O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), procurou neste sábado, 14, o novo ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e se desculpou por ter anulado a sessão da Casa que aprovou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Maranhão, que acabou recuando no dia seguinte, disse estar disposto a ajudar o Palácio do Planalto na tramitação de projetos de interesse do governo comandado por Michel Temer.
Na conversa, ocorrida na casa do ministro, o presidente interino da Câmara tentou amenizar o mal estar provocado por sua decisão sobre o afastamento de Dilma. “Eu falei para ele que quem vive de passado é museu. Agora, vamos caminhar para frente”, afirmou Geddel ao Estado. “Como dizia o Doutor Ulysses, raiva em política é só fingida ou combinada”.
Maranhão avisou, porém, que não renunciará ao cargo. Nos bastidores, uma das soluções articuladas por aliados do Planalto prevê que as sessões de votação e as reuniões de líderes para definir a pauta sejam comandados pelo primeiro secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), e pelo segundo vice-presidente, Fernando Giacobo (PR-PR).
“Nós queremos que seja encontrada uma saída para a tramitação das propostas ocorrerem num ambiente de tranquilidade”, argumentou Geddel. “O governo não pode interferir, mas ajuda a construir entendimentos.”
Na prática, Temer não quer fazer qualquer movimento para acirrar os ânimos no Congresso num momento em que precisa de apoio para aprovar medidas, principalmente na economia, e o PT já anuncia forte oposição. Em conversas reservadas, auxiliares de Temer lembram que a crise entre o PT e o PMDB só piorou, logo no início do segundo mandato de Dilma, em 2015, quando ela decidiu lançar Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara, enfrentando Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acabou vencendo a disputa e se tornando o seu algoz.