Numa coisa os cientistas e especialistas ouvidos pelo Estado concordam: na tentativa de causar desgastes ao governo, não adianta bater nos programas sociais e na administração da economia. A crise econômica não é bom mote: na percepção da maioria da população, ela é importada, veio de fora para dentro e transformou o País em vítima. Cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fábio Wanderley Reis receita que a oposição evite hostilizar os programas sociais de Lula e tenha cautela ao explorar a crise financeira mundial. Para ele, o caminho passa por compartilhar a paternidade dos projetos. Recentemente, em evento dos tucanos na Paraíba, líderes do PSDB já puseram em prática e estratégia: ao invés de crítica aberta a projetos de Lula, como o Bolsa-Família, o que se viu foi uma saraivada de elogios ao programa e o reforço da necessidade de aperfeiçoá-lo e ampliá-lo. A manobra corrige um erro adotado em 2006, quando o então candidato Geraldo Alckmin (PSDB) disparou inicialmente sua artilharia contra os alvos sociais do governo. Quando tentou reparar o estrago, era tarde demais. Lula venceu Alckmin no segundo turno com 60,83% dos votos. O tucano teve 39,17% - menos do que os 41,64% do primeiro turno. Hoje, todos os partidos militam no continuísmo assistencialista. Na avaliação da política econômica, que inevitavelmente sempre pontua as disputas presidenciais, Wanderley Reis alerta para uma ambiguidade. "Se forem (PSDB e DEM) pelo lado da crise, o governo pode rebater que ela não é nossa, é mundial, e que no Brasil estão sendo tomadas medidas para minimizá-la", diz Reis.