Disputas de poder e o debate político-cultural brasileiro

Opinião|Marçal, o Allien predador e parasita nas eleições de 2024


Candidato antipolítico precisa da política para se alimentar, de maneira espalhafatosa, e ainda se tornar mais poderoso

Por Fabiano Lana
Atualização:

Está nos cinemas brasileiros mais um filme da franquia Allien, o Romulus. Desde seu início, na obra de Ridley Scott, de 1979, monstros repugnantes concebidos pelo artista plástico suíço H. R. Giger parasitam e massacram viajantes espaciais em uma cosmonave que cruza o espaço sideral. É uma mescla de terror, ação, vísceras e absurdo numa sequência de cenas em que a maioria dos que tentam dominar os espécimes da besta são devorados. Há 45 anos essas deformidades nauseantes garantem enorme audiência, assim como o agora autodenominado ex-coach tem feito com seu público cativo. Um antipolítico que precisa parasitar a política para se alimentar, de maneira espalhafatosa, e ainda se tornar mais poderoso.

Curioso que Marçal já traz na sua biografia fatos que - num passado já não tão recente da política - tornariam inviáveis qualquer pretensão de se tornar candidato a prefeito de uma megalópole como São Paulo. Pesa contra ele, por exemplo, segundo um relatório da Polícia Federal e uma condenação prescrita, histórias degradantes de golpes por meio de e-mails. Um candidato que literalmente pode ter ajudado surrupiar dinheiro de contas de idosos. Agora, revela o Estadão, seus articuladores políticos são acusados de trocar carros de luxo por cocaína para a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Pablo Marçal durante o debate realizado pelo Estadão em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Foto: Werther Santana/Estadão
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Um candidato pretendente a dirigir a maior cidade do continente que se tornou rico na promessa de enriquecer os outros. Mas quais são as pessoas que de fato ficaram prósperas apenas por seguir os conselhos de Marçal? Existem? Onde vivem? Onde estão? O que realmente fazem foram acordar às 4h57 da manhã para ouvir as falas do líder? Um candidato que não só nega a política, mas também até mesmo o conhecimento científico ao repudiar, por exemplo, a teoria da evolução. Mas se bem que já tivemos outro caso de negação científica por um político que foi bastante longe neste País.

Marçal transita entre dois mundos. O mundo contemporâneo das redes sociais, dos cortes na internet, das sacadas rápidas que geram viralização (vide mostrar uma carteira de trabalho a Guilherme Boulos), dos slogans, dos símbolos como o boné com a letra “M”. Ele joga numa velocidade que transforma os oponentes em candidatos do passado. Está ligado o quanto de entretenimento que há na política.

Mas Marçal também está no velho mundo. Aposta no populismo, no messianismo, nas simplificações, na grosseria, no popularesco, na superficialidade, nas promessas sem cabimento, nas acusações sem provas, e tudo mais que faz tanta gente repudiar o processo político. Se encaixa numa cidade que já elegeu, por exemplo, Jânio Quadros como prefeito numa disputa com Fernando Henrique Cardoso.

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Mas é inegável que domina uma linguagem que é a da população que fica boa parte das horas de seus dias com o rosto colado no celular em busca de posts que espalhem dopamina, num prazer ilusório, pelo corpo. Ele está conectado com o nosso vício nas redes. Possui mais consciência do que pega e não pega nesse mundo, o que seduz – não é à toa que amealhou uma fortuna de R$ 193 milhões. De alguma maneira, o jeito Marçal de fazer comunicação política veio para ficar.

Atualmente, nem Bolsonaro controla mais Marçal. O candidato do PRTB tenta se comportar como um Bolsonaro repaginado, rejuvenescido. Com isso atrai os votos bolsonaristas que estariam com o prefeito Ricardo Nunes. Para voltarmos à referência do filme Allien, pode ser uma mutação genética atualizada do monstro original. Assim com no caso de Bolsonaro, o Allien 1, os seguidores de Marçal, o Allien Romulus, certamente fecharão os olhos para tudo o que desmerece o novo líder.

Agora, por outro lado, essa história toda pode até ter um plot twist. Isso ocorrerá no caso de Marçal disputar o segundo-turno com Guilherme Boulos, e o candidato do PSOL obter os votos dos eleitores moderados de centro. Imaginem o choque para os “marçalistas” se São Paulo tiver como gestor um “comunista e invasor de casas”. No final triunfaria o postulante que o Allien Marçal foi programado para destruir.

