A política sem segredos

Opinião|Abertura da Olimpíada em Paris com Santa Ceia LGBTQIA+ é presente para extrema direita


Imagem de Jesus ao lado de drag queens como apóstolos não segue o timing da política que soube explorar a ousadia classificada como blasfémia

Por Francisco Leali

Foi uma festa imodesta, parafraseando o compositor, que a França organizou para mostrar ao mundo que estavam abertas as Olimpíadas de 2024. Entre celebridades, cantoria, e atletas percorrendo o Sena, a ousadia de recriar a Santa Ceia de Leonardo da Vinci ao vivo com personagens representados pela sigla LGBTQIA+ foi o estopim que a contemporaneidade virtual precisava para polemizar. A criação colocou um DJ no lugar que seria de Jesus e drag queens como apóstolos. Um presente para a extrema direita francesa e a do restante do planeta.

A imagem não agradou a própria Igreja Católica e de seu meio vieram protestos. Na política, a cena da abertura dos Jogos Olímpicos foi explorada como demonstração de que da esquerda não se pode esperar respeito a valores sagrados como família e religião. Lá como cá, pululam postagens nas redes na linha do “tá vendo!”.

Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris recria Santa Ceia com draq queens e causa protesto de bispos. Foto: @Olympics (X)/
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Para conservadores, a encenação serve de instrumento para santanizar seus atípodas. Foi uma blasfémia, disseram. O fato de a extrema direita ter quase vencido as últimas eleições francesas poderia ter sido um freio para os organizadores da festa conterem o espírito criativo, avaliando que o timing não é aproriado para eventos que possam ser lidos como provocação. Mas isso, pelo jeito, não foi cogitado.

Deve-se lembrar que vieram da França as ideais libertadoras que as democracias modernas usam até hoje. Foi lá que o monarca, comparado ao “rei sol”, foi guilhotinado para dar lugar à República. Também é da França um dos exemplos mais violentos de intolerância no século XXI, quando em 2015 a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, foi atacada por terroristas sob alegação de que o periódico ofendera a imagem de Maomé que fora retratado em charge. Ali, a piada cáustica foi julgada imperdoável e o ataque armado ganhou ares de vingança divina.

Para não ir muito longe, é possível ainda fazer referências às paródias do Porta dos Fundos a Jesus. Os humoristas, em especial de fim de ano, retrataram a figura santa primeiro como de caráter duvidoso e, no ano seguinte, como de postura nada masculina. Evangélicos protestaram e até foram à Justiça.

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Impor limites ao humor sempre foi bandeira de quem prefere conter o comportamento humano. Em O Nome da Rosa, Umberto Eco descreve como a Inquisição católica, um dos tempos mais sombrios da história da humanidade, quis atribuir características pecaminosas ao riso.

Na política, no entanto, timing é tudo. O movimento ultra-conservador que ganha reverberação entre os votantes vê no episódio como um bom mote para fortalecer seu discurso que quase ganhou na França. Mas o pessoal da organização das Olimpíadas preferiu deixar a política com os políticos e deu asas à criação na festa de abertura.

Foi uma festa imodesta, parafraseando o compositor, que a França organizou para mostrar ao mundo que estavam abertas as Olimpíadas de 2024. Entre celebridades, cantoria, e atletas percorrendo o Sena, a ousadia de recriar a Santa Ceia de Leonardo da Vinci ao vivo com personagens representados pela sigla LGBTQIA+ foi o estopim que a contemporaneidade virtual precisava para polemizar. A criação colocou um DJ no lugar que seria de Jesus e drag queens como apóstolos. Um presente para a extrema direita francesa e a do restante do planeta.

A imagem não agradou a própria Igreja Católica e de seu meio vieram protestos. Na política, a cena da abertura dos Jogos Olímpicos foi explorada como demonstração de que da esquerda não se pode esperar respeito a valores sagrados como família e religião. Lá como cá, pululam postagens nas redes na linha do “tá vendo!”.

Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris recria Santa Ceia com draq queens e causa protesto de bispos. Foto: @Olympics (X)/

Para conservadores, a encenação serve de instrumento para santanizar seus atípodas. Foi uma blasfémia, disseram. O fato de a extrema direita ter quase vencido as últimas eleições francesas poderia ter sido um freio para os organizadores da festa conterem o espírito criativo, avaliando que o timing não é aproriado para eventos que possam ser lidos como provocação. Mas isso, pelo jeito, não foi cogitado.

Deve-se lembrar que vieram da França as ideais libertadoras que as democracias modernas usam até hoje. Foi lá que o monarca, comparado ao “rei sol”, foi guilhotinado para dar lugar à República. Também é da França um dos exemplos mais violentos de intolerância no século XXI, quando em 2015 a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, foi atacada por terroristas sob alegação de que o periódico ofendera a imagem de Maomé que fora retratado em charge. Ali, a piada cáustica foi julgada imperdoável e o ataque armado ganhou ares de vingança divina.

