Disputas de poder e o debate político-cultural brasileiro

Opinião|Um furo do Estadão que desnudou o governismo


Caso de visita de mulher ligada ao Comando Vermelho ao Ministério da Justiça expôs o que é falho e mal-ajambrado

Por Fabiano Lana

Como nos filmes catástrofe ao estilo de Inferno na Torre, com os astros Steve McQueen, Faye Dunaway e Paul Newman, tragédias podem começar com pequenos descuidos que se transformam em incêndio, que se alastram, que colocam tudo a perder. Na hipótese otimista da mais nova crise brasileira, uma falha de checagem do Ministério da Justiça permitiu que Luciane Barbosa, conhecida pela alcunha de “dama do tráfico” do Amazonas, desfilasse pelos salões e fosse recebida por autoridades da pasta responsável pela segurança pública no Brasil.

O furo foi do Estadão, cumprindo a função jornalística de revelar o que é falho, o que é mal-ajambrado, o que é suspeito. Mas o que é bastante interessante de se observar é como os demais atores políticos se comportaram no caso. E como num bom filme, houve atores que foram manipulados, os manipuladores, e as figuras marcadas pela ambiguidade.

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Em primeiro lugar os chamados bolsonaristas. Usaram todas as suas energias para queimar ainda mais o titular da Justiça. Com afinco, espalharam o material originado do Estadão nas redes. Têm horror de imaginar que Dino possa ser ministro do STF.

Entretanto, poucos “mínions” estavam conscientes de que atuavam para fortalecer a candidatura do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no STF. Ex-braço direito da ex-presidente Dilma Rousseff, Messias ficou famoso em todo o Brasil por ser responsável pelo documento que garantiria a posse de Lula como ministro, no final do governo Dilma, de maneira a evitar o impeachment. Em uma gravação ordenada pelo então juiz Sergio Moro, mais tarde considerada ilegal, Dilma se referiu a Messias como “Bessias”. A presidente estava gripada e pronunciou mal.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disputa vaga no STF com o colega de governo, Jorge Messias, da AGU Foto: André Borges/ EFE
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Um detalhe curioso dessa trama. Messias, em setembro, foi homenageado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) num jantar para fortalecer sua candidatura ao Supremo. Logo, em um novembro incongruente da história do Brasil, bolsonaristas e petistas estão do mesmo lado numa batalha política.

Nessa confusão, houve uma parte da classe política que resolveu adotar as táticas dos primeiros mandatos do governo Lula: atacar a imprensa e em especial o Estadão. Para isso, até mesmo funcionários pagos pela imprensa estatal foram alocados. Acuado, um deles precisou ir para as redes e dizer que sua remuneração de quase vinte vezes a média do Brasil para uma um trabalho de um dia por semana, muitas vezes na defesa do governo, seria baixo.

Um ex-deputado ativista foi às redes e propôs uma passeata contra a mídia oligarca. A presidente do PT falou de “métodos sórdidos” de quem apenas fez jornalismo. O PT, aliás, como sabemos, não está tão do lado de Flávio Dino assim, ao contrário do que indicam as declarações públicas.

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Também tentaram dizer que a tal dama do tráfico nem condenada era, que sofria acusação injusta. Aos fatos, Luciene Faria, que é esposa de um líder de facção que atende pelo apelido de “tio Patinhas,” foi condenada a dez anos de prisão por associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

E nesse roteiro intrincado, houve um momento cliché, batido, um ponto baixo da trama. Responsável pela pasta que pagou as passagens para a dama do tráfico ir a Brasília, o ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, atribuiu aos “próceres do fascismo à brasileira” os ataques ao governo. Oficialmente, foi o Comitê estadual do Amazonas que integra o sistema nacional de prevenção e combate à tortura que indicou o nome da esposa de Patinhas para ir a Brasília. Ou seja, como no caso do filme Inferno na Torre, foi um pequeno curto-circuito que causou o incêndio.

Chamar de fascista tem sido a estratégia final de ofender quem está do outro lado do campo político.

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Resta saber qual foi o papel do presidente Lula nisso. Está de que lado, de Messias, de Dino, do PT, de ninguém, dele mesmo? Nos últimos anos o principal critério para a escolha de um ministro do STF tem sido a proteção da figura física do presidente, logo não pode errar na sua decisão. Enquanto isso, logo fará dois meses que uma cadeira de ministro do Supremo está vazia.