Está nos cinemas brasileiros mais um filme da franquia Allien, o Romulus. Desde seu início, na obra de Ridley Scott, de 1979, monstros repugnantes concebidos pelo artista plástico suíço H. R. Giger parasitam e massacram viajantes espaciais em uma cosmonave que cruza o espaço sideral. É uma mescla de terror, ação, vísceras e absurdo numa sequência de cenas em que a maioria dos que tentam dominar os espécimes da besta são devorados. Há 45 anos essas deformidades nauseantes garantem enorme audiência, assim como o agora autodenominado ex-coach tem feito com seu público cativo. Um antipolítico que precisa parasitar a política para se alimentar, de maneira espalhafatosa, e ainda se tornar mais poderoso.

Curioso que Marçal já traz na sua biografia fatos que - num passado já não tão recente da política - tornariam inviáveis qualquer pretensão de se tornar candidato a prefeito de uma megalópole como São Paulo. Pesa contra ele, por exemplo, segundo um relatório da Polícia Federal e uma condenação prescrita, histórias degradantes de golpes por meio de e-mails. Um candidato que literalmente pode ter ajudado surrupiar dinheiro de contas de idosos. Agora, revela o Estadão, seus articuladores políticos são acusados de trocar carros de luxo por cocaína para a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Pablo Marçal durante o debate realizado pelo Estadão em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Foto: Werther Santana/Estadão

Um candidato pretendente a dirigir a maior cidade do continente que se tornou rico na promessa de enriquecer os outros. Mas quais são as pessoas que de fato ficaram prósperas apenas por seguir os conselhos de Marçal? Existem? Onde vivem? Onde estão? O que realmente fazem foram acordar às 4h57 da manhã para ouvir as falas do líder? Um candidato que não só nega a política, mas também até mesmo o conhecimento científico ao repudiar, por exemplo, a teoria da evolução. Mas se bem que já tivemos outro caso de negação científica por um político que foi bastante longe neste País.

Marçal transita entre dois mundos. O mundo contemporâneo das redes sociais, dos cortes na internet, das sacadas rápidas que geram viralização (vide mostrar uma carteira de trabalho a Guilherme Boulos), dos slogans, dos símbolos como o boné com a letra “M”. Ele joga numa velocidade que transforma os oponentes em candidatos do passado. Está ligado o quanto de entretenimento que há na política.

Mas Marçal também está no velho mundo. Aposta no populismo, no messianismo, nas simplificações, na grosseria, no popularesco, na superficialidade, nas promessas sem cabimento, nas acusações sem provas, e tudo mais que faz tanta gente repudiar o processo político. Se encaixa numa cidade que já elegeu, por exemplo, Jânio Quadros como prefeito numa disputa com Fernando Henrique Cardoso.

Mas é inegável que domina uma linguagem que é a da população que fica boa parte das horas de seus dias com o rosto colado no celular em busca de posts que espalhem dopamina, num prazer ilusório, pelo corpo. Ele está conectado com o nosso vício nas redes. Possui mais consciência do que pega e não pega nesse mundo, o que seduz – não é à toa que amealhou uma fortuna de R$ 193 milhões. De alguma maneira, o jeito Marçal de fazer comunicação política veio para ficar.

Atualmente, nem Bolsonaro controla mais Marçal. O candidato do PRTB tenta se comportar como um Bolsonaro repaginado, rejuvenescido. Com isso atrai os votos bolsonaristas que estariam com o prefeito Ricardo Nunes. Para voltarmos à referência do filme Allien, pode ser uma mutação genética atualizada do monstro original. Assim com no caso de Bolsonaro, o Allien 1, os seguidores de Marçal, o Allien Romulus, certamente fecharão os olhos para tudo o que desmerece o novo líder.

Agora, por outro lado, essa história toda pode até ter um plot twist. Isso ocorrerá no caso de Marçal disputar o segundo-turno com Guilherme Boulos, e o candidato do PSOL obter os votos dos eleitores moderados de centro. Imaginem o choque para os “marçalistas” se São Paulo tiver como gestor um “comunista e invasor de casas”. No final triunfaria o postulante que o Allien Marçal foi programado para destruir.

