Dino tem novo embate com bolsonaristas na Câmara: ‘Não sou amigo de miliciano’


Ministro da Justiça faltou à sessão do colegiado de Segurança Pública na terça, alegando ameaça à integridade física; reunião desta quarta é marcada por provocações da oposição

Por Levy Teles
Atualização:

BRASÍLIA – A terceira ida do ministro da Justiça, Flávio Dino, à Câmara dos Deputados foi novamente palco para o embate entre ele e parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os congressistas pressionaram Dino, sobretudo, sobre a situação da segurança pública no Brasil, as imagens do ministério durante o 8 de janeiro e sobre ida dele ao complexo da Maré, favela do Rio de Janeiro.

As provocações vieram de ambos os lados. Ao falar sobre o Rio de Janeiro, Dino fez ataques indiretos a Bolsonaro e à família. Ele disse que um dos maiores erros políticos do Estado foi o apoio às milícias, que, segundo ele, partiu de políticos.

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“Eu não homenageio miliciano, não sou amigo de miliciano, não sou vizinho de miliciano, não empreguei no meu gabinete filho de miliciano, esposa de miliciano, e, portanto, não tenho nenhuma relação com o crime organizado no Rio de Janeiro”, disse.

Dino retornou à Câmara depois de duas ausências a audiências da Comissão de Segurança Pública. A última foi nesta terça-feira. À Comissão de Fiscalização, presidida por Bia Kicis (PL-DF) e controlada por deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Os requerimentos pediam que o ministro comentasse sobre a recusa do envio de imagens das câmeras do Ministério da Justiça durante invasão do 8 de janeiro à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), supostas “práticas abusivas” contra as big techs, suspeita de interferência na Polícia Federal (PF) e cortes no Orçamento de 2024 para o combate à criminalidade.

A Comissão de Fiscalização e Controle, que convocou Dino, é controlada por bolsonaristas. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Dino disse que as imagens do Ministério da Justiça não adicionariam nada relevante ao “vasto material probatório” contra os ataques golpistas do 8 de janeiro, defendeu o projeto de lei das Fake News, disse não dialogar com delegados que presidem inquéritos na PF.

A troca de provocações não parou por aí. O ministro reforçou que apenas responderia às perguntas relativas aos temas dos requerimentos. “É a primeira vez que vejo o ministro sem medo de ir à Maré, mas com medo de perguntas”, disse Nikolas Ferreira (PL-MG), autor de um dos três requerimentos.

“Está com medo de responder, é?”, questionou outro parlamentar, fora do microfone. Aos deputados, o ministro disse que não pretende atender aos requerimentos do colegiado de segurança. Parlamentares do governo compareceram para fazer a defesa do ministro.

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Dino retribuiu as provocações. “Depois de uma viagem à realidade paralela, faço um convite à realidade”, afirmou Dino, depois das falas de Nikolas. No começo, a presidente da comissão precisou fazer sucessivas interrupções para pedir para os deputados se comportarem.

Fora do microfone, os parlamentares interrompiam Dino. Ao comentar a ida à Maré, Dino falou que havia preconceito dos bolsonaristas com os moradores daquela região e disse que eles “não gostam de pobre”. “Ele gosta tanto de pobre que no Maranhão é recordista”, provocou um deputado, fazendo referência ao Estado, o com o maior número de pessoas extremamente pobres, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que Dino governou por oito anos.

Em outro episódio, dessa vez com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), Dino voltou a provocar Bolsonaro. “Sou patriota. nunca bati continência para bandeira de nenhum país”, disse, lembrando de quando o ex-presidente prestou continência à bandeira dos Estados Unidos.

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Zambelli e governista se estanham na Comissão: ‘Sou casada, Duarte’

A sessão da Comissão também garantiu a judicialização de um caso contra um parlamentar. Duarte (PSB-MA) e Zambelli trocaram sucessivas provocações. A deputada usou o microfone para fazer. “Eu sou casada, Duarte”. “Eu tenho bom gosto”, respondeu imediatamente o pessebista. Zambelli afirmou que irá processá-lo pelo insulto. Duarte se defendeu dizendo que a fala foi um desrespeito com a esposa dele.

