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Opinião|Mauro Cid, de farda, arrasta Exército junto com ele para o banco dos investigados na CPMI


Ex-ajudante de ordens disse que sua atuação ao lado de Bolsonaro foi por designação das Forças Armadas e do ex-presidente

Por Francisco Leali
Atualização:

O tenente-coronel Mauro Cid foi mudo para a CPMI do 8 de janeiro, mas seu silêncio grita. De farda, o oficial do Exército deu o recado inicial avisando que só foi ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro porque fora indicado para a função do comando da Força militar. Com as condecorações ornamentando seu ombro e no peito verde-oliva, Cid parece querer arrastar o Exército junto com ele para o banco dos investigados.

Num ato aparentemente formal, o oficial vai em trajes militares a compromissos oficiais. O próprio Comando do Exército informou, por meio de nota, que orientou Cid a ir com a farda “pelo entendimento de que o militar da ativa foi convocado para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força”.

Mas o tenente coronel está ali na CPMI para nada dizer, nada contar sobre falsificação de cartão de vacinas ou sobre as mensagens do celular em que outros oficiais conspiram por um golpe de Estado. “Pelo amor de deus Cidão”, apelou um ao ao militar mais próximo de Bolsonaro durante sua gestão.

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Um oficial não teria que envergonhar-se do trabalho que faz nem mesmo esquivar-se de falar sobre sua função. Cid, no entanto, está ao lado de Bolsonaro como investigado em uma lista de apurações. Preferiu, então, poupar a si e a seu ex-chefe.

O coronel Mauro Cid é cumprimentado pelo senador Flavio Bolsonaro na CPMI do 8 de janeiro Foto: Andre Borges / EFE

Ainda assim, o tenente coronel deixou lá anotado nos anais da comissão parlamentar que seu trabalho ao lado do então presidente se deveu única e exclusivamente a uma tarefa de militar. Como quem quer dizer que nos últimos quatro anos carregou o celular do presidente, pagou suas contas, mandou e levou recados a ele por mera missão oficial. E mais do que isso, sob a indicação do Comando do Exército.

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“Em 2018 havia sido selecionado para participar de um curso de Estado Maior no Exército americano, entretanto, fui redesignado pelo então comandante do Exército para assumir a função de chefe da ajudância de ordem da presidência da República. É importante destacar que essa função é exclusivamente de natureza militar”, anunciou na CPMI.

Para quem quiser acreditar, Cid disse que não houve ingerência política para assumir o posto no Planalto. Finja-se, então, que o fato de ser filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, um ex-colega de caserna de Bolsonaro, nada teve a ver com a posição para a qual o coronel foi destacado. Ele chegou ao ponto de afirmar que nem mesmo o presidente apitou na sua escolha. “A minha nomeação jamais teve qualquer ingerência política. Minha vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional de onde provinha minha remuneração. O ajudante de ordens é a única função de assessoria próximo ao presidente que não é responsabilidade de sua escolha”.

E foi assim que abriu seu depoimento para depois seguir na cantilena de que, por ser investigado, perguntas não responderia. O recado já estava dado. Cid se apresenta como um oficial do Exército que agiu sob designação do Exército. Ainda que hoje a Força tente se afastar da imagem de que coonestou com os gritos de intervenção na porta dos quarteis, é arrastada para a CPMI pelo tenente coronel. Mauro Cid faz pose de militar que segue ordens como se elas não tivessem vindo só de Bolsonaro.

O tenente-coronel Mauro Cid foi mudo para a CPMI do 8 de janeiro, mas seu silêncio grita. De farda, o oficial do Exército deu o recado inicial avisando que só foi ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro porque fora indicado para a função do comando da Força militar. Com as condecorações ornamentando seu ombro e no peito verde-oliva, Cid parece querer arrastar o Exército junto com ele para o banco dos investigados.

Num ato aparentemente formal, o oficial vai em trajes militares a compromissos oficiais. O próprio Comando do Exército informou, por meio de nota, que orientou Cid a ir com a farda “pelo entendimento de que o militar da ativa foi convocado para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força”.

Mas o tenente coronel está ali na CPMI para nada dizer, nada contar sobre falsificação de cartão de vacinas ou sobre as mensagens do celular em que outros oficiais conspiram por um golpe de Estado. “Pelo amor de deus Cidão”, apelou um ao ao militar mais próximo de Bolsonaro durante sua gestão.

Um oficial não teria que envergonhar-se do trabalho que faz nem mesmo esquivar-se de falar sobre sua função. Cid, no entanto, está ao lado de Bolsonaro como investigado em uma lista de apurações. Preferiu, então, poupar a si e a seu ex-chefe.