Está nos cinemas brasileiros mais um filme da franquia Allien, o Romulus. Desde seu início, na obra de Ridley Scott, de 1979, monstros repugnantes concebidos pelo artista plástico suíço H. R. Giger parasitam e massacram viajantes espaciais em uma cosmonave que cruza o espaço sideral. É uma mescla de terror, ação, vísceras e absurdo numa sequência de cenas em que a maioria dos que tentam dominar os espécimes da besta são devorados. Há 45 anos essas deformidades nauseantes garantem enorme audiência, assim como o agora autodenominado ex-coach tem feito com seu público cativo. Um antipolítico que precisa parasitar a política para se alimentar, de maneira espalhafatosa, e ainda se tornar mais poderoso.

Curioso que Marçal já traz na sua biografia fatos que - num passado já não tão recente da política - tornariam inviáveis qualquer pretensão de se tornar candidato a prefeito de uma megalópole como São Paulo. Pesa contra ele, por exemplo, segundo um relatório da Polícia Federal e uma condenação prescrita, histórias degradantes de golpes por meio de e-mails. Um candidato que literalmente pode ter ajudado surrupiar dinheiro de contas de idosos. Agora, revela o Estadão, seus articuladores políticos são acusados de trocar carros de luxo por cocaína para a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Pablo Marçal durante o debate realizado pelo Estadão em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Foto: Werther Santana/Estadão

Um candidato pretendente a dirigir a maior cidade do continente que se tornou rico na promessa de enriquecer os outros. Mas quais são as pessoas que de fato ficaram prósperas apenas por seguir os conselhos de Marçal? Existem? Onde vivem? Onde estão? O que realmente fazem foram acordar às 4h57 da manhã para ouvir as falas do líder? Um candidato que não só nega a política, mas também até mesmo o conhecimento científico ao repudiar, por exemplo, a teoria da evolução. Mas se bem que já tivemos outro caso de negação científica por um político que foi bastante longe neste País.

Marçal transita entre dois mundos. O mundo contemporâneo das redes sociais, dos cortes na internet, das sacadas rápidas que geram viralização (vide mostrar uma carteira de trabalho a Guilherme Boulos), dos slogans, dos símbolos como o boné com a letra “M”. Ele joga numa velocidade que transforma os oponentes em candidatos do passado. Está ligado o quanto de entretenimento que há na política.

Mas Marçal também está no velho mundo. Aposta no populismo, no messianismo, nas simplificações, na grosseria, no popularesco, na superficialidade, nas promessas sem cabimento, nas acusações sem provas, e tudo mais que faz tanta gente repudiar o processo político. Se encaixa numa cidade que já elegeu, por exemplo, Jânio Quadros como prefeito numa disputa com Fernando Henrique Cardoso.

Mas é inegável que domina uma linguagem que é a da população que fica boa parte das horas de seus dias com o rosto colado no celular em busca de posts que espalhem dopamina, num prazer ilusório, pelo corpo. Ele está conectado com o nosso vício nas redes. Possui mais consciência do que pega e não pega nesse mundo, o que seduz – não é à toa que amealhou uma fortuna de R$ 193 milhões. De alguma maneira, o jeito Marçal de fazer comunicação política veio para ficar.

Atualmente, nem Bolsonaro controla mais Marçal. O candidato do PRTB tenta se comportar como um Bolsonaro repaginado, rejuvenescido. Com isso atrai os votos bolsonaristas que estariam com o prefeito Ricardo Nunes. Para voltarmos à referência do filme Allien, pode ser uma mutação genética atualizada do monstro original. Assim com no caso de Bolsonaro, o Allien 1, os seguidores de Marçal, o Allien Romulus, certamente fecharão os olhos para tudo o que desmerece o novo líder.

Agora, por outro lado, essa história toda pode até ter um plot twist. Isso ocorrerá no caso de Marçal disputar o segundo-turno com Guilherme Boulos, e o candidato do PSOL obter os votos dos eleitores moderados de centro. Imaginem o choque para os “marçalistas” se São Paulo tiver como gestor um “comunista e invasor de casas”. No final triunfaria o postulante que o Allien Marçal foi programado para destruir.

