Pacheco emprega 16 políticos derrotados em eleições no Senado; veja quais


Nenhum deles precisa bater ponto; assessoria do presidente do Senado afirma que todos têm “larga experiência” e que ter exercido mandato os credencia a atuar como assessores políticos

Por Pedro Augusto Figueiredo
Atualização:

O gabinete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se tornou “porto seguro” para políticos derrotados nas urnas nas últimas eleições. A relação é de ganha-ganha: como representantes de Pacheco em municípios no interior de Minas Gerais, 16 assessores com histórico político e eleitoral permanecem relevantes em suas bases eleitorais mesmo sem mandato porque conseguem viabilizar recursos para os municípios. Já o senador, que avalia disputar o governo de Minas em 2026, ganha cabos eleitorais espalhados pelo Estado e o crédito pela autoria das indicações.

Pacheco disse, em nota enviada pela assessoria da Presidência do Senado, que todos os servidores lotados em seu gabinete têm “larga experiência” em assessoramento político, como exige a função, e que eles cumprem o regulamento administrativo da Casa. “Possuírem no currículo o exercício de mandato eletivo não os diminui, mas os credencia”, declarou.

Levantamento feito pelo Estadão mostra que, nos meses após a eleição de 2022, Pacheco nomeou quatro candidatos a deputado federal que não conseguiram se eleger e ficaram como suplentes. Entre eles, Júlio Delgado (PV-MG), que teve seis mandatos seguidos na Câmara dos Deputados, e o também ex-deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG), que ficou 12 anos no cargo. Outros contemplados são o primeiro suplente do PSD, Renato Andrade (PSD-MG), e o ex-prefeito de Arcos (MG), Denilson Teixeira (PSD-MG).

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Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, avalia disputar o governo de Minas em 2026 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A reportagem também identificou seis assessores nomeados para o gabinete de Pacheco que foram derrotados na eleição de 2020 para prefeito e vereador ou chefes do Executivo que já haviam sido reeleitos e não poderiam disputar o terceiro mandato. Os assessores estão espalhados pelo Estado: desde a capital Belo Horizonte, passando pelas regiões Central, Oeste de Minas, Vale do Aço, Zona da Mata, Sul, Sudoeste e Triângulo Mineiro.

A única exceção é a ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que está lotada na Presidência do Senado. Os assessores trabalham em regime especial de frequência, o que significa que não precisam bater ponto. Basta que o chefe de gabinete ateste, ao final do mês, que eles cumpriram a carga horária determinada.

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Atual ministro, Silveira já ocupou cargo na presidência de Pacheco no Senado

A prática de nomear suplentes não é novidade para Pacheco. Logo após assumir a presidência do Senado em fevereiro de 2021, ele escolheu o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), então suplente de Antonio Anastasia (PSD-MG), para atuar como diretor jurídico da Casa.

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Apesar do nome sugerir um cargo burocrático, Silveira se reuniu com mais de 800 prefeitos mineiros — de um total de 853 — em nome de Pacheco somente em 2021. Minas Gerais foi o principal destino dos recursos do orçamento secreto naquele ano. Silveira foi candidato a senador em 2022, mas ficou em segundo lugar.

Após a eleição, o ministro de Minas e Energia foi o único mineiro alçado ao primeiro escalão do governo Lula. Até hoje, políticos mineiros, inclusive petistas, se ressentem da baixa representatividade na Esplanada dos Ministérios. O Estado foi o único onde Lula venceu Bolsonaro fora das regiões Norte e Nordeste.

Ex-deputado, Júlio Delgado (PV-MG) se juntou à equipe de Rodrigo Pacheco após não ser lembrado pelo governo Lula Foto: Ed Ferreira/Estadão
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Um deles é Júlio Delgado. Ele foi convidado por Pacheco para integrar a equipe do gabinete após não ter sido chamado para compor o governo Lula mesmo tendo feito campanha para o presidente. O ex-deputado considera que foi retaliado pelo PT por ter sido o relator da cassação de José Dirceu, como consequência do Mensalão, em 2005, e de André Vargas, no início da Operação Lava Jato em 2014, ambos petistas.

