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Opinião|Golpista que falou em ‘colapsar sistema’ vira testemunha contra militares no 8/1; veja vídeos


Presa na penitenciária feminina em Brasília, Ana Priscila Azevedo prestou depoimento ao Ministério Público Militar falando que oficiais pediram a extremistas que saíssem da frente do QG antes da prisão em 9 de janeiro

Por Francisco Leali
Atualização:

Vem de dentro do presídio feminino em Brasília uma voz que pode ajudar a levar militares ao banco dos réus. Acusada de promover atos golpistas em 8 de janeiro, Ana Priscila Azevedo, aquela que bradava “vamos colapsar o sistema” três dias antes dos atos extremistas, virou testemunha contra integrantes do Exército.

Camiseta branca, mãos algemadas, ela se sentou na frente de uma câmera que transmitia sua imagem do presídio na tarde do dia 13 de abril. Do outro lado de uma oscilante conexão de internet estava uma promotora militar. O depoimento durou 28 minutos e foi gravado. O vídeo faz parte do processo instaurado no âmbito da Justiça Militar para apurar o envolvimento de oficiais, suboficiais e demais patentes nos ataques aos prédios públicos na capital federal. Apura-se quem participou diretamente dos atos, quem se omitiu para evitá-los e quem agiu para facilitar a prisão de criminosos.

“O que eu garanto é que no dia 8 o Exército botou os blindados e não deixou a Polícia Militar avançar na frente do QG. E no outro dia de manhã as pessoas foram avisadas para se retirar dali. Isso ai é fato”. A promotora pediu nomes e patentes. Quis saber de quem partiu essa ordem para que extremistas deixassem o local antes prisão que estava por vir.

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Ana Priscila pediu desculpas. Presa após o Estadão revelar seus vídeos de incitação aos ataques, ela disse que está sozinha na prisão e não consegue se lembrar de tudo. “Meu esgotamento mental é muito grande”.

Diante de uma investigadora em busca de pistas sobre militares envolvidos no que poderia ser uma operação para facilitar a fuga de extremistas refugiados na frente do Quartel General do Exército, Ana Priscila disse que a ordem para o pessoal deixar o local partiu de um oficial, possivelmente um general.

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O relato da presa, no entanto, não avança além desse ponto. Quando a promotora pediu mais detalhes, Ana Priscila disse que não estava presente. Não testemunhou pessoalmente. Mas foi informada por Telegram por quem estava no acampanhamento na manhã de 9 de janeiro.

“Não tenho tenho certeza que é um comandante. Tenho certeza que autoridade do Exército pediu que o pessoal ali da frente do QG se retirasse. Até onde me consta, era um general do Exército (que falou) antes das prisões”.

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As declarações de Ana Priscila, que ainda não está na lista de pessoas que podem ser convocadas pela CPMI de 8 de Janeiro, por enquanto, são uma pista para a Justiça Militar seguir. A investigação sobre a conduta dos militares no episódio segue em caráter sigiloso, como manda a regra das apurações disciplinares.

Em relação a sua própria situação, Ana Priscila prefere sustentar que nenhuma autoridade a ajudou a escapar de Brasília. Detida entre os extremistas que tinham invadido o Palácio do Planalto na tarde de 8 de janeiro, ela conseguiu fugir da cidade e só foi presa dois dias depois da depredação na cidade de goiana de Luziânia. Ela jura que saiu do Planalto no meio da confusão que teria se instaurado com a chegada de policiais militares no prédio.

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Se quiser seguir o caminho indicado pela presa, o MP precisa analisar as conversas que a presa manteve com seus comparsas naqueles dias em que a Praça dos Três Poderes exalava gás de pimenta. Pode encontrar indicações de quem relatou o caminho da fuga indicado por um oficial aos acampados no QG e como foi, de fato, sua saída de Brasília ainda na noite de 8 de janeiro.

Até o momento, o único caso de militar com processo instaurado é o do coronel da reserva do Exército Adriano Camargo Testoni. Ele foi denunciado por crime de injúria por conta de vídeos que ele mesmo postou naquele 8 de janeiro: “Forças Armadas filhas da p... Bando de generais filhos da p...”, gritou enfurecido no vídeo que serviu de prova contra ele mesmo.

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Outras apurações iniciais foram abertas, mas arquivadas. Um suboficial da reserva da Marinha detido no QG e levado junto com os demais presos para a Academia de Polícia Militar teve o caso encerrado pelo Ministério Público. Ele conta que foi liberado pela PF porque tinha mais de 60 anos. O ex-assessor do Ministério da Defesa que posou ao lado da mulher na frente do Congresso ocupado também teve o caso arquivado.

