Fora do MEC, Weintraub quer liderar militância digital e cogita candidatura em 2022


Nos EUA, Weintraub deve se aproximar ainda mais do guru Olavo de Carvalho e tentará ficar próximo do grupo de Donald Trump

Por Jussara Soares

BRASÍLIA - Demitido do Ministério da Educação, o economista Abraham Weintraub deve seguir na defesa do presidente Jair Bolsonaro, mas, sobretudo, quer aumentar sua influência nas redes sociais e se projetar com um líder da direita. A interlocutores, ele admite usar a projeção que ganhou no MECpara concorrer a governador de São Paulo ou a senador em 2022.

Ao ocupar um posto de diretor do Banco Mundial, em Washington (EUA), cargo para o qual foi indicado ontem, Weintraub também deve se aproximar ainda mais do guru Olavo de Carvalho, que mora no estado americano de Virgina. O ex-ministro também pretende manter relação com o diplomata olavista Nestor Forster, encarregado de negócios da embaixada brasileira na capital americana. Embora ex-alunos do guru bolsonarista, os dois não se conhecem pessoalmente. Por fim, Weintraub deseja também ser um interlocutor do grupo do presidente Donald Trump.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub Foto: Adriano Machado/Reuters
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Longe do governo Bolsonaro, Weintraub disse que estará mais livre para falar o que pensa sem ser cobrado. O ministro demissionário manteve o tom provocativo em postagem na manhã desta sexta-feira, um dia depois de anunciar a sua exoneração. O alvo, desta vez, foi justamente o atual governador de São Paulo, João Doria, que havia comemorado sua demissão. 

"Gov Dória, docinho, que delícia!Pegue as compras dos hospitais de SP e compare com os preços dos hospitais universitários do MEC. Respirador, máscara, álcool gel, pode escolher. Caso tenha um item seu mais barato, uso sapato sem meia e calça apertada sem cueca, para não marcar", escreveu. A uma apoiadora que elogia sua atuação no MEC, responde: "Estarei sempre por aqui".

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No entanto, um ex-integrante do alto escalão do Banco Mundial, que pediu para não ser identificado, ressaltou que, na diretoria, Weintraub terá que se adaptar ao código de ética do organismo, que proíbe declarações sobre a política dos países membros. Não seriam permitidas, por exemplos, publicações polêmicas em redes sociais, como a que Weintraub fez, ao ironizar os chineses e a pandemia do coronavírus.

Bolsonaro vinha sendo pressionado a demitir o ministro como um gesto de trégua a magistrados Supremo Tribunal Federal, a quem Weintraub chamou de “vagabundos” em reunião ministerial.No último domingo, 14, a situação se agravou após o ministro participar de um ato ao lado de bolsonaristas e repetir a ofensa.

O argumento dos que defendiam a demissão era de que Weintraub se tornou um gerador de crises desnecessárias justamente no momento em que o presidente, pressionado por pedidos de impeachment, inquérito e ações que podem levar à cassação do mandato, tenta diminuir a tensão na Praça dos Três Poderes.

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Na segunda-feira, 15, Bolsonaro chegou a recriminar a ida do seu ministro ao ato, dizendo que ele não foi "prudente". Na ocasião, já indicava que o auxiliar seria demitido.

No vídeo em que anunciou sua saída, Weintraub disse que está preocupado com a família. "O presidente já referendou. Obrigado, presidente. E com isso, eu, a minha esposa, os nossos filhos e até a nossa cachorrinha Capitu, a gente vai poder ter a segurança que hoje me está deixando muito preocupado", afirma.

Segundo amigos, o ministro não teme ser preso, mas está preocupado com a segurança da mulher e dos três filhos. Caso resolva concorrer a um cargo político, ele afirma que pensa em deixá-los morando fora do País. Alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news, ele avisou numa postagem nesta sexta, 19, que está deixando o País "em poucos dias".

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"Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!", escreveu.