Delgado trabalha em duas frentes para Pacheco: na relação com os prefeitos que compõem sua base eleitoral e na representação do senador em eventos institucionais em Minas Gerais. “O fato de eu ajudar a ponte com esses municípios pode beneficiar ele em um projeto futuro dele, e que bom que beneficie. Qualquer funcionário tem esse papel. Agora, a mim [não beneficia porque] o meu projeto é ser prefeito de Juiz de Fora”, diz o ex-deputado.

O PSD de Pacheco caminha para apoiar a reeleição da atual prefeita da cidade, Margarida Salomão (PT). “E se eu ganhar a eleição, vou ser base para uma candidatura futura dele, seja ela a qual cargo for”, acrescentou Júlio Delgado.

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Ex-prefeito é cobrado por atuar para outras cidades

Nas redes sociais, o ex-prefeito de Arcos, Denilson Teixeira, foi cobrado porque estava anunciando emendas de Pacheco para outras cidades da região e não para o município já governado por ele. Suplente do PSD na Câmara dos Deputados, ele gravou um vídeo no qual afirma que é responsável por 58 cidades do Oeste mineiro, lista os recursos destinados pelo presidente do Senado para Arcos, mas critica a gestão do atual prefeito da cidade.

“No ano passado eu arrumei com o senador R$ 1 milhão que era para ser dividido entre o asilo, a APAE e a Santa Casa. Liguei, mandei mensagens e ele [o prefeito] nem me respondeu”, disse. Teixeira foi assessor no gabinete antes das eleições, saiu para se candidatar e foi nomeado novamente após o pleito.

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Em Cássia (MG), município próximo a cidade de Passos (MG), onde Pacheco morou na infância, o prefeito Reminho (PP-MG) agradeceu a um assessor por ter conseguido intermediar a destinação de R$ 1,25 milhão para comprar uma motoniveladora. “O nosso deputado [atual suplente do PSD] Renato Andrade conseguiu a verba para nós estar comprando essa máquina [sic] [...] Quero agradecer também o Rodrigo Pacheco, que teve muita influência”, disse o chefe do Executivo local, em vídeo também publicado nas redes sociais.

O gabinete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se tornou “porto seguro” para políticos derrotados nas urnas nas últimas eleições. A relação é de ganha-ganha: como representantes de Pacheco em municípios no interior de Minas Gerais, 16 assessores com histórico político e eleitoral permanecem relevantes em suas bases eleitorais mesmo sem mandato porque conseguem viabilizar recursos para os municípios. Já o senador, que avalia disputar o governo de Minas em 2026, ganha cabos eleitorais espalhados pelo Estado e o crédito pela autoria das indicações.

Pacheco disse, em nota enviada pela assessoria da Presidência do Senado, que todos os servidores lotados em seu gabinete têm “larga experiência” em assessoramento político, como exige a função, e que eles cumprem o regulamento administrativo da Casa. “Possuírem no currículo o exercício de mandato eletivo não os diminui, mas os credencia”, declarou.

Levantamento feito pelo Estadão mostra que, nos meses após a eleição de 2022, Pacheco nomeou quatro candidatos a deputado federal que não conseguiram se eleger e ficaram como suplentes. Entre eles, Júlio Delgado (PV-MG), que teve seis mandatos seguidos na Câmara dos Deputados, e o também ex-deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG), que ficou 12 anos no cargo. Outros contemplados são o primeiro suplente do PSD, Renato Andrade (PSD-MG), e o ex-prefeito de Arcos (MG), Denilson Teixeira (PSD-MG).

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, avalia disputar o governo de Minas em 2026 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A reportagem também identificou seis assessores nomeados para o gabinete de Pacheco que foram derrotados na eleição de 2020 para prefeito e vereador ou chefes do Executivo que já haviam sido reeleitos e não poderiam disputar o terceiro mandato. Os assessores estão espalhados pelo Estado: desde a capital Belo Horizonte, passando pelas regiões Central, Oeste de Minas, Vale do Aço, Zona da Mata, Sul, Sudoeste e Triângulo Mineiro.

A única exceção é a ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que está lotada na Presidência do Senado. Os assessores trabalham em regime especial de frequência, o que significa que não precisam bater ponto. Basta que o chefe de gabinete ateste, ao final do mês, que eles cumpriram a carga horária determinada.