Se não há punidos severamente, já existe o registro de uma mera advertência dada a oficial general por conta de um episódio ocorrido ainda em novembro de 2022. Na época, circulou na internet trecho de vídeo em que o então comandante da 10ª Região Militar, em Fortaleza, o general de divisão André Luiz Ribeiro Campos, discursava prometendo dar proteção aos acampados na frente do quartel. “Toda manifestação ordeira e pacífica é justa, não interessa o que ela pede. Tenho responsabilidade de trabalhar para quem vai a frente da 10ª região seja protegido ainda que existam ordens de outros poderes em caminho contrário. O mal vai ser vencido com o bem, não com o mal”, discursou.

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O oficial foi se explicar ao comandante militar do Exército. Disse que as frases foram tiradas de contexto, mas pediu desculpas pela repercussão negativa de sua fala. O caso está relatado no Boletim do Exército de acesso restrito, onde está registrada a advertência do comandante ao general.

Boletim do Exército que registra advertência a general Foto: Reprodução/Estadão

Vem de dentro do presídio feminino em Brasília uma voz que pode ajudar a levar militares ao banco dos réus. Acusada de promover atos golpistas em 8 de janeiro, Ana Priscila Azevedo, aquela que bradava “vamos colapsar o sistema” três dias antes dos atos extremistas, virou testemunha contra integrantes do Exército.

Camiseta branca, mãos algemadas, ela se sentou na frente de uma câmera que transmitia sua imagem do presídio na tarde do dia 13 de abril. Do outro lado de uma oscilante conexão de internet estava uma promotora militar. O depoimento durou 28 minutos e foi gravado. O vídeo faz parte do processo instaurado no âmbito da Justiça Militar para apurar o envolvimento de oficiais, suboficiais e demais patentes nos ataques aos prédios públicos na capital federal. Apura-se quem participou diretamente dos atos, quem se omitiu para evitá-los e quem agiu para facilitar a prisão de criminosos.

“O que eu garanto é que no dia 8 o Exército botou os blindados e não deixou a Polícia Militar avançar na frente do QG. E no outro dia de manhã as pessoas foram avisadas para se retirar dali. Isso ai é fato”. A promotora pediu nomes e patentes. Quis saber de quem partiu essa ordem para que extremistas deixassem o local antes prisão que estava por vir.

Ana Priscila pediu desculpas. Presa após o Estadão revelar seus vídeos de incitação aos ataques, ela disse que está sozinha na prisão e não consegue se lembrar de tudo. “Meu esgotamento mental é muito grande”.

Diante de uma investigadora em busca de pistas sobre militares envolvidos no que poderia ser uma operação para facilitar a fuga de extremistas refugiados na frente do Quartel General do Exército, Ana Priscila disse que a ordem para o pessoal deixar o local partiu de um oficial, possivelmente um general.

O relato da presa, no entanto, não avança além desse ponto. Quando a promotora pediu mais detalhes, Ana Priscila disse que não estava presente. Não testemunhou pessoalmente. Mas foi informada por Telegram por quem estava no acampanhamento na manhã de 9 de janeiro.

“Não tenho tenho certeza que é um comandante. Tenho certeza que autoridade do Exército pediu que o pessoal ali da frente do QG se retirasse. Até onde me consta, era um general do Exército (que falou) antes das prisões”.

As declarações de Ana Priscila, que ainda não está na lista de pessoas que podem ser convocadas pela CPMI de 8 de Janeiro, por enquanto, são uma pista para a Justiça Militar seguir. A investigação sobre a conduta dos militares no episódio segue em caráter sigiloso, como manda a regra das apurações disciplinares.

Em relação a sua própria situação, Ana Priscila prefere sustentar que nenhuma autoridade a ajudou a escapar de Brasília. Detida entre os extremistas que tinham invadido o Palácio do Planalto na tarde de 8 de janeiro, ela conseguiu fugir da cidade e só foi presa dois dias depois da depredação na cidade de goiana de Luziânia. Ela jura que saiu do Planalto no meio da confusão que teria se instaurado com a chegada de policiais militares no prédio.

