O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luis Antonio Naban, anunciou hoje um "pacto de solidariedade" firmado entre cerca de 80 fazendeiros do Pontal do Paranapanema para defender suas propriedades contra as invasões do Movimento dos Sem Terra (MST). Segundo ele, se uma fazenda estiver na iminência de ser invadida, todos os outros proprietários se mobilizarão em sua defesa. "Os invasores não vão encontrar pela frente apenas o dono e seus familiares, mas um grupo de 100 ou mais pessoas, dispostas a reagir em defesa da sua integridade e da propriedade." Naban contou que o pacto foi proposto durante uma reunião dos associados da UDR, segunda-feira, em Presidente Prudente. "Os 68 presentes aderiram de forma imediata e, de lá para cá, estamos recebendo novas adesões." Segundo ele, a decisão de criar esse compromisso entre os fazendeiros decorreu da falta de resposta a ofícios enviados na semana passada à Procuradoria Geral de Justiça do Estado e ao comando da Polícia Militar, alertando sobre a iminência de novas invasões no Pontal. Antes da desocupação da fazenda Santa Maria, pertencente ao Jovelino Mineiro, sócio dos filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso, na última quarta-feira, o líder do MST no Pontal, José Rainha Júnior, avisara que as invasões seriam retomadas. "Não podemos ficar esperando acontecer", disse. Os fazendeiros vão recorrer inicialmente à polícia. "Nossa ação ocorrerá na eventualidade da Polícia Militar e dos órgãos do governo não se mobilizarem para impedir a invasão", explicou. Naban revelou que os fazendeiros têm acesso a informações que permitem prever as ações do MST. "Assim que ficar clara a intenção deles de invadir uma propriedade, todos serão mobilizados." O presidente da UDR garantiu que não haverá contratação de jagunços, nem formação de milícias armadas, mas os fazendeiros contarão com o reforço dos empregados e arrendatários. "A maior parte dessas pessoas mora na propriedade, onde mantém a família, e participa da produção, por isso também é contra as invasões." Algumas fazendas, como a Mira Lua, em Marabá Paulista, treinaram funcionários para atuarem também como seguranças da propriedade.