Atual ministro, Silveira já ocupou cargo na presidência de Pacheco no Senado

A prática de nomear suplentes não é novidade para Pacheco. Logo após assumir a presidência do Senado em fevereiro de 2021, ele escolheu o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), então suplente de Antonio Anastasia (PSD-MG), para atuar como diretor jurídico da Casa.

Apesar do nome sugerir um cargo burocrático, Silveira se reuniu com mais de 800 prefeitos mineiros — de um total de 853 — em nome de Pacheco somente em 2021. Minas Gerais foi o principal destino dos recursos do orçamento secreto naquele ano. Silveira foi candidato a senador em 2022, mas ficou em segundo lugar.

Após a eleição, o ministro de Minas e Energia foi o único mineiro alçado ao primeiro escalão do governo Lula. Até hoje, políticos mineiros, inclusive petistas, se ressentem da baixa representatividade na Esplanada dos Ministérios. O Estado foi o único onde Lula venceu Bolsonaro fora das regiões Norte e Nordeste.

Ex-deputado, Júlio Delgado (PV-MG) se juntou à equipe de Rodrigo Pacheco após não ser lembrado pelo governo Lula Foto: Ed Ferreira/Estadão

Um deles é Júlio Delgado. Ele foi convidado por Pacheco para integrar a equipe do gabinete após não ter sido chamado para compor o governo Lula mesmo tendo feito campanha para o presidente. O ex-deputado considera que foi retaliado pelo PT por ter sido o relator da cassação de José Dirceu, como consequência do Mensalão, em 2005, e de André Vargas, no início da Operação Lava Jato em 2014, ambos petistas.

Delgado trabalha em duas frentes para Pacheco: na relação com os prefeitos que compõem sua base eleitoral e na representação do senador em eventos institucionais em Minas Gerais. “O fato de eu ajudar a ponte com esses municípios pode beneficiar ele em um projeto futuro dele, e que bom que beneficie. Qualquer funcionário tem esse papel. Agora, a mim [não beneficia porque] o meu projeto é ser prefeito de Juiz de Fora”, diz o ex-deputado.

O PSD de Pacheco caminha para apoiar a reeleição da atual prefeita da cidade, Margarida Salomão (PT). “E se eu ganhar a eleição, vou ser base para uma candidatura futura dele, seja ela a qual cargo for”, acrescentou Júlio Delgado.

Ex-prefeito é cobrado por atuar para outras cidades

Nas redes sociais, o ex-prefeito de Arcos, Denilson Teixeira, foi cobrado porque estava anunciando emendas de Pacheco para outras cidades da região e não para o município já governado por ele. Suplente do PSD na Câmara dos Deputados, ele gravou um vídeo no qual afirma que é responsável por 58 cidades do Oeste mineiro, lista os recursos destinados pelo presidente do Senado para Arcos, mas critica a gestão do atual prefeito da cidade.

“No ano passado eu arrumei com o senador R$ 1 milhão que era para ser dividido entre o asilo, a APAE e a Santa Casa. Liguei, mandei mensagens e ele [o prefeito] nem me respondeu”, disse. Teixeira foi assessor no gabinete antes das eleições, saiu para se candidatar e foi nomeado novamente após o pleito.

Em Cássia (MG), município próximo a cidade de Passos (MG), onde Pacheco morou na infância, o prefeito Reminho (PP-MG) agradeceu a um assessor por ter conseguido intermediar a destinação de R$ 1,25 milhão para comprar uma motoniveladora. “O nosso deputado [atual suplente do PSD] Renato Andrade conseguiu a verba para nós estar comprando essa máquina [sic] [...] Quero agradecer também o Rodrigo Pacheco, que teve muita influência”, disse o chefe do Executivo local, em vídeo também publicado nas redes sociais.

O gabinete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se tornou “porto seguro” para políticos derrotados nas urnas nas últimas eleições. A relação é de ganha-ganha: como representantes de Pacheco em municípios no interior de Minas Gerais, 16 assessores com histórico político e eleitoral permanecem relevantes em suas bases eleitorais mesmo sem mandato porque conseguem viabilizar recursos para os municípios. Já o senador, que avalia disputar o governo de Minas em 2026, ganha cabos eleitorais espalhados pelo Estado e o crédito pela autoria das indicações.

Pacheco disse, em nota enviada pela assessoria da Presidência do Senado, que todos os servidores lotados em seu gabinete têm “larga experiência” em assessoramento político, como exige a função, e que eles cumprem o regulamento administrativo da Casa. “Possuírem no currículo o exercício de mandato eletivo não os diminui, mas os credencia”, declarou.