Se quiser seguir o caminho indicado pela presa, o MP precisa analisar as conversas que a presa manteve com seus comparsas naqueles dias em que a Praça dos Três Poderes exalava gás de pimenta. Pode encontrar indicações de quem relatou o caminho da fuga indicado por um oficial aos acampados no QG e como foi, de fato, sua saída de Brasília ainda na noite de 8 de janeiro.

Até o momento, o único caso de militar com processo instaurado é o do coronel da reserva do Exército Adriano Camargo Testoni. Ele foi denunciado por crime de injúria por conta de vídeos que ele mesmo postou naquele 8 de janeiro: “Forças Armadas filhas da p... Bando de generais filhos da p...”, gritou enfurecido no vídeo que serviu de prova contra ele mesmo.

Outras apurações iniciais foram abertas, mas arquivadas. Um suboficial da reserva da Marinha detido no QG e levado junto com os demais presos para a Academia de Polícia Militar teve o caso encerrado pelo Ministério Público. Ele conta que foi liberado pela PF porque tinha mais de 60 anos. O ex-assessor do Ministério da Defesa que posou ao lado da mulher na frente do Congresso ocupado também teve o caso arquivado.

Se não há punidos severamente, já existe o registro de uma mera advertência dada a oficial general por conta de um episódio ocorrido ainda em novembro de 2022. Na época, circulou na internet trecho de vídeo em que o então comandante da 10ª Região Militar, em Fortaleza, o general de divisão André Luiz Ribeiro Campos, discursava prometendo dar proteção aos acampados na frente do quartel. “Toda manifestação ordeira e pacífica é justa, não interessa o que ela pede. Tenho responsabilidade de trabalhar para quem vai a frente da 10ª região seja protegido ainda que existam ordens de outros poderes em caminho contrário. O mal vai ser vencido com o bem, não com o mal”, discursou.

O oficial foi se explicar ao comandante militar do Exército. Disse que as frases foram tiradas de contexto, mas pediu desculpas pela repercussão negativa de sua fala. O caso está relatado no Boletim do Exército de acesso restrito, onde está registrada a advertência do comandante ao general.

Boletim do Exército que registra advertência a general Foto: Reprodução/Estadão

Vem de dentro do presídio feminino em Brasília uma voz que pode ajudar a levar militares ao banco dos réus. Acusada de promover atos golpistas em 8 de janeiro, Ana Priscila Azevedo, aquela que bradava “vamos colapsar o sistema” três dias antes dos atos extremistas, virou testemunha contra integrantes do Exército.

Camiseta branca, mãos algemadas, ela se sentou na frente de uma câmera que transmitia sua imagem do presídio na tarde do dia 13 de abril. Do outro lado de uma oscilante conexão de internet estava uma promotora militar. O depoimento durou 28 minutos e foi gravado. O vídeo faz parte do processo instaurado no âmbito da Justiça Militar para apurar o envolvimento de oficiais, suboficiais e demais patentes nos ataques aos prédios públicos na capital federal. Apura-se quem participou diretamente dos atos, quem se omitiu para evitá-los e quem agiu para facilitar a prisão de criminosos.

“O que eu garanto é que no dia 8 o Exército botou os blindados e não deixou a Polícia Militar avançar na frente do QG. E no outro dia de manhã as pessoas foram avisadas para se retirar dali. Isso ai é fato”. A promotora pediu nomes e patentes. Quis saber de quem partiu essa ordem para que extremistas deixassem o local antes prisão que estava por vir.

Ana Priscila pediu desculpas. Presa após o Estadão revelar seus vídeos de incitação aos ataques, ela disse que está sozinha na prisão e não consegue se lembrar de tudo. “Meu esgotamento mental é muito grande”.

Diante de uma investigadora em busca de pistas sobre militares envolvidos no que poderia ser uma operação para facilitar a fuga de extremistas refugiados na frente do Quartel General do Exército, Ana Priscila disse que a ordem para o pessoal deixar o local partiu de um oficial, possivelmente um general.

O relato da presa, no entanto, não avança além desse ponto. Quando a promotora pediu mais detalhes, Ana Priscila disse que não estava presente. Não testemunhou pessoalmente. Mas foi informada por Telegram por quem estava no acampanhamento na manhã de 9 de janeiro.

“Não tenho tenho certeza que é um comandante. Tenho certeza que autoridade do Exército pediu que o pessoal ali da frente do QG se retirasse. Até onde me consta, era um general do Exército (que falou) antes das prisões”.

As declarações de Ana Priscila, que ainda não está na lista de pessoas que podem ser convocadas pela CPMI de 8 de Janeiro, por enquanto, são uma pista para a Justiça Militar seguir. A investigação sobre a conduta dos militares no episódio segue em caráter sigiloso, como manda a regra das apurações disciplinares.

