Análises fora da bolha

O ‘deus’ do bolsonarismo foi descoberto


O advogado Frederick Wassef fica na fronteira entre a defesa advocatícia e a participação nos rolos da família Bolsonaro

Por Felipe Moura Brasil
Atualização:

Frederick Wassef é um personagem e tanto. Quando o bolsonarismo precisou tirar Fabrício Queiroz dos holofotes, em razão da investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro que apontou o ex-assessor de Flávio Bolsonaro como operador do esquema de apropriação de salários de assessores, o advogado da família hospedou Queiroz em Atibaia até o momento da prisão do hóspede.

Quando o bolsonarismo precisou resgatar o Rolex recebido como presente oficial pelo então presidente Jair Bolsonaro e vendido nos Estados Unidos pelo pai de seu então ajudante de ordens Mauro Cid, o general Mauro César Lourena Cid, Wassef recuperou o relógio, “retornou com o bem ao Brasil” e o entregou em São Paulo a Mauro Cid, que “retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente”, de acordo com os indícios coletados pela Polícia Federal.

A nota de Wassef sobre as revelações da PF é tão ensaboada quanto a sua atuação, na fronteira entre a defesa advocatícia e a participação nos rolos da família Bolsonaro. Suspeito de ter recomprado um objeto específico, ele negou uma venda genérica: “Nunca vendi nenhuma joia”.

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Advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, em entrevista no Congresso, durante a CPI da Covid Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em 2019, quando Dias Toffoli, a partir de pedido de Wassef, suspendeu investigações baseadas em dados do Coaf, como aquela sobre Flávio, e em dados da Receita, como as que miravam as esposas de Toffoli e Gilmar Mendes, o advogado foi ouvido festejando sua articulação no STF e comentando a felicidade da família do cliente, com frases como “tá o Brasil inteiro me ligando e me chamando de Deus!” e “o Flávio, o presidente, tudo infartado, chorando”.

Se a família Bolsonaro, que ainda atuou para blindar Toffoli contra a CPI da Lava Toga, contou com a boa vontade do ministro, a diferença é que o inquérito das milícias digitais, no âmbito do qual tramita o caso das joias, é relatado por Alexandre de Moraes, o algoz dos bolsonaristas no STF.

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Desde 1983, quando era tenente e “deu mostras de imaturidade ao ser atraído por empreendimento de ‘garimpo de ouro’”, como registrou a Diretoria de Cadastro e Avaliação do então ministério do Exército, Bolsonaro sempre teve, enquanto finge demência, quem amenizasse, varresse ou limpasse a sua sujeira, deixada pela “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”.

Agora que o “Deus” do bolsonarismo foi descoberto, a série “Better Call Wassef” talvez precise de um novo gerenciador de crises para o papel do titular.

Frederick Wassef é um personagem e tanto. Quando o bolsonarismo precisou tirar Fabrício Queiroz dos holofotes, em razão da investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro que apontou o ex-assessor de Flávio Bolsonaro como operador do esquema de apropriação de salários de assessores, o advogado da família hospedou Queiroz em Atibaia até o momento da prisão do hóspede.

Quando o bolsonarismo precisou resgatar o Rolex recebido como presente oficial pelo então presidente Jair Bolsonaro e vendido nos Estados Unidos pelo pai de seu então ajudante de ordens Mauro Cid, o general Mauro César Lourena Cid, Wassef recuperou o relógio, “retornou com o bem ao Brasil” e o entregou em São Paulo a Mauro Cid, que “retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente”, de acordo com os indícios coletados pela Polícia Federal.

A nota de Wassef sobre as revelações da PF é tão ensaboada quanto a sua atuação, na fronteira entre a defesa advocatícia e a participação nos rolos da família Bolsonaro. Suspeito de ter recomprado um objeto específico, ele negou uma venda genérica: “Nunca vendi nenhuma joia”.

Advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, em entrevista no Congresso, durante a CPI da Covid Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em 2019, quando Dias Toffoli, a partir de pedido de Wassef, suspendeu investigações baseadas em dados do Coaf, como aquela sobre Flávio, e em dados da Receita, como as que miravam as esposas de Toffoli e Gilmar Mendes, o advogado foi ouvido festejando sua articulação no STF e comentando a felicidade da família do cliente, com frases como “tá o Brasil inteiro me ligando e me chamando de Deus!” e “o Flávio, o presidente, tudo infartado, chorando”.

Se a família Bolsonaro, que ainda atuou para blindar Toffoli contra a CPI da Lava Toga, contou com a boa vontade do ministro, a diferença é que o inquérito das milícias digitais, no âmbito do qual tramita o caso das joias, é relatado por Alexandre de Moraes, o algoz dos bolsonaristas no STF.

Desde 1983, quando era tenente e “deu mostras de imaturidade ao ser atraído por empreendimento de ‘garimpo de ouro’”, como registrou a Diretoria de Cadastro e Avaliação do então ministério do Exército, Bolsonaro sempre teve, enquanto finge demência, quem amenizasse, varresse ou limpasse a sua sujeira, deixada pela “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”.

Agora que o “Deus” do bolsonarismo foi descoberto, a série “Better Call Wassef” talvez precise de um novo gerenciador de crises para o papel do titular.

Frederick Wassef é um personagem e tanto. Quando o bolsonarismo precisou tirar Fabrício Queiroz dos holofotes, em razão da investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro que apontou o ex-assessor de Flávio Bolsonaro como operador do esquema de apropriação de salários de assessores, o advogado da família hospedou Queiroz em Atibaia até o momento da prisão do hóspede.

Quando o bolsonarismo precisou resgatar o Rolex recebido como presente oficial pelo então presidente Jair Bolsonaro e vendido nos Estados Unidos pelo pai de seu então ajudante de ordens Mauro Cid, o general Mauro César Lourena Cid, Wassef recuperou o relógio, “retornou com o bem ao Brasil” e o entregou em São Paulo a Mauro Cid, que “retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente”, de acordo com os indícios coletados pela Polícia Federal.

A nota de Wassef sobre as revelações da PF é tão ensaboada quanto a sua atuação, na fronteira entre a defesa advocatícia e a participação nos rolos da família Bolsonaro. Suspeito de ter recomprado um objeto específico, ele negou uma venda genérica: “Nunca vendi nenhuma joia”.

Advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, em entrevista no Congresso, durante a CPI da Covid Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em 2019, quando Dias Toffoli, a partir de pedido de Wassef, suspendeu investigações baseadas em dados do Coaf, como aquela sobre Flávio, e em dados da Receita, como as que miravam as esposas de Toffoli e Gilmar Mendes, o advogado foi ouvido festejando sua articulação no STF e comentando a felicidade da família do cliente, com frases como “tá o Brasil inteiro me ligando e me chamando de Deus!” e “o Flávio, o presidente, tudo infartado, chorando”.

Se a família Bolsonaro, que ainda atuou para blindar Toffoli contra a CPI da Lava Toga, contou com a boa vontade do ministro, a diferença é que o inquérito das milícias digitais, no âmbito do qual tramita o caso das joias, é relatado por Alexandre de Moraes, o algoz dos bolsonaristas no STF.

Desde 1983, quando era tenente e “deu mostras de imaturidade ao ser atraído por empreendimento de ‘garimpo de ouro’”, como registrou a Diretoria de Cadastro e Avaliação do então ministério do Exército, Bolsonaro sempre teve, enquanto finge demência, quem amenizasse, varresse ou limpasse a sua sujeira, deixada pela “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”.

Agora que o “Deus” do bolsonarismo foi descoberto, a série “Better Call Wassef” talvez precise de um novo gerenciador de crises para o papel do titular.

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