Levantamento feito pelo Estadão mostra que, nos meses após a eleição de 2022, Pacheco nomeou quatro candidatos a deputado federal que não conseguiram se eleger e ficaram como suplentes. Entre eles, Júlio Delgado (PV-MG), que teve seis mandatos seguidos na Câmara dos Deputados, e o também ex-deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG), que ficou 12 anos no cargo. Outros contemplados são o primeiro suplente do PSD, Renato Andrade (PSD-MG), e o ex-prefeito de Arcos (MG), Denilson Teixeira (PSD-MG).

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, avalia disputar o governo de Minas em 2026 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A reportagem também identificou seis assessores nomeados para o gabinete de Pacheco que foram derrotados na eleição de 2020 para prefeito e vereador ou chefes do Executivo que já haviam sido reeleitos e não poderiam disputar o terceiro mandato. Os assessores estão espalhados pelo Estado: desde a capital Belo Horizonte, passando pelas regiões Central, Oeste de Minas, Vale do Aço, Zona da Mata, Sul, Sudoeste e Triângulo Mineiro.

A única exceção é a ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que está lotada na Presidência do Senado. Os assessores trabalham em regime especial de frequência, o que significa que não precisam bater ponto. Basta que o chefe de gabinete ateste, ao final do mês, que eles cumpriram a carga horária determinada.

Atual ministro, Silveira já ocupou cargo na presidência de Pacheco no Senado

A prática de nomear suplentes não é novidade para Pacheco. Logo após assumir a presidência do Senado em fevereiro de 2021, ele escolheu o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), então suplente de Antonio Anastasia (PSD-MG), para atuar como diretor jurídico da Casa.

Apesar do nome sugerir um cargo burocrático, Silveira se reuniu com mais de 800 prefeitos mineiros — de um total de 853 — em nome de Pacheco somente em 2021. Minas Gerais foi o principal destino dos recursos do orçamento secreto naquele ano. Silveira foi candidato a senador em 2022, mas ficou em segundo lugar.

Após a eleição, o ministro de Minas e Energia foi o único mineiro alçado ao primeiro escalão do governo Lula. Até hoje, políticos mineiros, inclusive petistas, se ressentem da baixa representatividade na Esplanada dos Ministérios. O Estado foi o único onde Lula venceu Bolsonaro fora das regiões Norte e Nordeste.

Ex-deputado, Júlio Delgado (PV-MG) se juntou à equipe de Rodrigo Pacheco após não ser lembrado pelo governo Lula Foto: Ed Ferreira/Estadão

Um deles é Júlio Delgado. Ele foi convidado por Pacheco para integrar a equipe do gabinete após não ter sido chamado para compor o governo Lula mesmo tendo feito campanha para o presidente. O ex-deputado considera que foi retaliado pelo PT por ter sido o relator da cassação de José Dirceu, como consequência do Mensalão, em 2005, e de André Vargas, no início da Operação Lava Jato em 2014, ambos petistas.

Delgado trabalha em duas frentes para Pacheco: na relação com os prefeitos que compõem sua base eleitoral e na representação do senador em eventos institucionais em Minas Gerais. “O fato de eu ajudar a ponte com esses municípios pode beneficiar ele em um projeto futuro dele, e que bom que beneficie. Qualquer funcionário tem esse papel. Agora, a mim [não beneficia porque] o meu projeto é ser prefeito de Juiz de Fora”, diz o ex-deputado.

O PSD de Pacheco caminha para apoiar a reeleição da atual prefeita da cidade, Margarida Salomão (PT). “E se eu ganhar a eleição, vou ser base para uma candidatura futura dele, seja ela a qual cargo for”, acrescentou Júlio Delgado.

Ex-prefeito é cobrado por atuar para outras cidades

Nas redes sociais, o ex-prefeito de Arcos, Denilson Teixeira, foi cobrado porque estava anunciando emendas de Pacheco para outras cidades da região e não para o município já governado por ele. Suplente do PSD na Câmara dos Deputados, ele gravou um vídeo no qual afirma que é responsável por 58 cidades do Oeste mineiro, lista os recursos destinados pelo presidente do Senado para Arcos, mas critica a gestão do atual prefeito da cidade.