Em relação a sua própria situação, Ana Priscila prefere sustentar que nenhuma autoridade a ajudou a escapar de Brasília. Detida entre os extremistas que tinham invadido o Palácio do Planalto na tarde de 8 de janeiro, ela conseguiu fugir da cidade e só foi presa dois dias depois da depredação na cidade de goiana de Luziânia. Ela jura que saiu do Planalto no meio da confusão que teria se instaurado com a chegada de policiais militares no prédio.

Se quiser seguir o caminho indicado pela presa, o MP precisa analisar as conversas que a presa manteve com seus comparsas naqueles dias em que a Praça dos Três Poderes exalava gás de pimenta. Pode encontrar indicações de quem relatou o caminho da fuga indicado por um oficial aos acampados no QG e como foi, de fato, sua saída de Brasília ainda na noite de 8 de janeiro.

Até o momento, o único caso de militar com processo instaurado é o do coronel da reserva do Exército Adriano Camargo Testoni. Ele foi denunciado por crime de injúria por conta de vídeos que ele mesmo postou naquele 8 de janeiro: “Forças Armadas filhas da p... Bando de generais filhos da p...”, gritou enfurecido no vídeo que serviu de prova contra ele mesmo.

Outras apurações iniciais foram abertas, mas arquivadas. Um suboficial da reserva da Marinha detido no QG e levado junto com os demais presos para a Academia de Polícia Militar teve o caso encerrado pelo Ministério Público. Ele conta que foi liberado pela PF porque tinha mais de 60 anos. O ex-assessor do Ministério da Defesa que posou ao lado da mulher na frente do Congresso ocupado também teve o caso arquivado.

Se não há punidos severamente, já existe o registro de uma mera advertência dada a oficial general por conta de um episódio ocorrido ainda em novembro de 2022. Na época, circulou na internet trecho de vídeo em que o então comandante da 10ª Região Militar, em Fortaleza, o general de divisão André Luiz Ribeiro Campos, discursava prometendo dar proteção aos acampados na frente do quartel. “Toda manifestação ordeira e pacífica é justa, não interessa o que ela pede. Tenho responsabilidade de trabalhar para quem vai a frente da 10ª região seja protegido ainda que existam ordens de outros poderes em caminho contrário. O mal vai ser vencido com o bem, não com o mal”, discursou.

O oficial foi se explicar ao comandante militar do Exército. Disse que as frases foram tiradas de contexto, mas pediu desculpas pela repercussão negativa de sua fala. O caso está relatado no Boletim do Exército de acesso restrito, onde está registrada a advertência do comandante ao general.

Boletim do Exército que registra advertência a general Foto: Reprodução/Estadão

Vem de dentro do presídio feminino em Brasília uma voz que pode ajudar a levar militares ao banco dos réus. Acusada de promover atos golpistas em 8 de janeiro, Ana Priscila Azevedo, aquela que bradava “vamos colapsar o sistema” três dias antes dos atos extremistas, virou testemunha contra integrantes do Exército.

Camiseta branca, mãos algemadas, ela se sentou na frente de uma câmera que transmitia sua imagem do presídio na tarde do dia 13 de abril. Do outro lado de uma oscilante conexão de internet estava uma promotora militar. O depoimento durou 28 minutos e foi gravado. O vídeo faz parte do processo instaurado no âmbito da Justiça Militar para apurar o envolvimento de oficiais, suboficiais e demais patentes nos ataques aos prédios públicos na capital federal. Apura-se quem participou diretamente dos atos, quem se omitiu para evitá-los e quem agiu para facilitar a prisão de criminosos.

“O que eu garanto é que no dia 8 o Exército botou os blindados e não deixou a Polícia Militar avançar na frente do QG. E no outro dia de manhã as pessoas foram avisadas para se retirar dali. Isso ai é fato”. A promotora pediu nomes e patentes. Quis saber de quem partiu essa ordem para que extremistas deixassem o local antes prisão que estava por vir.

Ana Priscila pediu desculpas. Presa após o Estadão revelar seus vídeos de incitação aos ataques, ela disse que está sozinha na prisão e não consegue se lembrar de tudo. “Meu esgotamento mental é muito grande”.