Para não ir muito longe, é possível ainda fazer referências às paródias do Porta dos Fundos a Jesus. Os humoristas, em especial de fim de ano, retrataram a figura santa primeiro como de caráter duvidoso e, no ano seguinte, como de postura nada masculina. Evangélicos protestaram e até foram à Justiça.

Impor limites ao humor sempre foi bandeira de quem prefere conter o comportamento humano. Em O Nome da Rosa, Umberto Eco descreve como a Inquisição católica, um dos tempos mais sombrios da história da humanidade, quis atribuir características pecaminosas ao riso.

Na política, no entanto, timing é tudo. O movimento ultra-conservador que ganha reverberação entre os votantes vê no episódio como um bom mote para fortalecer seu discurso que quase ganhou na França. Mas o pessoal da organização das Olimpíadas preferiu deixar a política com os políticos e deu asas à criação na festa de abertura.

Foi uma festa imodesta, parafraseando o compositor, que a França organizou para mostrar ao mundo que estavam abertas as Olimpíadas de 2024. Entre celebridades, cantoria, e atletas percorrendo o Sena, a ousadia de recriar a Santa Ceia de Leonardo da Vinci ao vivo com personagens representados pela sigla LGBTQIA+ foi o estopim que a contemporaneidade virtual precisava para polemizar. A criação colocou um DJ no lugar que seria de Jesus e drag queens como apóstolos. Um presente para a extrema direita francesa e a do restante do planeta.

A imagem não agradou a própria Igreja Católica e de seu meio vieram protestos. Na política, a cena da abertura dos Jogos Olímpicos foi explorada como demonstração de que da esquerda não se pode esperar respeito a valores sagrados como família e religião. Lá como cá, pululam postagens nas redes na linha do “tá vendo!”.

Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris recria Santa Ceia com draq queens e causa protesto de bispos. Foto: @Olympics (X)/

Para conservadores, a encenação serve de instrumento para santanizar seus atípodas. Foi uma blasfémia, disseram. O fato de a extrema direita ter quase vencido as últimas eleições francesas poderia ter sido um freio para os organizadores da festa conterem o espírito criativo, avaliando que o timing não é aproriado para eventos que possam ser lidos como provocação. Mas isso, pelo jeito, não foi cogitado.

Deve-se lembrar que vieram da França as ideais libertadoras que as democracias modernas usam até hoje. Foi lá que o monarca, comparado ao “rei sol”, foi guilhotinado para dar lugar à República. Também é da França um dos exemplos mais violentos de intolerância no século XXI, quando em 2015 a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, foi atacada por terroristas sob alegação de que o periódico ofendera a imagem de Maomé que fora retratado em charge. Ali, a piada cáustica foi julgada imperdoável e o ataque armado ganhou ares de vingança divina.

Para não ir muito longe, é possível ainda fazer referências às paródias do Porta dos Fundos a Jesus. Os humoristas, em especial de fim de ano, retrataram a figura santa primeiro como de caráter duvidoso e, no ano seguinte, como de postura nada masculina. Evangélicos protestaram e até foram à Justiça.

Impor limites ao humor sempre foi bandeira de quem prefere conter o comportamento humano. Em O Nome da Rosa, Umberto Eco descreve como a Inquisição católica, um dos tempos mais sombrios da história da humanidade, quis atribuir características pecaminosas ao riso.

Na política, no entanto, timing é tudo. O movimento ultra-conservador que ganha reverberação entre os votantes vê no episódio como um bom mote para fortalecer seu discurso que quase ganhou na França. Mas o pessoal da organização das Olimpíadas preferiu deixar a política com os políticos e deu asas à criação na festa de abertura.

Foi uma festa imodesta, parafraseando o compositor, que a França organizou para mostrar ao mundo que estavam abertas as Olimpíadas de 2024. Entre celebridades, cantoria, e atletas percorrendo o Sena, a ousadia de recriar a Santa Ceia de Leonardo da Vinci ao vivo com personagens representados pela sigla LGBTQIA+ foi o estopim que a contemporaneidade virtual precisava para polemizar. A criação colocou um DJ no lugar que seria de Jesus e drag queens como apóstolos. Um presente para a extrema direita francesa e a do restante do planeta.

A imagem não agradou a própria Igreja Católica e de seu meio vieram protestos. Na política, a cena da abertura dos Jogos Olímpicos foi explorada como demonstração de que da esquerda não se pode esperar respeito a valores sagrados como família e religião. Lá como cá, pululam postagens nas redes na linha do “tá vendo!”.

Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris recria Santa Ceia com draq queens e causa protesto de bispos. Foto: @Olympics (X)/

Para conservadores, a encenação serve de instrumento para santanizar seus atípodas. Foi uma blasfémia, disseram. O fato de a extrema direita ter quase vencido as últimas eleições francesas poderia ter sido um freio para os organizadores da festa conterem o espírito criativo, avaliando que o timing não é aproriado para eventos que possam ser lidos como provocação. Mas isso, pelo jeito, não foi cogitado.

Deve-se lembrar que vieram da França as ideais libertadoras que as democracias modernas usam até hoje. Foi lá que o monarca, comparado ao “rei sol”, foi guilhotinado para dar lugar à República. Também é da França um dos exemplos mais violentos de intolerância no século XXI, quando em 2015 a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, foi atacada por terroristas sob alegação de que o periódico ofendera a imagem de Maomé que fora retratado em charge. Ali, a piada cáustica foi julgada imperdoável e o ataque armado ganhou ares de vingança divina.

Para não ir muito longe, é possível ainda fazer referências às paródias do Porta dos Fundos a Jesus. Os humoristas, em especial de fim de ano, retrataram a figura santa primeiro como de caráter duvidoso e, no ano seguinte, como de postura nada masculina. Evangélicos protestaram e até foram à Justiça.

Impor limites ao humor sempre foi bandeira de quem prefere conter o comportamento humano. Em O Nome da Rosa, Umberto Eco descreve como a Inquisição católica, um dos tempos mais sombrios da história da humanidade, quis atribuir características pecaminosas ao riso.

Na política, no entanto, timing é tudo. O movimento ultra-conservador que ganha reverberação entre os votantes vê no episódio como um bom mote para fortalecer seu discurso que quase ganhou na França. Mas o pessoal da organização das Olimpíadas preferiu deixar a política com os políticos e deu asas à criação na festa de abertura.

Foi uma festa imodesta, parafraseando o compositor, que a França organizou para mostrar ao mundo que estavam abertas as Olimpíadas de 2024. Entre celebridades, cantoria, e atletas percorrendo o Sena, a ousadia de recriar a Santa Ceia de Leonardo da Vinci ao vivo com personagens representados pela sigla LGBTQIA+ foi o estopim que a contemporaneidade virtual precisava para polemizar. A criação colocou um DJ no lugar que seria de Jesus e drag queens como apóstolos. Um presente para a extrema direita francesa e a do restante do planeta.

A imagem não agradou a própria Igreja Católica e de seu meio vieram protestos. Na política, a cena da abertura dos Jogos Olímpicos foi explorada como demonstração de que da esquerda não se pode esperar respeito a valores sagrados como família e religião. Lá como cá, pululam postagens nas redes na linha do “tá vendo!”.

Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris recria Santa Ceia com draq queens e causa protesto de bispos. Foto: @Olympics (X)/

Para conservadores, a encenação serve de instrumento para santanizar seus atípodas. Foi uma blasfémia, disseram. O fato de a extrema direita ter quase vencido as últimas eleições francesas poderia ter sido um freio para os organizadores da festa conterem o espírito criativo, avaliando que o timing não é aproriado para eventos que possam ser lidos como provocação. Mas isso, pelo jeito, não foi cogitado.

Deve-se lembrar que vieram da França as ideais libertadoras que as democracias modernas usam até hoje. Foi lá que o monarca, comparado ao “rei sol”, foi guilhotinado para dar lugar à República. Também é da França um dos exemplos mais violentos de intolerância no século XXI, quando em 2015 a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, foi atacada por terroristas sob alegação de que o periódico ofendera a imagem de Maomé que fora retratado em charge. Ali, a piada cáustica foi julgada imperdoável e o ataque armado ganhou ares de vingança divina.

Para não ir muito longe, é possível ainda fazer referências às paródias do Porta dos Fundos a Jesus. Os humoristas, em especial de fim de ano, retrataram a figura santa primeiro como de caráter duvidoso e, no ano seguinte, como de postura nada masculina. Evangélicos protestaram e até foram à Justiça.

Impor limites ao humor sempre foi bandeira de quem prefere conter o comportamento humano. Em O Nome da Rosa, Umberto Eco descreve como a Inquisição católica, um dos tempos mais sombrios da história da humanidade, quis atribuir características pecaminosas ao riso.

Na política, no entanto, timing é tudo. O movimento ultra-conservador que ganha reverberação entre os votantes vê no episódio como um bom mote para fortalecer seu discurso que quase ganhou na França. Mas o pessoal da organização das Olimpíadas preferiu deixar a política com os políticos e deu asas à criação na festa de abertura.

Opinião por Francisco Leali

Coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.

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