O coronel Mauro Cid é cumprimentado pelo senador Flavio Bolsonaro na CPMI do 8 de janeiro Foto: Andre Borges / EFE

Ainda assim, o tenente coronel deixou lá anotado nos anais da comissão parlamentar que seu trabalho ao lado do então presidente se deveu única e exclusivamente a uma tarefa de militar. Como quem quer dizer que nos últimos quatro anos carregou o celular do presidente, pagou suas contas, mandou e levou recados a ele por mera missão oficial. E mais do que isso, sob a indicação do Comando do Exército.

“Em 2018 havia sido selecionado para participar de um curso de Estado Maior no Exército americano, entretanto, fui redesignado pelo então comandante do Exército para assumir a função de chefe da ajudância de ordem da presidência da República. É importante destacar que essa função é exclusivamente de natureza militar”, anunciou na CPMI.

Para quem quiser acreditar, Cid disse que não houve ingerência política para assumir o posto no Planalto. Finja-se, então, que o fato de ser filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, um ex-colega de caserna de Bolsonaro, nada teve a ver com a posição para a qual o coronel foi destacado. Ele chegou ao ponto de afirmar que nem mesmo o presidente apitou na sua escolha. “A minha nomeação jamais teve qualquer ingerência política. Minha vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional de onde provinha minha remuneração. O ajudante de ordens é a única função de assessoria próximo ao presidente que não é responsabilidade de sua escolha”.

E foi assim que abriu seu depoimento para depois seguir na cantilena de que, por ser investigado, perguntas não responderia. O recado já estava dado. Cid se apresenta como um oficial do Exército que agiu sob designação do Exército. Ainda que hoje a Força tente se afastar da imagem de que coonestou com os gritos de intervenção na porta dos quarteis, é arrastada para a CPMI pelo tenente coronel. Mauro Cid faz pose de militar que segue ordens como se elas não tivessem vindo só de Bolsonaro.

O tenente-coronel Mauro Cid foi mudo para a CPMI do 8 de janeiro, mas seu silêncio grita. De farda, o oficial do Exército deu o recado inicial avisando que só foi ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro porque fora indicado para a função do comando da Força militar. Com as condecorações ornamentando seu ombro e no peito verde-oliva, Cid parece querer arrastar o Exército junto com ele para o banco dos investigados.

Num ato aparentemente formal, o oficial vai em trajes militares a compromissos oficiais. O próprio Comando do Exército informou, por meio de nota, que orientou Cid a ir com a farda “pelo entendimento de que o militar da ativa foi convocado para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força”.

Mas o tenente coronel está ali na CPMI para nada dizer, nada contar sobre falsificação de cartão de vacinas ou sobre as mensagens do celular em que outros oficiais conspiram por um golpe de Estado. “Pelo amor de deus Cidão”, apelou um ao ao militar mais próximo de Bolsonaro durante sua gestão.

Um oficial não teria que envergonhar-se do trabalho que faz nem mesmo esquivar-se de falar sobre sua função. Cid, no entanto, está ao lado de Bolsonaro como investigado em uma lista de apurações. Preferiu, então, poupar a si e a seu ex-chefe.

O coronel Mauro Cid é cumprimentado pelo senador Flavio Bolsonaro na CPMI do 8 de janeiro Foto: Andre Borges / EFE

Ainda assim, o tenente coronel deixou lá anotado nos anais da comissão parlamentar que seu trabalho ao lado do então presidente se deveu única e exclusivamente a uma tarefa de militar. Como quem quer dizer que nos últimos quatro anos carregou o celular do presidente, pagou suas contas, mandou e levou recados a ele por mera missão oficial. E mais do que isso, sob a indicação do Comando do Exército.

“Em 2018 havia sido selecionado para participar de um curso de Estado Maior no Exército americano, entretanto, fui redesignado pelo então comandante do Exército para assumir a função de chefe da ajudância de ordem da presidência da República. É importante destacar que essa função é exclusivamente de natureza militar”, anunciou na CPMI.

Para quem quiser acreditar, Cid disse que não houve ingerência política para assumir o posto no Planalto. Finja-se, então, que o fato de ser filho do general Mauro Cesar Lourena Cid, um ex-colega de caserna de Bolsonaro, nada teve a ver com a posição para a qual o coronel foi destacado. Ele chegou ao ponto de afirmar que nem mesmo o presidente apitou na sua escolha. “A minha nomeação jamais teve qualquer ingerência política. Minha vinculação administrativa era estabelecida pelo Gabinete de Segurança Institucional de onde provinha minha remuneração. O ajudante de ordens é a única função de assessoria próximo ao presidente que não é responsabilidade de sua escolha”.

E foi assim que abriu seu depoimento para depois seguir na cantilena de que, por ser investigado, perguntas não responderia. O recado já estava dado. Cid se apresenta como um oficial do Exército que agiu sob designação do Exército. Ainda que hoje a Força tente se afastar da imagem de que coonestou com os gritos de intervenção na porta dos quarteis, é arrastada para a CPMI pelo tenente coronel. Mauro Cid faz pose de militar que segue ordens como se elas não tivessem vindo só de Bolsonaro.

Opinião por Francisco Leali

Coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.

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