Pena que nessa versão brasileira da tragédia os atores não sejam tão talentosos como McQueen, Faye Dunaway ou Paul Newman.

Como nos filmes catástrofe ao estilo de Inferno na Torre, com os astros Steve McQueen, Faye Dunaway e Paul Newman, tragédias podem começar com pequenos descuidos que se transformam em incêndio, que se alastram, que colocam tudo a perder. Na hipótese otimista da mais nova crise brasileira, uma falha de checagem do Ministério da Justiça permitiu que Luciane Barbosa, conhecida pela alcunha de “dama do tráfico” do Amazonas, desfilasse pelos salões e fosse recebida por autoridades da pasta responsável pela segurança pública no Brasil.

O furo foi do Estadão, cumprindo a função jornalística de revelar o que é falho, o que é mal-ajambrado, o que é suspeito. Mas o que é bastante interessante de se observar é como os demais atores políticos se comportaram no caso. E como num bom filme, houve atores que foram manipulados, os manipuladores, e as figuras marcadas pela ambiguidade.

Em primeiro lugar os chamados bolsonaristas. Usaram todas as suas energias para queimar ainda mais o titular da Justiça. Com afinco, espalharam o material originado do Estadão nas redes. Têm horror de imaginar que Dino possa ser ministro do STF.

Entretanto, poucos “mínions” estavam conscientes de que atuavam para fortalecer a candidatura do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no STF. Ex-braço direito da ex-presidente Dilma Rousseff, Messias ficou famoso em todo o Brasil por ser responsável pelo documento que garantiria a posse de Lula como ministro, no final do governo Dilma, de maneira a evitar o impeachment. Em uma gravação ordenada pelo então juiz Sergio Moro, mais tarde considerada ilegal, Dilma se referiu a Messias como “Bessias”. A presidente estava gripada e pronunciou mal.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disputa vaga no STF com o colega de governo, Jorge Messias, da AGU Foto: André Borges/ EFE

Um detalhe curioso dessa trama. Messias, em setembro, foi homenageado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) num jantar para fortalecer sua candidatura ao Supremo. Logo, em um novembro incongruente da história do Brasil, bolsonaristas e petistas estão do mesmo lado numa batalha política.

Nessa confusão, houve uma parte da classe política que resolveu adotar as táticas dos primeiros mandatos do governo Lula: atacar a imprensa e em especial o Estadão. Para isso, até mesmo funcionários pagos pela imprensa estatal foram alocados. Acuado, um deles precisou ir para as redes e dizer que sua remuneração de quase vinte vezes a média do Brasil para uma um trabalho de um dia por semana, muitas vezes na defesa do governo, seria baixo.

Um ex-deputado ativista foi às redes e propôs uma passeata contra a mídia oligarca. A presidente do PT falou de “métodos sórdidos” de quem apenas fez jornalismo. O PT, aliás, como sabemos, não está tão do lado de Flávio Dino assim, ao contrário do que indicam as declarações públicas.

Também tentaram dizer que a tal dama do tráfico nem condenada era, que sofria acusação injusta. Aos fatos, Luciene Faria, que é esposa de um líder de facção que atende pelo apelido de “tio Patinhas,” foi condenada a dez anos de prisão por associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

E nesse roteiro intrincado, houve um momento cliché, batido, um ponto baixo da trama. Responsável pela pasta que pagou as passagens para a dama do tráfico ir a Brasília, o ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, atribuiu aos “próceres do fascismo à brasileira” os ataques ao governo. Oficialmente, foi o Comitê estadual do Amazonas que integra o sistema nacional de prevenção e combate à tortura que indicou o nome da esposa de Patinhas para ir a Brasília. Ou seja, como no caso do filme Inferno na Torre, foi um pequeno curto-circuito que causou o incêndio.

Chamar de fascista tem sido a estratégia final de ofender quem está do outro lado do campo político.

Resta saber qual foi o papel do presidente Lula nisso. Está de que lado, de Messias, de Dino, do PT, de ninguém, dele mesmo? Nos últimos anos o principal critério para a escolha de um ministro do STF tem sido a proteção da figura física do presidente, logo não pode errar na sua decisão. Enquanto isso, logo fará dois meses que uma cadeira de ministro do Supremo está vazia.

Pena que nessa versão brasileira da tragédia os atores não sejam tão talentosos como McQueen, Faye Dunaway ou Paul Newman.