Os dois já produziram um outro incidente — também em uma audiência com Dino — em que Duarte acusou a parlamentar de tê-lo mandado “tomar no c...”. O caso foi levado ao Conselho de Ética. Zambelli confirmou ter dito o palavrão, mas negou que tenha sido endereçado ao deputado. O caso foi posteriormente arquivado.

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Dino alegou ameaça à integridade física para justificar duas ausências à comissão da Câmara

Em pouco menos de um mês, Dino ausentou-se duas vezes de convocações feitas pela Comissão de Segurança. Em ofício apresentado nesta terça-feira, 24,, Dino justificou que sua ausência ocorreu após o Ministério da Justiça apontar elevado risco de agressões físicas e morais de integrantes da comissão a ele, inclusive com ameaças de uso de arma de fogo por parlamentares.

O ministro afirmou que os parlamentares poderiam estar armados, o que poderia representar ameaça à integridade física. “É verossímil pensar que eles andam armados, o que se configura uma grave ameaça à minha integridade física, se eu comparecesse à audiência. Lembro, a propósito, que os parlamentares não se submetem aos detectores de metais, o que reforça a percepção de risco, inclusive em razão dos reiterados desatinos por parte de alguns”, argumentou.

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No total, Dino já compareceu em quatro audiências no Congresso – três na Câmara e uma no Senado. Em todas elas, o ministro fez piadas e ironias com os parlamentares. Em abril, a sessão foi interrompida depois da sucessiva troca de ataques e provocações entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

BRASÍLIA – A terceira ida do ministro da Justiça, Flávio Dino, à Câmara dos Deputados foi novamente palco para o embate entre ele e parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os congressistas pressionaram Dino, sobretudo, sobre a situação da segurança pública no Brasil, as imagens do ministério durante o 8 de janeiro e sobre ida dele ao complexo da Maré, favela do Rio de Janeiro.

As provocações vieram de ambos os lados. Ao falar sobre o Rio de Janeiro, Dino fez ataques indiretos a Bolsonaro e à família. Ele disse que um dos maiores erros políticos do Estado foi o apoio às milícias, que, segundo ele, partiu de políticos.

“Eu não homenageio miliciano, não sou amigo de miliciano, não sou vizinho de miliciano, não empreguei no meu gabinete filho de miliciano, esposa de miliciano, e, portanto, não tenho nenhuma relação com o crime organizado no Rio de Janeiro”, disse.

Dino retornou à Câmara depois de duas ausências a audiências da Comissão de Segurança Pública. A última foi nesta terça-feira. À Comissão de Fiscalização, presidida por Bia Kicis (PL-DF) e controlada por deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Os requerimentos pediam que o ministro comentasse sobre a recusa do envio de imagens das câmeras do Ministério da Justiça durante invasão do 8 de janeiro à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), supostas “práticas abusivas” contra as big techs, suspeita de interferência na Polícia Federal (PF) e cortes no Orçamento de 2024 para o combate à criminalidade.

A Comissão de Fiscalização e Controle, que convocou Dino, é controlada por bolsonaristas. Foto: Wilton Junior/Estadão

Dino disse que as imagens do Ministério da Justiça não adicionariam nada relevante ao “vasto material probatório” contra os ataques golpistas do 8 de janeiro, defendeu o projeto de lei das Fake News, disse não dialogar com delegados que presidem inquéritos na PF.

A troca de provocações não parou por aí. O ministro reforçou que apenas responderia às perguntas relativas aos temas dos requerimentos. “É a primeira vez que vejo o ministro sem medo de ir à Maré, mas com medo de perguntas”, disse Nikolas Ferreira (PL-MG), autor de um dos três requerimentos.

“Está com medo de responder, é?”, questionou outro parlamentar, fora do microfone. Aos deputados, o ministro disse que não pretende atender aos requerimentos do colegiado de segurança. Parlamentares do governo compareceram para fazer a defesa do ministro.

Dino retribuiu as provocações. “Depois de uma viagem à realidade paralela, faço um convite à realidade”, afirmou Dino, depois das falas de Nikolas. No começo, a presidente da comissão precisou fazer sucessivas interrupções para pedir para os deputados se comportarem.