Está nos cinemas brasileiros mais um filme da franquia Allien, o Romulus. Desde seu início, na obra de Ridley Scott, de 1979, monstros repugnantes concebidos pelo artista plástico suíço H. R. Giger parasitam e massacram viajantes espaciais em uma cosmonave que cruza o espaço sideral. É uma mescla de terror, ação, vísceras e absurdo numa sequência de cenas em que a maioria dos que tentam dominar os espécimes da besta são devorados. Há 45 anos essas deformidades nauseantes garantem enorme audiência, assim como o agora autodenominado ex-coach tem feito com seu público cativo. Um antipolítico que precisa parasitar a política para se alimentar, de maneira espalhafatosa, e ainda se tornar mais poderoso.

Curioso que Marçal já traz na sua biografia fatos que - num passado já não tão recente da política - tornariam inviáveis qualquer pretensão de se tornar candidato a prefeito de uma megalópole como São Paulo. Pesa contra ele, por exemplo, segundo um relatório da Polícia Federal e uma condenação prescrita, histórias degradantes de golpes por meio de e-mails. Um candidato que literalmente pode ter ajudado surrupiar dinheiro de contas de idosos. Agora, revela o Estadão, seus articuladores políticos são acusados de trocar carros de luxo por cocaína para a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Pablo Marçal durante o debate realizado pelo Estadão em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Foto: Werther Santana/Estadão

Um candidato pretendente a dirigir a maior cidade do continente que se tornou rico na promessa de enriquecer os outros. Mas quais são as pessoas que de fato ficaram prósperas apenas por seguir os conselhos de Marçal? Existem? Onde vivem? Onde estão? O que realmente fazem foram acordar às 4h57 da manhã para ouvir as falas do líder? Um candidato que não só nega a política, mas também até mesmo o conhecimento científico ao repudiar, por exemplo, a teoria da evolução. Mas se bem que já tivemos outro caso de negação científica por um político que foi bastante longe neste País.

Marçal transita entre dois mundos. O mundo contemporâneo das redes sociais, dos cortes na internet, das sacadas rápidas que geram viralização (vide mostrar uma carteira de trabalho a Guilherme Boulos), dos slogans, dos símbolos como o boné com a letra “M”. Ele joga numa velocidade que transforma os oponentes em candidatos do passado. Está ligado o quanto de entretenimento que há na política.

Mas Marçal também está no velho mundo. Aposta no populismo, no messianismo, nas simplificações, na grosseria, no popularesco, na superficialidade, nas promessas sem cabimento, nas acusações sem provas, e tudo mais que faz tanta gente repudiar o processo político. Se encaixa numa cidade que já elegeu, por exemplo, Jânio Quadros como prefeito numa disputa com Fernando Henrique Cardoso.

Mas é inegável que domina uma linguagem que é a da população que fica boa parte das horas de seus dias com o rosto colado no celular em busca de posts que espalhem dopamina, num prazer ilusório, pelo corpo. Ele está conectado com o nosso vício nas redes. Possui mais consciência do que pega e não pega nesse mundo, o que seduz – não é à toa que amealhou uma fortuna de R$ 193 milhões. De alguma maneira, o jeito Marçal de fazer comunicação política veio para ficar.

Atualmente, nem Bolsonaro controla mais Marçal. O candidato do PRTB tenta se comportar como um Bolsonaro repaginado, rejuvenescido. Com isso atrai os votos bolsonaristas que estariam com o prefeito Ricardo Nunes. Para voltarmos à referência do filme Allien, pode ser uma mutação genética atualizada do monstro original. Assim com no caso de Bolsonaro, o Allien 1, os seguidores de Marçal, o Allien Romulus, certamente fecharão os olhos para tudo o que desmerece o novo líder.

Agora, por outro lado, essa história toda pode até ter um plot twist. Isso ocorrerá no caso de Marçal disputar o segundo-turno com Guilherme Boulos, e o candidato do PSOL obter os votos dos eleitores moderados de centro. Imaginem o choque para os “marçalistas” se São Paulo tiver como gestor um “comunista e invasor de casas”. No final triunfaria o postulante que o Allien Marçal foi programado para destruir.

