debaixo da unha uma agulha, o crime de tortura também se configura na situação psicológica”, reclamou.

Por sua vez, o engenheiro Carlos Rocha, do Instituto Voto Legal e cujo trabalho embasou uma ação do PL contra as urnas, reconheceu que não conseguiu identificar nenhuma fraude nas urnas, mas mesmo assim pôs em dúvida a legitimidade dos votos que deram a vitória a Lula e pediu que o TSE verifique se não houve irregularidades.

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“Em nenhum momento mencionamos fraude, não nos cabe afirmar porque não temos evidência disso. Isso será analisado dentro do processo de verificação extraordinária e, eventualmente se for necessário, o TSE que vai decidir isso, naturalmente existem especialistas em perícia digital forense no TSE que podem fazer um aprofundamento para descobrir as causas que geraram esses erros. Pode ser meramente um erro de programação”, declarou.

A Justiça Eleitoral pediu que o partido de Bolsonaro também incluísse as urnas do primeiro turno no pedido de verificação, algo que a legenda se recusou a fazer. O PL elegeu 99 deputados federais e oito senadores no primeiro turno, mas questionou na Justiça apenas o resultado do segundo turno, quando Bolsonaro perdeu para Lula. O TSE considerou que o partido acionou a Justiça de maneira indevida e determinou à legenda o pagamento de multa.

BRASÍLIA - Os ex-desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo Ivan Sartori e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal Sebastião Coelho pregaram um golpe militar para impedir que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assuma o Palácio do Planalto. Os dois magistrados participaram de audiência no Senado organizada por parlamentares que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Perder a eleição, sim, faz parte do jogo. Agora, da forma como tudo ocorreu, sem paridade de armas, sem que respondam às questões levantadas pelos técnicos, sem que se permitam as investigações, isso não podemos aceitar porque temos efetivamente uma eleição que traz muitas dúvidas para todos nós e aí não podemos nos conformar com esse resultado”, declarou Sartori, que é próximo do presidente Bolsonaro e já foi cotado para cargos no governo.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contestam resultado da eleição presidencial em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estaão - 2/11/22

“A solução seria realmente a aplicação do artigo 142 combinado com a lei complementar 97/99 que permite ação imediata para que cessem essas arbitrariedades que nós estamos presenciando, que infelizmente vem sangrando e fazendo sangrar o nosso País”, declarou o ex-desembargador paulista.

Como argumento para a “intervenção federal”, bolsonaristas radicais têm usado uma interpretação deturpada do artigo 142 da Constituição que tem sido citado para embasar ações antidemocráticas e contestar o resultado das urnas. Especialistas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.

As falas golpistas foram feitas em audiência realizada pela Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado nesta quarta-feira, 30, que discute a fiscalização das inserções de propagandas politicas eleitorais. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, divulgou a reunião nas redes sociais, que conta com a audiência de 120 mil pessoas. A audiência foi pedida pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que rejeita o rótulo de bolsonarista, mas encampa muitas teses do governo, como as críticas ao STF.

A reunião da comissão se transformou em um evento em que diversos apoiadores de Bolsonaro usaram o palanque do Senado para lamentar a derrota para Lula e tentar deslegitimar o processo eleitoral que culminou com a vitória do petista. Além dos ex-desembargadores, também participou o publicitário Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) e um dos coordenadores da campanha de reeleição de Bolsonaro.

“A campanha do presidente Bolsonaro começou a receber inúmeras ligações, que as nossas campanhas não estavam sendo veiculadas e transmitidas”, disse Wajngarten ao alegar que emissoras de rádio deixaram de transmitir as propagandas eleitorais de Bolsonaro, algo que nunca foi comprovado. A reclamação em relação às rádios foi usada na reta final do segundo turno por bolsonaristas para tentar pedir o adiamento da eleição.