Fora do microfone, os parlamentares interrompiam Dino. Ao comentar a ida à Maré, Dino falou que havia preconceito dos bolsonaristas com os moradores daquela região e disse que eles “não gostam de pobre”. “Ele gosta tanto de pobre que no Maranhão é recordista”, provocou um deputado, fazendo referência ao Estado, o com o maior número de pessoas extremamente pobres, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que Dino governou por oito anos.

Em outro episódio, dessa vez com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), Dino voltou a provocar Bolsonaro. “Sou patriota. nunca bati continência para bandeira de nenhum país”, disse, lembrando de quando o ex-presidente prestou continência à bandeira dos Estados Unidos.

Zambelli e governista se estanham na Comissão: ‘Sou casada, Duarte’

A sessão da Comissão também garantiu a judicialização de um caso contra um parlamentar. Duarte (PSB-MA) e Zambelli trocaram sucessivas provocações. A deputada usou o microfone para fazer. “Eu sou casada, Duarte”. “Eu tenho bom gosto”, respondeu imediatamente o pessebista. Zambelli afirmou que irá processá-lo pelo insulto. Duarte se defendeu dizendo que a fala foi um desrespeito com a esposa dele.

Os dois já produziram um outro incidente — também em uma audiência com Dino — em que Duarte acusou a parlamentar de tê-lo mandado “tomar no c...”. O caso foi levado ao Conselho de Ética. Zambelli confirmou ter dito o palavrão, mas negou que tenha sido endereçado ao deputado. O caso foi posteriormente arquivado.

Dino alegou ameaça à integridade física para justificar duas ausências à comissão da Câmara

Em pouco menos de um mês, Dino ausentou-se duas vezes de convocações feitas pela Comissão de Segurança. Em ofício apresentado nesta terça-feira, 24,, Dino justificou que sua ausência ocorreu após o Ministério da Justiça apontar elevado risco de agressões físicas e morais de integrantes da comissão a ele, inclusive com ameaças de uso de arma de fogo por parlamentares.

O ministro afirmou que os parlamentares poderiam estar armados, o que poderia representar ameaça à integridade física. “É verossímil pensar que eles andam armados, o que se configura uma grave ameaça à minha integridade física, se eu comparecesse à audiência. Lembro, a propósito, que os parlamentares não se submetem aos detectores de metais, o que reforça a percepção de risco, inclusive em razão dos reiterados desatinos por parte de alguns”, argumentou.

No total, Dino já compareceu em quatro audiências no Congresso – três na Câmara e uma no Senado. Em todas elas, o ministro fez piadas e ironias com os parlamentares. Em abril, a sessão foi interrompida depois da sucessiva troca de ataques e provocações entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

BRASÍLIA – A terceira ida do ministro da Justiça, Flávio Dino, à Câmara dos Deputados foi novamente palco para o embate entre ele e parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os congressistas pressionaram Dino, sobretudo, sobre a situação da segurança pública no Brasil, as imagens do ministério durante o 8 de janeiro e sobre ida dele ao complexo da Maré, favela do Rio de Janeiro.

As provocações vieram de ambos os lados. Ao falar sobre o Rio de Janeiro, Dino fez ataques indiretos a Bolsonaro e à família. Ele disse que um dos maiores erros políticos do Estado foi o apoio às milícias, que, segundo ele, partiu de políticos.

“Eu não homenageio miliciano, não sou amigo de miliciano, não sou vizinho de miliciano, não empreguei no meu gabinete filho de miliciano, esposa de miliciano, e, portanto, não tenho nenhuma relação com o crime organizado no Rio de Janeiro”, disse.

Dino retornou à Câmara depois de duas ausências a audiências da Comissão de Segurança Pública. A última foi nesta terça-feira. À Comissão de Fiscalização, presidida por Bia Kicis (PL-DF) e controlada por deputados apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Os requerimentos pediam que o ministro comentasse sobre a recusa do envio de imagens das câmeras do Ministério da Justiça durante invasão do 8 de janeiro à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), supostas “práticas abusivas” contra as big techs, suspeita de interferência na Polícia Federal (PF) e cortes no Orçamento de 2024 para o combate à criminalidade.

