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Opinião|Bolsonaro promete ato amordaçado, mas leva para Paulista gente que preferia ver o STF do avesso


A Corte mais alta do País é a primeira inimiga dos bolsonaristas e dela emanam as ordens que, no momento, encurralam ex-presidente

Por Francisco Leali
Atualização:

Na arte da política, o bom discurso é quase tudo. Tanto pelo que o político diz, como pelo que quer dizer. Neste domingo, 25, Jair Bolsonaro estará na Avenida Paulista cercado dos que lhe admiram. O ato, como declarou o próprio ex-presidente, servirá para “tirar uma grande fotografia”, mostrando ao mundo cá e acolá que, apesar de inelegível e investigado, ainda tem status de líder e como tal é seguido e adorado.

Jair Bolsonaro convocou ato em sua defesa na Paulista no dia 25 de fevereiro Foto: Reprodução/Estadão via X

A manifestação foi, no entanto, convocada sob mordaça. Coube ao próprio Bolsonaro avisar aos seus que não é para levar faixas nem cartazes. Também não é para pedir a cabeça de ninguém. Na superfície, o capitão declara publicamente que vai reunir aqueles que com ele ainda estão em defesa da democracia e da liberdade. Mas pode vir a ser difícil encontrar na multidão quem não alimente uma fúria contida e o desejo de gritar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ou mesmo vê-lo do avesso.

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A Corte mais alta do País é a primeira inimiga dos bolsonaristas. Dela emanam as ordens que, no momento, encurralam Bolsonaro e o fazem mês sim, mês não, ir sentar-se na frente de um delegado da Polícia Federal para se explicar. O ministro Alexandre de Moraes, que comanda inquéritos e ações penais sobre atos golpistas, personifica a imagem de quem estará em corações e mentes dos que forem lotar a Paulista.

O ódio guardado sob ordem do capitão, se não transbordar no domingo, 25, estará implícito no protesto que tem objetivo claro: dizer que Bolsonaro é perseguido, injustiçado e não merece as barras da justiça ainda que as provas recentemente divulgadas indiquem o contrário.

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Com suas digitais na fracassada tentativa de golpe, Bolsonaro já repetiu nos últimos dias que move-se apenas pela vontade de reunir quem preza pela liberdade e advoga seu lema de político conservador: pátria, família e liberdade. Os vocábulos de aparência altiva foram os mesmos entoados pela malta que invadiu e depredou os prédios da Praça dos Três Poderes em Brasília no 8 de janeiro.

O ex-presidente precisa exibir a literalidade de uma avenida engarrafada de gente na esperança de não vir a ser trancafiado. Por isso, posa ainda de guardião dos votos que por muito pouco poderiam ter mantido a faixa presidencial em seu peito.

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Para além do ato público para interesse de um só, a Paulista coalhada de verde-amarelo também é mote pré-eleitoral. Neste ano de disputa municipal, quem olhar a imagem poderá dizer: ‘olha lá o inelegível reunindo um monte de gente’. O uniforme bolsonarista é mais do que apenas demonstração de que há uma boa parcela da população que ainda parece pensar como Bolsonaro. São eleitores que podem muito bem ir votar em quem o ex-presidente indicar, apesar de PF, de STF e de tudo o mais.

Na arte da política, o bom discurso é quase tudo. Tanto pelo que o político diz, como pelo que quer dizer. Neste domingo, 25, Jair Bolsonaro estará na Avenida Paulista cercado dos que lhe admiram. O ato, como declarou o próprio ex-presidente, servirá para “tirar uma grande fotografia”, mostrando ao mundo cá e acolá que, apesar de inelegível e investigado, ainda tem status de líder e como tal é seguido e adorado.

Jair Bolsonaro convocou ato em sua defesa na Paulista no dia 25 de fevereiro Foto: Reprodução/Estadão via X

A manifestação foi, no entanto, convocada sob mordaça. Coube ao próprio Bolsonaro avisar aos seus que não é para levar faixas nem cartazes. Também não é para pedir a cabeça de ninguém. Na superfície, o capitão declara publicamente que vai reunir aqueles que com ele ainda estão em defesa da democracia e da liberdade. Mas pode vir a ser difícil encontrar na multidão quem não alimente uma fúria contida e o desejo de gritar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ou mesmo vê-lo do avesso.

A Corte mais alta do País é a primeira inimiga dos bolsonaristas. Dela emanam as ordens que, no momento, encurralam Bolsonaro e o fazem mês sim, mês não, ir sentar-se na frente de um delegado da Polícia Federal para se explicar. O ministro Alexandre de Moraes, que comanda inquéritos e ações penais sobre atos golpistas, personifica a imagem de quem estará em corações e mentes dos que forem lotar a Paulista.

