A política sem segredos

Opinião|O PT entre a solidariedade e o silêncio diante da ‘rachadinha’ do deputado André Janones


Enquanto a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann, sai em defesa do deputado, outros petistas têm preferido o silêncio

Por Francisco Leali
Atualização:

O mais virulento e aguerrido aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha de 2022 está nas cordas. O deputado André Janones (Avante-MG) foi acusado por ex-funcionários de cobrar parte do salário de quem trabalhava em seu gabinete na Câmara dos Deputados. No jargão político, praticou a “rachadinha”. O nome que serve de eufemismo para o ato de se apropriar de recursos de origem pública é carimbo que até agora só a família do ex-presidente Jair Bolsonaro carregava. Agora, Janones é que tem que se explicar.

O deputado André Janones desistiu de se lançar como candidato a presidente em 2022 para apoiar Lula. Foto: Marcelo Chello/Estadão

Arguto no linguajar das redes, ele anda tentando virar o jogo. Postou mensagens e até convocou seus “soldados” para defendê-lo. Uma busca por Janones em rede social, no entanto, só elenca torpedos vindos da oposição bolsonarista. O próprio ex-presidente já se encarregou de assumir a liderança no enfrentamento ao deputado mineiro propondo ação contra ele pela mesma prática criminosa de que os Bolsonaros já foram acusados.

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A briga ficaria por ai, entre lados que se odeiam, se não fosse por um pequeno grande detalhe. Janones foi aliado de Lula na campanha e continua sendo aliado do PT. Os petistas, no entanto, parecem majoritamente calados. Deixam o deputado arder nas redes consumido pela acusação e pelo áudio em que aparece falando com assessores e cobrando a redivisão do salário pago pela Câmara para pagar dívidas.

O silêncio petista só não é total porque no topo da pirâmide do partido Janones tem sido acolhido. Coube a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, sair publicamente em defesa do aliado. O fez mais de uma vez. Da última disse que a “extrema-direita não perdoa” Janones por sua atuação política.

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A solidariedade de Gleisi e o silencio dos demais falam bastante. O PT é devedor do deputado que se encarregou de enfrentar, postagem por postagem, os conteúdos que Bolsonaro e os seus disseminaram na campanha. Em certo momento, a estratégia de Janones foi tão efetiva que era possível ver o jogo invertido com os bolsonaristas indo para defensiva diante do que o deputado também espalhava nas redes.

Mas boa parte dos petistas, até agora, preferiu não entrar nessa. Quem ouviu a gravação de Janones falando com seus assessores não tem como não enquadrar o diálogo como um “rachadinês”.

Ainda que o deputado sustente que, na verdade, as despesas de campanha que queria saldar com a ajuda dos assessores foram contraídas pelos mesmos assessores que atuaram com ele em prol da sua eleição a prefeito em 2006, fica difícil de compreender. Afinal, a fonte dos recursos é salário. Quem paga é a Câmara. E quando o chefe imediato pede de volta parte da remuneração tem-se a tal “rachadinha”.

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O mais virulento e aguerrido aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha de 2022 está nas cordas. O deputado André Janones (Avante-MG) foi acusado por ex-funcionários de cobrar parte do salário de quem trabalhava em seu gabinete na Câmara dos Deputados. No jargão político, praticou a “rachadinha”. O nome que serve de eufemismo para o ato de se apropriar de recursos de origem pública é carimbo que até agora só a família do ex-presidente Jair Bolsonaro carregava. Agora, Janones é que tem que se explicar.

O deputado André Janones desistiu de se lançar como candidato a presidente em 2022 para apoiar Lula. Foto: Marcelo Chello/Estadão

Arguto no linguajar das redes, ele anda tentando virar o jogo. Postou mensagens e até convocou seus “soldados” para defendê-lo. Uma busca por Janones em rede social, no entanto, só elenca torpedos vindos da oposição bolsonarista. O próprio ex-presidente já se encarregou de assumir a liderança no enfrentamento ao deputado mineiro propondo ação contra ele pela mesma prática criminosa de que os Bolsonaros já foram acusados.

A briga ficaria por ai, entre lados que se odeiam, se não fosse por um pequeno grande detalhe. Janones foi aliado de Lula na campanha e continua sendo aliado do PT. Os petistas, no entanto, parecem majoritamente calados. Deixam o deputado arder nas redes consumido pela acusação e pelo áudio em que aparece falando com assessores e cobrando a redivisão do salário pago pela Câmara para pagar dívidas.