O engenheiro Carlos Rocha, que embasou um pedido da coligação do presidente para tentar anular os votos de parte das urnas do segundo turno, Fernando Cerimedo, militante argentino de direita que também dissemina sem provas que as urnas são fraudadas, e a blogueira bolsonarista Bárbara Destefani, conhecida na internet como “Bárbara Te Atualizei” também participaram.

Desde o fim do período eleitoral, bolsonaristas estão acampados em frente a quartéis pedindo, entre outras coisas, a anulação da eleição do petista e intervenção militar. Em outra frente, mais de mil protestos com bloqueios de estradas foram desfeitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Sebastião Coelho reclamou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem feito interferências em prerrogativas do Poder Legislativo e Executivo e, assim como Sartori, apelou para que Bolsonaro acione os militares para uma intervenção. O ex-desembargador do TJDF também usou a interpretação deturpada da Constituição para justificar seu pedido golpista.

“Qual a solução constitucional? O presidente da República invocar o artigo 142 da Constituição para dar legitimidade às Forças Armadas para agirem”, disse. “No momento em que nós estamos, com fragmentos da Constituição ainda em vigor, se as Forças Armadas agirem de ofício vai ser colocado como um golpe, embora seja um contragolpe, mas se o presidente da República convocar, não, porque ele está exercendo seu poder constitucional para garantir a ordem pública”, declarou Coelho.

Ele ainda insinuou que, se Bolsonaro não pedir a intervenção dos militares, em janeiro, “as ruas” irão impedir a posse de Lula e fechar o Congresso Nacional. “A rua vai dizer que o poder que o povo delegou para que o Parlamento exercesse, o Parlamento não está exercendo. Então o povo, eu acho, que do estágio que nós estamos, poderá exercer diretamente. Nós não sabemos onde o nosso País vai parar. Falo isso com muita dor no coração”, declarou.

Coelho ainda disse que há a possibilidade de uma “convulsão social” no Brasil e que somente o Senado poderia evitar isso, agindo contra o STF. “Nós não temos a quem recorrer. Por isso que eu digo, que a ordem constitucional está rompida e a ordem pública está abalada, a ordem pública foi jogada no lixo. Nós podemos ter uma convulsão social nesse País, infelizmente. Podemos evitar? Poderíamos pelo Senado, mas não vai”.

O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que chegou a ser preso por fazer ameaças violentas contra ministros do STF, também falou durante a audiência pública. Silveira criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, e disse que foi torturado por ele. “O ministro Alexandre de Moraes tem incorrido corriqueiramente no crime de tortura. O crime de tortura não basta amarrar alguém no pau de arara e chicotear, não é para enfiar debaixo da unha uma agulha, o crime de tortura também se configura na situação psicológica”, reclamou.

Por sua vez, o engenheiro Carlos Rocha, do Instituto Voto Legal e cujo trabalho embasou uma ação do PL contra as urnas, reconheceu que não conseguiu identificar nenhuma fraude nas urnas, mas mesmo assim pôs em dúvida a legitimidade dos votos que deram a vitória a Lula e pediu que o TSE verifique se não houve irregularidades.

“Em nenhum momento mencionamos fraude, não nos cabe afirmar porque não temos evidência disso. Isso será analisado dentro do processo de verificação extraordinária e, eventualmente se for necessário, o TSE que vai decidir isso, naturalmente existem especialistas em perícia digital forense no TSE que podem fazer um aprofundamento para descobrir as causas que geraram esses erros. Pode ser meramente um erro de programação”, declarou.

A Justiça Eleitoral pediu que o partido de Bolsonaro também incluísse as urnas do primeiro turno no pedido de verificação, algo que a legenda se recusou a fazer. O PL elegeu 99 deputados federais e oito senadores no primeiro turno, mas questionou na Justiça apenas o resultado do segundo turno, quando Bolsonaro perdeu para Lula. O TSE considerou que o partido acionou a Justiça de maneira indevida e determinou à legenda o pagamento de multa.