Ministro colecionou desafetos

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Weintraub, o segundo a comandar a pasta desde o início do governo, ficou 14 meses no cargo, período no qual acumulou desavenças com reitores, estudantes, parlamentares, chineses, judeus e, mais recentemente, magistrados do Supremo, chamados por ele de “vagabundos” em uma reunião ministerial. 

A expectativa é que o secretário-executivo Antonio Vogel assuma interinamente o MEC.O atual secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, nome ligado a Olavo, era o principal cotado para assumir seu lugar na pasta, mas enfrenta resistência em parte do governo. Diante da pressão, Nadalim teria recusado o cargo. O MEC ainda não detalhou como será a transição. 

O anúncio da saída de Weintraub do governo foi feito em um vídeo ao lado do presidente publicado nas redes sociais na tarde desta quinta-feira, 18.A expectativa era que a gravação, antecipada pelo Estadão, fosse feita pela manhã, mas a prisão do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz em um imóvel de Frederick Wassef, advogado do senador Flávio Bolsonaro e do presidente, atrapalhou os planos.

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O vídeo foi feito por insistência de Weintraub que, segundo interlocutores, já não queria prolongar o desgaste que se arrastava nos últimos dias. O ministro, que deve permanecer no cargo para fazer uma transição nos próximos dias, afirmou a pessoas próximas que caso o presidente não o realocasse em um cargo no exterior estava determinado a deixar o País do mesmo modo, alegando preocupação com a segurança da família.  /COLABOROU LORENNA RODRIGUES

BRASÍLIA - Demitido do Ministério da Educação, o economista Abraham Weintraub deve seguir na defesa do presidente Jair Bolsonaro, mas, sobretudo, quer aumentar sua influência nas redes sociais e se projetar com um líder da direita. A interlocutores, ele admite usar a projeção que ganhou no MECpara concorrer a governador de São Paulo ou a senador em 2022.

Ao ocupar um posto de diretor do Banco Mundial, em Washington (EUA), cargo para o qual foi indicado ontem, Weintraub também deve se aproximar ainda mais do guru Olavo de Carvalho, que mora no estado americano de Virgina. O ex-ministro também pretende manter relação com o diplomata olavista Nestor Forster, encarregado de negócios da embaixada brasileira na capital americana. Embora ex-alunos do guru bolsonarista, os dois não se conhecem pessoalmente. Por fim, Weintraub deseja também ser um interlocutor do grupo do presidente Donald Trump.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub Foto: Adriano Machado/Reuters

Longe do governo Bolsonaro, Weintraub disse que estará mais livre para falar o que pensa sem ser cobrado. O ministro demissionário manteve o tom provocativo em postagem na manhã desta sexta-feira, um dia depois de anunciar a sua exoneração. O alvo, desta vez, foi justamente o atual governador de São Paulo, João Doria, que havia comemorado sua demissão. 

"Gov Dória, docinho, que delícia!Pegue as compras dos hospitais de SP e compare com os preços dos hospitais universitários do MEC. Respirador, máscara, álcool gel, pode escolher. Caso tenha um item seu mais barato, uso sapato sem meia e calça apertada sem cueca, para não marcar", escreveu. A uma apoiadora que elogia sua atuação no MEC, responde: "Estarei sempre por aqui".

No entanto, um ex-integrante do alto escalão do Banco Mundial, que pediu para não ser identificado, ressaltou que, na diretoria, Weintraub terá que se adaptar ao código de ética do organismo, que proíbe declarações sobre a política dos países membros. Não seriam permitidas, por exemplos, publicações polêmicas em redes sociais, como a que Weintraub fez, ao ironizar os chineses e a pandemia do coronavírus.

Bolsonaro vinha sendo pressionado a demitir o ministro como um gesto de trégua a magistrados Supremo Tribunal Federal, a quem Weintraub chamou de “vagabundos” em reunião ministerial.No último domingo, 14, a situação se agravou após o ministro participar de um ato ao lado de bolsonaristas e repetir a ofensa.

