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Opinião|Bolsonaro em 2 atos: sem camisa e pose de ‘mito ferido’; como o poderoso chefão do PL antirreforma


Declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral, ex-presidente expõe as marcas da facada depois de derrotado na batalha judicial mas mantém seu partido em rédea curta

Por Francisco Leali
Atualização:

Banido por oito anos da disputa eleitoral, o ex-presidente Jair Bolsonaro atua para não se tornar, antes da hora, um morto-vivo no cenário político. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que lhe fez inelegível ainda quente na memória, protagoniza uma dupla encenação. Para sua plateia nas redes, assume a figura do “mito ferido”. Para o público interno, o do seu partido, dá ordens e dita o rumo como se poderoso chefão do PL fosse.

Primeiro, coube a um subordinado espalhar aos quatro cantos a pose do capitão com torso desnudo. Num estúdio fotográfico que promete promover “estratégia de imagem”, o ex-presidente tirou a camisa, sentou-se mirando a lente da câmera para expor o abdômen marcado por cicatrizes de cirurgias. Apelou para a vitimização de si mesmo. Já o fizera outras tantas vezes tirando proveito político do ato violento de que foi alvo na eleição de 2018.

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O retrato de Bolsonaro, o esfaqueado, combina com o tom quase religioso que sempre imprimiu à sua carreira recente. De deputado do baixo clero ao candidato que pregou lutar contra o sistema, fez repetir que tinha uma missão a cumprir.

Nos idos de 2018 até no QG do Exército era possível ouvir de coronéis mais jovens que Bolsonaro a confissão de que viam no político a imagem do ‘messias” para acabar com tudo isso que está ai. Esse espírito pairou por boa parte da caserna nos últimos anos. Mas é bem diferente do que imperava no final da década de 1980, quando o capitão fora enxovalhado publicamente por um comunicado da Força que o acusava de faltar com a verdade e desonrar a farda. Foi ali que Jair Messias largou a carreira militar e rumou para as urnas.

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Agora, impedido de se lançar candidato, tenta impor uma nova ordem ao PL, o partido que costumava topar acordos à direita ou à esquerda. Com nomes que não lhe fazem sombra entre os seus, Bolsonaro, no melhor estilo godfather, sentou no centro da mesa no diretório do partido esta semana. Braços cruzados, ouvia sua cria política, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas tentar convencer os correligionários de que poderia haver algo de interessante a extrair da reforma tributária.

Tarcísio foi apedrejado verbalmente diante do padrinho dando mostras de que, de fato não aprovara a conduta do afilhado que fora se reunir com o petista Fernando Haddad, ministro da Fazenda, para acertar diferenças em relação ao tema em discussão no Congresso. “Pessoal, se o PL tiver unido não aprova nada”, vaticinou Bolsonaro no meio da fala do governador de São Paulo. Na casa onde o ex-presidente se esquece de posar de perseguido e prefere mandar e desmandar ecoa o coro para o que restou do “mito”: “Uhu, é isso ai presidente!”

Banido por oito anos da disputa eleitoral, o ex-presidente Jair Bolsonaro atua para não se tornar, antes da hora, um morto-vivo no cenário político. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que lhe fez inelegível ainda quente na memória, protagoniza uma dupla encenação. Para sua plateia nas redes, assume a figura do “mito ferido”. Para o público interno, o do seu partido, dá ordens e dita o rumo como se poderoso chefão do PL fosse.

Primeiro, coube a um subordinado espalhar aos quatro cantos a pose do capitão com torso desnudo. Num estúdio fotográfico que promete promover “estratégia de imagem”, o ex-presidente tirou a camisa, sentou-se mirando a lente da câmera para expor o abdômen marcado por cicatrizes de cirurgias. Apelou para a vitimização de si mesmo. Já o fizera outras tantas vezes tirando proveito político do ato violento de que foi alvo na eleição de 2018.

O retrato de Bolsonaro, o esfaqueado, combina com o tom quase religioso que sempre imprimiu à sua carreira recente. De deputado do baixo clero ao candidato que pregou lutar contra o sistema, fez repetir que tinha uma missão a cumprir.