BRASÍLIA - Os ex-desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo Ivan Sartori e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal Sebastião Coelho pregaram um golpe militar para impedir que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assuma o Palácio do Planalto. Os dois magistrados participaram de audiência no Senado organizada por parlamentares que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Perder a eleição, sim, faz parte do jogo. Agora, da forma como tudo ocorreu, sem paridade de armas, sem que respondam às questões levantadas pelos técnicos, sem que se permitam as investigações, isso não podemos aceitar porque temos efetivamente uma eleição que traz muitas dúvidas para todos nós e aí não podemos nos conformar com esse resultado”, declarou Sartori, que é próximo do presidente Bolsonaro e já foi cotado para cargos no governo.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contestam resultado da eleição presidencial em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estaão - 2/11/22

“A solução seria realmente a aplicação do artigo 142 combinado com a lei complementar 97/99 que permite ação imediata para que cessem essas arbitrariedades que nós estamos presenciando, que infelizmente vem sangrando e fazendo sangrar o nosso País”, declarou o ex-desembargador paulista.

Como argumento para a “intervenção federal”, bolsonaristas radicais têm usado uma interpretação deturpada do artigo 142 da Constituição que tem sido citado para embasar ações antidemocráticas e contestar o resultado das urnas. Especialistas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.

As falas golpistas foram feitas em audiência realizada pela Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado nesta quarta-feira, 30, que discute a fiscalização das inserções de propagandas politicas eleitorais. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, divulgou a reunião nas redes sociais, que conta com a audiência de 120 mil pessoas. A audiência foi pedida pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que rejeita o rótulo de bolsonarista, mas encampa muitas teses do governo, como as críticas ao STF.

A reunião da comissão se transformou em um evento em que diversos apoiadores de Bolsonaro usaram o palanque do Senado para lamentar a derrota para Lula e tentar deslegitimar o processo eleitoral que culminou com a vitória do petista. Além dos ex-desembargadores, também participou o publicitário Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) e um dos coordenadores da campanha de reeleição de Bolsonaro.

“A campanha do presidente Bolsonaro começou a receber inúmeras ligações, que as nossas campanhas não estavam sendo veiculadas e transmitidas”, disse Wajngarten ao alegar que emissoras de rádio deixaram de transmitir as propagandas eleitorais de Bolsonaro, algo que nunca foi comprovado. A reclamação em relação às rádios foi usada na reta final do segundo turno por bolsonaristas para tentar pedir o adiamento da eleição.

O engenheiro Carlos Rocha, que embasou um pedido da coligação do presidente para tentar anular os votos de parte das urnas do segundo turno, Fernando Cerimedo, militante argentino de direita que também dissemina sem provas que as urnas são fraudadas, e a blogueira bolsonarista Bárbara Destefani, conhecida na internet como “Bárbara Te Atualizei” também participaram.

Desde o fim do período eleitoral, bolsonaristas estão acampados em frente a quartéis pedindo, entre outras coisas, a anulação da eleição do petista e intervenção militar. Em outra frente, mais de mil protestos com bloqueios de estradas foram desfeitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Sebastião Coelho reclamou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem feito interferências em prerrogativas do Poder Legislativo e Executivo e, assim como Sartori, apelou para que Bolsonaro acione os militares para uma intervenção. O ex-desembargador do TJDF também usou a interpretação deturpada da Constituição para justificar seu pedido golpista.

“Qual a solução constitucional? O presidente da República invocar o artigo 142 da Constituição para dar legitimidade às Forças Armadas para agirem”, disse. “No momento em que nós estamos, com fragmentos da Constituição ainda em vigor, se as Forças Armadas agirem de ofício vai ser colocado como um golpe, embora seja um contragolpe, mas se o presidente da República convocar, não, porque ele está exercendo seu poder constitucional para garantir a ordem pública”, declarou Coelho.