Está nos cinemas brasileiros mais um filme da franquia Allien, o Romulus. Desde seu início, na obra de Ridley Scott, de 1979, monstros repugnantes concebidos pelo artista plástico suíço H. R. Giger parasitam e massacram viajantes espaciais em uma cosmonave que cruza o espaço sideral. É uma mescla de terror, ação, vísceras e absurdo numa sequência de cenas em que a maioria dos que tentam dominar os espécimes da besta são devorados. Há 45 anos essas deformidades nauseantes garantem enorme audiência, assim como o agora autodenominado ex-coach tem feito com seu público cativo. Um antipolítico que precisa parasitar a política para se alimentar, de maneira espalhafatosa, e ainda se tornar mais poderoso.

Curioso que Marçal já traz na sua biografia fatos que - num passado já não tão recente da política - tornariam inviáveis qualquer pretensão de se tornar candidato a prefeito de uma megalópole como São Paulo. Pesa contra ele, por exemplo, segundo um relatório da Polícia Federal e uma condenação prescrita, histórias degradantes de golpes por meio de e-mails. Um candidato que literalmente pode ter ajudado surrupiar dinheiro de contas de idosos. Agora, revela o Estadão, seus articuladores políticos são acusados de trocar carros de luxo por cocaína para a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Pablo Marçal durante o debate realizado pelo Estadão em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Foto: Werther Santana/Estadão

Um candidato pretendente a dirigir a maior cidade do continente que se tornou rico na promessa de enriquecer os outros. Mas quais são as pessoas que de fato ficaram prósperas apenas por seguir os conselhos de Marçal? Existem? Onde vivem? Onde estão? O que realmente fazem foram acordar às 4h57 da manhã para ouvir as falas do líder? Um candidato que não só nega a política, mas também até mesmo o conhecimento científico ao repudiar, por exemplo, a teoria da evolução. Mas se bem que já tivemos outro caso de negação científica por um político que foi bastante longe neste País.

Marçal transita entre dois mundos. O mundo contemporâneo das redes sociais, dos cortes na internet, das sacadas rápidas que geram viralização (vide mostrar uma carteira de trabalho a Guilherme Boulos), dos slogans, dos símbolos como o boné com a letra “M”. Ele joga numa velocidade que transforma os oponentes em candidatos do passado. Está ligado o quanto de entretenimento que há na política.

Mas Marçal também está no velho mundo. Aposta no populismo, no messianismo, nas simplificações, na grosseria, no popularesco, na superficialidade, nas promessas sem cabimento, nas acusações sem provas, e tudo mais que faz tanta gente repudiar o processo político. Se encaixa numa cidade que já elegeu, por exemplo, Jânio Quadros como prefeito numa disputa com Fernando Henrique Cardoso.

Mas é inegável que domina uma linguagem que é a da população que fica boa parte das horas de seus dias com o rosto colado no celular em busca de posts que espalhem dopamina, num prazer ilusório, pelo corpo. Ele está conectado com o nosso vício nas redes. Possui mais consciência do que pega e não pega nesse mundo, o que seduz – não é à toa que amealhou uma fortuna de R$ 193 milhões. De alguma maneira, o jeito Marçal de fazer comunicação política veio para ficar.

Atualmente, nem Bolsonaro controla mais Marçal. O candidato do PRTB tenta se comportar como um Bolsonaro repaginado, rejuvenescido. Com isso atrai os votos bolsonaristas que estariam com o prefeito Ricardo Nunes. Para voltarmos à referência do filme Allien, pode ser uma mutação genética atualizada do monstro original. Assim com no caso de Bolsonaro, o Allien 1, os seguidores de Marçal, o Allien Romulus, certamente fecharão os olhos para tudo o que desmerece o novo líder.

Agora, por outro lado, essa história toda pode até ter um plot twist. Isso ocorrerá no caso de Marçal disputar o segundo-turno com Guilherme Boulos, e o candidato do PSOL obter os votos dos eleitores moderados de centro. Imaginem o choque para os “marçalistas” se São Paulo tiver como gestor um “comunista e invasor de casas”. No final triunfaria o postulante que o Allien Marçal foi programado para destruir.

Opinião por Fabiano Lana

Fabiano Lana é formado em Comunicação Social pela UFMG e em Filosofia pela UnB, onde também tem mestrado na área. Foi repórter do Jornal do Brasil, entre outros veículos. Atua como consultor de comunicação. É autor do livro “Riobaldo agarra sua morte”, em que discute interseções entre jornalismo, política e ética.

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