O argumento dos que defendiam a demissão era de que Weintraub se tornou um gerador de crises desnecessárias justamente no momento em que o presidente, pressionado por pedidos de impeachment, inquérito e ações que podem levar à cassação do mandato, tenta diminuir a tensão na Praça dos Três Poderes.

Na segunda-feira, 15, Bolsonaro chegou a recriminar a ida do seu ministro ao ato, dizendo que ele não foi "prudente". Na ocasião, já indicava que o auxiliar seria demitido.

No vídeo em que anunciou sua saída, Weintraub disse que está preocupado com a família. "O presidente já referendou. Obrigado, presidente. E com isso, eu, a minha esposa, os nossos filhos e até a nossa cachorrinha Capitu, a gente vai poder ter a segurança que hoje me está deixando muito preocupado", afirma.

Segundo amigos, o ministro não teme ser preso, mas está preocupado com a segurança da mulher e dos três filhos. Caso resolva concorrer a um cargo político, ele afirma que pensa em deixá-los morando fora do País. Alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news, ele avisou numa postagem nesta sexta, 19, que está deixando o País "em poucos dias".

"Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!", escreveu.

Ministro colecionou desafetos

Weintraub, o segundo a comandar a pasta desde o início do governo, ficou 14 meses no cargo, período no qual acumulou desavenças com reitores, estudantes, parlamentares, chineses, judeus e, mais recentemente, magistrados do Supremo, chamados por ele de “vagabundos” em uma reunião ministerial. 

A expectativa é que o secretário-executivo Antonio Vogel assuma interinamente o MEC.O atual secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, nome ligado a Olavo, era o principal cotado para assumir seu lugar na pasta, mas enfrenta resistência em parte do governo. Diante da pressão, Nadalim teria recusado o cargo. O MEC ainda não detalhou como será a transição. 

O anúncio da saída de Weintraub do governo foi feito em um vídeo ao lado do presidente publicado nas redes sociais na tarde desta quinta-feira, 18.A expectativa era que a gravação, antecipada pelo Estadão, fosse feita pela manhã, mas a prisão do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz em um imóvel de Frederick Wassef, advogado do senador Flávio Bolsonaro e do presidente, atrapalhou os planos.

O vídeo foi feito por insistência de Weintraub que, segundo interlocutores, já não queria prolongar o desgaste que se arrastava nos últimos dias. O ministro, que deve permanecer no cargo para fazer uma transição nos próximos dias, afirmou a pessoas próximas que caso o presidente não o realocasse em um cargo no exterior estava determinado a deixar o País do mesmo modo, alegando preocupação com a segurança da família.  /COLABOROU LORENNA RODRIGUES

BRASÍLIA - Demitido do Ministério da Educação, o economista Abraham Weintraub deve seguir na defesa do presidente Jair Bolsonaro, mas, sobretudo, quer aumentar sua influência nas redes sociais e se projetar com um líder da direita. A interlocutores, ele admite usar a projeção que ganhou no MECpara concorrer a governador de São Paulo ou a senador em 2022.

Ao ocupar um posto de diretor do Banco Mundial, em Washington (EUA), cargo para o qual foi indicado ontem, Weintraub também deve se aproximar ainda mais do guru Olavo de Carvalho, que mora no estado americano de Virgina. O ex-ministro também pretende manter relação com o diplomata olavista Nestor Forster, encarregado de negócios da embaixada brasileira na capital americana. Embora ex-alunos do guru bolsonarista, os dois não se conhecem pessoalmente. Por fim, Weintraub deseja também ser um interlocutor do grupo do presidente Donald Trump.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub Foto: Adriano Machado/Reuters

Longe do governo Bolsonaro, Weintraub disse que estará mais livre para falar o que pensa sem ser cobrado. O ministro demissionário manteve o tom provocativo em postagem na manhã desta sexta-feira, um dia depois de anunciar a sua exoneração. O alvo, desta vez, foi justamente o atual governador de São Paulo, João Doria, que havia comemorado sua demissão. 