Ele ainda insinuou que, se Bolsonaro não pedir a intervenção dos militares, em janeiro, “as ruas” irão impedir a posse de Lula e fechar o Congresso Nacional. “A rua vai dizer que o poder que o povo delegou para que o Parlamento exercesse, o Parlamento não está exercendo. Então o povo, eu acho, que do estágio que nós estamos, poderá exercer diretamente. Nós não sabemos onde o nosso País vai parar. Falo isso com muita dor no coração”, declarou.

Coelho ainda disse que há a possibilidade de uma “convulsão social” no Brasil e que somente o Senado poderia evitar isso, agindo contra o STF. “Nós não temos a quem recorrer. Por isso que eu digo, que a ordem constitucional está rompida e a ordem pública está abalada, a ordem pública foi jogada no lixo. Nós podemos ter uma convulsão social nesse País, infelizmente. Podemos evitar? Poderíamos pelo Senado, mas não vai”.

O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que chegou a ser preso por fazer ameaças violentas contra ministros do STF, também falou durante a audiência pública. Silveira criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, e disse que foi torturado por ele. “O ministro Alexandre de Moraes tem incorrido corriqueiramente no crime de tortura. O crime de tortura não basta amarrar alguém no pau de arara e chicotear, não é para enfiar debaixo da unha uma agulha, o crime de tortura também se configura na situação psicológica”, reclamou.

Por sua vez, o engenheiro Carlos Rocha, do Instituto Voto Legal e cujo trabalho embasou uma ação do PL contra as urnas, reconheceu que não conseguiu identificar nenhuma fraude nas urnas, mas mesmo assim pôs em dúvida a legitimidade dos votos que deram a vitória a Lula e pediu que o TSE verifique se não houve irregularidades.

“Em nenhum momento mencionamos fraude, não nos cabe afirmar porque não temos evidência disso. Isso será analisado dentro do processo de verificação extraordinária e, eventualmente se for necessário, o TSE que vai decidir isso, naturalmente existem especialistas em perícia digital forense no TSE que podem fazer um aprofundamento para descobrir as causas que geraram esses erros. Pode ser meramente um erro de programação”, declarou.

A Justiça Eleitoral pediu que o partido de Bolsonaro também incluísse as urnas do primeiro turno no pedido de verificação, algo que a legenda se recusou a fazer. O PL elegeu 99 deputados federais e oito senadores no primeiro turno, mas questionou na Justiça apenas o resultado do segundo turno, quando Bolsonaro perdeu para Lula. O TSE considerou que o partido acionou a Justiça de maneira indevida e determinou à legenda o pagamento de multa.

BRASÍLIA - Os ex-desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo Ivan Sartori e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal Sebastião Coelho pregaram um golpe militar para impedir que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assuma o Palácio do Planalto. Os dois magistrados participaram de audiência no Senado organizada por parlamentares que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Perder a eleição, sim, faz parte do jogo. Agora, da forma como tudo ocorreu, sem paridade de armas, sem que respondam às questões levantadas pelos técnicos, sem que se permitam as investigações, isso não podemos aceitar porque temos efetivamente uma eleição que traz muitas dúvidas para todos nós e aí não podemos nos conformar com esse resultado”, declarou Sartori, que é próximo do presidente Bolsonaro e já foi cotado para cargos no governo.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contestam resultado da eleição presidencial em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estaão - 2/11/22

“A solução seria realmente a aplicação do artigo 142 combinado com a lei complementar 97/99 que permite ação imediata para que cessem essas arbitrariedades que nós estamos presenciando, que infelizmente vem sangrando e fazendo sangrar o nosso País”, declarou o ex-desembargador paulista.

Como argumento para a “intervenção federal”, bolsonaristas radicais têm usado uma interpretação deturpada do artigo 142 da Constituição que tem sido citado para embasar ações antidemocráticas e contestar o resultado das urnas. Especialistas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.