Diante de uma investigadora em busca de pistas sobre militares envolvidos no que poderia ser uma operação para facilitar a fuga de extremistas refugiados na frente do Quartel General do Exército, Ana Priscila disse que a ordem para o pessoal deixar o local partiu de um oficial, possivelmente um general.

O relato da presa, no entanto, não avança além desse ponto. Quando a promotora pediu mais detalhes, Ana Priscila disse que não estava presente. Não testemunhou pessoalmente. Mas foi informada por Telegram por quem estava no acampanhamento na manhã de 9 de janeiro.

“Não tenho tenho certeza que é um comandante. Tenho certeza que autoridade do Exército pediu que o pessoal ali da frente do QG se retirasse. Até onde me consta, era um general do Exército (que falou) antes das prisões”.

As declarações de Ana Priscila, que ainda não está na lista de pessoas que podem ser convocadas pela CPMI de 8 de Janeiro, por enquanto, são uma pista para a Justiça Militar seguir. A investigação sobre a conduta dos militares no episódio segue em caráter sigiloso, como manda a regra das apurações disciplinares.

Em relação a sua própria situação, Ana Priscila prefere sustentar que nenhuma autoridade a ajudou a escapar de Brasília. Detida entre os extremistas que tinham invadido o Palácio do Planalto na tarde de 8 de janeiro, ela conseguiu fugir da cidade e só foi presa dois dias depois da depredação na cidade de goiana de Luziânia. Ela jura que saiu do Planalto no meio da confusão que teria se instaurado com a chegada de policiais militares no prédio.

Se quiser seguir o caminho indicado pela presa, o MP precisa analisar as conversas que a presa manteve com seus comparsas naqueles dias em que a Praça dos Três Poderes exalava gás de pimenta. Pode encontrar indicações de quem relatou o caminho da fuga indicado por um oficial aos acampados no QG e como foi, de fato, sua saída de Brasília ainda na noite de 8 de janeiro.

Até o momento, o único caso de militar com processo instaurado é o do coronel da reserva do Exército Adriano Camargo Testoni. Ele foi denunciado por crime de injúria por conta de vídeos que ele mesmo postou naquele 8 de janeiro: “Forças Armadas filhas da p... Bando de generais filhos da p...”, gritou enfurecido no vídeo que serviu de prova contra ele mesmo.

Outras apurações iniciais foram abertas, mas arquivadas. Um suboficial da reserva da Marinha detido no QG e levado junto com os demais presos para a Academia de Polícia Militar teve o caso encerrado pelo Ministério Público. Ele conta que foi liberado pela PF porque tinha mais de 60 anos. O ex-assessor do Ministério da Defesa que posou ao lado da mulher na frente do Congresso ocupado também teve o caso arquivado.

Se não há punidos severamente, já existe o registro de uma mera advertência dada a oficial general por conta de um episódio ocorrido ainda em novembro de 2022. Na época, circulou na internet trecho de vídeo em que o então comandante da 10ª Região Militar, em Fortaleza, o general de divisão André Luiz Ribeiro Campos, discursava prometendo dar proteção aos acampados na frente do quartel. “Toda manifestação ordeira e pacífica é justa, não interessa o que ela pede. Tenho responsabilidade de trabalhar para quem vai a frente da 10ª região seja protegido ainda que existam ordens de outros poderes em caminho contrário. O mal vai ser vencido com o bem, não com o mal”, discursou.

O oficial foi se explicar ao comandante militar do Exército. Disse que as frases foram tiradas de contexto, mas pediu desculpas pela repercussão negativa de sua fala. O caso está relatado no Boletim do Exército de acesso restrito, onde está registrada a advertência do comandante ao general.

Boletim do Exército que registra advertência a general Foto: Reprodução/Estadão

Vem de dentro do presídio feminino em Brasília uma voz que pode ajudar a levar militares ao banco dos réus. Acusada de promover atos golpistas em 8 de janeiro, Ana Priscila Azevedo, aquela que bradava “vamos colapsar o sistema” três dias antes dos atos extremistas, virou testemunha contra integrantes do Exército.

Camiseta branca, mãos algemadas, ela se sentou na frente de uma câmera que transmitia sua imagem do presídio na tarde do dia 13 de abril. Do outro lado de uma oscilante conexão de internet estava uma promotora militar. O depoimento durou 28 minutos e foi gravado. O vídeo faz parte do processo instaurado no âmbito da Justiça Militar para apurar o envolvimento de oficiais, suboficiais e demais patentes nos ataques aos prédios públicos na capital federal. Apura-se quem participou diretamente dos atos, quem se omitiu para evitá-los e quem agiu para facilitar a prisão de criminosos.