“No ano passado eu arrumei com o senador R$ 1 milhão que era para ser dividido entre o asilo, a APAE e a Santa Casa. Liguei, mandei mensagens e ele [o prefeito] nem me respondeu”, disse. Teixeira foi assessor no gabinete antes das eleições, saiu para se candidatar e foi nomeado novamente após o pleito.

Em Cássia (MG), município próximo a cidade de Passos (MG), onde Pacheco morou na infância, o prefeito Reminho (PP-MG) agradeceu a um assessor por ter conseguido intermediar a destinação de R$ 1,25 milhão para comprar uma motoniveladora. “O nosso deputado [atual suplente do PSD] Renato Andrade conseguiu a verba para nós estar comprando essa máquina [sic] [...] Quero agradecer também o Rodrigo Pacheco, que teve muita influência”, disse o chefe do Executivo local, em vídeo também publicado nas redes sociais.

O gabinete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se tornou “porto seguro” para políticos derrotados nas urnas nas últimas eleições. A relação é de ganha-ganha: como representantes de Pacheco em municípios no interior de Minas Gerais, 16 assessores com histórico político e eleitoral permanecem relevantes em suas bases eleitorais mesmo sem mandato porque conseguem viabilizar recursos para os municípios. Já o senador, que avalia disputar o governo de Minas em 2026, ganha cabos eleitorais espalhados pelo Estado e o crédito pela autoria das indicações.

Pacheco disse, em nota enviada pela assessoria da Presidência do Senado, que todos os servidores lotados em seu gabinete têm “larga experiência” em assessoramento político, como exige a função, e que eles cumprem o regulamento administrativo da Casa. “Possuírem no currículo o exercício de mandato eletivo não os diminui, mas os credencia”, declarou.

Levantamento feito pelo Estadão mostra que, nos meses após a eleição de 2022, Pacheco nomeou quatro candidatos a deputado federal que não conseguiram se eleger e ficaram como suplentes. Entre eles, Júlio Delgado (PV-MG), que teve seis mandatos seguidos na Câmara dos Deputados, e o também ex-deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG), que ficou 12 anos no cargo. Outros contemplados são o primeiro suplente do PSD, Renato Andrade (PSD-MG), e o ex-prefeito de Arcos (MG), Denilson Teixeira (PSD-MG).

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, avalia disputar o governo de Minas em 2026 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A reportagem também identificou seis assessores nomeados para o gabinete de Pacheco que foram derrotados na eleição de 2020 para prefeito e vereador ou chefes do Executivo que já haviam sido reeleitos e não poderiam disputar o terceiro mandato. Os assessores estão espalhados pelo Estado: desde a capital Belo Horizonte, passando pelas regiões Central, Oeste de Minas, Vale do Aço, Zona da Mata, Sul, Sudoeste e Triângulo Mineiro.

A única exceção é a ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que está lotada na Presidência do Senado. Os assessores trabalham em regime especial de frequência, o que significa que não precisam bater ponto. Basta que o chefe de gabinete ateste, ao final do mês, que eles cumpriram a carga horária determinada.

Atual ministro, Silveira já ocupou cargo na presidência de Pacheco no Senado

A prática de nomear suplentes não é novidade para Pacheco. Logo após assumir a presidência do Senado em fevereiro de 2021, ele escolheu o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), então suplente de Antonio Anastasia (PSD-MG), para atuar como diretor jurídico da Casa.

Apesar do nome sugerir um cargo burocrático, Silveira se reuniu com mais de 800 prefeitos mineiros — de um total de 853 — em nome de Pacheco somente em 2021. Minas Gerais foi o principal destino dos recursos do orçamento secreto naquele ano. Silveira foi candidato a senador em 2022, mas ficou em segundo lugar.

Após a eleição, o ministro de Minas e Energia foi o único mineiro alçado ao primeiro escalão do governo Lula. Até hoje, políticos mineiros, inclusive petistas, se ressentem da baixa representatividade na Esplanada dos Ministérios. O Estado foi o único onde Lula venceu Bolsonaro fora das regiões Norte e Nordeste.