As falas golpistas foram feitas em audiência realizada pela Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado nesta quarta-feira, 30, que discute a fiscalização das inserções de propagandas politicas eleitorais. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, divulgou a reunião nas redes sociais, que conta com a audiência de 120 mil pessoas. A audiência foi pedida pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que rejeita o rótulo de bolsonarista, mas encampa muitas teses do governo, como as críticas ao STF.

A reunião da comissão se transformou em um evento em que diversos apoiadores de Bolsonaro usaram o palanque do Senado para lamentar a derrota para Lula e tentar deslegitimar o processo eleitoral que culminou com a vitória do petista. Além dos ex-desembargadores, também participou o publicitário Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) e um dos coordenadores da campanha de reeleição de Bolsonaro.

“A campanha do presidente Bolsonaro começou a receber inúmeras ligações, que as nossas campanhas não estavam sendo veiculadas e transmitidas”, disse Wajngarten ao alegar que emissoras de rádio deixaram de transmitir as propagandas eleitorais de Bolsonaro, algo que nunca foi comprovado. A reclamação em relação às rádios foi usada na reta final do segundo turno por bolsonaristas para tentar pedir o adiamento da eleição.

O engenheiro Carlos Rocha, que embasou um pedido da coligação do presidente para tentar anular os votos de parte das urnas do segundo turno, Fernando Cerimedo, militante argentino de direita que também dissemina sem provas que as urnas são fraudadas, e a blogueira bolsonarista Bárbara Destefani, conhecida na internet como “Bárbara Te Atualizei” também participaram.

Desde o fim do período eleitoral, bolsonaristas estão acampados em frente a quartéis pedindo, entre outras coisas, a anulação da eleição do petista e intervenção militar. Em outra frente, mais de mil protestos com bloqueios de estradas foram desfeitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Sebastião Coelho reclamou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem feito interferências em prerrogativas do Poder Legislativo e Executivo e, assim como Sartori, apelou para que Bolsonaro acione os militares para uma intervenção. O ex-desembargador do TJDF também usou a interpretação deturpada da Constituição para justificar seu pedido golpista.

“Qual a solução constitucional? O presidente da República invocar o artigo 142 da Constituição para dar legitimidade às Forças Armadas para agirem”, disse. “No momento em que nós estamos, com fragmentos da Constituição ainda em vigor, se as Forças Armadas agirem de ofício vai ser colocado como um golpe, embora seja um contragolpe, mas se o presidente da República convocar, não, porque ele está exercendo seu poder constitucional para garantir a ordem pública”, declarou Coelho.

Ele ainda insinuou que, se Bolsonaro não pedir a intervenção dos militares, em janeiro, “as ruas” irão impedir a posse de Lula e fechar o Congresso Nacional. “A rua vai dizer que o poder que o povo delegou para que o Parlamento exercesse, o Parlamento não está exercendo. Então o povo, eu acho, que do estágio que nós estamos, poderá exercer diretamente. Nós não sabemos onde o nosso País vai parar. Falo isso com muita dor no coração”, declarou.

Coelho ainda disse que há a possibilidade de uma “convulsão social” no Brasil e que somente o Senado poderia evitar isso, agindo contra o STF. “Nós não temos a quem recorrer. Por isso que eu digo, que a ordem constitucional está rompida e a ordem pública está abalada, a ordem pública foi jogada no lixo. Nós podemos ter uma convulsão social nesse País, infelizmente. Podemos evitar? Poderíamos pelo Senado, mas não vai”.

O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que chegou a ser preso por fazer ameaças violentas contra ministros do STF, também falou durante a audiência pública. Silveira criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, e disse que foi torturado por ele. “O ministro Alexandre de Moraes tem incorrido corriqueiramente no crime de tortura. O crime de tortura não basta amarrar alguém no pau de arara e chicotear, não é para enfiar debaixo da unha uma agulha, o crime de tortura também se configura na situação psicológica”, reclamou.