A Comissão de Fiscalização e Controle, que convocou Dino, é controlada por bolsonaristas. Foto: Wilton Junior/Estadão

Dino disse que as imagens do Ministério da Justiça não adicionariam nada relevante ao “vasto material probatório” contra os ataques golpistas do 8 de janeiro, defendeu o projeto de lei das Fake News, disse não dialogar com delegados que presidem inquéritos na PF.

A troca de provocações não parou por aí. O ministro reforçou que apenas responderia às perguntas relativas aos temas dos requerimentos. “É a primeira vez que vejo o ministro sem medo de ir à Maré, mas com medo de perguntas”, disse Nikolas Ferreira (PL-MG), autor de um dos três requerimentos.

“Está com medo de responder, é?”, questionou outro parlamentar, fora do microfone. Aos deputados, o ministro disse que não pretende atender aos requerimentos do colegiado de segurança. Parlamentares do governo compareceram para fazer a defesa do ministro.

Dino retribuiu as provocações. “Depois de uma viagem à realidade paralela, faço um convite à realidade”, afirmou Dino, depois das falas de Nikolas. No começo, a presidente da comissão precisou fazer sucessivas interrupções para pedir para os deputados se comportarem.

Fora do microfone, os parlamentares interrompiam Dino. Ao comentar a ida à Maré, Dino falou que havia preconceito dos bolsonaristas com os moradores daquela região e disse que eles “não gostam de pobre”. “Ele gosta tanto de pobre que no Maranhão é recordista”, provocou um deputado, fazendo referência ao Estado, o com o maior número de pessoas extremamente pobres, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e que Dino governou por oito anos.

Em outro episódio, dessa vez com a deputada Carla Zambelli (PL-SP), Dino voltou a provocar Bolsonaro. “Sou patriota. nunca bati continência para bandeira de nenhum país”, disse, lembrando de quando o ex-presidente prestou continência à bandeira dos Estados Unidos.

Zambelli e governista se estanham na Comissão: ‘Sou casada, Duarte’

A sessão da Comissão também garantiu a judicialização de um caso contra um parlamentar. Duarte (PSB-MA) e Zambelli trocaram sucessivas provocações. A deputada usou o microfone para fazer. “Eu sou casada, Duarte”. “Eu tenho bom gosto”, respondeu imediatamente o pessebista. Zambelli afirmou que irá processá-lo pelo insulto. Duarte se defendeu dizendo que a fala foi um desrespeito com a esposa dele.

Os dois já produziram um outro incidente — também em uma audiência com Dino — em que Duarte acusou a parlamentar de tê-lo mandado “tomar no c...”. O caso foi levado ao Conselho de Ética. Zambelli confirmou ter dito o palavrão, mas negou que tenha sido endereçado ao deputado. O caso foi posteriormente arquivado.

Dino alegou ameaça à integridade física para justificar duas ausências à comissão da Câmara

Em pouco menos de um mês, Dino ausentou-se duas vezes de convocações feitas pela Comissão de Segurança. Em ofício apresentado nesta terça-feira, 24,, Dino justificou que sua ausência ocorreu após o Ministério da Justiça apontar elevado risco de agressões físicas e morais de integrantes da comissão a ele, inclusive com ameaças de uso de arma de fogo por parlamentares.

O ministro afirmou que os parlamentares poderiam estar armados, o que poderia representar ameaça à integridade física. “É verossímil pensar que eles andam armados, o que se configura uma grave ameaça à minha integridade física, se eu comparecesse à audiência. Lembro, a propósito, que os parlamentares não se submetem aos detectores de metais, o que reforça a percepção de risco, inclusive em razão dos reiterados desatinos por parte de alguns”, argumentou.

No total, Dino já compareceu em quatro audiências no Congresso – três na Câmara e uma no Senado. Em todas elas, o ministro fez piadas e ironias com os parlamentares. Em abril, a sessão foi interrompida depois da sucessiva troca de ataques e provocações entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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