Ex-deputado, Júlio Delgado (PV-MG) se juntou à equipe de Rodrigo Pacheco após não ser lembrado pelo governo Lula Foto: Ed Ferreira/Estadão

Um deles é Júlio Delgado. Ele foi convidado por Pacheco para integrar a equipe do gabinete após não ter sido chamado para compor o governo Lula mesmo tendo feito campanha para o presidente. O ex-deputado considera que foi retaliado pelo PT por ter sido o relator da cassação de José Dirceu, como consequência do Mensalão, em 2005, e de André Vargas, no início da Operação Lava Jato em 2014, ambos petistas.

Delgado trabalha em duas frentes para Pacheco: na relação com os prefeitos que compõem sua base eleitoral e na representação do senador em eventos institucionais em Minas Gerais. “O fato de eu ajudar a ponte com esses municípios pode beneficiar ele em um projeto futuro dele, e que bom que beneficie. Qualquer funcionário tem esse papel. Agora, a mim [não beneficia porque] o meu projeto é ser prefeito de Juiz de Fora”, diz o ex-deputado.

O PSD de Pacheco caminha para apoiar a reeleição da atual prefeita da cidade, Margarida Salomão (PT). “E se eu ganhar a eleição, vou ser base para uma candidatura futura dele, seja ela a qual cargo for”, acrescentou Júlio Delgado.

Ex-prefeito é cobrado por atuar para outras cidades

Nas redes sociais, o ex-prefeito de Arcos, Denilson Teixeira, foi cobrado porque estava anunciando emendas de Pacheco para outras cidades da região e não para o município já governado por ele. Suplente do PSD na Câmara dos Deputados, ele gravou um vídeo no qual afirma que é responsável por 58 cidades do Oeste mineiro, lista os recursos destinados pelo presidente do Senado para Arcos, mas critica a gestão do atual prefeito da cidade.

“No ano passado eu arrumei com o senador R$ 1 milhão que era para ser dividido entre o asilo, a APAE e a Santa Casa. Liguei, mandei mensagens e ele [o prefeito] nem me respondeu”, disse. Teixeira foi assessor no gabinete antes das eleições, saiu para se candidatar e foi nomeado novamente após o pleito.

Em Cássia (MG), município próximo a cidade de Passos (MG), onde Pacheco morou na infância, o prefeito Reminho (PP-MG) agradeceu a um assessor por ter conseguido intermediar a destinação de R$ 1,25 milhão para comprar uma motoniveladora. “O nosso deputado [atual suplente do PSD] Renato Andrade conseguiu a verba para nós estar comprando essa máquina [sic] [...] Quero agradecer também o Rodrigo Pacheco, que teve muita influência”, disse o chefe do Executivo local, em vídeo também publicado nas redes sociais.

O gabinete do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se tornou “porto seguro” para políticos derrotados nas urnas nas últimas eleições. A relação é de ganha-ganha: como representantes de Pacheco em municípios no interior de Minas Gerais, 16 assessores com histórico político e eleitoral permanecem relevantes em suas bases eleitorais mesmo sem mandato porque conseguem viabilizar recursos para os municípios. Já o senador, que avalia disputar o governo de Minas em 2026, ganha cabos eleitorais espalhados pelo Estado e o crédito pela autoria das indicações.

Pacheco disse, em nota enviada pela assessoria da Presidência do Senado, que todos os servidores lotados em seu gabinete têm “larga experiência” em assessoramento político, como exige a função, e que eles cumprem o regulamento administrativo da Casa. “Possuírem no currículo o exercício de mandato eletivo não os diminui, mas os credencia”, declarou.

Levantamento feito pelo Estadão mostra que, nos meses após a eleição de 2022, Pacheco nomeou quatro candidatos a deputado federal que não conseguiram se eleger e ficaram como suplentes. Entre eles, Júlio Delgado (PV-MG), que teve seis mandatos seguidos na Câmara dos Deputados, e o também ex-deputado Subtenente Gonzaga (PSD-MG), que ficou 12 anos no cargo. Outros contemplados são o primeiro suplente do PSD, Renato Andrade (PSD-MG), e o ex-prefeito de Arcos (MG), Denilson Teixeira (PSD-MG).