Por sua vez, o engenheiro Carlos Rocha, do Instituto Voto Legal e cujo trabalho embasou uma ação do PL contra as urnas, reconheceu que não conseguiu identificar nenhuma fraude nas urnas, mas mesmo assim pôs em dúvida a legitimidade dos votos que deram a vitória a Lula e pediu que o TSE verifique se não houve irregularidades.

“Em nenhum momento mencionamos fraude, não nos cabe afirmar porque não temos evidência disso. Isso será analisado dentro do processo de verificação extraordinária e, eventualmente se for necessário, o TSE que vai decidir isso, naturalmente existem especialistas em perícia digital forense no TSE que podem fazer um aprofundamento para descobrir as causas que geraram esses erros. Pode ser meramente um erro de programação”, declarou.

A Justiça Eleitoral pediu que o partido de Bolsonaro também incluísse as urnas do primeiro turno no pedido de verificação, algo que a legenda se recusou a fazer. O PL elegeu 99 deputados federais e oito senadores no primeiro turno, mas questionou na Justiça apenas o resultado do segundo turno, quando Bolsonaro perdeu para Lula. O TSE considerou que o partido acionou a Justiça de maneira indevida e determinou à legenda o pagamento de multa.

BRASÍLIA - Os ex-desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo Ivan Sartori e do Tribunal de Justiça do Distrito Federal Sebastião Coelho pregaram um golpe militar para impedir que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assuma o Palácio do Planalto. Os dois magistrados participaram de audiência no Senado organizada por parlamentares que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Perder a eleição, sim, faz parte do jogo. Agora, da forma como tudo ocorreu, sem paridade de armas, sem que respondam às questões levantadas pelos técnicos, sem que se permitam as investigações, isso não podemos aceitar porque temos efetivamente uma eleição que traz muitas dúvidas para todos nós e aí não podemos nos conformar com esse resultado”, declarou Sartori, que é próximo do presidente Bolsonaro e já foi cotado para cargos no governo.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contestam resultado da eleição presidencial em frente ao Comando Militar do Sudeste, em São Paulo Foto: Felipe Rau/Estaão - 2/11/22

“A solução seria realmente a aplicação do artigo 142 combinado com a lei complementar 97/99 que permite ação imediata para que cessem essas arbitrariedades que nós estamos presenciando, que infelizmente vem sangrando e fazendo sangrar o nosso País”, declarou o ex-desembargador paulista.

Como argumento para a “intervenção federal”, bolsonaristas radicais têm usado uma interpretação deturpada do artigo 142 da Constituição que tem sido citado para embasar ações antidemocráticas e contestar o resultado das urnas. Especialistas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.

As falas golpistas foram feitas em audiência realizada pela Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado nesta quarta-feira, 30, que discute a fiscalização das inserções de propagandas politicas eleitorais. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, divulgou a reunião nas redes sociais, que conta com a audiência de 120 mil pessoas. A audiência foi pedida pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que rejeita o rótulo de bolsonarista, mas encampa muitas teses do governo, como as críticas ao STF.

A reunião da comissão se transformou em um evento em que diversos apoiadores de Bolsonaro usaram o palanque do Senado para lamentar a derrota para Lula e tentar deslegitimar o processo eleitoral que culminou com a vitória do petista. Além dos ex-desembargadores, também participou o publicitário Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) e um dos coordenadores da campanha de reeleição de Bolsonaro.

“A campanha do presidente Bolsonaro começou a receber inúmeras ligações, que as nossas campanhas não estavam sendo veiculadas e transmitidas”, disse Wajngarten ao alegar que emissoras de rádio deixaram de transmitir as propagandas eleitorais de Bolsonaro, algo que nunca foi comprovado. A reclamação em relação às rádios foi usada na reta final do segundo turno por bolsonaristas para tentar pedir o adiamento da eleição.