Nos idos de 2018 até no QG do Exército era possível ouvir de coronéis mais jovens que Bolsonaro a confissão de que viam no político a imagem do ‘messias” para acabar com tudo isso que está ai. Esse espírito pairou por boa parte da caserna nos últimos anos. Mas é bem diferente do que imperava no final da década de 1980, quando o capitão fora enxovalhado publicamente por um comunicado da Força que o acusava de faltar com a verdade e desonrar a farda. Foi ali que Jair Messias largou a carreira militar e rumou para as urnas.

Agora, impedido de se lançar candidato, tenta impor uma nova ordem ao PL, o partido que costumava topar acordos à direita ou à esquerda. Com nomes que não lhe fazem sombra entre os seus, Bolsonaro, no melhor estilo godfather, sentou no centro da mesa no diretório do partido esta semana. Braços cruzados, ouvia sua cria política, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas tentar convencer os correligionários de que poderia haver algo de interessante a extrair da reforma tributária.

Tarcísio foi apedrejado verbalmente diante do padrinho dando mostras de que, de fato não aprovara a conduta do afilhado que fora se reunir com o petista Fernando Haddad, ministro da Fazenda, para acertar diferenças em relação ao tema em discussão no Congresso. “Pessoal, se o PL tiver unido não aprova nada”, vaticinou Bolsonaro no meio da fala do governador de São Paulo. Na casa onde o ex-presidente se esquece de posar de perseguido e prefere mandar e desmandar ecoa o coro para o que restou do “mito”: “Uhu, é isso ai presidente!”

Banido por oito anos da disputa eleitoral, o ex-presidente Jair Bolsonaro atua para não se tornar, antes da hora, um morto-vivo no cenário político. Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que lhe fez inelegível ainda quente na memória, protagoniza uma dupla encenação. Para sua plateia nas redes, assume a figura do “mito ferido”. Para o público interno, o do seu partido, dá ordens e dita o rumo como se poderoso chefão do PL fosse.

Primeiro, coube a um subordinado espalhar aos quatro cantos a pose do capitão com torso desnudo. Num estúdio fotográfico que promete promover “estratégia de imagem”, o ex-presidente tirou a camisa, sentou-se mirando a lente da câmera para expor o abdômen marcado por cicatrizes de cirurgias. Apelou para a vitimização de si mesmo. Já o fizera outras tantas vezes tirando proveito político do ato violento de que foi alvo na eleição de 2018.

O retrato de Bolsonaro, o esfaqueado, combina com o tom quase religioso que sempre imprimiu à sua carreira recente. De deputado do baixo clero ao candidato que pregou lutar contra o sistema, fez repetir que tinha uma missão a cumprir.

Nos idos de 2018 até no QG do Exército era possível ouvir de coronéis mais jovens que Bolsonaro a confissão de que viam no político a imagem do ‘messias” para acabar com tudo isso que está ai. Esse espírito pairou por boa parte da caserna nos últimos anos. Mas é bem diferente do que imperava no final da década de 1980, quando o capitão fora enxovalhado publicamente por um comunicado da Força que o acusava de faltar com a verdade e desonrar a farda. Foi ali que Jair Messias largou a carreira militar e rumou para as urnas.

Agora, impedido de se lançar candidato, tenta impor uma nova ordem ao PL, o partido que costumava topar acordos à direita ou à esquerda. Com nomes que não lhe fazem sombra entre os seus, Bolsonaro, no melhor estilo godfather, sentou no centro da mesa no diretório do partido esta semana. Braços cruzados, ouvia sua cria política, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas tentar convencer os correligionários de que poderia haver algo de interessante a extrair da reforma tributária.

Tarcísio foi apedrejado verbalmente diante do padrinho dando mostras de que, de fato não aprovara a conduta do afilhado que fora se reunir com o petista Fernando Haddad, ministro da Fazenda, para acertar diferenças em relação ao tema em discussão no Congresso. “Pessoal, se o PL tiver unido não aprova nada”, vaticinou Bolsonaro no meio da fala do governador de São Paulo. Na casa onde o ex-presidente se esquece de posar de perseguido e prefere mandar e desmandar ecoa o coro para o que restou do “mito”: “Uhu, é isso ai presidente!”

Opinião por Francisco Leali

Coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.

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