"Gov Dória, docinho, que delícia!Pegue as compras dos hospitais de SP e compare com os preços dos hospitais universitários do MEC. Respirador, máscara, álcool gel, pode escolher. Caso tenha um item seu mais barato, uso sapato sem meia e calça apertada sem cueca, para não marcar", escreveu. A uma apoiadora que elogia sua atuação no MEC, responde: "Estarei sempre por aqui".

No entanto, um ex-integrante do alto escalão do Banco Mundial, que pediu para não ser identificado, ressaltou que, na diretoria, Weintraub terá que se adaptar ao código de ética do organismo, que proíbe declarações sobre a política dos países membros. Não seriam permitidas, por exemplos, publicações polêmicas em redes sociais, como a que Weintraub fez, ao ironizar os chineses e a pandemia do coronavírus.

Bolsonaro vinha sendo pressionado a demitir o ministro como um gesto de trégua a magistrados Supremo Tribunal Federal, a quem Weintraub chamou de “vagabundos” em reunião ministerial.No último domingo, 14, a situação se agravou após o ministro participar de um ato ao lado de bolsonaristas e repetir a ofensa.

O argumento dos que defendiam a demissão era de que Weintraub se tornou um gerador de crises desnecessárias justamente no momento em que o presidente, pressionado por pedidos de impeachment, inquérito e ações que podem levar à cassação do mandato, tenta diminuir a tensão na Praça dos Três Poderes.

Na segunda-feira, 15, Bolsonaro chegou a recriminar a ida do seu ministro ao ato, dizendo que ele não foi "prudente". Na ocasião, já indicava que o auxiliar seria demitido.

No vídeo em que anunciou sua saída, Weintraub disse que está preocupado com a família. "O presidente já referendou. Obrigado, presidente. E com isso, eu, a minha esposa, os nossos filhos e até a nossa cachorrinha Capitu, a gente vai poder ter a segurança que hoje me está deixando muito preocupado", afirma.

Segundo amigos, o ministro não teme ser preso, mas está preocupado com a segurança da mulher e dos três filhos. Caso resolva concorrer a um cargo político, ele afirma que pensa em deixá-los morando fora do País. Alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news, ele avisou numa postagem nesta sexta, 19, que está deixando o País "em poucos dias".

"Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!", escreveu.

Ministro colecionou desafetos

Weintraub, o segundo a comandar a pasta desde o início do governo, ficou 14 meses no cargo, período no qual acumulou desavenças com reitores, estudantes, parlamentares, chineses, judeus e, mais recentemente, magistrados do Supremo, chamados por ele de “vagabundos” em uma reunião ministerial. 

A expectativa é que o secretário-executivo Antonio Vogel assuma interinamente o MEC.O atual secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, nome ligado a Olavo, era o principal cotado para assumir seu lugar na pasta, mas enfrenta resistência em parte do governo. Diante da pressão, Nadalim teria recusado o cargo. O MEC ainda não detalhou como será a transição. 

O anúncio da saída de Weintraub do governo foi feito em um vídeo ao lado do presidente publicado nas redes sociais na tarde desta quinta-feira, 18.A expectativa era que a gravação, antecipada pelo Estadão, fosse feita pela manhã, mas a prisão do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz em um imóvel de Frederick Wassef, advogado do senador Flávio Bolsonaro e do presidente, atrapalhou os planos.

O vídeo foi feito por insistência de Weintraub que, segundo interlocutores, já não queria prolongar o desgaste que se arrastava nos últimos dias. O ministro, que deve permanecer no cargo para fazer uma transição nos próximos dias, afirmou a pessoas próximas que caso o presidente não o realocasse em um cargo no exterior estava determinado a deixar o País do mesmo modo, alegando preocupação com a segurança da família.  /COLABOROU LORENNA RODRIGUES

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