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, avalia disputar o governo de Minas em 2026 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A reportagem também identificou seis assessores nomeados para o gabinete de Pacheco que foram derrotados na eleição de 2020 para prefeito e vereador ou chefes do Executivo que já haviam sido reeleitos e não poderiam disputar o terceiro mandato. Os assessores estão espalhados pelo Estado: desde a capital Belo Horizonte, passando pelas regiões Central, Oeste de Minas, Vale do Aço, Zona da Mata, Sul, Sudoeste e Triângulo Mineiro.

A única exceção é a ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que está lotada na Presidência do Senado. Os assessores trabalham em regime especial de frequência, o que significa que não precisam bater ponto. Basta que o chefe de gabinete ateste, ao final do mês, que eles cumpriram a carga horária determinada.

Atual ministro, Silveira já ocupou cargo na presidência de Pacheco no Senado

A prática de nomear suplentes não é novidade para Pacheco. Logo após assumir a presidência do Senado em fevereiro de 2021, ele escolheu o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), então suplente de Antonio Anastasia (PSD-MG), para atuar como diretor jurídico da Casa.

Apesar do nome sugerir um cargo burocrático, Silveira se reuniu com mais de 800 prefeitos mineiros — de um total de 853 — em nome de Pacheco somente em 2021. Minas Gerais foi o principal destino dos recursos do orçamento secreto naquele ano. Silveira foi candidato a senador em 2022, mas ficou em segundo lugar.

Após a eleição, o ministro de Minas e Energia foi o único mineiro alçado ao primeiro escalão do governo Lula. Até hoje, políticos mineiros, inclusive petistas, se ressentem da baixa representatividade na Esplanada dos Ministérios. O Estado foi o único onde Lula venceu Bolsonaro fora das regiões Norte e Nordeste.

Ex-deputado, Júlio Delgado (PV-MG) se juntou à equipe de Rodrigo Pacheco após não ser lembrado pelo governo Lula Foto: Ed Ferreira/Estadão

Um deles é Júlio Delgado. Ele foi convidado por Pacheco para integrar a equipe do gabinete após não ter sido chamado para compor o governo Lula mesmo tendo feito campanha para o presidente. O ex-deputado considera que foi retaliado pelo PT por ter sido o relator da cassação de José Dirceu, como consequência do Mensalão, em 2005, e de André Vargas, no início da Operação Lava Jato em 2014, ambos petistas.

Delgado trabalha em duas frentes para Pacheco: na relação com os prefeitos que compõem sua base eleitoral e na representação do senador em eventos institucionais em Minas Gerais. “O fato de eu ajudar a ponte com esses municípios pode beneficiar ele em um projeto futuro dele, e que bom que beneficie. Qualquer funcionário tem esse papel. Agora, a mim [não beneficia porque] o meu projeto é ser prefeito de Juiz de Fora”, diz o ex-deputado.

O PSD de Pacheco caminha para apoiar a reeleição da atual prefeita da cidade, Margarida Salomão (PT). “E se eu ganhar a eleição, vou ser base para uma candidatura futura dele, seja ela a qual cargo for”, acrescentou Júlio Delgado.

Ex-prefeito é cobrado por atuar para outras cidades

Nas redes sociais, o ex-prefeito de Arcos, Denilson Teixeira, foi cobrado porque estava anunciando emendas de Pacheco para outras cidades da região e não para o município já governado por ele. Suplente do PSD na Câmara dos Deputados, ele gravou um vídeo no qual afirma que é responsável por 58 cidades do Oeste mineiro, lista os recursos destinados pelo presidente do Senado para Arcos, mas critica a gestão do atual prefeito da cidade.

“No ano passado eu arrumei com o senador R$ 1 milhão que era para ser dividido entre o asilo, a APAE e a Santa Casa. Liguei, mandei mensagens e ele [o prefeito] nem me respondeu”, disse. Teixeira foi assessor no gabinete antes das eleições, saiu para se candidatar e foi nomeado novamente após o pleito.

Em Cássia (MG), município próximo a cidade de Passos (MG), onde Pacheco morou na infância, o prefeito Reminho (PP-MG) agradeceu a um assessor por ter conseguido intermediar a destinação de R$ 1,25 milhão para comprar uma motoniveladora. “O nosso deputado [atual suplente do PSD] Renato Andrade conseguiu a verba para nós estar comprando essa máquina [sic] [...] Quero agradecer também o Rodrigo Pacheco, que teve muita influência”, disse o chefe do Executivo local, em vídeo também publicado nas redes sociais.

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