O ódio guardado sob ordem do capitão, se não transbordar no domingo, 25, estará implícito no protesto que tem objetivo claro: dizer que Bolsonaro é perseguido, injustiçado e não merece as barras da justiça ainda que as provas recentemente divulgadas indiquem o contrário.

Com suas digitais na fracassada tentativa de golpe, Bolsonaro já repetiu nos últimos dias que move-se apenas pela vontade de reunir quem preza pela liberdade e advoga seu lema de político conservador: pátria, família e liberdade. Os vocábulos de aparência altiva foram os mesmos entoados pela malta que invadiu e depredou os prédios da Praça dos Três Poderes em Brasília no 8 de janeiro.

O ex-presidente precisa exibir a literalidade de uma avenida engarrafada de gente na esperança de não vir a ser trancafiado. Por isso, posa ainda de guardião dos votos que por muito pouco poderiam ter mantido a faixa presidencial em seu peito.

Para além do ato público para interesse de um só, a Paulista coalhada de verde-amarelo também é mote pré-eleitoral. Neste ano de disputa municipal, quem olhar a imagem poderá dizer: ‘olha lá o inelegível reunindo um monte de gente’. O uniforme bolsonarista é mais do que apenas demonstração de que há uma boa parcela da população que ainda parece pensar como Bolsonaro. São eleitores que podem muito bem ir votar em quem o ex-presidente indicar, apesar de PF, de STF e de tudo o mais.

Na arte da política, o bom discurso é quase tudo. Tanto pelo que o político diz, como pelo que quer dizer. Neste domingo, 25, Jair Bolsonaro estará na Avenida Paulista cercado dos que lhe admiram. O ato, como declarou o próprio ex-presidente, servirá para “tirar uma grande fotografia”, mostrando ao mundo cá e acolá que, apesar de inelegível e investigado, ainda tem status de líder e como tal é seguido e adorado.

Jair Bolsonaro convocou ato em sua defesa na Paulista no dia 25 de fevereiro Foto: Reprodução/Estadão via X

A manifestação foi, no entanto, convocada sob mordaça. Coube ao próprio Bolsonaro avisar aos seus que não é para levar faixas nem cartazes. Também não é para pedir a cabeça de ninguém. Na superfície, o capitão declara publicamente que vai reunir aqueles que com ele ainda estão em defesa da democracia e da liberdade. Mas pode vir a ser difícil encontrar na multidão quem não alimente uma fúria contida e o desejo de gritar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ou mesmo vê-lo do avesso.

A Corte mais alta do País é a primeira inimiga dos bolsonaristas. Dela emanam as ordens que, no momento, encurralam Bolsonaro e o fazem mês sim, mês não, ir sentar-se na frente de um delegado da Polícia Federal para se explicar. O ministro Alexandre de Moraes, que comanda inquéritos e ações penais sobre atos golpistas, personifica a imagem de quem estará em corações e mentes dos que forem lotar a Paulista.

O ódio guardado sob ordem do capitão, se não transbordar no domingo, 25, estará implícito no protesto que tem objetivo claro: dizer que Bolsonaro é perseguido, injustiçado e não merece as barras da justiça ainda que as provas recentemente divulgadas indiquem o contrário.

Com suas digitais na fracassada tentativa de golpe, Bolsonaro já repetiu nos últimos dias que move-se apenas pela vontade de reunir quem preza pela liberdade e advoga seu lema de político conservador: pátria, família e liberdade. Os vocábulos de aparência altiva foram os mesmos entoados pela malta que invadiu e depredou os prédios da Praça dos Três Poderes em Brasília no 8 de janeiro.

O ex-presidente precisa exibir a literalidade de uma avenida engarrafada de gente na esperança de não vir a ser trancafiado. Por isso, posa ainda de guardião dos votos que por muito pouco poderiam ter mantido a faixa presidencial em seu peito.

Para além do ato público para interesse de um só, a Paulista coalhada de verde-amarelo também é mote pré-eleitoral. Neste ano de disputa municipal, quem olhar a imagem poderá dizer: ‘olha lá o inelegível reunindo um monte de gente’. O uniforme bolsonarista é mais do que apenas demonstração de que há uma boa parcela da população que ainda parece pensar como Bolsonaro. São eleitores que podem muito bem ir votar em quem o ex-presidente indicar, apesar de PF, de STF e de tudo o mais.

Opinião por Francisco Leali

Coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.

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