O espetáculo do crescimento econômico brasileiro no final do segundo mandato do governo Lula deixou a popularidade do presidente em patamares próximos aos 90%. Ficou com fama de gênio da administração. Objeto de louvor de intelectuais e até de jornalistas que deveriam ser sempre céticos. Trata-se de um equívoco. Assim como não é o canto do galo que faz o sol nascer, não foram as ações tomadas pelo presidente petista que possibilitaram o País se desenvolver daquela maneira naquele período.
O Brasil fazia parte do chamado boom das commodities e os produtores de matéria-prima tiveram suas ondas conjuntas de avanços. Por exemplo, se a gente compara o crescimento acumulado do PIB dos países latino americanos-entre 2003 e 2010, equivalente aos dois primeiros mandatos de Lula, forçosamente saberemos que de 21 países ficamos num modesto 15º lugar atrás de Panamá, Argentina, Peru, Uruguai, Cuba (!), República Dominicana, Costa Rica, Venezuela, Colômbia, Paraguai, Honduras, Bolívia, Equador e Chile, nesta ordem. Ou seja, todo mundo cresceu muito, inclusive nós. Mas nós crescemos menos do que todo mundo sob o comando de Lula.
Na era Dilma, também desagradável de dizer, caímos ainda mais no ranking. Passamos ocupar o penúltimo lugar na América Latina. Aliás, dos 189 países do mundo com registro de crescimento econômico do Banco Mundial, no período dilmista ficamos em 172º lugar. Haja criatividade para sustentar que o modo Dilma Rousseff de governar não foi um fracasso absoluto. Muitos ainda tentam, coitados dos que acreditam.
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Os avanços econômicos da era PT são apesar do petismo? Sim. Por quê? 1) Foi um processo mundial que beneficiou países governados por ideologias distintas. 2) Praticamente em todas as medidas que fizeram o Brasil sair do atoleiro econômico nas últimas décadas o Partido dos Trabalhadores foi contra de maneira inflexível, inclusive até recentemente. Vamos à lista, bastante conhecida aliás: Plano Real, reforma da Previdência (que retirou privilégios de camadas mais abastadas da população), reforma trabalhista (que hoje é vista como um dos elementos de nossa baixa taxa de desemprego), lei de responsabilidade fiscal, privatizações das comunicações (vocês imaginam as empresas estatais de telefonia nos dias de hoje?) e por aí vai. Antes que alguém venha defender Bolsonaro é preciso lembrar que o ex-presidente, como deputado, votou juntinho com o PT em praticamente todos os pontos dessa pauta do atraso aí listada. Talvez eles se mereçam mesmo...
Enfim, assim é o PT em seu estado natural. Querem um sistema econômico que em geral tem levado países prósperos à decadência e à pobreza. A nossa luta atual, inclusive, é se livrar de isenções que foram introduzidas pelo petismo. O mérito de Lula, precisamos admitir em um ambiente de franqueza intelectual, foi distribuir a sobra de recursos para o Bolsa Família. Mas não podemos esquecer que o PT e o Lula, na era FHC, foram contrários aos programas sociais baseadas em transferência direta de renda – existem vídeos, procurem no Youtube. Achavam “liberais”. Apenas no poder mudaram de ideia.
Enfim, o PT está de volta ao governo federal. Por nostalgia do período Lula, para se livrar do Bolsonaro. As ideias econômicas que eles pregam são bem conhecidas. Voltam agora suas garras contra o Banco Central. Não acreditem que seja um ódio contra a figura pessoal do seu presidente Roberto Campos Neto, apesar dos seus erros políticos notáveis.
Lula e o PT querem duas coisas. Uma delas, política: arrumar um culpado caso fracassem. Ok, é da política classista. Mas o grave é que além de todos os seus equívocos, querem uma política de juros frouxa, em tese para alavancar o crescimento. O problema é que isso já ocorreu na década passada com Dilma e o dado concreto (para utilizar a expressão de Lula) é que ficamos na lanterna do crescimento mundial.
Logo, o melhor que pode ocorrer no Brasil, neste momento, é um Banco Central independente do Palácio do Planalto. Porque a partir do momento em que conseguirem controlar esse instrumento a besteira poderá ser fenomenal. O histórico comprova.