“O que eu garanto é que no dia 8 o Exército botou os blindados e não deixou a Polícia Militar avançar na frente do QG. E no outro dia de manhã as pessoas foram avisadas para se retirar dali. Isso ai é fato”. A promotora pediu nomes e patentes. Quis saber de quem partiu essa ordem para que extremistas deixassem o local antes prisão que estava por vir.

Ana Priscila pediu desculpas. Presa após o Estadão revelar seus vídeos de incitação aos ataques, ela disse que está sozinha na prisão e não consegue se lembrar de tudo. “Meu esgotamento mental é muito grande”.

Diante de uma investigadora em busca de pistas sobre militares envolvidos no que poderia ser uma operação para facilitar a fuga de extremistas refugiados na frente do Quartel General do Exército, Ana Priscila disse que a ordem para o pessoal deixar o local partiu de um oficial, possivelmente um general.

O relato da presa, no entanto, não avança além desse ponto. Quando a promotora pediu mais detalhes, Ana Priscila disse que não estava presente. Não testemunhou pessoalmente. Mas foi informada por Telegram por quem estava no acampanhamento na manhã de 9 de janeiro.

“Não tenho tenho certeza que é um comandante. Tenho certeza que autoridade do Exército pediu que o pessoal ali da frente do QG se retirasse. Até onde me consta, era um general do Exército (que falou) antes das prisões”.

As declarações de Ana Priscila, que ainda não está na lista de pessoas que podem ser convocadas pela CPMI de 8 de Janeiro, por enquanto, são uma pista para a Justiça Militar seguir. A investigação sobre a conduta dos militares no episódio segue em caráter sigiloso, como manda a regra das apurações disciplinares.

Em relação a sua própria situação, Ana Priscila prefere sustentar que nenhuma autoridade a ajudou a escapar de Brasília. Detida entre os extremistas que tinham invadido o Palácio do Planalto na tarde de 8 de janeiro, ela conseguiu fugir da cidade e só foi presa dois dias depois da depredação na cidade de goiana de Luziânia. Ela jura que saiu do Planalto no meio da confusão que teria se instaurado com a chegada de policiais militares no prédio.

Se quiser seguir o caminho indicado pela presa, o MP precisa analisar as conversas que a presa manteve com seus comparsas naqueles dias em que a Praça dos Três Poderes exalava gás de pimenta. Pode encontrar indicações de quem relatou o caminho da fuga indicado por um oficial aos acampados no QG e como foi, de fato, sua saída de Brasília ainda na noite de 8 de janeiro.

Até o momento, o único caso de militar com processo instaurado é o do coronel da reserva do Exército Adriano Camargo Testoni. Ele foi denunciado por crime de injúria por conta de vídeos que ele mesmo postou naquele 8 de janeiro: “Forças Armadas filhas da p... Bando de generais filhos da p...”, gritou enfurecido no vídeo que serviu de prova contra ele mesmo.

Outras apurações iniciais foram abertas, mas arquivadas. Um suboficial da reserva da Marinha detido no QG e levado junto com os demais presos para a Academia de Polícia Militar teve o caso encerrado pelo Ministério Público. Ele conta que foi liberado pela PF porque tinha mais de 60 anos. O ex-assessor do Ministério da Defesa que posou ao lado da mulher na frente do Congresso ocupado também teve o caso arquivado.

Se não há punidos severamente, já existe o registro de uma mera advertência dada a oficial general por conta de um episódio ocorrido ainda em novembro de 2022. Na época, circulou na internet trecho de vídeo em que o então comandante da 10ª Região Militar, em Fortaleza, o general de divisão André Luiz Ribeiro Campos, discursava prometendo dar proteção aos acampados na frente do quartel. “Toda manifestação ordeira e pacífica é justa, não interessa o que ela pede. Tenho responsabilidade de trabalhar para quem vai a frente da 10ª região seja protegido ainda que existam ordens de outros poderes em caminho contrário. O mal vai ser vencido com o bem, não com o mal”, discursou.

O oficial foi se explicar ao comandante militar do Exército. Disse que as frases foram tiradas de contexto, mas pediu desculpas pela repercussão negativa de sua fala. O caso está relatado no Boletim do Exército de acesso restrito, onde está registrada a advertência do comandante ao general.

Boletim do Exército que registra advertência a general Foto: Reprodução/Estadão
Opinião por Francisco Leali

Coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.

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