BRASÍLIA - Flávio Dino trocou a toga de juiz pela carreira política. Agora, está próximo de voltar a usar toga no Supremo Tribunal Federal (STF), após ser indicado para vaga na Corte pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda como ministro da Justiça, Dino escolhe obras com mensagens políticas para recomendar a quem quer dedicar o tempo livre para ler, ouvir e pensar.
Dino é o personagem desta semana na série do Estadão que colhe de autoridades sugestões de livros, músicas e filmes para compartilhar com os leitores. O ex-juiz indica uma obra de Mario Vargas Llosa, um filme baseado em produção literária do italiano Umberto Eco e uma música que rodou de boca em boca durante a ditadura e segue sendo símbolo de luta contra a opressão.
Antes de Dino também já deram dicas de obras culturais os ministros do STF Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, além de autoridades do Executivo e Legislativo.
Um livro
O ministro serve-se do Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa e colunista do Estadão para indicar a leitura de “Conversa no Catedral”. A obra é de 1969 e considerada uma das principais da produção de Vargas Llosa. Conta a história do Peru nos anos 1960. O Catedral do título vem do nome do bar frequentado pelo protagonista da estória, o jornalista Zavalita. A obra serve de referência histórica sobre a América Latina com países que passaram por ditaduras e repressão. “Um extraordinário painel sobre lutas políticas e populares na América Latina”, como explica o próprio Dino.
Um filme
Também vem da literatura a inspiração para o filme que Flávio Dino indica: “O Nome da Rosa”, uma produção de 1986 foi rodado a partir da obra de mesmo nome do pensador italiano Umberto Eco. “Um filme baseado em um grande livro que trata sobre conflitos próprios da Idade Média, mas que são extremamente atuais porque alusivos ao acesso ao conhecimento como fonte de poder”, resume Dino.
Ainda que o filme não reproduza toda a erudição que Eco esbanja em seu livro, a produção reproduz a estória do embate medieval na Igreja Católica a partir da investigação de uma série de crimes ocorridos num mosteiro. O abade-detetive no filme é interpretado pelo escocês Sean Connery.
Uma música
Popularmente a canção que Dino sugere é conhecida como “Caminhando e cantando”. Mas o nome oficial da composição de Geraldo Vandré é “Par não dizer que não falei das flores”. A música tornou-se um hino de enfrentamento à ditadura militar e passou a ser repetida mais tarde em atos e protestos já na década de 1990 após a redemocratização. “É uma música que me emocionou quando ouvi a primeira vez no final da década de 70 e marcou profundamente a minha geração como um convite à participação política”, diz Dino.
Ficha técnica:
Um livro: “Conversa no Catedral”, Mário Vargas Llosa
Um Filme: O Nome da Rosa, 1986
Uma música: Para Não Dizer Que Não Falei das Flores, Geraldo Vandré