O engenheiro Carlos Rocha, que embasou um pedido da coligação do presidente para tentar anular os votos de parte das urnas do segundo turno, Fernando Cerimedo, militante argentino de direita que também dissemina sem provas que as urnas são fraudadas, e a blogueira bolsonarista Bárbara Destefani, conhecida na internet como “Bárbara Te Atualizei” também participaram.

Desde o fim do período eleitoral, bolsonaristas estão acampados em frente a quartéis pedindo, entre outras coisas, a anulação da eleição do petista e intervenção militar. Em outra frente, mais de mil protestos com bloqueios de estradas foram desfeitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Sebastião Coelho reclamou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem feito interferências em prerrogativas do Poder Legislativo e Executivo e, assim como Sartori, apelou para que Bolsonaro acione os militares para uma intervenção. O ex-desembargador do TJDF também usou a interpretação deturpada da Constituição para justificar seu pedido golpista.

“Qual a solução constitucional? O presidente da República invocar o artigo 142 da Constituição para dar legitimidade às Forças Armadas para agirem”, disse. “No momento em que nós estamos, com fragmentos da Constituição ainda em vigor, se as Forças Armadas agirem de ofício vai ser colocado como um golpe, embora seja um contragolpe, mas se o presidente da República convocar, não, porque ele está exercendo seu poder constitucional para garantir a ordem pública”, declarou Coelho.

Ele ainda insinuou que, se Bolsonaro não pedir a intervenção dos militares, em janeiro, “as ruas” irão impedir a posse de Lula e fechar o Congresso Nacional. “A rua vai dizer que o poder que o povo delegou para que o Parlamento exercesse, o Parlamento não está exercendo. Então o povo, eu acho, que do estágio que nós estamos, poderá exercer diretamente. Nós não sabemos onde o nosso País vai parar. Falo isso com muita dor no coração”, declarou.

Coelho ainda disse que há a possibilidade de uma “convulsão social” no Brasil e que somente o Senado poderia evitar isso, agindo contra o STF. “Nós não temos a quem recorrer. Por isso que eu digo, que a ordem constitucional está rompida e a ordem pública está abalada, a ordem pública foi jogada no lixo. Nós podemos ter uma convulsão social nesse País, infelizmente. Podemos evitar? Poderíamos pelo Senado, mas não vai”.

O deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que chegou a ser preso por fazer ameaças violentas contra ministros do STF, também falou durante a audiência pública. Silveira criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, e disse que foi torturado por ele. “O ministro Alexandre de Moraes tem incorrido corriqueiramente no crime de tortura. O crime de tortura não basta amarrar alguém no pau de arara e chicotear, não é para enfiar debaixo da unha uma agulha, o crime de tortura também se configura na situação psicológica”, reclamou.

Por sua vez, o engenheiro Carlos Rocha, do Instituto Voto Legal e cujo trabalho embasou uma ação do PL contra as urnas, reconheceu que não conseguiu identificar nenhuma fraude nas urnas, mas mesmo assim pôs em dúvida a legitimidade dos votos que deram a vitória a Lula e pediu que o TSE verifique se não houve irregularidades.

“Em nenhum momento mencionamos fraude, não nos cabe afirmar porque não temos evidência disso. Isso será analisado dentro do processo de verificação extraordinária e, eventualmente se for necessário, o TSE que vai decidir isso, naturalmente existem especialistas em perícia digital forense no TSE que podem fazer um aprofundamento para descobrir as causas que geraram esses erros. Pode ser meramente um erro de programação”, declarou.

A Justiça Eleitoral pediu que o partido de Bolsonaro também incluísse as urnas do primeiro turno no pedido de verificação, algo que a legenda se recusou a fazer. O PL elegeu 99 deputados federais e oito senadores no primeiro turno, mas questionou na Justiça apenas o resultado do segundo turno, quando Bolsonaro perdeu para Lula. O TSE considerou que o partido acionou a Justiça de maneira indevida e determinou à legenda o pagamento de multa.

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