BRASÍLIA - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, confirmou que o pai teve uma reunião com o senador Marcos do Val (Pode-ES) para tratar de uma tentativa de golpe de Estado, mas alegou que a situação narrada não configura “nenhum tipo de crime”. Flávio admitiu que tinha conhecimento da reunião, mas colocou a responsabilidade da proposta no ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).
Durante a madrugada desta quinta-feira, 2, Marcos do Val afirmou que sofreu coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para se aliar a ele em um golpe de Estado. O episódio ocorreu durante uma reunião com o ex-presidente e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que tinha um plano para prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, de acordo com o senador.
Após conversar com Flávio Bolsonaro, no entanto, Marcos do Val mudou a versão e tentou isentar Bolsonaro da situação. Na manhã desta quinta, os dois conversaram ao pé do ouvido no plenário do Senado, durante a sessão que elegeu os cargos da Mesa da Casa. Minutos depois, do Val subiu ao gabinete para dar uma coletiva de imprensa e tentar isentar Bolsonaro da situação. Flávio, por sua vez, pediu a palavra no microfone do Senado e reforçou a nova versão.
“O que eu peço é que todos os esclarecimentos sejam feitos, e não digo nem abertura de inquérito, porque a situação que foi narrada não configura nenhum tipo de crime”, afirmou Flávio Bolsonaro no plenário. “Ele (Marcos do Val) já havia me relatado o que tinha acontecido, que isso iria ser trazido a público, contudo, numa linha que essa reunião, que aconteceu, ela seria uma tentativa de um parlamentar de demover as pessoa que estavam nessa reunião de fazer algo absolutamente inaceitável, absurdo e ilegal.”
Horas após a live em que falou sobre a tentativa do ex-presidente de envolvê-lo na suposta trama golpista, Do Val publicou um comunicado em sua conta no Instagram, afirmando que apresentaria sua renúncia ao cargo de Senador. Mais tarde, porém, Marcos do Val voltou atrás e afirmou que essa decisão ainda não está tomada. O parlamentar é aliado de Bolsonaro. Em julho do ano passado, ele afirmou ao Estadão que recebeu R$ 50 milhões do orçamento secreto por ter apoiado a eleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no cargo. “O fato é que dia 3 de dezembro o presidente Jair Bolsonaro deixou a Presidência”, afirmou Flávio no Senado, em defesa do pai.