Como nos filmes catástrofe ao estilo de Inferno na Torre, com os astros Steve McQueen, Faye Dunaway e Paul Newman, tragédias podem começar com pequenos descuidos que se transformam em incêndio, que se alastram, que colocam tudo a perder. Na hipótese otimista da mais nova crise brasileira, uma falha de checagem do Ministério da Justiça permitiu que Luciane Barbosa, conhecida pela alcunha de “dama do tráfico” do Amazonas, desfilasse pelos salões e fosse recebida por autoridades da pasta responsável pela segurança pública no Brasil.

O furo foi do Estadão, cumprindo a função jornalística de revelar o que é falho, o que é mal-ajambrado, o que é suspeito. Mas o que é bastante interessante de se observar é como os demais atores políticos se comportaram no caso. E como num bom filme, houve atores que foram manipulados, os manipuladores, e as figuras marcadas pela ambiguidade.

Em primeiro lugar os chamados bolsonaristas. Usaram todas as suas energias para queimar ainda mais o titular da Justiça. Com afinco, espalharam o material originado do Estadão nas redes. Têm horror de imaginar que Dino possa ser ministro do STF.

Entretanto, poucos “mínions” estavam conscientes de que atuavam para fortalecer a candidatura do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no STF. Ex-braço direito da ex-presidente Dilma Rousseff, Messias ficou famoso em todo o Brasil por ser responsável pelo documento que garantiria a posse de Lula como ministro, no final do governo Dilma, de maneira a evitar o impeachment. Em uma gravação ordenada pelo então juiz Sergio Moro, mais tarde considerada ilegal, Dilma se referiu a Messias como “Bessias”. A presidente estava gripada e pronunciou mal.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disputa vaga no STF com o colega de governo, Jorge Messias, da AGU Foto: André Borges/ EFE

Um detalhe curioso dessa trama. Messias, em setembro, foi homenageado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) num jantar para fortalecer sua candidatura ao Supremo. Logo, em um novembro incongruente da história do Brasil, bolsonaristas e petistas estão do mesmo lado numa batalha política.

Nessa confusão, houve uma parte da classe política que resolveu adotar as táticas dos primeiros mandatos do governo Lula: atacar a imprensa e em especial o Estadão. Para isso, até mesmo funcionários pagos pela imprensa estatal foram alocados. Acuado, um deles precisou ir para as redes e dizer que sua remuneração de quase vinte vezes a média do Brasil para uma um trabalho de um dia por semana, muitas vezes na defesa do governo, seria baixo.

Um ex-deputado ativista foi às redes e propôs uma passeata contra a mídia oligarca. A presidente do PT falou de “métodos sórdidos” de quem apenas fez jornalismo. O PT, aliás, como sabemos, não está tão do lado de Flávio Dino assim, ao contrário do que indicam as declarações públicas.

Também tentaram dizer que a tal dama do tráfico nem condenada era, que sofria acusação injusta. Aos fatos, Luciene Faria, que é esposa de um líder de facção que atende pelo apelido de “tio Patinhas,” foi condenada a dez anos de prisão por associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

E nesse roteiro intrincado, houve um momento cliché, batido, um ponto baixo da trama. Responsável pela pasta que pagou as passagens para a dama do tráfico ir a Brasília, o ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, atribuiu aos “próceres do fascismo à brasileira” os ataques ao governo. Oficialmente, foi o Comitê estadual do Amazonas que integra o sistema nacional de prevenção e combate à tortura que indicou o nome da esposa de Patinhas para ir a Brasília. Ou seja, como no caso do filme Inferno na Torre, foi um pequeno curto-circuito que causou o incêndio.

Chamar de fascista tem sido a estratégia final de ofender quem está do outro lado do campo político.

Resta saber qual foi o papel do presidente Lula nisso. Está de que lado, de Messias, de Dino, do PT, de ninguém, dele mesmo? Nos últimos anos o principal critério para a escolha de um ministro do STF tem sido a proteção da figura física do presidente, logo não pode errar na sua decisão. Enquanto isso, logo fará dois meses que uma cadeira de ministro do Supremo está vazia.

Pena que nessa versão brasileira da tragédia os atores não sejam tão talentosos como McQueen, Faye Dunaway ou Paul Newman.