O silêncio petista só não é total porque no topo da pirâmide do partido Janones tem sido acolhido. Coube a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, sair publicamente em defesa do aliado. O fez mais de uma vez. Da última disse que a “extrema-direita não perdoa” Janones por sua atuação política.

A solidariedade de Gleisi e o silencio dos demais falam bastante. O PT é devedor do deputado que se encarregou de enfrentar, postagem por postagem, os conteúdos que Bolsonaro e os seus disseminaram na campanha. Em certo momento, a estratégia de Janones foi tão efetiva que era possível ver o jogo invertido com os bolsonaristas indo para defensiva diante do que o deputado também espalhava nas redes.

Mas boa parte dos petistas, até agora, preferiu não entrar nessa. Quem ouviu a gravação de Janones falando com seus assessores não tem como não enquadrar o diálogo como um “rachadinês”.

Ainda que o deputado sustente que, na verdade, as despesas de campanha que queria saldar com a ajuda dos assessores foram contraídas pelos mesmos assessores que atuaram com ele em prol da sua eleição a prefeito em 2006, fica difícil de compreender. Afinal, a fonte dos recursos é salário. Quem paga é a Câmara. E quando o chefe imediato pede de volta parte da remuneração tem-se a tal “rachadinha”.

O mais virulento e aguerrido aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha de 2022 está nas cordas. O deputado André Janones (Avante-MG) foi acusado por ex-funcionários de cobrar parte do salário de quem trabalhava em seu gabinete na Câmara dos Deputados. No jargão político, praticou a “rachadinha”. O nome que serve de eufemismo para o ato de se apropriar de recursos de origem pública é carimbo que até agora só a família do ex-presidente Jair Bolsonaro carregava. Agora, Janones é que tem que se explicar.

O deputado André Janones desistiu de se lançar como candidato a presidente em 2022 para apoiar Lula. Foto: Marcelo Chello/Estadão

Arguto no linguajar das redes, ele anda tentando virar o jogo. Postou mensagens e até convocou seus “soldados” para defendê-lo. Uma busca por Janones em rede social, no entanto, só elenca torpedos vindos da oposição bolsonarista. O próprio ex-presidente já se encarregou de assumir a liderança no enfrentamento ao deputado mineiro propondo ação contra ele pela mesma prática criminosa de que os Bolsonaros já foram acusados.

A briga ficaria por ai, entre lados que se odeiam, se não fosse por um pequeno grande detalhe. Janones foi aliado de Lula na campanha e continua sendo aliado do PT. Os petistas, no entanto, parecem majoritamente calados. Deixam o deputado arder nas redes consumido pela acusação e pelo áudio em que aparece falando com assessores e cobrando a redivisão do salário pago pela Câmara para pagar dívidas.

O silêncio petista só não é total porque no topo da pirâmide do partido Janones tem sido acolhido. Coube a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, sair publicamente em defesa do aliado. O fez mais de uma vez. Da última disse que a “extrema-direita não perdoa” Janones por sua atuação política.

A solidariedade de Gleisi e o silencio dos demais falam bastante. O PT é devedor do deputado que se encarregou de enfrentar, postagem por postagem, os conteúdos que Bolsonaro e os seus disseminaram na campanha. Em certo momento, a estratégia de Janones foi tão efetiva que era possível ver o jogo invertido com os bolsonaristas indo para defensiva diante do que o deputado também espalhava nas redes.

Mas boa parte dos petistas, até agora, preferiu não entrar nessa. Quem ouviu a gravação de Janones falando com seus assessores não tem como não enquadrar o diálogo como um “rachadinês”.

Ainda que o deputado sustente que, na verdade, as despesas de campanha que queria saldar com a ajuda dos assessores foram contraídas pelos mesmos assessores que atuaram com ele em prol da sua eleição a prefeito em 2006, fica difícil de compreender. Afinal, a fonte dos recursos é salário. Quem paga é a Câmara. E quando o chefe imediato pede de volta parte da remuneração tem-se a tal “rachadinha”.

Opinião por Francisco Leali

Coordenador na Sucursal do Estadão em Brasília. Jornalista, Mestre em Comunicação e pesquisador especializado em transparência pública.

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