Como nos filmes catástrofe ao estilo de Inferno na Torre, com os astros Steve McQueen, Faye Dunaway e Paul Newman, tragédias podem começar com pequenos descuidos que se transformam em incêndio, que se alastram, que colocam tudo a perder. Na hipótese otimista da mais nova crise brasileira, uma falha de checagem do Ministério da Justiça permitiu que Luciane Barbosa, conhecida pela alcunha de “dama do tráfico” do Amazonas, desfilasse pelos salões e fosse recebida por autoridades da pasta responsável pela segurança pública no Brasil.

O furo foi do Estadão, cumprindo a função jornalística de revelar o que é falho, o que é mal-ajambrado, o que é suspeito. Mas o que é bastante interessante de se observar é como os demais atores políticos se comportaram no caso. E como num bom filme, houve atores que foram manipulados, os manipuladores, e as figuras marcadas pela ambiguidade.

Em primeiro lugar os chamados bolsonaristas. Usaram todas as suas energias para queimar ainda mais o titular da Justiça. Com afinco, espalharam o material originado do Estadão nas redes. Têm horror de imaginar que Dino possa ser ministro do STF.

Entretanto, poucos “mínions” estavam conscientes de que atuavam para fortalecer a candidatura do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no STF. Ex-braço direito da ex-presidente Dilma Rousseff, Messias ficou famoso em todo o Brasil por ser responsável pelo documento que garantiria a posse de Lula como ministro, no final do governo Dilma, de maneira a evitar o impeachment. Em uma gravação ordenada pelo então juiz Sergio Moro, mais tarde considerada ilegal, Dilma se referiu a Messias como “Bessias”. A presidente estava gripada e pronunciou mal.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disputa vaga no STF com o colega de governo, Jorge Messias, da AGU Foto: André Borges/ EFE

Um detalhe curioso dessa trama. Messias, em setembro, foi homenageado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) num jantar para fortalecer sua candidatura ao Supremo. Logo, em um novembro incongruente da história do Brasil, bolsonaristas e petistas estão do mesmo lado numa batalha política.

Nessa confusão, houve uma parte da classe política que resolveu adotar as táticas dos primeiros mandatos do governo Lula: atacar a imprensa e em especial o Estadão. Para isso, até mesmo funcionários pagos pela imprensa estatal foram alocados. Acuado, um deles precisou ir para as redes e dizer que sua remuneração de quase vinte vezes a média do Brasil para uma um trabalho de um dia por semana, muitas vezes na defesa do governo, seria baixo.

Um ex-deputado ativista foi às redes e propôs uma passeata contra a mídia oligarca. A presidente do PT falou de “métodos sórdidos” de quem apenas fez jornalismo. O PT, aliás, como sabemos, não está tão do lado de Flávio Dino assim, ao contrário do que indicam as declarações públicas.

Também tentaram dizer que a tal dama do tráfico nem condenada era, que sofria acusação injusta. Aos fatos, Luciene Faria, que é esposa de um líder de facção que atende pelo apelido de “tio Patinhas,” foi condenada a dez anos de prisão por associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

E nesse roteiro intrincado, houve um momento cliché, batido, um ponto baixo da trama. Responsável pela pasta que pagou as passagens para a dama do tráfico ir a Brasília, o ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, atribuiu aos “próceres do fascismo à brasileira” os ataques ao governo. Oficialmente, foi o Comitê estadual do Amazonas que integra o sistema nacional de prevenção e combate à tortura que indicou o nome da esposa de Patinhas para ir a Brasília. Ou seja, como no caso do filme Inferno na Torre, foi um pequeno curto-circuito que causou o incêndio.

Chamar de fascista tem sido a estratégia final de ofender quem está do outro lado do campo político.

Resta saber qual foi o papel do presidente Lula nisso. Está de que lado, de Messias, de Dino, do PT, de ninguém, dele mesmo? Nos últimos anos o principal critério para a escolha de um ministro do STF tem sido a proteção da figura física do presidente, logo não pode errar na sua decisão. Enquanto isso, logo fará dois meses que uma cadeira de ministro do Supremo está vazia.

Pena que nessa versão brasileira da tragédia os atores não sejam tão talentosos como McQueen, Faye Dunaway ou Paul Newman.

Opinião por Fabiano Lana

Fabiano Lana é formado em Comunicação Social pela UFMG e em Filosofia pela UnB, onde também tem mestrado na área. Foi repórter do Jornal do Brasil, entre outros veículos. Atua como consultor de comunicação. É autor do livro “Riobaldo agarra sua morte”, em que discute interseções entre jornalismo, política e ética.

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